Times de que Gostamos: Werder Bremen 2003-2004

Após tratar do Derby County de Brian Clough, campeão inglês no início dos anos 70, a coluna “Times de que Gostamos” volta sua atenção ao ótimo time do Werder Bremen da temporada 2003-2004, lembrada, principalmente, pela eficiência da dupla de ataque Ivan Klasnic e Aílton.

Werder Bremen 2004


Time: Werder Bremen

Período: 2003-2004

Time Base: Reinke; Stalteri, Ismael, Krstajic, Schulz; Baumann, Borowski, Ernst, Micoud; Klasnic e Aílton. Téc.: Thomas Schaaf

Títulos: Campeonato Alemão e Copa da Alemanha

Werder Bremen 2004

Sem erguer a Salva de Prata desde a temporada 1992-1993, o Werder Bremen montou, em 2003-04, um time de eficiência poucas vezes vista no noroeste da Alemanha. Melhor ataque da Bundesliga, com 79 gols marcados em 34 jogos, e segunda melhor defesa, com 38 sofridos, o alviverde se superiorizou a todos seus concorrentes e deixou o Bayern de Munique, segundo colocado, comendo poeira, seis pontos atrás.

Naquele ano, o treinador Thomas Schaaf estruturou uma equipe sólida defensivamente, compacta e técnica no meio-campo e feroz no ataque. Alcaçada a sintonia fina, o destino dos Werderaner não poderia ser outro: a conquista da Bundesliga e, além disso, da Copa da Alemanha. A dolorosa questão, não obstante, foi o fato de o clube ter se distanciado, paulatinamente, das grandes disputas.

Andreas Reinke Werder Bremen
A meta verde era defendida pelo experiente Andreas Reinke, que chegara ao clube aos 34 anos, após boa estada no modesto Murcia, da Espanha. Não era um arqueiro acima da média, mas cumpriu o seu papel, disputando todos os jogos do time, tanto no campeonato quanto na copa. Na Bundesliga, manteve-se invicto em 13 ocasiões. Alcançou, ainda, marca expressiva, sendo o primeiro goleiro a vencer o Campeonato Alemão por equipes diferentes –  em 1998, havia conquistado a competição com o Kaiserslautern.  No entanto, em 2005, com a chegada de Tim Wiese, passou a figurar no banco de reservas.

Flanqueando a defesa, o Werder Bremen não fez escolhas bem definidas. Certa mesma foi a titularidade do canadense Paul Stalteri, que atuou tanto pelo lado direito quanto pela faixa canhota, marcando dois gols na temporada. Todavia, era originário da direita e, quando atuou na esquerda, abriu espaço para o turco Ümit Davala, um dos destaques da Turquia no Mundial de 2002 e notoriamente mais ofensivo. Pelo outro lado, fazendo sua melhor função, o torcedor do time acompanhou disputa entre o jovem Christian Schulz e o experiente Viktor Skripnik, que se digladiarem pela titularidade. A potência de Schulz lhe afiançava mais minutos.

Werder Bremen Ismaël Davala Krstajic Micoud Stalteri

Fortes fisicamente e na bola aérea, os zagueiros foram fundamentais para o bom desempenho do time. Não eram tecnicamente privilegiados, mas se entrosaram, mascarando as limitações. Valérien Ismaël, francês vindo do Strasbourg, foi responsável por cinco gols e três assistências na temporada. O sérvio de origem bósnia Mladen Krstajic, por sua vez, balançou as redes três vezes.

No meio-campo, um tridente fazia tanto a proteção à defesa quanto a transição para o ataque. Postado imediatamente à frente dos beques, Frank Baumann, capitão da equipe, era um cão de guarda. Alto (1,87m), imponente e bom nos desarmes, garantia segurança à equipe.

Tim Borowski Werder Bremen
Um pouco mais adiantados, Fabian Ernst e Tim Borowski  ditavam o ritmo das partidas. Eram jogadores híbridos, nem tão ofensivos nem defensivos, capazes de se aproximar do ataque como elemento surpresa, mas também de ser eficientes na recomposição. Na Bundesliga, Ernst construiu 11 assistências em 33 jogos. Já Borowski marcou cinco cruciais gols na Copa da Alemanha, dois na decisão. Os três serviram a Seleção Alemã em muitas ocasiões.

Adiante, o francês Johan Micoud era o ponto de criatividade do time. Esguio, com visão de jogo privilegiada, bão raras vezes notada nos lançamentos, e fatal nas bolas paradas, era o diferencial técnico do Werder Bremen. Na temporada completa, marcou 15 gols e concedeu nove assistências. No período, Le Chef, como era conhecido, também serviu a seleção francesa.

