Novamente exemplo, Southampton se reinventa em 2016-17
Desde seu retorno à Premier League, o Southampton vem
chamando a atenção do mundo da bola. Reconhecido por sua capacidade para
produzir atletas em suas categorias de base, que revelaram, por exemplo, Theo
Walcott, Gareth Bale e Adam Lallana, os Saints
vêm conseguindo resultados sólidos há três temporadas. Com isso, a equipe do sul
da Inglaterra sofre o assédio de adversários de maior estatuto no país, que,
ano após ano, buscam os maiores destaques que despontam em St. Mary Stadium. Ainda
assim, o clube alvirrubro tem se mantido de pé, mostrando bom desempenho e
dando exemplo.
Algumas justificativas são capazes de explicar as razões
pelas quais o Southampton tem conseguido ser uma surpresa permanente no futebol
inglês, desde o seu retorno à elite, após anos nas obscuras divisões inferiores
do país. Ainda hoje, é surpresa porque sofre relevantes mudanças em seu elenco de uma
temporada para outra e mantém o bom nível e permanente porque já entramos na
quarta temporada em que essa situação se verifica. Uma delas é a impressionante
capacidade que mostra para vasculhar outros mercados na Europa e conseguir
novas soluções.
Para o Campeonato Inglês atual, em que ocupa a oitava
posição até o momento e tem a terceira melhor defesa, os Saints apresentam como novidades as chegadas de Sofiane Boufal, habilidoso
meia marroquino ex-Lille, do meio-campista Pierre-Émile Höjberg, outrora tratado
com diamante bruto por Pep Guardiola no Bayern de Munique (onde não se firmou), e do veloz e promissor Nathan Redmond, de longo histórico nas equipes inglesas de
base.
Além disso, o clube conta também com o desembarque de Jérémy Pied, ex-jogador do Nice, que fez bela campanha em 2015/16.
Além disso, o clube conta também com o desembarque de Jérémy Pied, ex-jogador do Nice, que fez bela campanha em 2015/16.
Não há qualquer dúvida de que tais apostas podem fracassar,
mesmo porque no fim das contas, mantêm o caráter de aposta. Não obstante, no
St. Mary Stadium encontram ambiente favorável a sua maturação. Situação
parecida viveram outros jogadores que hoje são destaques, casos, por exemplo de
Dusan Tadic, que veio do futebol holandês, e Sadio Mané, hoje no Liverpool e
que chegara ao clube vindo da Áustria.
Há pouca pressão por desempenhos de qualidade imediatos. Foi
nesse sentido que falou o atual treinador da equipe, Claude Puel, sobre Boufal
no último final de semana (o meia estreou na última quinta-feira):
“Espero que tenhamos Sofiane no banco de reservas nos próximos jogos e, passo a passo, ele vai evoluir com nosso elenco”.
Outro exemplo claro de que o Southampton permite que seus
atletas se adaptem gradualmente às exigências do clube e da Premier League –
uma vez que a maioria das novidades vem de fora da Inglaterra ou da base – é o
caso do talentoso James Ward-Prowse. Hoje com 21 anos, o capitão da Seleção
Inglesa Sub-21 é profissional desde 2012 e ainda não se tornou titular. Qualidade técnica não lhe falta, mas seu momento ainda não chegou. Enquanto isso, vai aprimorando
suas habilidades, ciente de que, a qualquer momento, pode se tornar titular.
Como ficou demonstrado, o clube alvirrubro mostra muita
acuidade na escolha de seus jogadores e recorre com perfeição a outros
mercados. Apesar disso, também encontra qualidade na própria Inglaterra.
Justificam tal afirmação nomes como Redmond, Ryan Bertrand e Jay Rodríguez.
Anteriormente, outras peças como Nathaniel Clyne já justificavam essa
afirmação.
Da vizinha Escócia, outro mercado alternativo, também costumam vir bons negócios –
Virgil van Djik, apontado por muitos como o melhor zagueiro em atividade na
Inglaterra, o goleiro selecionável Fraser Forster, o volante Victor Wanyama,
hoje no Tottenham, e o meio-campista Steven Davies vieram de lá.
Outro ponto a mencionar como apto a justificar a
consistência do modelo imposto pelo Southampton é a excelência que mostra na
hora de fazer a reposição dos atletas que, invariavelmente, deixam o time. Para
a atual campanha, os Saints perderam
Wanyama e trouxeram o promissor Höjberg, venderam Mané e contrataram Redmond, viram o
italiano Graziano Pellè se despedir já tendo garantido a chegada de Charlie
Austin em meados da última campanha; isso é só o reflexo de algo que já acontece há tempos.
Quando perdeu Lallana trouxe Tadic, para suprir a ausência
de Morgan Schneiderlin desembarcou Jordy Clasie, Cédric Soares foi contratado
para ocupar a vaga de Clyne, assim como Bertrand substituiu o promissor Luke
Shaw, vendido ao Manchester United. Bons negócios e conscientes. Todos dentro
da realidade financeira do clube e aptos a levá-lo aos objetivos que impõe. O
clube arrecada muito e não gasta tanto.
É evidente que os sulistas não conseguem competir
com o poderio econômico de potências como Manchester United, City, Chelsea,
Arsenal ou Liverpool e por isso suas expectativas não são título ou vaga na
UEFA Champions League. Todavia, um lugar na Europa League tem se mostrado
viável, tendo sido alcançado na última temporada e na atual. É com isso em
mente que a direção trabalha.
Nessa esteira, também procura deixar muito bem definida a ideia
de jogo pretendida. Se não consegue mostrar um estilo de encanto fantástico,
raramente faz um jogo classificável como “ruim” ou “desinteressante”.
Do argentino Mauricio Pochettino ao francês Claude Puel,
passando pelo holandês Ronald Koeman, o Southampton sempre teve treinadores
defensores de uma marcação alta e com muita pressão, boa capacidade de passes e estilo
ofensivo, sempre com velocidade nas pontas. Em alguns turnos chegou até a usar
do expediente de um trio de zagueiros, mudando a tática, mas conservando a
ideia de jogo.
Assim, o Southampton segue se mantendo na parte de cima da
tabela da Premier League. Consciência e organização são os substantivos que nos ajudam a compreender melhor a forma como os Saints
trabalham. Angariando a simpatia dos expectadores e amantes do futebol e se
confirmando um caso para análise profunda por outras agremiações, o clube
alvirrubro persiste se reinventando e se mantendo em alta.
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