tag:blogger.com,1999:blog-23065538009095907382024-03-15T10:38:09.677-03:00O Futebólogo | O futebol como arte, história e memóriaO Futebólogo é um blog que, desde 2012, trabalha o futebol a partir da História e de estórias. Sempre em busca do não convencional.Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.comBlogger861125tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-66896383942586455102024-03-15T10:37:00.000-03:002024-03-15T10:37:32.689-03:00Como o Ararat Yerevan levou à Armênia ao topo do futebol soviético em 1973<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">P</span>oucas referências aludem ao
futebol da Armênia. A principal remete a Henrikh Mkhitaryan, jogador de mais
elevado cartaz internacional do país, em muitos anos. Não apenas por suas
qualidades como meio-campista, também por ter desfalcado suas equipes em
mais de uma ocasião, em visitas ao Azerbaijão. O
motivo foi o histórico conflito de Nagorno-Karabakh. Anos antes de
Henrikh nascer, a tensão já era palpável. O local foi o único no Cáucaso que não acompanhou adequadamente os eventos de 1973.<span><a name='more'></a></span></b>
</div>
<br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbgW6a8nKBR5_OG09Q5ZHavvx0kiEfMw6rDbUUr1DAyDd6vPvTbmDEYcDYr_GPTdeHn_Hx-1dMJqiOvTeaFk8FmioyrnGbWLhIJRz7dvko7gfe0NvkLhD0dsBbAtOYvV459EsWg6qX3_d-cluuyLEmfP4s7AvLdOZGCdYXvHjfxJCt8B6Nw-8fymYU8W48/s1122/Ararat_1973.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Ararat Yerevan 1973" border="0" data-original-height="764" data-original-width="1122" height="436" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbgW6a8nKBR5_OG09Q5ZHavvx0kiEfMw6rDbUUr1DAyDd6vPvTbmDEYcDYr_GPTdeHn_Hx-1dMJqiOvTeaFk8FmioyrnGbWLhIJRz7dvko7gfe0NvkLhD0dsBbAtOYvV459EsWg6qX3_d-cluuyLEmfP4s7AvLdOZGCdYXvHjfxJCt8B6Nw-8fymYU8W48/w640-h436/Ararat_1973.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Spartak não, Ararat</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em <b>1935</b>, as rédeas da <b>União Soviética</b> estavam nas mãos de Josef Stalin,
seguras com a firmeza de quem não apenas virava as costas para quem não
concordasse com suas ideias, mas determinava o destino de tais pessoas. O
<b>Stalinismo </b>estava no auge da repressão, à beira do abismo que foi o Grande
Terror, sucessor de outra tragédia, a Grande Fome, esta afetando mais
especificamente a Ucrânia. Símbolos, que normalmente já carregam grande valor,
na época, tinham mais ainda.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse contexto, <b>o Spartak Yerevan foi fundado</b>, ligado à Sociedade Esportiva
Spartak local, vinculada ao seu braço principal, em Moscou. O nome remetia ao
gladiador <b>Espártaco</b>, líder da revolta de escravos da Roma Antiga,
aproximadamente 70 anos a.C. Sua imagem, no contexto socialista e
revolucionário, foi difundida como a de um grande guerreiro libertador, capaz
de desafiar a ordem dominante. Essa imagem se encaixava no que Stalin tentava
transmitir ao planeta sobre si mesmo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Embora os Spartak não tivessem ligações institucionais com esferas do poder
soviético, como eram os casos de Dínamo, CSKA, Lokomotiv, Torpedo ou Zenit,
conectados, respectivamente, à polícia secreta soviética, ao Exército, à
ferroviária, à fábrica de automóveis, e à companhia energética estatais,
carregavam a imponência que o Stalinismo esperava que emanasse do cenário
esportivo. <b>Times que remetessem a Espártaco eram bem-vindos</b>, mesmo que
houvesse manifestações anti-Stalin dentro dos estádios.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/5DOZIKDqxWU"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, o líder político faleceu em 1953 e seu sucessor, Nikita Kruschev,
deu início a um longo processo que ficou conhecido como <b>Desestalinização</b>. O
objetivo era desvincular a imagem da URSS de seu antigo líder. Ruas e cidades
que aludiam a ele tiveram seus nomes modificados; monumentos foram removidos.
