Faltou pouco para o Coelho

Em 38 jogos, 20 vitórias, sete empates e onze derrotas deveriam somar 67 pontos, certo? Sim, deveriam. Apesar disso, o América Mineiro, durante o Campeonato Brasileiro da Série B, travou batalha contra o STJD e perdeu seis cruciais pontos. A escalação irregular do lateral Eduardo, que já havia atuado em dois clubes, em competições nacionais, na atual temporada – Copa do Brasil, com o São Bernardo, e Campeonato Brasileiro da Série B, pela Portuguesa – levou o clube a perder 21 pontos, que, mais tarde, foram reduzidos para apenas seis.



O que torna a história ainda mais triste para o torcedor americano é que, embora o setor jurídico do clube devesse ter previsto a situação, o contrato de Eduardo foi registrado e divulgado no BID (Boletim Informativo Diário) da CBF. Ou seja, imaginava-se que o atleta teria condições de jogo. A decisão do Tribunal veio em um momento conturbado para o América, que, há época acumulou quatro derrotas consecutivas e trocou o treinador Moacir Júnior pelo experiente Givanildo Oliveira.

Com o novo comandante o Coelho perdeu apenas uma partida e chegou muito perto de conseguir o acesso à série A, mostrando um futebol de boa qualidade e muitas vezes envolvente, como nas partidas contra o Náutico, 4x1 em Recife, a Portuguesa, 3x1, o Avaí, 3x0, e o Sampaio Corrêa, 4x0. Um estilo de muita velocidade fez do time uma equipe muito perigosa. Com o ótimo momento vivido pelo lateral esquerdo Gílson, deslocado para o meio campo, e do meia Willians, Obina, velho conhecido do futebol mineiro, fez muitos gols, 13 no total – cinco a menos do que Magno Alves, artilheiro da competição.

Cena do decisivo jogo contra o Sampaio Corrêa


Além de Obina, outros jogadores conhecidos do público das Minas Gerais fizeram sucesso pelo alviverde. Mancini, ex-Atlético, Roma, Inter de Milão, Milan e Seleção Brasileira, marcou sete gols em 27 jogos, Tchô e Renan Oliveira também foram importantes em alguns momentos e Leandro Guerreiro, ex-Cruzeiro, foi o capitão e principal referência moral da equipe.

No lugar do goleiro Matheus, cria do clube e, até sua saída para o Braga, de Portugal, um dos destaques do América, João Ricardo assumiu papel importantíssimo, com belas defesas e muita segurança. Ao final do Campeonato, não raramente ouviu-se o torcedor americano bradando ser seu arqueiro o melhor do Brasil. Outro jogador que mostrou qualidades foi o volante Andrei Girotto, dono de bom passe e ótima capacidade de finalização de média/longa distância.

Não obstante tenha tido muitos destaques individuais, o América Mineiro também montou uma equipe coletivamente muito aplicada. Recomposição rápida e jogadores com muita consciência tática, sempre atentos aos movimentos de seus companheiros para, em caso de necessidade, fazerem a cobertura dos mesmos, marcaram o estilo da equipe, que também contou com a versatilidade de muitos jogadores, casos do já citado Gílson, de Pablo e Thiago Santos, por exemplo.

O reflexo desse trabalho foi o apoio e a esperança do torcedor na última rodada. A despeito da forte e intermitente chuva que atingiu Belo Horizonte no sábado, 4.936 pessoas foram ao Estádio Independência e clamaram pela ascensão alviverde. Ao final, com um ponto a menos do que o Avaí, o acesso não veio, mas ainda há esperança para o torcedor. Nos próximos dias, o Icasa vai a julgamento no STJD e pode ser excluído da competição, caso em que o clube mineiro ganharia pontos e se superiorizaria ao rival catarinense.

Essa intromissão da corte máxima da Justiça Desportiva no Campeonato é extremamente indesejável, mas poderá dar ao coelho o que, no campo, conquistou. A campanha foi excelente e o time jogou bom futebol. O acesso coroaria o bom trabalho. Apesar disso, não se pode desconsiderar os feitos do time na temporada. Os gritos de “obrigado” direcionados aos jogadores ao final do último jogo confirmam essa realidade. Independentemente do que acontecer no Tribunal, uma coisa é certa: independentemente da divisão o trabalho feito em 2014 merece continuidade. 


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