Times de que Gostamos: Huracán 2008-2009

Na última semana, o histórico time do Athletic Bilbao 1982-1984, do goleiro Andoni Zubizarreta, foi rememorado. Nesta, trato do Huracán, que projetou o meia Javier Pastore, atualmente no PSG, e que, por pouco, não conquistou o Torneio Clausura 2009.

Em pé: Monzón, E. Domínguez, Bolatti, Goltz, F. Nieto, Pastore
Agachados: P. Toranzo, C. González, Defederico, Arano e Filippetto.


Time: Huracán

Período: 2008-2009

Time base: Monzón; Carlos Araújo, Paolo Goltz, E. Domínguez, Carlos Arano; Mario Bolatti (Leandro Díaz), Patricio Toranzo; Javier Pastore, César González, Matías Defederico; Federico Nieto (Hernán Barcos). Téc.: Ángel Cappa

Conquistas: Nada.


Foi por pouco. Um empate e o título viria. Lutando desde 1973 para subir ao pódio no futebol argentino, o Huracán, rival do San Lorenzo, quase conseguiu a láurea nacional em 2009. Praticando um futebol extremamente ofensivo e vistoso, rotulado pelo treinador Ángel Cappa de Tiki-Tiki (vídeo), o clube, que terminou na segunda colocação do Torneo Clausura, obteve o maior número de vitórias no campeonato (12), teve o melhor ataque (35 gols em 19 jogos) e a terceira melhor defesa (19 gols sofridos).


Contando com o surgimento de jovens e promissores jogadores, casos, sobretudo, de Matías Defederico e Javier Pastore, a equipe envolveu o Futebol Argentino. Com um jogo de passes e intensa movimentação e habilidade, verdadeiramente atraente, o Huracán contou não só com sua própria torcida, mas também com o apoio de vários outros torcedores.

Ironicamente, apesar de o modelo de disputa do campeonato não prever a disputa de finais, o jogo derradeiro da competição foi contra o Veléz Sarsfield. Quem ganhasse seria campeão e o empate garantia o título para os Quemeros. Em uma partida controversa - com a anulação de um gol legítimo em favor do Huracán -, faltando oito minutos para o término do encontro, Maxi Moralez decretou o fim do sonho da equipe de mais belo futebol do país. O vice-campeonato também representou o fenecimento da equipe, que não conseguiu segurar seus jogadores e os viu partir mundo afora.

Talvez o jogador menos qualificado do time titular, o goleiro Gastón Monzón (foto) foi jogador do Huracán por muitos anos. Tento estreado no clube aos 19 anos, em 2006, permaneceu até 2014. Apesar de nunca ter se firmado como unanimidade, foi importante no Torneo Clausura 2009, quando, por exemplo, defendeu um pênalti contra o Vélez Sarsfield, no jogo que decidiu o campeonato. Gordinho e longe de suas melhores condições técnicas, virou alvo da ira dos torcedores, nas temporadas mais recentes, em que o clube tem sofrido na segunda divisão argentina.

Compondo a zaga e capitaneando os Quemeros, Paolo Goltz (foto) era um verdadeiro treinador dentro das quatro linhas. Líder por natureza, possuía forte influência e, além disso, era um raro exemplo de zagueiro técnico, sendo excelente cobrador de faltas e jogador de grande utilidade nas bolas paradas. Seu companheiro, na maior parte do tempo, foi Eduardo Domínguez, de técnica notoriamente inferior, mas extremamente devotado ao clube, pelo qual torce. No momento, enquanto Goltz atua no América do México, Domínguez está em sua quarta passagem pelo Huracán.

Outro líder da equipe, o lateral direito Carlos Araujo (foto) era uma das peças mais consistentes da equipe. Rápido, bom no apoio e dono de boa recomposição, era extremamente confiável. Apesar dessas qualidades e de muitas vezes ter representado a Seleção Argentina Sub-20, jamais chegou ao escalão principal. Podia jogar também na meia-direita. Do outro lado, menos completo que o ala destro, Carlos Arano também teve seu destaque. Baixinho e cabeludo, destacava-se pela entrega em campo e também pela ótima capacidade de finalização de média e longa distância. Depois de um período no futebol grego e no River Plate, retornou ao Huracán, onde ainda joga. Araujo, por sua vez, milita no Lanús.

Já na primeira linha de meio-campo, na contenção, o clube já começava a encantar, praticando o Tiki-Tiki e ganhando a alcunha de Los Angéles de Cappa. Mais do que simples destruidores, os dois volantes Del Globito eram verdadeiros construtores de jogo recuados. Mario Bolatti (foto), figura muito conhecida do torcedor brasileiro, e Patricio Toranzo formaram uma dupla interessantíssima. Ambos eram excelentes passadores, habilidosos, donos de boa aproximação nos meias e atacantes e, além disso, goleadores. 