Foi um processo de apagamento, cuja intenção era construir uma imagem forte
para a União Soviética, mas despersonalizada. Sua força emanaria da própria
nação, não de um líder.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em muitas partes da URSS, o efeito mais intenso do processo foi a <b>inflamação
de nacionalismos</b>. Um dos mais pujantes se verificou na Armênia. Em 1965
aconteceu uma das maiores demonstrações disso, com as <b>Manifestações de
Yerevan</b>. Foi o primeiro levante popular registrado na União Soviética,
mobilizando mais de 100 mil protestantes em frente à Ópera de Yerevan, no 50º
aniversário do início do Genocídio Armênio. A resposta foi a construção de um
memorial, em homenagem às vítimas do massacre.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dois anos antes, o esporte registrara outra manifestação. Spartak era um nome
vinculado ao Stalinismo e já não era tão necessário manter aparências. Por
isso, o clube mudou. Estreitando seus laços com o <b>Cristianismo</b>, religião mais
tradicional da Armênia desde o Século IV, passou a se chamar <b>Ararat Yerevan</b>. A
referência remonta à Arca de Noé, que, com o recuo das águas e o fim do
dilúvio, encalhou no Monte Ararate, em região fronteiriça entre Armênia, Irã e
Turquia.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ7tP5WUmq8SqonXwNy8cvDJSljI8uaGOmkKbt1Z8nePmvFk1_Mb6hwhkOct26ALulr-MOHK6Ss_gikA7025nlvSq252dvA5BSkglsepU0YmYsCZEBWwEWaSh7UeDXz9gNDLoXB_II-4ppmx-czZu0cNjqNRLTrdVT7USTsR-pJMhFJZKOTylAEQV1S1ES/s1222/Ararat_Mount.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Ararat Mount" border="0" data-original-height="874" data-original-width="1222" height="458" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ7tP5WUmq8SqonXwNy8cvDJSljI8uaGOmkKbt1Z8nePmvFk1_Mb6hwhkOct26ALulr-MOHK6Ss_gikA7025nlvSq252dvA5BSkglsepU0YmYsCZEBWwEWaSh7UeDXz9gNDLoXB_II-4ppmx-czZu0cNjqNRLTrdVT7USTsR-pJMhFJZKOTylAEQV1S1ES/w640-h458/Ararat_Mount.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Nikita Simonyan volta às origens</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No dia 8 de junho de 1958, uma das maiores gerações de futebolistas soviéticos
começou sua corrida em busca do título da Copa do Mundo. Com 13 minutos
disputados, a URSS já vencia a Inglaterra, gol de <b>Nikita Simonyan</b>. O craque do
Spartak Moscou vivia o ocaso de sua carreira, aos 32 anos. Era um dos
principais nomes, o capitão, de um time que não contou com Igor Netto,
lesionado, e que tentava sobreviver a problemas gravíssimos de bastidores.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Além da ausência de Netto, pesava a remoção de outros três jogadores da
convocação, Boris Tatushin, Mikhail Ogonkov e o mais talentoso entre eles,
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2018/07/eduard-streltsov-glorias-gulag-urss.html">Eduard Streltsov</a>, cuja trágica história rendeu um <a href="https://www.amazon.com.br/Streltsov-Novel-Jonathan-Wilson/dp/1915237041" target="_blank">livro escrito pelo jornalista Jonathan Wilson</a>. “Sem esses quatro jogadores, em 13 dias nós jogamos cinco jogos, sem
substituições. Como resultado, chegamos às quartas de finais e perdemos para a
Suécia 2 a 0. Na minha opinião, embora tenha havido muitas críticas
direcionadas a nós, sinto que foi uma grande conquista do mesmo jeito”, falou
Simonyan, ao
<a href="https://thesefootballtimes.co/2015/09/01/an-interview-with-russian-fa-president-and-spartak-legend-nikita-simonyan/"><i>These Football Times</i></a>.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/K0MRp3V06J0"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um ano após o Mundial, o atacante, maior artilheiro da história do Spartak
Moscou e do Campeonato Soviético (160 e 133 gols respectivamente), pendurou as
chuteiras e começou sua carreira como treinador, na direção do próprio clube moscovita. Em 1962, venceu seu primeiro título nacional e, no período, também
comandou a URSS. Saiu em 1965, voltando dois anos depois, para uma
