Guardiola, por que o Bayern?

Desde sua saída do Barcelona, Guardiola, treinador formado pelo próprio clube catalão, detentor de uma ideia de jogo muito própria, de posse de bola, administração da bola e intensa movimentação de todos os jogadores de linha, vinha sendo pretendido por uma infinidade de clubes. 

Times do porte do Chelsea, Manchester City, Inter de Milão e até mesmo o Manchester United onde era cotado para fazer a sucessão de Sir Alex Ferguson, o queriam. Até mesmo a seleção canarinha (embora este interesse tenha sido negado pela CBF) especulou sua contratação. Por fim no dia 16 de janeiro deste ano, saiu a confirmação de que o disputado mestre assumiria o Bayern de Munique ao fim da temporada européia. Mas, quais fatores o levaram a esta decisão? Aqui uma breve lista de possíveis explicações para sua escolha.

Solidez e regularidade históricas em campeonatos
Apesar de um início difícil, o Bayern de Munique apresenta uma trajetória de títulos e grandes participações em torneios de dar inveja. Começou seu caminho de vitórias no longínquo ano de 1932 com um título nacional. Apesar disso passou longo período sem glórias, retomando uma intermitente rotina de vitórias em 1957 com a conquista da Copa da Alemanha. A partir de então se tornou senhor soberano em seu país, sendo o recordista de títulos de todas as competições.

Fora os torneios nacionais, o Bayern ainda tem uma tradição imensa na Europa tendo conquistado quatro vezes a Liga dos Campeões e uma vez a Liga Europa. É inclusive o atual vice-campeão da Liga dos Campeões e um dos favoritos ao caneco desta temporada.

Paralelamente, o Barcelona, antigo clube de Pep, apesar da ferrenha luta por títulos que trava com o Real Madrid, também apresenta notáveis números no tocante a conquistas. O costume de vencer é presente tanto no clube Bávaro quanto no Catalão. E isso é sim um diferencial. Chelsea e Manchester City, por exemplo, passam longe desta realidade. Sua rotina de vitórias é recente (a do City principalmente). A opção que segue a realidade de Bayern e Barça é a do Manchester United. Mas, se é que existiu de fato o interesse dos Red Devils, Guardiola pode ter temido o fardo de suceder o treinador do século Sir. Alex Ferguson.          

Trabalho conceitual de base e organização clubística

Se há um clube que se assemelha ao Barcelona no quesito trabalho de base este é o Bayern de Munique. Se não apresenta os 65% de atletas formados em casa do Barcelona (considerando Piqué, Fábregas e Alba que saíram e retornaram posteriormente), tem mais da metade de seu time habitual formado em casa. No total 38% de seu elenco saíram de sua base, mas, seis atletas são titulares normalmente (Lahm, Badstuber, Alaba, Kroos, Schweinsteiger e Müller).

O conceito trabalhado na base não é o mesmo do Barça, mas ele existe. Em Munique não é incutida aquela mentalidade de trabalho técnico acima de tudo do Barcelona, mas uma mentalidade de que o importante é a vitória. Nota-se isso nos jogadores profissionais. O choro de Schweinsteiger após a derrota para o Chelsea na última Liga dos Campeões denotou isso. São atletas de boa técnica e liderança indiscutível. Um perfil distinto do azul-grená, mas é um perfil definido. E poucos são os clubes que podem se gabar de ter isso.

Aliada a isso, e talvez determinante para esse sucesso, é a administração do clube. Majoritariamente chefiado por pessoas com passado no clube como o presidente Ulrich Hoeneß e o chefe executivo Karl-Heinz Rummenigge o Bayern de Munique é administrado por quem entende do riscado e do Bayern e isso faz uma tremenda diferença. Apenas 18,2% das ações do clube não pertencem ao próprio clube (na forma da empresa FC Bayern München AG). Diferente mais não tanto, o Barcelona tem sua administração ligada aos sócios do clube. É gente que gosta e só quer o bem do clube em primeiro lugar administrando os dois clubes. Mais um atrativo do clube Bávaro.

Verba disponibilizada

Como não se vive no futebol sem dinheiro esse fator não pode ser descartado. Foram oferecidos 278 MI para gastos com a equipe para Guardiola. Uma fortuna. Ainda mais para reforçar um clube já poderosíssimo. Os alvos? Jogadores jovens como Mario Gotze, Neymar, Isco e Bale.

É claro que o Bayern não é o Barça, mas como demonstrado não é tão diferente assim. Se tiver a autonomia desejada e tempo, Guardiola pode conquistar muito com o Bayern. A expectativa é imensa e, ao contrário dos pessimistas que dizem ser fácil treinar o Barcelona e que o técnico Catalão não é isso tudo, acho que Guardiola dará conta do recado. É esperar para ver.

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