Pato evoluiu com Osório e voltou aos holofotes

Desde que surgiu para o futebol, como uma grande estrela em potencial no Internacional, o atacante Alexandre Pato tem vivido sob os holofotes e a expectativa do torcedor brasileiro. Se não se tornou o grande craque que era esperado, o jogador, hoje com 26 anos, mostra regularmente que tem qualidades e desde a passagem do treinador Juan Carlos Osório pelo São Paulo vive grande fase, uma das melhores de sua carreira. Com isso, muito tem se falado sobre seu futuro, cujas especulações passam por dois rivais paulistas e o Velho Continente.




Início promissor e expectativas não cumpridas

Pato surgiu no Internacional em meados de 2006, como uma grande estrela de 17 anos. Desde seu primeiro jogo, contra o Palmeiras, ao final do Campeonato Brasileiro de 2006, o jogador chamou a atenção. Mesmo jogando fora de casa, Pato fez um gol e criou duas assistências que ajudaram o Colorado a vencer o Verdão por 4x1. Assim, ganhou espaço, chegando a ser titular na final do Mundial Interclubes, contra o Barcelona ao final daquele ano.

Apesar da juventude, Pato mostrava que o Brasil estava diante de um daqueles jogadores especiais que não surgem com tanta frequência. Antes de deixar o Inter, venceu ainda a Recopa Sul-Americana, marcando gols nas duas partidas contra o Pachuca. Com isso, em agosto de 2007, o atacante foi vendido ao Milan, que à época ainda tinha uma das mais fortes equipes do mundo. Todavia, em razão da idade, teve de esperar o início de 2008 para estrear. 

Em Milão, Pato viveu dias muito distintos. Destaque em sua estreia, ladeado por figuras da estirpe de Kaká, Andrea Pirlo, Clarence Seedorf e Ronaldo, o garoto marcou já em seu debute. Todavia, com o passar do tempo passou a sofrer um grande número de lesões (15 no total, segundo levantamento da Revista Placar, em fevereiro de 2013) e conseguiu pouca sequência.

Ao todo, o brasileiro jogou 150 jogos com a camisa Rossonera e marcou 63 gols, média de 0,42. Embora tenha vivido ótimos momentos e marcado tentos importantes, como um double contra o Real Madrid, em 2009 (em pleno Santiago Bernabéu), outro contra a Inter, em 2011, e um tento especial contra o poderoso Barcelona, na UEFA Champions League de 2011-2012, o desgaste causado pelo excesso de lesões, problemas com o treinador Massimiliano Allegri e a dificuldade de afirmação levaram o atacante a retornar ao Brasil em 2013.

Chegada ao Corinthians e decepção

Contratado por cerca de 15 milhões de euros, Pato chegou ao Corinthians para ser o grande craque de uma equipe que acabara de conquistar o Mundial Interclubes. À época de sua contratação, o departamento médico do Corinthians revelou que a forma com a qual o Milan realizou o fortalecimento muscular no garoto havia sido inadequada e uma das razões para a grande sequência de lesões do jogador, que teve constatado um desequilíbrio muscular.

“Pela faixa de idade e por não ter nenhuma cirurgia no joelho, que é a grande praga para qualquer um, é possível recuperá-lo, sim”, revelou o médico Joaquim Grava em fevereiro de 2013.

O que não estava tão clara era a necessidade de recuperar também o futebol de Pato e não apenas seu físico. Com a camisa do Timão, o jogador teve dificuldades para se adaptar e não conseguiu se encaixar com o peruano Paolo Guerrero, grande estrela do ataque corinthiano naquele momento. 

Ao todo, jogou 62 jogos e marcou 17 gols, média de 0,27 gol por jogo, número inferior ao construído em Milão. Além disso, não caiu nas graças do torcedor do clube, mostrando uma certa frieza e distanciamento. Outro ponto crucial para o aumento da insatisfação do torcedor com o atacante foi o desperdício de uma penalidade, cobrada de “cavadinha”, contra o Grêmio, em partida válida pela Copa do Brasil, que terminou com a eliminação do clube paulista.

No início de 2014, após um começo de temporada muito ruim, o jogador foi trocado por empréstimo por Jádson, com o rival São Paulo.

