Jonas, um camisa 9 esquecido

O atacante Jonas sempre foi reconhecido como um atleta de talento, mesmo tendo tido uma passagem apagada pelo Santos. Com as camisas de Portuguesa e Grêmio foi excepcional e passou a ser visto como opção para a Seleção Brasileira. Na sequência, foi vendido ao Valencia, onde foi bem, mas foi preterido ao final da campanha de 2013-2014. Quando muitos pensaram que sua carreira entraria em uma descendente, o jogador mudou-se para o Benfica e voltou a viver fase excepcional.


Parceria com Lima na primeira temporada

A última temporada de Jonas com a camisa do Valencia não foi ruim. Todavia, foi pior do que as duas anteriores. Em 40 jogos, o brasileiro anotou 11 tentos e assistiu seus companheiros apenas uma vez. Antes, em 2012-2013, o atleta havia marcado 19 tentos e criado sete assistências em 49 jogos, e, em 2011-2012, outros 19, com 12 assistências, em 54 jogos. Vale dizer, no entanto, que nas primeiras duas campanhas, o goleador da equipe era Roberto Soldado, o que levou Jonas a atuar muitas vezes como segundo atacante, mais longe do gol.

Ao final da temporada 2013-2014 estava claro que o desempenho de Jonas tinha caído. Assim, buscando uma reformulação em seu elenco, o Valencia deixou o jogador disponível no mercado. Com 30 anos completados, dúvidas já pairavam sobre o futuro do jogador, que chegou a ter um retorno ao Brasil especulado. No entanto, pouco após o início de 2014-2015, o jogador assinou com o Benfica, em decisão de indiscutível acerto.

Tendo estreado na 7ª rodada do Campeonato Português, marcou logo seu primeiro tento com a camisa Encarnada. A titularidade no principal torneio luso veio na 9ª, em confronto contra o Rio Ave. Formava-se ali uma das mais efetivas duplas de ataque da Europa. Ao lado de Jonas, atuou Lima, outro brasileiro, cujo maior destaque havia se dado no Braga.

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Impetuoso, Jonas balançou as redes 31 vezes em 35 partidas em sua primeira temporada e criou oito assistências. Além disso, viu de perto Lima anotar 23 vezes e prover oito assistências em 50 encontros. Com características semelhantes, os jogadores entenderam-se com perfeição e entraram em sintonia fina. Se Jonas estava na área, Lima circulava fora dela, com o mesmo se aplicando inversamente. Bons na maioria dos fundamentos, os goleadores foram fundamentais em uma campanha brilhante do Benfica, que começou o aludido ano sob suspeitas.

Mesmo com as representativas saídas de figuras como Jan Oblak, Lazar Markovic, Ezequiel Garay, Rodrigo e Enzo Pérez, o clube se reergueu e conquistou o título português e o da Taça da Liga Portuguesa. Muito disso devido a Jonas.

Protagonismo na segunda

Em sua segunda temporada pelo Benfica, após recusar propostas da China, Jonas assumiu uma importância ainda maior na equipe, sobretudo em razão da saída de Lima. De contratado prolongado até 2018 e sendo a principal referência do ataque encarnado, o camisa 17 não tem dado sopa ao azar, marcando um número enorme de gols. Seus concorrentes, Raúl Jiménez e Konstantinos Mitroglou, não têm desempenho nem de longe semelhante ao do brasileiro.

Em 26 jogos, já marcou 19 gols e proveu 10 assistências, destaque para o último jogo do clube no Campeonato Português, em que Jonas anotou um hat-trick. O referido número o coloca nada mais, nada menos, do que no topo da disputa pela chuteira de ouro da Europa, disputa que coloca frente a frente os maiores artilheiros dos campeonatos europeus, tendo avaliados o número de gols e o coeficiente da liga.

Jonas tem 18 tentos em 17 jogos na liga lusa, que tem coeficiente 2, ou seja, o brasileiro tem 36 pontos na disputa. A seu lado estão Pierre-Emerick Aubameyang e Gonzalo Higuaín.

Pode-se dizer que a qualidade das defesas contra as quais Jonas rivaliza é ruim, mas colocar em dúvida o grande momento do atacante é impossível. Ótimos atacantes passaram pelo futebol português, deixaram sua marca e voltaram a fazer sucesso em outras praças, confirmando que não se pode desmerecer os maiores destaques do Campeonato Português.

Opção para a Seleção Brasileira?

Diante de tal desempenho, é absurdo cogitar Jonas, que hoje tem 31 anos, na Seleção Brasileira? Em meu entendimento, não – por algumas razões. A primeira delas, evidentemente, é o desempenho atual do jogador no comando de ataque das Águias, já tratado; a segunda passa por seu estilo de jogo. Dono de muita movimentação, Jonas provavelmente não teria dificuldades para encaixar seu jogo à proposta da Canarinho. Com muita movimentação, o jogador está longe de ser um “poste”, sempre circulando pelo ataque e abrindo espaços para seus companheiros.

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Além disso, diante das recentes opções por Ricardo Oliveira, de 35 anos, e Hulk, de 29, que sequer é propriamente um camisa 9, não há razão para não cogitar sua convocação. Outras opções testadas, como Diego Tardelli e Luiz Adriano também não são jovens e ganharam oportunidade.

Por fim, a recusa em mudar-se para o futebol chinês também indica que o jogador acredita em sua carreira e tem objetivos, ambição, algo que deveria ser requisito obrigatório para vestir a Amarelinha, que o jogador já envergou em oito ocasiões, tendo marcado dois tentos. Jonas está em grande fase e não há razão para não receber ao menos um chamado do técnico Dunga.

Comentários

  1. Acho que o único ponto negativo de uma possível convocação do Jonas é o fato de que ele não rende jogando só no ataque. Na verdade mesmo com esses números absurdos ele é muito mais um SA do que um Centroavante, jogando sempre nas costas do Mitroglou ou o Jimenez

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