O renascimento Nerazzurri

O Renascimento, período histórico marcado pela retomada dos valores greco-romanos e responsável pela promoção de uma incrível revolução no mundo das artes, destacou, por exemplo, as obras de figuras como Leonardo Da Vinci ou Michelangelo. Muito concentrada na Itália, a Renascença representou a ruptura com a “escuridão” da Era Medieval. Em toada semelhante, a Internazionale, que há poucas temporadas regeu o futebol italiano e o europeu, mas viu seu império desfalecer nos últimos quatro anos, renovou seu fôlego e brilho e está de volta ao lugar que pertence: a luta pelo título italiano, rompendo com a obscuridade de suas últimas campanhas.



Felipe Melo e Roberto Mancini: parceria refeita

Embora seja constante a lembrança de Felipe Melo em função de seu temperamento explosivo e difícil, é tarefa dura negar que o brasileiro possui talento e que, com a cabeça no lugar, é capaz de fazer a diferença nas equipes em que atua. Isso vem sendo visto e comprovado no retorno de Felipe à Itália, país em que já havia defendido Fiorentina e Juventus, de onde saíra há quatro temporadas para defender o Galatasaray, seu último clube.

Na equipe turca, o brasileiro foi comandado por Roberto Mancini, que fez dele um de seus jogadores de confiança, enxergando em sua figura um jogador de grande utilidade e chegando a colocá-lo na zaga – o que soa particularmente estranho para o público que lembra-se de seu início de carreira, como um meio-campista ofensivo. Sua capacidade de leitura de jogo e compreensão da parte tática confirmaram o jogador com uma figura importantíssima em Istambul, tornando-o um dos ídolos do torcedor dos Sarı-Kırmızılılar.

Com isso em mente, sobretudo após as saídas do talentosíssimo Mateo Kovacic, para o Real Madrid, e de Hernanes (que perdera espaço com o italiano), para a Juventus, Mancini viu em Felipe (foto) a figura perfeita para começar a reconstrução de sua equipe no setor mais vital do futebol, o meio.

Esteio do time na referida faixa, o jogador vem fazendo exatamente o que dele se espera: jogando bom futebol, sendo uma influência importante no setor e transmitindo confiança para seus companheiros, sobretudo para o jovem francês Geoffrey Kondogbia, que protagonizou uma briga entre Inter e Milan por sua contratação.

Mas não foi apenas o jovem gaulês que se beneficiou da entrada do brasileiro na equipe. Todo o time tem mostrado mais confiança. Exemplo claro é o do colombiano Fredy Guarín. Contratado em 2012, com grande cartaz, após ótima passagem pelo Porto, o jogador sempre mostrou-se muito irregular e, agora, tem jogado um futebol mais confiante.

Até o momento, Felipe tem 84% de acerto de passes, Kondogbia 87% e Guarín 77%, sendo este o que mais arrisca passes difíceis e cria ocasiões de gol, com seis até o momento (como comparação, Paul Pogba proveu quatro). Além disso, o brasileiro foi bem-sucedido em todas as recuperações de bola que tentou, o francês tem 71% de aproveitamento e o colombiano 45%.

Na prática, Guarín sai mais para o jogo, Kondogbia avança para fazer os combates e Felipe fica na sobra garantindo a coesão do setor. Com diferentes características, o trio se encaixou na meia cancha.

Jovetic e a oportunidade de recuperar o tempo perdido

O montenegrino Stevan Jovetic (foto) deixou a Fiorentina ao final da temporada 2012-2013 cercado de importantes expectativas. Após uma temporada excelente pela Viola, tendo marcado 13 tentos em 31 jogos no italiano, o talentoso atacante partiu para o Manchester City e dele eram esperados grandes feitos – até mesmo em função dos £18 milhões envolvidos em sua negociação. Não obstante, o jogador nunca obteve sequência e virou, rapidamente, carta fora do baralho dos Citizens.

Com muitas lesões, o jogador nunca conseguiu fazer sombra à Sergio Agüero e sequer alcançou o espaço de Edin Dzeko. A prova final de que o jogador estava com os dias contados em Manchester foi a contratação de Wilfried Bony, em meados da última temporada. Ao todo, Jovetic disputou 44 partidas e marcou 11 gols pelo time – pouco.

Assim, por empréstimo, o montenegrino retornou ao país em que fez seu nome com algumas missões, tanto pessoais quanto coletivas. Buscando se reafirmar e ajudar a Inter a reaparecer nos cenários italiano e europeu, o jogador parece ter abraçado o desafio com unhas e dentes e seu desempenho tem sido fulgurante.

Fazendo parceria com o controverso Mauro Icardi, o jogador voltou a ser alvo de comentários, neste turno, positivos. A atual vice-liderança Nerazzurri no italiano se deve, em grande medida, aos três gols que já marcou nas cinco partidas em que envergou o manto da Inter. Aos 25 anos, Jovetic tem mostrado estar sedento por gols e por recuperar o tempo perdido nas últimas duas temporadas.

O time voltou a pensar grande...e a gastar!

Se Felipe Melo, Kondogbia, Guarín e Jovetic vêm brilhando individualmente e ajudando a reerguer o coletivo da Inter, o ponto central para essa evolução é a retomada do pensamento grande da equipe, que agora detém a maior parte de seu capital associado a um magnata da Indonésia. A prova mais importante disso foi a força com a qual o time perseguiu a contratação de Yaya Touré. No fim das contas, o jogador continuou em Manchester, mas ficou demonstrado que a Inter voltou à ativa e não está para brincadeiras.

O saldo final dos gastos interistas totalizou £60,5 milhões.

Kondogbia (foto) foi o negócio mais caro, tendo custado £21 milhões. A despeito disso, a contratação por esse valor se justifica de diversas formas. Kovacic foi vendido caro (£24,5 milhões), o francês tem apenas 22 anos – o que quer dizer que poderá jogar por muitos no time – e mostra grande talento, o qual ficou evidenciado, mormente, após a exibição de grande classe do jogador nas partidas entre o Monaco, sua ex-equipe, e o Arsenal, válida pela UEFA Champions League 2014-2015.

Além dele, chegaram o ótimo Ivan Perisic, que foi um dos principais jogadores do Wolfsburg no vice-campeonato alemão da última temporada, os defensores sul-americanos Miranda e Jaison Murillo, o talentoso Adem Ljalic e os jovens laterais Martin Montoya e Alex Telles, que além de comporem bem o elenco já mostraram qualidades outrora. Por fim, o clube também mostrou força ao suportar o assédio que existiu sobre Icardi, atual capitão do time, que fez ótima temporada em 2014-2015, marcando 27 gols em 48 jogos.

Ao contrário do rival Milan, que ocupa o 11º lugar e não consegue se reerguer, a Inter parece ter voltado com tudo, o que de forma geral é uma boa notícia para o amante do futebol italiano, em especial o torcedor Nerazzurri. A hegemonia da Juventus parece estar ruindo (sobretudo com o mal início dos Bianconeros, atuais 15º colocados) e novas forças estão dando as caras, casos de Sassuolo e Torino. Apesar da derrota para a Fiorentina, por 4x1 (com show de Nikola Kalinic), não há dúvidas de que esta temporada tem sido extremamente promissora para a Inter, que dá mostras de estar renascendo.

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