Times de que Gostamos: Celtic 1966-1967

Depois de rememorar o excelente time do Leeds United treinado por Don Revie, arquirrival de Brian Clough, trago um pouco da história do Celtic da temporada 1966-1967, o primeiro time britânico a conquistar a UEFA Champions League.

Em pé: Craig, Gemmell, McNeill, Simpson, Murdoch e Clark;
Agachados: Johnstone, Wallace, Chalmers, Auld e Lennox.

Time: Celtic

Período: 1966-1967

Time Base: Simpson; Craig, McNeill, Clark, Gemmell; Murdoch, Auld; Johnstone, Chalmers, Wallace, Lennox. Téc.: Jock Stein

Conquistas: UEFA Champions League, Campeonato Escocês, Copa da Escócia, Copa da Liga Escocesa


Atualmente, sempre que pensamos nas equipes de futebol britânicas nosso imaginário nos leva velozmente na direção das grandes potências inglesas: Arsenal, Liverpool, Manchester United, Chelsea... Não obstante, para espanto de alguns amantes do futebol, nos primórdios da competição interclubes que mais mexe com a cabeça do público mundial e com os corações europeus, a UEFA Champions League, após domínio do Real Madrid e títulos de Benfica, Milan e Internazionale, o Celtic se tornou o primeiro time das Ilhas Britânicas a levantar a famosa taça continental.

Comandada por Jock Stein, um treinador polêmico, mas que merece estar no posto mais alto das prateleiras dos grandes comandantes da história, a equipe escocesa contrariou expectativas, deixando o FC Zurich, o Nantes, o Vojvodina, o Dukla Praga e, por fim, a bicampeã Inter pelo caminho. Com um time que reinou nas competições domésticas da década de 60 e daria seu último grande suspiro em 1970, chegando novamente à final (e sendo derrotado pelo Feyenoord), o Celtic criou fama e ganhou um apelido: Lisbon Lions (os leões de Lisboa, uma vez que a vitoriosa final foi disputada na capital lusitana).

Ex-jogador do próprio clube, Stein (um protestante que comandava uma equipe católica) liderou o Celtic durante 13 anos, conquistando impressionantes 10 campeonatos escoceses e o título mais importante e marcante da história alviverde. Com uma safra de jogadores que não voltaria a se repetir, o clube atropelava quem entrasse em seu caminho.

A meta dos Hoops era defendida por Ronnie Simpson (foto), arqueiro histórico do clube e que desembarcou em Glasgow já com muita experiência. Aos 34 anos, chegou após passagens de sucesso pelo Newcastle United e pelo Hibernian e fez o suficiente para, em 2002, ser escolhido o maior goleiro da história do clube. Ídolo indiscutível do Celtic, tinha grande identificação com a torcida, a despeito de seu pai ter tido uma carreira no Rangers, grande rival do clube. Companheiro de Stein no Hibernian, foi trazido a pedido do treinador. Ficou famoso por um lance na final da UEFA Champions League em que teve que usar os pés e se livrar de um atacante Nerazzurri, revelando uma de suas maiores qualidades e diferenciais. 

A lateral-direita era ocupada por um jogador diferente. Criado em uma família detentora de melhor condição social, Jim Craig chegou a estudar odontologia na Universidade de Glasgow. Nas quatro linhas era um jogador útil e consciente de sua função, mormente defensiva, nada extraordinário. Ficou marcado por cometer uma penalidade na final continental contra a Inter.

Pela lateral-esquerda, todavia, atuava uma das grandes chaves para o sucesso do Celtic e um dos melhores jogadores da história do clube: Tommy Gemmell (foto). Jogador capaz de atuar em qualquer posição por ambos os flancos, era famoso por seus chutes potentes, que lhe renderam a função de cobrador oficial de pênaltis da equipe. Além disso, era um raro exemplar de lateral ofensivo da época. Um dos gols do título da Champions foi marcado por ele, que marcou outros três tentos durante a campanha. Dono de personalidade forte, teve problemas com Jock Stein, mas é também lembrado por resolvê-los sozinho, frente a frente com o comandante. É outro integrante do melhor XI do Celtic de todos os tempos.

 O miolo da defesa era composto por Billy McNeill e John Clark. Não obstante, o setor não tinha a configuração convencional dos tempos hodiernos. Billy “King” McNeill atuava à frente de Clark, que fazia sua cobertura, praticamente como um líbero. O primeiro foi um dos maiores jogadores da história do Celtic e da Escócia. Jogador de determinação impressionante, era um líder e o grande responsável pela organização da retaguarda do Celtic. Além disso, foi capitão e é lembrado como um defensor duro, porém leal.

A despeito disso, seu sucesso só foi possível devido ao entrosamento com Clark, que lhe dava segurança para jogar, sempre protegendo-o e dando seu sangue pelo clube (em ocasião, na final da Copa da Escócia de 1965, literalmente). McNeill (foto) é outro nome eleito para o melhor time do Celtic de todos os tempos e o atleta que mais vestiu a camisa alviverde, com 790 jogos.

