São Paulo: 5 motivos para um recorde negativo histórico

O São Paulo vive seu pior momento na história. Até a vitória no amistoso contra o Benfica a seqüência negativa era a pior da história do clube. Foram 14 jogos sem vitória, 11 derrotas e três empates (e apesar da vitória em Portugal o clube voltou a perder para o japonês Kashima Antlers e para a Portuguesa). Do clube modelo da década passada resta pouco. Trago alguns fatores determinantes para a crise atual do São Paulo.  


            1 -  Lucas: a dependência

Ninguém duvida da qualidade de Lucas. Nem os seus próprios treinadores, torcedores e colegas de equipe. Fato é que o São Paulo, durante o período em que contou com seu craque, se amoldou para jogar em função dele.  - Jogo difícil? Bola no craque que ele resolve. – E resolvia mesmo. O problema é o tempo verbal. Resolvia pretérito imperfeito. E nós não vivemos no passado. Ele se foi, e no tempo presente não há quem resolva.

Mas esse não seria o principal problema. Afinal um time não tem 11 jogadores? E os outros 10? Foi criada uma dependência nos clube. O jeito de jogar da equipe ficou condicionado ao desempenho de Lucas. Sem ele os outros jogadores perderam sua liderança técnica e seu desafogo, e dessa forma foram sucumbindo, até o ponto em que o São Paulo chegou nesse momento.

2 - Ganso, Lúcio e outros: más contratações

Além de ter se tornado depende de seu craque, o São Paulo, gastou mal seu orçamento. O clube abriu os cofres para acertar a contratação de Ganso junto ao Santos na esperança de que quando Lucas -que já estava vendido - deixasse o clube, o tricolor já tivesse reposição a altura. Mas Ganso não mostrou nem de perto nem de longe o potencial esperado. Vieram também o experiente Lúcio e os atacantes Wallyson e Aloísio.  Lúcio, dispensado, só é lembrado por ter marcado a eliminação do clube na Libertadores com sua expulsão. Wallyson já deixou o clube e Aloísio até tem tido bom desempenho, mas é reserva. Chegou ao clube agora o experiente lateral Clemente Rodriguez e espera-se que ele resolva o problema da lateral esquerda do São Paulo, existente desde a saída de Junior.


3 - Técnicos no fogo: o estopim das crises

Como já é de praxe, a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco. Como não é possível trocar todo o time, as equipes sempre trocam seus treinadores nas crises. Com o São Paulo não foi diferente. Contestado pela torcida, o treinador Ney Franco acabou demitido.

Tenho totais dúvidas quanto a esse tipo de medida. Levando em consideração a baixa qualidade das opções disponíveis no mercado acho uma besteira imensa os clubes insistirem em trocar de treinador e no São Paulo pós-Muricy isso é rotina. Passaram pelo clube Ricardo Gomes, Adílson Batista, Paulo César Carpegiani, Emerson Leão e Ney Franco, todos sem sucesso.

Agora o clube paulista aposta em Paulo Autuori muito mais pela história dele no clube com o título da Libertadores e do Mundial de 2005, do que pela qualidade dos trabalhos recentes. Exceto pelo desgaste criado, acho uma medida desesperada de um clube desestruturado a demissão de Ney Franco.

4 – A dinastia de Juvenal Juvêncio

Tudo que é absoluto torna-se burro. Essa máxima aplicável em diversas esferas da sociedade ficou mais que provada no São Paulo. Juvenal Juvêncio, aquele que se gabava de dirigir o clube modelo do Brasil, agora não usa mais o São Paulo como exemplo. Toda entrevista dele agora ele precisa falar do Corinthians. Após alterar o estatuto do clube paulista, o mandatário conseguiu mais um mandato e está no terceiro.  Com idéias ultrapassadas e cada dia mais intolerante (e intolerável), Juvenal tem perdido a cada dia uma oportunidade de ficar calado. E isso só aumenta a profundidade do buraco em que o São Paulo se colocou.

5 – Interferências na gestão da equipe

No São Paulo há ainda, um fator para mim, determinante para o insucesso da equipe que é a falta de hierarquia. Jogadores como Rogério Ceni e Luis Fabiano transparecem ao público terem mais poder de decisão no clube do que o próprio treinador, e, reitero, no meu entender, isso é extremamente prejudicial para a equipe. O técnico fica mal e os demais jogadores também.

Aliás, já ouve casos noticiados recentemente de ingerência da direção na escalação da equipe, algo tão antigo quanto pensar que a solução para os problemas dos clubes são as trocas de treinador.

Por fim, resta aos torcedores do São Paulo torcer para que jogadores que ainda não mostraram desempenho bom – mas que já o fizeram em outras equipes – consigam o mesmo no seu time, torcer para que desembarquem em seus clubes jogadores qualificados e, principalmente, torcer para que o clube comece a aprender com todos os passos errados dados por ele próprio nos últimos anos.


Comentários

  1. Bem, Jorge Nuno Pinto da Costa não concordaria com a proposição assinalada no item quatro.
    O F. C. Porto é uma entre algumas experiências de continuidade administrativa que dão certo.
    Espero, sinceramente, que A. Kalil fique no C.A.M. por longo longo tempo...

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