nova sequência de cinco anos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com tamanha vinculação à União Soviética e ao Spartak, um fato importantíssimo
da biografia de Simonyan vivia à margem: <b>ele era etnicamente armênio</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“É impossível esquecer essa página da minha história. Nossos garotos e eu
levamos alegria à nossa nação. Sempre tive e terei memórias desses dias. Se
não estou enganado, treinei e joguei pelo Spartak por mais de 23 anos. Dado
que eu vivia em Moscou, o Spartak se tornou muito querido em meu coração. E
o Ararat também é, porque é do meu país de origem, do meu povo. Tenho muita
tristeza por meu pai ter falecido e não ter presenciado esse triunfo e o que
fizemos pelo povo armênio”, falou Simonyan ao
<a href="https://armenpress.am/eng/news/714568/ararat-73-%E2%80%93-40-years-after-nikita-simonyan-wants-to-visit-yerevan-in-october.html"><i>Armenpress</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgURKUBrAModqyM8CPRlqbZ3oRs_DLVLpDA4mcXrE6IXV4Vr6sfuI_i1cDzNEiKKv8bZrZcfYHlRE_IVC-gbJ6-vNtB3E_o5iE9-vmWtrI-kVSWkvk_y-Lk6dqy04EyRCUq3oif1G89_AZfkA-oVtk77MMA7dFhgt0AWeyjFnTL0MusR9jxGsdUrPyAtg5A/s752/Simonyan_Ararat.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Nikita Simonyan Ararat" border="0" data-original-height="432" data-original-width="752" height="368" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgURKUBrAModqyM8CPRlqbZ3oRs_DLVLpDA4mcXrE6IXV4Vr6sfuI_i1cDzNEiKKv8bZrZcfYHlRE_IVC-gbJ6-vNtB3E_o5iE9-vmWtrI-kVSWkvk_y-Lk6dqy04EyRCUq3oif1G89_AZfkA-oVtk77MMA7dFhgt0AWeyjFnTL0MusR9jxGsdUrPyAtg5A/w640-h368/Simonyan_Ararat.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><b>Contratado pelo Ararat Yerevan em 1973</b>, chegou a um clube cuja biografia não
registrava grandes feitos até então. Sua maior conquista era o título da
segunda divisão, em 1965. No entanto, já havia um bom trabalho sendo
empreendido por <b>Nikolay Glebov</b>. Nos anos anteriores, os armênios terminaram o
Campeonato Soviético em 2º e 4º lugares.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O grupo tinha muitos jogadores jovens. “Eu jogava pelo time júnior da Armênia.
As <i>Spartakiadas </i>eram organizadas na URSS. Era como nossos Jogos Olímpicos.
Nosso time se tornou o campeão da Spartakiada em 1971. O treinador do Ararat,
Glebov, escolheu alguns jogadores do nosso time”, contou Armen Sargsyan,
também ao
<a href="https://armenpress.am/eng/news/713645/ararat-73-"><i>Armenpress</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O garoto se juntou a um elenco que contava com o goleiro <b>Alyosha
Abramyan</b> e os defensores Alexander Syomin e Aleksandr Kovalenko. Além deles,
foram pinçados destaques da região: <b>Levon Ishtoyan</b> e Oganes
Zanazanyan, do Shirak Leninakan; Nazar Petrosyan, da Escola Republicana de
Yerevan; <b>Arkadi Andreasyan</b> e Eduard Markarov, do
Neftchi Baku. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Todos seriam convocados em algum momento. Simonyan encontrou terreno fértil para trabalhar.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Mais uma nação levanta o caneco soviético</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Exceto pelo Campeonato Soviético de 1964, vencido pelo <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/12/dinamo-tbilisi-winners-cup-1981.html" target="_blank">Dinamo Tbilisi</a>, os
outros títulos da competição haviam terminado em mãos russas e ucranianas, o
que não chega a ser surpreendente. Mesmo quando o quadro georgiano triunfou, o
Estado pôde se vangloriar, dado que todas as equipes ligadas ao Dynamo Sports
Club tinham conexões com a polícia secreta, seja a NKVD, a MVD ou a KGB. Nem
mesmo o Zorya Voroshlovgrado (mais tarde Zorya Luhansk), campeão em 1972, escapava, tendo surgido a partir de uma série
de fusões de clubes ligados ao partido regional e à fábrica nacional de trens
a vapor.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Logo na rodada inaugural do <b>Campeonato Soviético de 1973</b>, no dia 7 de abril,
ficou claro que o Ararat deveria ser levado a sério. O time recebeu o Dynamo
