O surpreendente Hellas Verona

Um amante de futebol que não tem acompanhado o Campeonato Italiano com frequência poderia se assustar com a tabela do Calcio na presente temporada. A disputa pelo título se polarizou entre Juventus e Roma e quem corre por fora é o Napoli. Na quarta colocação, nada de Inter e Milan. O posto é ocupado pela Fiorentina, que, desde a temporada passada, vem recuperando seu espaço no Futebol Italiano. Já a quinta posição pertence ao Hellas Verona, clube que emergiu à Primeira Divisão nesta temporada e tem conquistado resultados surpreendentes que nos levam a pensar: como uma equipe recém saída da segunda divisão e com baixo orçamento tem conseguido resultados tão expressivos?


Time Base: Rafael; Cacciatore, Maietta, Moras, Agostini; Jorginho, Rômulo, Hallfredson; Iturbe, Jankovic, Luca Toni. Téc.: Andrea Mandorlini 

O Hellas Verona foi criado por um grupo de estudantes, em 1903. O nome Hellas vem do idioma grego e significa “Grécia”. A escolha foi feita atendendo à um pedido do professor de “Estudos Clássicos” dos jovens. Apesar de nunca ter conseguido se transformar num grande clube da Itália, conseguiu durante muitos anos manter-se na primeira divisão, a qual lhe proveu o melhor momento de sua história, na temporada 1984-1985, ocasião em que sagrou-se campeão nacional.

O sucesso na década de 80, mostrou-se obra do acaso, uma vez que nos anos 90 o Verona viveu sob um “efeito sanfona”, subindo e descendo da Série A. E assim foi até os primeiros anos deste século.


Em 2002, mesmo tendo em seu elenco jogadores do quilate de Adrián Mutu, Mauro Camoranesi, Alberto Gilardino (foto), Massimo Oddo e Marco Cassetti, a equipe desceu à segunda divisão, só conseguindo o acesso, novamente, em 2013, com a segunda colocação da Série B.

Assim, após realizar alguns ótimos negócios na janela de verão europeia, contratando alguns jogadores sem custos e outros por empréstimo, o Verona reiniciou sua história na primeira divisão. 

Com um elenco recheado de sul-americanos (seis brasileiros, três argentinos e um uruguaio), e alguns jogadores jogadores muito experientes (casos do zagueiro grego Moras e do centroavante Luca Toni), a equipe começou a surpreender no italiano.

Jogando sempre no contra-ataque a equipe tem mostrado um futebol de muita velocidade e eficiência. Um dado que confirma o contra-golpe como o ponto forte da equipe é sua posse de bola, em média, 40,9%, a pior da Série A TIM. O clube não retém a bola, mas quando a tem finaliza rápida e eficazmente suas jogadas. Outra estatística que comprova isso é o percentual de aproveitamento de chances. Apenas Juventus e Torino acertam o gol mais vezes que o Verona, cujo percentual de acerto é 51,8% .
 
Os Gialloblu tem ainda o 6º melhor ataque e a 5ª melhor defesa do Campeonato Italiano.

Seus destaques são o goleiro Rafael,  na equipe desde 2007 e com mais de 250 jogos disputados pelo clube, o ponta argentino Juan Manuel Iturbe (foto), que chegou emprestado do Porto e o centroavante Luca Toni, que já marcou 9 gols e assistiu, também por nove vezes (sendo o melhor do campeonato), seus companheiros.

Seu craque é Jorginho (foto). Ítalo-brasileiro, aos 22 anos, já optou pela nacionalidade italiana e aguarda uma convocação. Apontado como o “novo Pirlo”, tem ótimo passe e visão de jogo, e já é monitorado por equipes como Juventus, Milan e Liverpool. Cabe à ele a organização da equipe.

Até onde vai o Verona? Para quem vê o elenco da equipe e nunca viu o escrete em campo, não muito longe. Mas, para quem tem acompanhado a veloz equipe, que conta com um excelente organizador, com jogadores imberbes pelos lados e um matador no centro da área, não é impossível a conquista de uma vaga em na Liga Europa.

Após alguns anos à sombra, uma estrela tem brilhado em Verona. Até o fim da temporada descobriremos, se o astro que vela a equipe se apaga, ou se juntar-se-ão a ele alguns de seus iguais. Até lá vamos vivendo, e vendo os contra-ataques mortais arquitetados por um garoto que deixou São Paulo e promete ser um dos grandes do futebol mundial.

Vídeo com lances do prodígio Jorginho:



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