A rápida adaptação de Fernando à Sampdoria

Em 2012, pouco antes da demissão de Mano Menezes e da recontratação de Luiz Felipe Scolari para o comando da Seleção Brasileira, o volante Fernando surgiu como uma das apostas para a contenção da Canarinho. O jogador, então no Grêmio, seguiu sendo chamado no início da trajetória de Felipão, sendo opção durante todo o ano de 2013. Todavia, após sua mudança para o Shakhtar Donetsk, em meados do referido ano, suas oportunidades rarearam e o jogador foi esquecido. Algo que começou a mudar com sua transferência para a Sampdoria no início da presente temporada europeia.



Passagem pelo Shakhtar foi rápida e com titularidade

Em contraponto com o que normalmente acontece com os jogadores brasileiros que mudam-se para o time treinado por Mircea Lucescu, a passagem de Fernando pelo Shakhtar Donetsk durou apenas dois anos e foi marcada por uma titularidade imediata, outro ponto raro na filosofia de trabalho do técnico romeno. Sempre que esteve disponível – livre de lesões – o jogador foi titular e a principal referência defensiva do meio-campo ucraniano.

Seu desempenho foi bom e o jogador vestiu a camisa dos Mineiros, como é conhecido o clube, em 47 ocasiões, anotando três tentos. O curioso é que no final de sua passagem o jogador chegou a ficar no banco em uma sequência de partidas, em um movimento que já indicava sua provável transferência, com Lucescu buscando desde já novas alternativas para o setor defensivo de seu meio-campo.

“O garoto tem apenas 22 anos: ele é um talento (...) eu nunca me privaria de alguém com ele, mas eu não vou segurá-lo contra a sua vontade. Com quem ele parece? Vocês verão quando ele chegar à Itália. Ele tem um ritmo fantástico, um bom chute e nunca cria problemas”, disse Lucescu pouco antes da transferência do jogador.

Outro ponto curioso é o fato de que o Shakhtar aceitou uma proposta inferior à que havia feito ao Grêmio quando de sua contratação. Evidentemente, as recentes tensões na Ucrânia têm um reflexo nesta negociação, uma vez que o clube sequer vem podendo atuar em seu estádio. O jogador deixou Donetsk com um título ucraniano e uma supercopa do país na bagagem.

Adaptação à Itália não teve problemas

Ao contrário do que se esperava, no entanto, Fernando não deixou o Shakhtar Donetsk para uma equipe grande da Europa. Seu destino foi a tradicionalíssima Sampdoria, clube de Gênova, que desde 1994 não conquista um título. Porém, o time fez ótima campanha no Campeonato Italiano da temporada 2014-2015, chegando em sétimo lugar, três pontos atrás do rival Genoa, que conseguiu vaga para as eliminatórias da Europa League.

Nesta campanha, entretanto, a Samp não vem bem, fazendo uma campanha extremamente irregular. A 14ª colocação comprova indiscutivelmente este fato, o que é curioso, uma vez que a equipe teve substancial investimento para a temporada, o maior desde a temporada 2008-2009, quando contratou figuras como Giampaolo Pazzini e Antonio Cassano. A despeito disso, a temporada de Fernando é muito boa, sendo o jogador o maior destaque da equipe.

Mesmo sendo primeiro volante, Fernando é o jogador do time que mais chances de gol criou, com 29. Tem duas assistências e um gol marcado. No aproveitamento dos passes tem 86% de acerto, em 19 partidas, e só fica atrás do zagueiro Niklas Moisander, que tem 87% em 13 jogos – desconsiderando o desempenho do atacante Federico Bonazzoli e do meio-campo Pawel Wszloek, que sequer disputaram cinco partidas pelo clube.

Outro ponto em que o jogador se destaca são as recuperações de bola, em que tem 78% de aproveitamento. Seus desarmes, no entanto, ainda deixam a desejar e sua média é ruim, com apenas 28% de sucesso. Há ainda outro dado muito curioso em relação à performance de Fernando à frente da defesa da Sampdoria: o jogador sofreu mais faltas do que cometeu, sendo o atleta mais caçado da equipe, com 44 infrações sofridas.

Além disso, segundo o site Whoscored, que com base em estatísticas faz notas médias para os jogadores das principais ligas do mundo, Fernando é o jogador da Sampdoria que tem o melhor desempenho na temporada, com nota média 7,27. Esse número o coloca à frente de Éder e Roberto Soriano, outros jogadores de destaque, que possuem notas 7,12 e 7,04, respectivamente.

“Ele (Fernando) pode melhorar, é muito jovem mas já possui muita experiência. Ele tem a técnica para jogar mais verticalmente”, disse seu atual treinador Vincenzo Montella pouco após sua contratação, em novembro de 2015.

Não há como negar, o jogador vem atuando em grande nível e pode até mesmo voltar a ser considerado opção para a Seleção Brasileira, que tem na contenção um setor muito contestado pela crítica da torcida e opinião pública. Porém, seu desafio não é fácil. Além dos regulares convocados, outras figuras como Casemiro e Allan, do Napoli, vêm atuando em muito bom nível e também buscam espaço na Canarinho. Seja como for, há também opções que outrora foram consideradas e hoje estão muito distantes da Seleção Brasileira, como Paulinho, Sandro e Rômulo.

Aos 23 anos, o jogador ainda tem muito a evoluir e, continuando a jogar em alto nível, dificilmente seguirá por muito tempo em Gênova.

Comentários

  1. Creio que o Ranking de "Primeiros volantes" na seleção deveria ser esse:
    1-Luiz Gustavo
    2-Allan
    3-Casemiro
    4-Rafael Carioca
    5-Fernando

    A verdade é que temos grandes opções, é tudo uma questão de saber usá-las bem.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Agradecemos a sua contribuição! ⚽