A nova reconstrução dos Saints

O Southampton viveu dias muito duros na primeira década do presente século. Da primeira à terceira divisão, o alvirrubro só voltou a respirar aliviado ao final da temporada 2011-2012, quando retornou à Premier League. Após um ano de reestreia que começou conturbado mas, com a contratação de Mauricio Pochettino, se ajeitou, o time fez uma campanha excelente em 2013-2014. Com o grande desempenho, veio o êxodo de seus destaques e o clube teve de se reinventar. Após outra temporada de qualidade, em 2014-2015, o clube vai, novamente, se reconstruindo.



As mudanças do passado recente

Com o final da temporada 2013-2014, o Southampton vendeu Luke Shaw (foto), Adam Lallana, Dejan Lovren, Calum Chambers, Rickie Lambert e Jack Cork, lucrando mais de £80 milhões. Além deles, Pochettino deixou o clube, rumando para o Tottenham. Com a contratação do treinador Ronald Koeman, que havia se destacado no trabalho com jovens no Feyenoord – revelando um grande número de bons jogadores –, o clube investiu pesado e gastou pouco mais de £60 milhões em muitos reforços.

Para a disputa da temporada 2014-2015 desembarcaram no clube, em definitivo, Sadio Mané, Shane Long, Dusan Tadic, Fraser Forster, Graziano Pellè e Florin Gardos. Por empréstimo, chegaram Ryan Bertrand (que foi adquirido em definitivo no decorrer da temporada), Toby Alderweireld, Eljero Elia e Filip Djuricic – estes dois últimos no meio da temporada.

Mesmo sem contar com Jay Rodríguez, que sofreu lesão gravíssima ainda na temporada 2013-2014 e não foi opção em 2014-2015, o clube se reinventou e conseguiu uma posição ainda melhor na Premier League. De oitavo em 2013-2014, o clube subiu um degrau em 2014-2015, terminando em sétimo lugar, ou seja, novamente em evidência.

As novidades para 2015-2016

Dessa forma, o clube não resistiu e voltou a perder dois de seus maiores destaques na temporada, os selecionáveis Nathaniel Clyne, lateral-direito que ganhou posição e confiança na Seleção Inglesa, partindo para o Liverpool, e Morgan Schneiderlin, volante e presença constante na Seleção Francesa, que agora representa o Manchester United. Para a ala, Koeman trouxe duas novas apostas Cuco Martina, do Twente, e Cédric Soares, do Sporting CP.

Martina, nascido em Roterdã e internacional de Curaçao tem 25 anos e no último ano disputou 39 jogos, provendo apenas duas assistências. Por vezes capitão de seu time, é opção para a defesa central também. Por outro lado, Cédric tem 23 anos e ganhou recentemente suas primeiras oportunidades com a Seleção Portuguesa. Dono de boa condição física, é opção para atuar na meia direta ou, até mesmo, como winger. No último ano, disputou 35 partidas e proveu três assistências

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Para a vaga de Schneiderlin chegou um jogador de grande talento e que recentemente chegou a ser disputado por muitas equipes, dentre elas o Manchester United e o Porto: Jordy Clasie (foto), ex-Feyenoord. Volante holandês de 24 anos, disputou a Copa do Mundo de 2014, e fez boa temporada em 2014-2015. Mesmo ainda muito jovem, Clasie era o capitão do time e um jogador muito influente. Em 46 jogos, marcou dois gols e proveu seis assistências. Na Eredivisie, teve um percentual de 83% de acerto de passes (com média de 21m de extensão), tendo oferecido 35 passes para gols para seus companheiros. Para mais, é um velho conhecido de Koeman.

Ele (Clasie) é o substituto perfeito para o Morgan (Schneiderlin) naquela posição. Sei disso porque trabalhei três temporadas com Jordy. É claro que ele ainda não é Schneiderlin, mas ele ainda é jovem, e tem que se desenvolver e se adaptar à Premier League, à intensidade que você precisa. É uma ótima contratação”, disse Koeman, após concluir a negociação com o Feyenoord.

Os emprestados Alderweireld, Djuricic e Elia não retornaram ao clube inglês, não obstante a intenção e as negociações para assegurar a permanência de Elia, que tem vínculo com o Werder Bremen e que, com a camisa dos Saints, disputou 17 partidas e anotou dois tentos. Para todos os efeitos, os alvirrubros asseguraram a contratação de Juanmi, jovem atacante espanhol capaz de desempenhar todas as funções de frente (como winger ou centroavante), que já recebeu sua primeira oportunidade com a camisa da Fúria e, em 2014-2015, jogou 38 jogos e balançou as redes oito vezes.

Por último, por empréstimo e, provavelmente, para compor elenco, o clube trouxe o goleiro holandês Maarten Stekelenburg.

As especulações e expectativas

Já no início da pré-temporada, o Southampton soube da perda do zagueiro romeno Gardos, que passará aproximadamente seis meses fora de combate, o que reduz as possibilidades para o setor para apenas José Fonte e Maya Yoshida – além dos garotos Jack Stephens e Jordan Turnbull. Assim, Koeman definiu que sua prioridade é a contratação de um novo jogador para a posição. Um nome especulado foi o de Ron Vlaar, experiente defensor neerlandês. Todavia, o atleta sofreu uma lesão, diminuindo o interesse dos Saints. Outro nome ventilado é o de James Chester, do Hull City.

Além da provável contratação de um novo zagueiro, o alvirrubro gera expectativa em relação ao aproveitamento de novos garotos. Peça útil na última temporada, o jovem lateral-esquerdo Matt Targett deve ganhar mais espaço e maturidade, aumentando sua utilidade no elenco (até mesmo porque também atua como meia-esquerda). Além dele, o talentoso porém irregular James Ward-Prowse (foto), de 20 anos e profissional desde 2011, deve ganhar ainda mais protagonismo no time.

Outros nomes que poderão ganhar oportunidades são o dos já citados zagueiros Stephens e Turnbull e o dos meio-campistas Harrison Reed, que disputou dez partidas na última temporada, e Lloyd Isgrove, que voltou de empréstimo.

Apesar disso tudo, a grande expectativa é pelo retorno de Jay Rodríguez, que começou a pré-temporada com tudo, já tendo marcado um hat-trick na assombrosa goleada por 10x0 contra o amador KVV Quick 1920, da Holanda. Antes de começar a se lesionar, o atleta era o artilheiro do time e figurinha carimbada na Seleção Inglesa. Com a contusão, além de prejudicar o Southampton, o atacante perdeu a oportunidade de disputar a Copa do Mundo de 2014.

O balanço entre entradas e saídas do Southampton mostra-se, até o momento, equilibrado e semelhante ao do último ano, quando o clube se reinventou e aumentou seu brilho na Premier League. Não obstante, novas apostas demandam tempo e observação, de forma que é difícil precisar como será seu impacto na nova equipe. Conhecendo o histórico dos Saints e de seu treinador, não é difícil imaginar que os novos contratados desempenharão bom papel. Não obstante, isso ainda é especulação. Certo é o fato de que novamente o alvirrubro é um clube para ser observado com atenção.

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