Wayne Rooney merece mais reconhecimento

Quando se trata de Manchester United, as notícias veiculadas na grande imprensa sempre rondam os mesmos temas. A herança maldita de Sir. Alex Ferguson, as más escolhas de Louis van Gaal, a forma abaixo das expectativas de Ángel Di María e Falcao García e a evolução do goleiro David de Gea são os assuntos mais falados quando o assunto são os Red Devils. Uma pena, uma vez que, a despeito de todos esses tópicos serem válidos, há um que raramente entre em pauta: a constante contribuição de Wayne Rooney para o jogo do United.



Desde 2004 no clube, o inglês já contabiliza 473 jogos, tendo marcado 230 gols e provido 131 assistências*. Esses dados o colocam como o terceiro maior artilheiro da história do clube (atrás apenas de Bobby Charlton e Denis Law) e, por 12 jogos, o atleta de 29 anos ainda não está no rol dos 10 jogadores que mais representaram as cores dos Red Devils. Pela Seleção Inglesa, já são 103 jogos e 47 gols, marcas que o deixam na nona posição no ranking dos jogadores que mais defenderam o English Team e no terceiro lugar na artilharia histórica. Atualmente, Rooney capitaneia tanto o clube quanto a Seleção.

Não obstante, parece haver alguma resistência em reconhecer o enorme talento do jogador. 

O último jogo do United, contra o Aston Villa (válido pela 31ª rodada da Premier League 2014-2015), sintetizou com perfeição o valor do camisa 10, tanto individual quanto coletivamente. Quem se acostumou a pensar no atleta como um atacante, certamente, pode desconstruir essa imagem.

Sim. O lugar onde individualmente desempenha seu melhor futebol é mais à frente, mesmo que não seja como centroavante, mas tendo a atribuição de marcar gols. Apesar disso, em prol do time, Rooney se tornou uma peça valiosíssima. Poucos jogadores de características ofensivas são tão versáteis e efetivos quanto o inglês. Na partida contra os Villans, começou o jogo avançado, como referência de ataque. Todavia, no decorrer da partida, com a entrada de Falcao García na vaga de Marouane Fellaini, passou à linha de meio-campo – expediente que é, há tempos, utilizado.

Que estrela, com a enorme qualidade do inglês, aceitaria sacrificar seu próprio brilho em prol da equipe com tamanha disposição? O lance do terceiro gol dos Red Devils na partida supracitada assombra. Com enorme garra, marcando pelo lado direito do ataque vermelho, Wayne Rooney desarmou Fabian Delph e iniciou a jogada que culminaria no tento anotado por Ander Herrera. O relógio já marcava 92 minutos de jogo e o craque estava lá, como um autêntico marcador, lutando.

“Wayne é o primeiro a chegar no treinamento toda manhã. Ele é incrível, ele simplesmente ama jogar e treinar (...) Ele é inacreditável, um personagem muito forte que será um grande jogador,” disse Sir. Alex Ferguson ao Daily Mail, oito anos atrás.

Além disso, pouco antes, já havia provado, mais uma vez, sua fantástica qualidade técnica com um gol espetacular, recebendo cruzamento de Di María, dominando com a perna esquerda, girando em cima de seu marcador e estufando as redes com sua potente perna direita.



Jogando centralizado, como segundo atacante, ou no meio-campo, Rooney circula na faixa ofensiva com uma intensidade que impressiona. Todavia, segue sendo mais lembrado como um Bad Boy, ou como o jogador que não marca em Copas do Mundo (só marcou uma vez em 11 jogos), e menos aclamado por suas formidáveis performances do que deveria. Onze anos após sua contratação, tendo vivido à margem do brilho de jogadores como Ruud van Nistelrooy, Cristiano Ronaldo e Robin van Persie, o camisa 10 segue mostrando um apetite incomum e uma disposição espantosa.

Errou durante a carreira com comportamentos destemperados? Certamente. Entrou em polêmicas desnecessárias? Sim. No entanto, atire a primeira pedra o grande craque que viveu uma vida linearmente correta. O Shrek é craque e merece mais reconhecimento. Suas marcas, dedicação e desempenho comprovam essa realidade e alegram o torcedor do Manchester, que, a despeito de não sorrir como em épocas de um passado recente, sabe que tem em seu atacante uma esperança permanente, ao menos até 2019, quando finda seu vínculo com o clube.

* Números fornecidos pelo site Transfermarkt   

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