Forma de Ilori e Coates comprova erro do Liverpool

Não há dúvidas de que a última temporada do Liverpool terminou absolutamente abaixo das expectativas criadas em seu início. Então vice-campeão inglês e com o retorno garantido à UEFA Champions League, embora tenha perdido seu craque, Luis Suárez, esperava-se que os Reds conseguissem montar uma esquadra ainda mais forte do que aquela que terminou a temporada 2013-2014. Ao final da campanha, é fácil perceber que a realidade em nada se assemelhou à expectativa.



O sexto lugar na Premier League, trouxe profunda insatisfação ao Estádio Anfield Road, e revelou que o clube pecou gravemente na remodelação de seu elenco. Apesar de a colocação não ter sido tão ruim, assegurando uma vaga na Europa League, alguns números assustam.

O time, que teve em Suárez e Daniel Sturridge grandes artilheiros na temporada 13-14, foi o pior ataque dentre os sete primeiros colocados. Se, na temporada supracitada, os Reds foram às redes 101 vezes, na recém-finda este número caiu para 52.

Não obstante, o que mais demonstra a fragilidade da equipe é o número de gols sofridos: 48, a segunda pior marca dentre os sete primeiros colocados e um número pior do que o de equipes como Stoke City e West Ham, as quais ficaram algumas posições abaixo na tabela. Para mais, é preciso ressaltar que a equipe sofreu apenas três gols a menos do que o rebaixado Hull City, o que denota, sem sombra de dúvidas, o quão desequilibrado foi o setor defensivo do Liverpool na temporada 2014-2015.

Com esse quadro pintado, ninguém mais do que o zagueiro Dejan Lovren (foto) epitomou a situação. Tendo custado cerca de €25 Milhões, o zagueiro entrou em campo 26 vezes na Premier League e esteve presente em nove das 12 derrotas do time. O croata acumulou na competição uma média de 10 ações defensivas por jogo e contabilizou o péssimo recorde de seis erros defensivos, tendo sido o jogador de linha que mais falhou na EPL – do total de seus erros, dois ocasionaram gols para seus rivais.

Por outro lado, emprestados respectivamente ao Bordeaux e ao Sunderland, Tiago Ilori e Sebastián Coates obtiveram desempenho consideravelmente melhor do que o do camisa 6 – a despeito de terem perdido boa parte da temporada, lesionados. O primeiro, garoto português de 22 anos, disputou 12 partidas pelo Bordeaux na Ligue 1, apresentando média de nove ações defensivas por jogo e sem cometer um erro sequer. Já o uruguaio atuou em 10 partidas dos Black Cats na Premier League, revelando média de 10 participações defensivas por jogo e cometendo apenas um erro – que não resultou em gol do adversário.

“Ninguém esperava que o Coates jogasse da forma como jogou. Ele esteve muito sólido nos últimos dois jogos e isso lhe deu confiança”, disse Dick Advocaat, seu último treinador no Sunderland, ao final de maio.

Diante destes números, é possível questionar: o Liverpool precisava dispender tanto em um zagueiro? E mais, Lovren era essa peça? Considerando a turbulência dos últimos dias dos Reds, parece ser evidente a resposta negativa. 

Ainda que tenha atuado em uma liga de menor qualidade, Ilori mostrou bom desempenho e ainda é muito jovem, razão pela qual certamente evoluirá. Já Coates cresceu muito com a contratação de Dick Advocaat, que confiou em seu futebol, e terminou a temporada em alta. Desde 2011 no clube, não merecia uma chance decente, sequer? Em quatro temporadas, o uruguaio jogou menos partidas do que Lovren em apenas uma, enquanto Ilori jamais envergou o manto dos Reds em jogos oficiais. 

As recentes contratações de James Milner e Danny Ings, a custo zero, sinalizam que a direção do Liverpool pode ter, finalmente, compreendido o teor e a gravidade de seus erros. Com uma saída especulada do badalado e ineficiente zagueiro croata, será, por fim, dada uma oportunidade a Ilori e Coates? Razões não faltam para isso.

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