Compondo o meio-campo da equipe, Bertie Auld e Bobby Murdoch formavam uma parceria formidável, inteligente e multifuncional. O primeiro era habilidoso e possuía grande visão de jogo. Entretanto, tinha temperamento forte e, regra geral, sempre reagia quando provocado. Com o tempo, ficou mais maduro e se confirmou uma grande estrela.

Murdoch, por sua vez, não tinha grande velocidade e nem precisava, pois seu cérebro pensava com a rapidez que faltava às pernas e seus pés acionavam seus companheiros com grande perfeição. Outros membros do melhor time do Celtic de todos os tempos, Auld e Murdoch eram grandes amigos e parceiros dentro do campo, além de jogadores completos.

Pela ponta direita, Jimmy Johnstone (foto) era um dos grandes pontos de desequilíbrio da equipe. Eleito o melhor jogador de todos os tempos do Celtic, o jogador idolatrava o mito Stanley Matthews, de quem tentava copiar todos os movimentos e habilidades. Rápido, driblador e um prolífico marcador de gols, o ruivinho era um fenômeno e foi apelidado de “pulga voadora”. Em 1967 ficou em terceiro lugar na votação de melhor jogador da Europa, atrás de Florian Albert e do mito Bobby Charlton.

Pelo flanco contrário era a velocidade de Bobby Lennox que atormentava as defesas adversárias. O atleta até era habilidoso, mas o que chamava a atenção era a capacidade de ganhar lances com sua rapidez. Lennox, outro membro do melhor time de todos os tempos do Celtic, é também o segundo maior artilheiro da história do clube escocês, com 273 gols em 571 jogos.

Enfiados no ataque, Stevie Chalmers (foto) e Willie Wallace eram os responsáveis primários pelos gols da equipe. Vice-artilheiro da Champions de 1967, Chalmers era outro jogador dotado de muita inteligência. Todavia, contrariando a história dos maiores centroavantes, era solidário e gostava de construir jogadas para seus companheiros, o que aumentava sua importância tática para a equipe. Bom pelo ar e veloz, era muito completo. Wallace, por outro lado, podia atuar em qualquer função do ataque, o que dava muitas possibilidades ao treinador Jock Stein. A despeito disso, sua maior fama vem da potência com a qual finalizava.

A montagem do elenco, em grande parte mérito de Stein (foto), foi fantástica e seguiu rendendo frutos, como por exemplo a aparição de Kenny Dalglish, em 1969. O império alviverde, que se estendeu ao continente nas décadas de 60 e 70, parecia eterno, mas, como o futuro revelaria, acabou se restringindo à Escócia, onde rivaliza bravamente com o Rangers, que não vive bom momento.



Ficha técnica de alguns jogos importantes nesse período:

Quartas de Finais da UEFA Champions League: Celtic 2x0 Vojvodina

Estádio Celtic Park, Glasgow

Árbitro: Hans Carlsson

Público 63.374

Gols: ’58 Chalmers e ’90 McNeill (Celtic)

Celtic: Simpson; Craig, McNeill, Clark, Gemmell; Murdoch, Hughes; Johnstone, Chalmers, Gallagher, Lennox. Téc.: Jock Stein

Vojvodina: Pantelic; Sekeres, Aleksic, Dakic, Neticki; Brzic, Trivic, Rakic, Radovic; Radosav e Pusibrk. Téc.: Vujadin Boskov

Semifinais da UEFA Champions League: Celtic 3x1 Dukla Praga

Estádio Celtic Park, Glasgow

Árbitro: Joaquim dos Campos

Público 74.406

Gols: ’27 Johnstone, ’59 e ’65 Wallace (Celtic); ’44 Strunc (Dukla)

Celtic: Simpson; Craig, McNeill, Clark, Gemmell; Murdoch, Auld; Johnstone, Chalmers, Wallace, Hughes. Téc.: Jock Stein

Dukla: Viktor; Cmarada, Zlocha, Novak, Taborsky; Geleta, Dvorak, Vacenovsky, Masopust; Nedorost, Strunc. Téc.: Bohumil Musil

Final da UEFA Champions League: Celtic 2x1 Inter

Estádio Nacional, Lisboa

Árbitro: Kurt Tschenscher

Público 45.000

Gols: ‘6 Mazzola (Inter); ’63 Gemmell e ’84 Chalmers (Celtic)

Celtic: Simpson; Craig, McNeill, Clark, Gemmell; Murdoch, Auld; Johnstone, Chalmers, Wallace, Lennox. Téc.; Jock Stein

Inter: Sarti; Burgnich, Picchi, Facchetti; Guarneri; Domenghini, Mazzola, Bedin, Bicicli, Corso; Cappellini. Téc.: Helenio Herrera

Comentários

  1. Contra a grande inter de helenio herrera a maior demonstracao de valentia e coragem que um time demonstrou ate hoje em final de champions pois jock stein ja tinha avisado na vespera que o celtic atacaria o jogo todo.pra piorar sairam perdendo e mesmo contra a retranca italiana eles finalizaram quase 40 vezes ao gol ate vazarem a meta neurazurri duas vezes.o apelido leoes de lisboa nao foi a toa.ja no mundial em tres jogos violentos contra o racing nao deu e foram vice.

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