Fulham vive um inferno sem fim

Time tradicional no cenário inglês e, nos últimos tempos, um dos mais estáveis dentre os clubes médios, o Fulham, desde o vice-campeonato da Europa League, em 2010, encontra-se em queda livre. O que não se esperava era uma descida tão brusca como a que tem se desenhado nessa temporada, na Segunda Divisão. Desmanchado e absolutamente sem qualquer cara, o dono do charmoso estádio Craven Cottage tem que se cuidar para não descer ainda mais.




Desde a perda do sonho continental, na final da Europa League da temporada 2009-2010 (foto), contra o Atlético de Madrid de Diego Forlán e Kun Agüero, o clube viu-se em uma constante queda. A princípio, considerando ser o clube londrino uma força de médio potencial, não foi de se estranhar sua oscilação, mas, o fracasso mais recente, na última temporada, com muitos investimentos – que, ao menos teoricamente, foram boas apostas – deixou clara a existência de um problema no time.

colocado, no Campeonato Inglês, em 2010-2011; em 2011-2012; 12º em 2012-2013; e 19º em 2013-2014, o Fulham protagonizou uma trajetória que mostra uma queda indiscutível. Nesse percurso, há um fato que, indubitavelmente, teve seu reflexo no time: a venda do clube. Apesar da notória evolução do time sob a direção do egípcio Mohamed Al Fayed, que comprou o clube em 1997, quando o Fulham encontrava-se na Terceira Divisão, e o transformou em uma equipe extremamente estável – conquistando, inclusive, a UEFA Intertoto em 2002 – sua relação com os torcedores nunca foi estável e, no início da última temporada, o clube foi vendido ao paquistanês Shahid Khan.

Apesar dos resultados, Fayed ficou marcado por ser uma figura controversa e por ter colocado uma estátua de Michael Jackson (foto) no estádio, em 2011, algo que os torcedores entenderam como uma mácula ao histórico Craven Cottage e que nunca perdoaram.

No olho do furacão, a temporada 2013-2014 começou com contratações de impacto. Selecionáveis, o goleiro holandês Maarten Stekelenburg e o volante inglês Scott Parker, chegaram como soluções. Além deles, o bom zagueiro Fernando Amorebieta, que vinha de temporadas bem sucedidas pelo Athletic Bilbao, e o forte centroavante Darren Bent, dentre outros, chegaram. Apesar disso, a temporada apresentou-se, desde o início, duríssima. Mal na tabela, o clube ainda contratou bons jogadores na janela de inverno.

O excelente centroavante grego Konstantinos Mitroglou, o ídolo Clint Dempsey, o experiente zagueiro Johnny Heitinga e o jovem e talentoso Lewis Holtby foram algumas novidades, que, contudo, nada conseguiram fazer. Durante a temporada, treinadores foram três: Martin Jol, René Meulensteen e Felix Magath. O inevitável rebaixamento veio e, com ele, suas consequências e drásticas mudanças.

Ashkan Dejagah, Pajtim Kasami, Mitroglou, David Stockdale, Damien Duff, John Arne Riise, o ex-capitão Brede Hangeland, Steve Sidwell, Heitinga, Georgios Karagounis e Stekelenburg são apenas alguns nomes que deixaram o clube. Dentre as novidades, pouco entusiasmantes, chamam a atenção o retorno de empréstimo do costarriquenho Bryan Ruiz e a compra do centroavante escocês Ross McComarck (foto), autor de 28 gols na última edição da Championship (pelo Leeds United) e de apenas dois nos oito jogos do time na temporada atual. Aliás, esse é o menor dos problemas. Nestes oito encontros, o Fulham somou um ponto e amarga a lanterna do campeonato, flertando com a Terceira Divisão.

Fayed se foi e com ele se foram os anos de estabilidade dos Cottagers. E o pior: o torcedor do Fulham ainda é obrigado a conviver com o enorme sucesso de seu grande rival, o Chelsea. Hoje, já é possível delimitar eras na história do clube: pode-se falar em “Era pré-Fayed”, “Era Fayed” e “Era pós-Fayed” e como um filho arrependido, o torcedor do Fulham deve ter um pensamento inquietante em sua mente: “eu era feliz e não sabia”. E tudo ainda pode piorar. Seguindo nessa trilha, o Fulham tem tudo para descer ainda mais, tornando o que parecia impossível de se pensar em 2010, a mais pura e infernal realidade do clube. 

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