Em 2010, chegaram à Seleção Argentina e Bolatti, que hoje atua no Botafogo, foi à Copa do Mundo. Toranzo teve um grande azar em sua carreira: aparecer no River Plate ao mesmo tempo que Lucho González e Javier Mascherano. Depois de passar por Racing, All Boys e Shangai Shenhua, retornou ao Huracán.

Na criação, o clube tinha nada mais nada menos do que Il Fantasista e El Maestrico, Javier Pastore  (foto) e César González. O primeiro, aos 19 anos mostrou extremo talento. Alto, rápido e habilidosíssimo, tinha excelente condução de bola e construía os ataques pela meia-direita. É outro que foi à Copa do Mundo de 2010. Além disso, foi o artilheiro da equipe no Torneo Clausura 2009, com sete gols. Já César, venezuelano, também era muito habilidoso e tinha especial qualidade para a distribuição de jogo. Cinco anos mais tarde, Pastore atua no PSG e González retornou à Venezuela, onde defende o Deportivo Táchira. 

Mais à frente, flutuando entre o meio e o ataque Matías Defederico (foto), que também ganharia chances na Seleção Argentina e fracassaria retumbantemente no Corinthians, mostrou impressionante capacidade de decisão. Individualmente muito talentoso e dono de uma canhota especial, era muito imprevisível e veloz, ajudando tanto os meias quanto o centroavante. Este, era Federico Nieto, grandalhão, pouco técnico, mas com grande presença de área e eficiência nas bolas aéreas. Hoje, Nieto joga no Barcelona de Guayaquil, enquanto Defederico atua no Al-Dhafra.

O comandante da equipe, principal responsável pela construção da “obra Huracán”, era Ángel Cappa (foto), treinador que teve a oportunidade de aprender tudo com César Luis Menotti, histórico treinador argentino, campeão do mundo em 1978, e de quem foi assistente na Copa da Espanha, em 1982. Sempre privilegiando  o ideal de jogo aberto e criativo, fez do Huracán uma referência na Argentina. Além dos titulares, o clube contou ainda com as presenças dos zagueiros Kevin Cura, Ezequiel Filipetto, do volante Leandro Díaz, do meia Luciano Nieto e, durante uma parte do tempo, do centroavante Hernán Barcos.

Ficha técnica de alguns jogos importantes nesse período:

7ª rodada do Torneo Clausura 2009: Huracán 3x0 Lanús

Estádio El Palacio, Buenos Aires

Árbitro: Héctor Baldassi

Público 30.000

Gols: ‘7 Esmerado, ’65 e ’83 Pastore (Huracán)

Huracán: Monzón; Araújo, Kevin Cura, E. Domínguez; Leandro Díaz, Gastón Esmerado, Mario Bolatti; Javier Pastore, César González (Patricio Toranzo), Matías Defederico (Alan Sánchez); Federico Nieto (Leonardo Medina). Téc.: Ángel Cappa

Lanús: Bossio; Graieb (Carrasco), Jadson, Hoyos, Velázquez (Lugo); Diego González (Salomón), E. Ledesma, Matías Fritzler, Diego Lagos; Nicolás Ramírez e José Sand. Téc.: Luis Zubeldía

14ª rodada do Torneo Clausura 2009: Huracán 4x0 River Plate

Estádio El Palacio, Buenos Aires

Árbitro: Sergio Pezzota

Público 40.000

Gols: ’40 e ’77 Pastore, ’64 Medina, ’87 Toranzo (Huracán)

Huracán: Monzón; Araujo, Filipetto, Cura, Arano; Mario Bolatti, Patricio Toranzo; Javier Pastore (G. Esmerado), César González (A. Sánchez), Matías Defederico; L. Medina (Luciano Nieto). Téc.: Ángel Cappa

River Plate: Vega; Ferrari, Sánchez, Gerlo, Villagra; Ahumada, Barrado, Mauro Díaz (Abelairas); Mauro Rosales (Roberto Pereyra), Falcao García, Diego Buonanotte (Fabbiani). Téc.: Néstor Gorosito

17ª rodada do Torneo Clausura 2009: San Lorenzo 0x1 Huracán

Estádio Nuevo Gasómetro, Buenos Aires

Árbitro: Saul Laverni

Público 25.000

Gol: ’38 Goltz (Huracán)

San Lorenzo: Navarro; A. González, J. Bottinelli, G. Aguirre, G. Voboril; Cristian Ledesma, Juan Torres (Bordagaray), Santiago Solari (J. Santana), Alejandro Gómez (B. Fornaroli); Andrés Silvera e Gonzalo Bergessio. Téc.: Diego Simeone

Huracán: Monzón; Araujo, Goltz, E. Domínguez, Arano; Leandro Díaz, Mario Bolatti, Patricio Toranzo (César González); Javier Pastore (A. Sánchez), Luciano Nieto, Matías Defederico. Téc.: Ángel Cappa

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