Recomeço para Memphis Depay no Lyon
Quantos são os casos em que a
pressão e as expectativas demasiado elevadas impedem que jogadores de grande
qualidade consigam exibir seu melhor nível? Incontáveis. Essa tem sido a
realidade do holandês Memphis Depay. Contratado pelo Manchester United em 2015,
credenciado por exibições sólidas na última Copa do Mundo e pelo destaque absoluto
no Campeonato Holandês, recebeu a dura incumbência de envergar a camisa 7 dos Red Devils e, aos poucos, viu sua
estrela se apagar. Atuações inconsistentes e poucos minutos em campo se
tornaram tônica e sua saída foi inevitável. Agora no Lyon, Depay tenta
recomeçar.
Habilidoso, veloz, dono de chute potente e acurado, o winger mostrara no PSV e na Seleção Holandesa impressionante personalidade e talento nato quando desembarcou em Old Trafford. Não foi tratada como absurdo a cessão da camisa 7 – que já foi vestida, dentre outros, por George Best, Eric Cantona, David Beckham e Cristiano Ronaldo – ao jovem, que tem hoje apenas 22 anos.
Contudo, à medida que o tempo foi
passando, já na temporada 2015/16, sem que o Manchester United conseguisse
mostrar um futebol da qualidade esperada, a expectativa depositada em Depay foi
se transformando em frustração. Antes o centro das atenções no PSV e uma
promessa sem grandes responsabilidades vestindo o laranja de seu país, o jovem
teve muita dificuldade em sua estada na Inglaterra. Conforme o time jogava mal,
a torcida para que o holandês se transformasse em redentor crescia e a decepção
ao não ver o esperado desempenho foi aumentando.
“Esse é o maior clube do mundo, então eu tenho que jogar por troféus – eu vim para cá para conquistar títulos (...) Estou animado para fazer meu trabalho pelo Manchester United e por marcar gols – sou um atacante e preciso marcar gols e dar assistências”, disse o jovem na entrevista coletiva de sua apresentação.
56 partidas, com sete gols e sete
assistências, após, Depay foi negociado com o Lyon, no que, aparentemente, pode
ser visto como um retrocesso em sua carreira. No entanto, a saída é
claramente uma tentativa de recuperação da confiança do atleta, que embora tenha
sido vendido, permanece sendo considerado uma alternativa pelo United, que possui
a prerrogativa de recomprá-lo no futuro (foi prevista cláusula de recompra no
contrato do jovem).
No futebol francês, o atacante
terá tarefa inglória, mas muito menos pressão. Em tempos de enorme poder
econômico do Paris Saint-Germain e de bons e planejados trabalhos de Monaco e
Nice, o Lyon ficou para trás na disputa por títulos. Certamente, a aposta na
contratação de Depay traz consigo a expectativa de dias melhores para a equipe, além da possibilidade de divisão de responsabilidades.
Se há alguém que deve estar
comemorando a chegada do holandês, essa figura responde pelo nome de Alexandre
Lacazette, o poderoso e letal centroavante da equipe. Depay representa a
possibilidade de uma parceria mais forte para o francês. Não é que não haja bons jogadores
de ataque na equipe, entretanto, exceção feita ao goleador citado, os demais não vivem seu melhor
momento.
Outrora jogador importante na
Seleção Francesa, o veterano Mathieu Valbuena não vive seus melhores dias e demonstra declínio técnico. Essa
também é a realidade do ainda promissor Nabil Fekir, que surgiu muito bem, mas
tem tido dificuldades para retomar seu melhor nível após ter sofrido lesão
gravíssima nos ligamentos do joelho. A chegada de Depay poderá ajudar Lacazette
a ser ainda mais prolífico à frente das metas adversárias e, igualmente,
permitir que Valbuena e Fekir, com menos responsabilidades, voltem a atuar em
nível mais alto.
Não é difícil imaginar isso
acontecendo. É clara a diferença de qualidade presente na Ligue 1 em relação à
Premier League. Atuando em outra liga do segundo escalão europeu (a
holandesa), Depay mostrou eficiência enorme. Por essa razão, a mudança, que
por um lado pode ser vista como retrocesso, pode se tornar uma etapa
necessária; ser aquele “um passo para trás, para dar dois passos à frente”.
É assim que pensa o presidente do
Lyon, Jean-Michel Aulas:
“Apostamos em um jogador que quer mostrar seu imenso talento. Houve muito interesse nele em razão de seu tempo com a Holanda e em Eindhoven, onde ele viveu duas temporadas fantásticas. Quando você o vê se desenvolvendo, tem a impressão de que ele realmente quer mostrar seu imenso talento (...) [O negócio] Foi um sonho, porque corresponde exatamente com o tipo de jogador que estávamos procurando”, disse o mandatário do clube francês à RMC Sport.
A saída do Manchester United e
chegada ao Lyon se apresentam como movimentos sábios da parte de Depay, que
optou por não ver sua carreira passar sentado no banco de reservas dos Red Devils. O saldo da transferência
parece positivo para todas as partes. Para o jogador, representa a oportunidade
de voltar a atuar regularmente; para o Lyon a chance de um negócio único,
contratando um jogador de grande potencial por valor razoável; e para o
Manchester United a possibilidade de ver o holandês evoluir, podendo ser,
posteriormente, recomprado.
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