Futebol na Índia: mais uma fronteira está se rompendo?

Indiscutivelmente forte na Europa e na América do Sul, o futebol, com sua capacidade de atrair investimentos e seguidores, nos últimos anos, rompeu algumas barreiras e levou suas emoções para outras fronteiras. São os casos, por exemplo, de Japão (com importante atuação de Zico), China e Estados Unidos, país em que o esporte bretão encontrou, e ainda encontra, muita resistência em razão das preferências desportivas de sua população. Com a ascensão da Indian Super League, será que veremos outra fronteira ser rompida?




Como os EUA, a Índia – segundo país mais populoso do mundo – é uma nação com uma predileção desportiva muito bem definida. Se os estadunidenses apreciam historicamente o Basquete, o Beisebol e o Futebol Americano, os indianos são apaixonados pelo Críquete. Bicampeã mundial do esporte, a Índia só fica atrás da Austrália em glórias. É nesse contexto que IMG-Reliance, Star India e All India Football Federation se uniram, criando oito franquias e as disponibilizando para investidores.

Fomentada por empresários, ícones desportivos e pela indústria cinematográfica do país (incluindo atores da famigerada Bollywood) a Indian Super League ascendeu e tem objetivos muito bem delineados. Em curto prazo, a meta dos organizadores é angariar novos fãs. O início se mostrou muito promissor (público superior a 70 mil pagantes para o confronto entre Atlético de Kolkata e Mumbai City), mas pode ter sido apenas uma empolgação efêmera.

Em longo prazo, a busca maior é o estabelecimento de uma liga competitiva e forte no país e o desenvolvimento de base, visando o objetivo maior: a classificação da Índia para a Copa do Mundo de 2026. Para alcançar suas metas, a Indian Super League “ressuscitou” craques aposentados e contratou outros em final de carreira para atrair interesses e ajudar a promover o interesse público. Além disso, os clubes e a federação têm buscado parcerias com equipes europeias para aprender com seus trabalhos com jovens. Nesse sentido, já está sendo feito um trabalho integrado com o FC Metz, da França.

Outros clubes europeus envolvidos no futebol hindu são a Fiorentina, detentora de 15% do FC Pune City, o Atlético de Madrid e o Feyenoord, com participações em Atlético de Kolkata e Delhi Dynamos FC, respectivamente.

Com jogadores do quilate de Nicolas Anelka, Luis García, Elano, Alessandro Del Piero (foto), Robert Pirès, David Trezeguet e Fredrik Ljungberg, a liga pode não ter grande nível, mas sem sombra de dúvidas chama atenção. Arsène Wenger, treinador do Arsenal, acredita na evolução do futebol hindu.

“Se você olhar a história do futebol (...) parece que ele cresce em todos os lugares. É como um vírus que se multiplica, então não imagino por que não vá decolar. Levou um tempo nos Estados Unidos, mas agora é muito popular. Ele (o futebol) enfrenta o críquete na Índia, mas sempre há espaço para um segundo esporte. Eu sei que as pessoas de lá assistem a Premier League e estou convencido que, com uma enorme população, vai decolar,” disse o treinador dos Gunners.

No que tange ao Campeonato em si, ele é composto por oito equipes que se enfrentam em dois turnos, em aproximadamente dez semanas. Após os enfrentamentos, as quatro melhores equipes qualificam-se para as semifinais (duas partidas) e os vencedores avançam à final, disputada em partida única.

Clubes que disputam o campeonato

Figura conhecida do público brasileiro, o Secretário Geral da FIFA, Jérôme Valcke, também acredita no sucesso do futebol na Índia: “A Índia tem grande potencial. A ISL (Indian Super League) está ajudando. Temos que assegurar que estamos juntos com uma meta – desenvolver o futebol na Índia e ajuda-la a disputar uma Copa do Mundo em breve.” Atualmente o país ocupa a 158ª posição no Ranking da FIFA.

Com aporte financeiro e um projeto ambicioso, a Indian Super League pode representar o avanço do futebol em mais uma fronteira. Considerando o tamanho da população do país, é muito difícil que, feito o bom trabalho, o esporte não se desenvolva. Entretanto, isso só comprovaremos no futuro; no presente, resta-nos acompanhar a evolução do campeonato e matar as saudades de tantos e saudosos craques do futebol mundial que lá se encontram.

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