Mundos diferentes no São Paulo e atual grande fase

No São Paulo, o jogador também não caiu nas graças do torcedor no primeiro momento. Competindo por um lugar no ataque com Alan Kardec e Luis Fabiano, o jogador chegou a atuar em distintas funções do ataque e embora tenha ido melhor do que no seu tempo de Corinthians também não mostrou o futebol esperado.

Mapa de calor de Pato em seu último jogo, contra o Coritiba (Foto: Footstats)
Não obstante, com a chegada de Juan Carlos Osório ao comando do Tricolor Paulista, Pato pediu expressamente para atuar em função distinta da que vinha jogando na maior parte do tempo. Cansado de lutar por espaço com os zagueiros rivais, atuando como centroavante, o jogador, entendendo que podia maximizar seu desempenho, pediu ao comandante para atuar com mais liberdade em uma posição mais recuada. Assim, foi realocado pela ponta esquerda e passou a brilhar.

Melhor jogador do São Paulo no momento, o jogador voltou a dar mostras de seu grande talento e tem chamado a atenção também pelo aumento da consistência de seu futebol, tanto individual quanto coletivamente. Para ter mais liberdade, Pato aceitou a incumbência de um papel defensivo na recomposição do time e ganhou destaque. Atualmente, o jogador tem mostrado forma de craque e o mais importante, voltou a arriscar jogadas mais sofisticadas, algo que não vinha fazendo com frequência e que o marcou em seu promissor início de carreira.

Assim, o treinador colombiano chegou a revelar que para ele o jogador estaria até mesmo entre os melhores do mundo em sua posição.

“Nessa posição de ponta, sendo um destro jogando na esquerda, ele (Pato) está à altura de Neymar, de Franck Ribéry, no seu melhor momento para o Bayern, e de Hazard para o Chelsea. Começo a citar e fica difícil não mencionar outros, mas está entre os cinco, seis, sete melhores do mundo na posição”, exagerou Osório.

Se está entre os melhores ou não é uma reflexão mais ampla e pode ser um exagero. A despeito disso, o jogador voltou a mostrar que ainda pode ser muito importante no futebol brasileiro.

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No Brasileirão de 2015, em 29 jogos, marcou 10 gols e deu quatro assistências, sendo líder e vice-líder de seu time nas referidas estatísticas. Vale dizer que embora não pareça tão boa, a marca deve ser avaliada sob a ótica do momento vivido pelo São Paulo. Instável dentro e fora das quatro linhas, com muitos problemas nos bastidores, o clube tem passado dias conturbados, o que, certamente, tem impedido os jogadores de mostrarem um futebol melhor.

Osório se foi, mas seu grande legado segue em São Paulo - não se sabe por quanto tempo...

Expectativas para o futuro

A prova maior do grande momento do atacante é a especulação quanto ao seu futuro. Antes desprezado pelo Corinthians, Pato é visto como uma possibilidade real no clube. Nos bastidores, o treinador Tite já estaria se movimentando para convencer o atacante a retornar ao Parque São Jorge para a temporada 2016.

Portas abertas! Se o presidente falou... (risos). O Pato é um grande jogador, é do Corinthians, está vivendo um momento profissional bom, adaptado, e merece meu respeito”, disse Tite no último final de semana.

Não obstante, o São Paulo já manifestou o desejo de continuar com o jogador, o que certamente traria um custo muito alto e poderia esbarrar em eventual punição diante do “caso Iago Maidana”, que ainda será julgado e pode terminar com a proibição do clube de contratar jogadores. Ademais, aos 26 anos o jogador teria ainda as portas abertas na Europa e seu nome tem sido associado a uma transferência para equipes do porte de Arsenal, Tottenham, Manchester United e Borussia Dortmund. 

Quando muitos já tratavam com desdém o futebol de Pato, que não desencantava, o atacante redescobriu seu lugar no campo, ganhou confiança e tem jogado grande futebol. Membro fiel do departamento médico no Milan e figura pouco querida no Corinthians, após um período de grande instabilidade o atacante voltou a viver um grande momento no São Paulo e voltou aos holofotes. Com muitas possibilidades boas para seu futuro, o jogador voltou a estar em evidência e somente por uma razão: a qualidade de seu futebol.

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