Ailton Klasnic Micoud Werder Bremen

Dada a qualidade do time no meio-campo, os atacantes não tinham do que reclamar. O setor foi composto por uma dupla que superou a barreira linguística e se entendeu bem. O brasileiro Aílton e o croata Ivan Klasnic firmaram um dos maiores pactos com as redes de um duo de atacantes que a Alemanha viu. O parrudo Aílton marcou 34 gols e proveu 10 assistências na temporada, assumindo a artilharia tanto da Bundesliga quanto da Pokal. Klasnic, que se movimentava mais pelo ataque, mas também era um finalizador decidido, balançou as redes rivais 19 vezes, contribuindo, ainda, com 13 assistências.

Nelson Valdez Werder Bremen
Até então homem de um time só, Thomas Schaaf, que durante sua carreira de jogador defendeu apenas o Werder e, como treinador, comandou o time por 14 anos, foi o responsável pela construção da equipe.

Do banco de reservas, o técnico tinha, também, opções valiosas. Os meias polivalentes Pekka Lagerblom e Krisztian Lisztes, aptos a substituir qualquer dos meio-campistas da equipe, e os atacantes Angelos Charisteas e Nelson Valdez – que somaram 16 gols na temporada – exemplificam bem a qualidade dos suplentes dos Werderaner. Ademais, ajudam a entender como o clube estabelecido às margens do rio Weser alcançou um desempenho tão impressionante na temporada 2003-04. 

Ficha técnica de jogos importantes nesse período:


22ª rodada do Campeonato Alemão: Werder Bremen 2x0 Borussia Dortmund


Estádio Weser, Bremen

Árbitro: Lutz Wagner

Público 43.000

Gols: ’57 Ismael e ’86 Aílton (Werder Bremen)

Werder: Reinke (Borel); Davala (Schulz), Ismael, Krstajic, Stalteri; Baumann, Ernst, Lisztes, Micoud; Klasnic e Aílton (Valdez). Téc.: Thomas Schaaf

Borussia: Warmuz; Reuter (Ricken), Demel, Wörns, Jensen (Odonkor); Kehl, Flávio Conceição (Dedê), Frings, Rosicky; Ewerthon e Koller. Téc.: Matthias Sammer

31ª rodada do Campeonato Alemão: Werder Bremen 6x0 Hamburgo


Estádio Weser, Bremen

Árbitro: Lutz-Michael Fröhlich
Público 42.500

Gols: ’17 Barbarez (contra), ’22 Ismael, ’39 Klasnic, ’48 Aílton, ’80 Valdez, ’84 Skripnik (Werder Bremen)

Werder: Reinke; Stalteri, Krstajic, Ismael, Schulz; Baumann, Borowski, Lagerblom (Skripnik), Micoud; Klasnic (Valdez) e Aílton (Charisteas). Téc.: Thomas Schaaf

Hamburgo: Starke; Hoogma, Reinhardt, Ujfalusi; Schlicke, Wicky, Fukal; Benjamin (Cardoso), Barbarez, Mahdavikia; Hleb (Romeo). Téc.: Klaus Toppmöller

32ª rodada do Campeonato Alemão: Bayern de Munique 1x3 Werder Bremen


Estádio Olímpico, Munique

Árbitro: Edgar Steinborn

Público 63.000

Gols: ’19 Klasnic, ’26 Micoud, ’35 Aílton (Werder Bremen); ’56 Makaay (Bayern)

Bayern: Kahn; Salihamidzic, Linke, Jeremies, Lizarazu; Hargreaves, Ballack, Zé Roberto, Schweinsteiger (Santa Cruz); Pizarro e Makaay. Téc.: Ottmar Hitzfeld

Werder: Reinke; Stalteri, Krstajic, Ismael (Lagerblom), Schulz (Skripnik); Baumann, Ernst, Borowski, Micoud; Klasnic (Valdez) e Aílton. Téc.: Thomas Schaaf

Final da Copa da Alemanha: Werder Bremen 3x2 Alemannia Aachen


Estádio Olímpico, Berlim

Árbitro: Herbert Fandel

Público 71.682

Gols: ’31 e ’84 Borowski, ’45 Klasnic (Werder); ’51 Blank e ’93 Meijer (Aachen)

Werder: Reinke; Stalteri, Krstajic, Ismael, Schulz (Skripnik); Baumann, Ernst, Borowski (Charisteas), Micoud; Klasnic (Valdez) e Aílton. Téc.: Thomas Schaaf

Aachen: Straub; Landgraf (Fiél), Klitzpera, Mbwando, Blank; Paulus, Brinkmann (van der Luer), Grlic, Pflipsen (Gomez); Meijer e Salou. Téc.: Jörg Berger

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