1967, 1986 e 1991: Anos únicos para escoceses, romenos e sérvios.

É costume. O título da Liga dos Campeões quase não escapa das mãos inglesas, espanholas, portuguesas, alemãs e holandesas. Mas, há casos de outra natureza. Raros, é verdade. Os primeiros britânicos a conquistar a Europa foram escoceses; nos Bálcãs, uma única glória continental foi conquistada por sérvios; e uma equipe romena colocou o lendário Barcelona “no bolso”, em pleno território espanhol. 

Os Leões de Lisboa: Celtic 2, Internazionale 1


O ano era 1967. O Celtic, a famosa equipe católica da Escócia e rival do Rangers, por sua vez representante dos protestantes, alcançou as finais da Copa dos Campeões após atropelar os suíços do Zürich por 5 a 0 no agregado (destaque para os três gols do lateral esquerdo Tommy Gemmell); bater o os franceses do Nantes-FRA por 6 a 2; o Vojvodina da antiga Iugoslávia, por 2 a 1; o Dukla Praga por 3 a 1 nas semifinais; e, na final, a poderosa Inter de Milão de Helênio Herrera: 2 a 1, no Estádio Nacional de Lisboa, o popular Jamor.


Os comandados do lendário técnico Jock Stein, que treinou o clube entre 1965 e 78, ficaram conhecidos pelo feito como Leões de Lisboa. O vice-artilheiro do torneio foi alviverde: Stevie Chalmers, centroavante da equipe. O ano ficaria ainda marcado por ter sido, literalmente, o melhor possível. O Celtic conquistou todos os títulos que disputou. 

Importante destacar, igualmente, que a equipe era formada por atletas das categorias inferiores do clube, todos escoceses. Sem dúvida foi um ano memorável, de uma equipe que nunca terá seus feitos esquecidos. 

Os Lisbon Lions relacionados para a decisão lisboeta:

1. Ronnie Simpson (Goleiro)
2. Jim Craig (Lateral-direito)
3. Tommy Gemmell (Lateral-esquerdo)
4. Bobby Murdoch (Médio-volante)
5. Billy McNeill (Capitão e Zagueiro central)
6. John Clark (Quarto-zagueiro)
7. Jimmy Johnstone (Ponta-direita)
8. Willie Wallace (Meia-direita)
9. Stevie Chalmers (Centroavante)
10. Bertie Auld (Meia-esquerda)
11. Bobby Lennox (Ponta-esquerda)
12. John Fallon (Goleiro substituto, não utilizado)

A Europa de vermelho e azul: Barcelona 0 (0), Steaua Bucareste 0 (2)


O ano de 1986 ficou na memória de duas grandes torcidas da Europa, de Barcelona e Steaua Bucareste. Catalães e romenos se enfrentaram numa duríssima disputa pelo título da Copa dos Campeões. 

Engana-se quem associou o título “A Europa de vermelho e azul” aos culés. Numa final sem gols, que durou 120 minutos na cidade de Sevilha, a estrela do goleiro Helmuth Duckadam brilhou. Ele garantiu que a baliza romena seguisse imaculada. Alexanko, Pedraza, Alonso e Marcos desperdiçaram suas cobranças; Balint e Lacatus marcaram para o Steaua. A Europa ficou aos pés dos bucarestenses.


O caminho do clube não foi dos mais duros, deve-se dizer. Enfrentou os dinamarqueses do Vejle, os húngaros do histórico Budapest Honvéd, os finlandeses do modesto Kuusysi, os fortes belgas de um Anderlecht que andava dando trabalho nas competições europeias e o Barça. Os destaques da equipe foram o atacante Victor Piţurcă, vice artilheiro da competição, o também atacante Marius Lacatus, o defensor e capitão Ştefan Iovan e o decisivo goleiro Duckadam, conhecido como “O Herói de Sevilha”. Além, é claro, do técnico Emerich Jenei.

Como curiosidade, registra-se que, um ano depois, o campeão da Europa adquiriu aquele que talvez tenha sido o maior jogador da história da Romênia: Gheorghe Hagi, que logo conduziu a equipe ao título da Supercopa, contra o Dínamo de Kiev.

A glória dos Imbatíveis: Olympique de Marselha 0 (3), Estrela Vermelha 0 (5)


No início da última década do século XX, a Iugoslávia vivia tempos conturbados. O ano era 1991 e as tensões separatistas na Croácia, bem como nos demais países-membro, haviam eclodido. Foi nesse panorama que uma equipe de futebol inesquecível irrompeu na Sérvia, sendo coroada na cidade de italiana de Bari, diante de 56 mil pares de olhos.

Aquele time era composto por jogadores que se tornariam estrelas e se apossou da Europa vencendo os franceses do Olympique de Marselha. Este foi o maior feito de um time na mesma proporção amado e odiado, o Estrela Vermelha, da capital Belgrado.


Na primeira fase, Os Imbatíveis, como são conhecidos os alvirrubros, eliminaram o Grasshopper da Suiça por 5 a 2, na soma dos placares. Na sequência, enfrentaram os escoceses do Rangers (4 a 1), o Dínamo Dresden, da Alemanha Oriental (6 a 0), e o poderoso Bayern de Munique, em duas partidas emocionantes: uma vitória por 2a 1 fora de casa e um empate por 2a 2 em Belgrado.

Em si, a final foi um jogo duríssimo, não tendo sido dos mais agradáveis de se assistir. O placar final deu o tom do encontro: 0 a 0. Tanto a equipe francesa quanto a iugoslava privilegiaram a defesa ao talento de jogadores como Abedi Pelé, dos marselheses. 

Os pênaltis decidiram o título. O placar dos penais foi 5 a 3. Prosinecki, Binic, Belodedici, Mihajlovic e Pancev marcaram para os sérvios. Amoros perdeu para o Olympique, que ainda converteu as demais cobranças com Papin, Casoni e o brasileiro Mozer. 

Após esse feito, jogadores como Sinisa Mihajlovic, Prosinecki, Pancev e Savicevic se mudaram para centros maiores do futebol, sendo Roma, Real Madrid, Inter e Milan os destinos, respectivamente.

Comentários