Paciente e veloz, Manchester City começa bem a temporada

Na temporada 2014-2015, a Premier League contou com um início avassalador do Chelsea, que com a criatividade de Cesc Fàbregas, o poder de Diego Costa e a evolução de Eden Hazard praticamente liderou a competição de ponta a ponta. Nas primeiras três rodadas, os Blues conquistaram três vitórias, com direito a um fantástico 6x3 contra o Everton. Em 2015-2016, o time que assumiu esse posto foi o Manchester City, que venceu West Bromwich e Chelsea, por 3x0, e o Everton, por 2x0. Com oito tentos marcados e nenhum sofrido, os Citizens vêm mostrando grande futebol. Será que o time é capaz de repetir os feitos do Chelsea?


Muito criticado, sobretudo em função de suas fracas participações na UEFA Champions League (que vêm sempre sendo azaradas, com sorteios trágicos), o treinador Manuel Pellegrini viveu um tempo de grande incerteza entre os meses de maio e julho. Embora tenha conquistado a Premier League e a League Cup em 2013-2014, o chileno gastou muito dinheiro na formulação do time para 2014-2015 e não obteve êxitos. Além disso, com a incerteza acerca do futuro de Pep Guardiola no Bayern de Munique, os rumores de sua saída foram intensificados.

As chegadas de Eliaquim Mangala, Fernando e Wilfried Bony não foram de grande valia no último campeonato. Além disso, jogadores como Edin Dzeko, Stevan Jovetic tiveram desempenho muito abaixo do esperado, sobretudo em função de lesões, o capitão Vincent Kompany fez uma temporada ruim e o time foi extremamente dependente de Yaya Touré. No fim das contas, Pellegrini recebeu um voto de confiança da direção do City e teve seu contrato renovado até o final da temporada 2016-2017.

Com o ânimo novo, Pellegrini fez uma avaliação muito precisa de seu elenco. Quando Kompany estava em má forma, não havia substitutos à altura. Mangala não passava confiança e tampouco Martín Demichelis o fazia. Assim, o time gastou. Após temporada soberba no Valencia, registrando partidas memoráveis contra Barcelona e Real Madrid, Nicolás Otamendi (foto) chegou ao Etihad Stadium por £31 Milhões e com a promessa de pôr fim à insegurança na defesa do City.

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Outro ponto explorado pelo treinador foi a falta de imprevisibilidade de suas opções ofensivas. Embora sejam habilidosos e passem bem a bola, Samir Nasri e David Silva não combinam velocidade e drible, características muito importantes na desconstrução das defesas adversárias. Essa figura poderia ser Jesús Navas, mas o espanhol tem se insinuado menos em relação aos tempos de Sevilla. Com isso em mente, o chileno buscou Raheem Sterling, pela milionária cifra de £43 Milhões. Além do impacto trazido pela qualidade do jogador, outro reflexo esperado é a evolução de Silva, que terá mais um jogador de velocidade para servir, e de Nasri, que terá que se mostrar mais regular para conseguir uma vaga no time titular.

É evidente que os valores dispendidos assombram, mas, ao menos, os negócios deverão se mostrar cirúrgicos, uma vez que não são meras transações milionárias feitas por um dirigente megalomaníaco, mas sim um fortalecimento do elenco, que se desfez de jogadores como Dzeko e Jovetic, além de ter feito caixa com as vendas de Álvaro Negredo, Matija Nastasic e Karim Rekik, que já não integravam o elenco.

Além disso, para a posição de Touré, que eventualmente terá problemas e não poderá atuar, chegou Fabian Delph (foto) um dos jogadores ingleses que mais evoluíram nas últimas duas temporadas, chegando à Seleção Inglesa. Delph destaca-se pela movimentação e intensidade que agrega ao time, justamente as características mais importantes do marfinense. Para mais, o City tem agora um jogador que dá outras possibilidades, pois Delph pode atuar de diversas formas na faixa central do meio-campo. Diferentemente dos outros, este teve valor mais módico: £8 Milhões.

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De plano já se pode dizer: Sterling (foto) chegou, vestiu a camisa do clube e ganhou a titularidade. Otamendi ainda aguarda a liberação de sua licença de trabalho e deverá ser titular – embora Mangala faça um início formidável de temporada – e Delph é uma opção que deverá ser muito utilizada durante a temporada. Apesar dos gastos, o mercado do City foi sólido e os resultados estão sendo vistos em campo.

Com o ingresso de Bacary Sagna na lateral-direita, que possui características mais defensivas que Pablo Zabaleta, o titular da última temporada, o lateral-esquerdo Aleksandar Kolarov ganhou liberdade para atacar e tem feito uma “dobradinha” excelente com Sterling. O bom Branislav Ivanovic, lateral-direito do Chelsea, sofreu como nunca quando enfrentou a dupla. Outro ponto interessante, é a função mais cerebral que David Silva tem desempenhado, afirmando mais uma vez seu grande forte: o passe.

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Outras observações pertinentes são os crescimentos técnicos de Mangala (foto) e Fernandinho. O brasileiro tem sido um leão à frente da defesa dos Citizens, com bom posicionamento e boa saída de bola, nada semelhante àquele jogador que disputou a Copa América com a camisa da Seleção Canarinho.

Com três rodadas disputadas, o City tem o melhor ataque e a melhor defesa da Premier League e mostra um estilo envolvente. Os meio-campistas não se desfazem da bola, mas a maturam de forma objetiva, construindo ataques perigosíssimos e explorando a velocidade de Sterling, Navas e Agüero. Coletivamente, o time acertou 69% dos chutes ao gol (melhor índice até o momento), tem o melhor percentual de acerto de passes, com 88%, é o clube que mais vezes passes acertou, com 1417 e o segundo que mais chances de gol criou (atrás do surpreendente Swansea).

O Manchester City manteve Manuel Pellegrini e confiou no comandante para fazer novas e caras contratações. Até o momento está valendo a pena. O time começou bem e, enquanto os rivais ainda se acertam, os Citizens já começaram a acumular a famosa “gordura”. É prematuro tirar conclusões, mas é certo que o clube brigará pelo título - com grandes chances de êxito.

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