de Kiev. Na imensidão do <b>Estádio Hrazdan</b>, mais de 64 mil pessoas viram
Andreasyan, duas vezes, e Nikolai Kazaryan, garantirem a vitória armênia. Oleg
Blokhin descontou para o quadro ucraniano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um adendo: naquele ano, <b>empates terminavam com disputas de pênaltis</b>. O
vencedor levava um ponto para casa; o perdedor, nada. A primeira experiência
do Ararat nessa situação aconteceu logo na segunda rodada. O time recebeu o
Zorya e ficou no 1 a 1, para
decepção de uma multidão superior a 70 mil presentes. Nos pênaltis, deu
Ararat. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Até o fim da temporada, os representantes de Yerevan empatariam mais
seis vezes, vencendo duas disputas penais e perdendo quatro.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cada jogo era como uma decisão. O torneio tinha 16 equipes, a maior parte
delas muito tradicional. O nível de dificuldade era tanto que equipes como
CSKA e Zenit lutaram contra o rebaixamento, enquanto o <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2024/01/dinamo-minsk-1982.html" target="_blank">Dinamo Minsk</a> descendeu.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/H5MyIZFC0kI"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois da empolgação da estreia, ajustes se revelaram necessários. Na quarta rodada, o Ararat sofreu sua primeira derrota, em visita
ao Dinamo Minsk; na sétima e na oitava, foi batido mais duas vezes, agora para
Zenit e Torpedo. A partir daí, porém, entrou nos eixos e passou <b>10 rodadas sem
perder</b>, vencendo oito partidas e empatado duas (sendo contudo superado nos
penais em ambas ocasiões).
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Houve vitórias marcantes, como o 4 a 0 diante do Pakhtakor Tashkent, ou o 3 a
0, ante o Dinamo Tbilisi, mas resultados mais magros eram a regra. A sequência
de triunfos foi interrompida pelo Karpaty Lviv. Viria também da Ucrânia a
última derrota armênia, dois jogos mais tarde. O Dynamo de Kiev foi à desforra
e conseguiu devolver o 3 a 1 da rodada inaugural.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O fato é que <b>o Ararat não perdeu nenhuma das últimas nove partidas do
Campeonato Soviético</b>. A sorte virou: foram sete vitórias e dois empates, com
um triunfo e uma derrota nas penalidades. Os homens do Cáucaso entraram na
última rodada, diante do Zenit, campeões — e mesmo assim bateram o quadro de
Leningrado. Outra vez, <b>mais de 70 mil pessoas abarrotaram o Hrazdan para
celebrar</b>.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE9vlMiSQSEhvDRI3ZxkawC7brUORckXniWbnkG18bJjOAdQS03rKpoKAEakmKV8ZctoZDYeVysCv26dVgRj8VjLfHdP6-yBbCchSzqExlSkHodOcgXBysBYD4gpQTk_MK9mjwN2tz5FEwXWNHTjXFDeDtoUB_q31xGAnpCJZbtD8-gs9LxJVIicIMvyzx/s572/Andreasyan_Ararat.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Andreasyan Ararat" border="0" data-original-height="432" data-original-width="572" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE9vlMiSQSEhvDRI3ZxkawC7brUORckXniWbnkG18bJjOAdQS03rKpoKAEakmKV8ZctoZDYeVysCv26dVgRj8VjLfHdP6-yBbCchSzqExlSkHodOcgXBysBYD4gpQTk_MK9mjwN2tz5FEwXWNHTjXFDeDtoUB_q31xGAnpCJZbtD8-gs9LxJVIicIMvyzx/s16000/Andreasyan_Ararat.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">Com 13 gols, <b>Andreasyan foi o principal goleador da equipe</b>. Apenas Blokhin
(18) e Anatoliy Kozhemyakin (16), do Dinamo Moscou, foram mais prolíficos.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era a primeira conquista de primeiro nível de um time da Armênia, que se tornava a quarta república
soviética contemplada. Mas os símbolos, com
toda a sua importância, eram ainda maiores. O triunfo também mostrou que era
possível vencer preservando uma identidade local. O
que o Spartak Yerevan não chegou perto de conseguir, o Ararat alcançou. Com Nikita
Simonyan, que se confirmou além de homem soviético e ídolo do Spartak Moscou, um orgulhoso armênio.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Nem Blokhin conseguiu para o Ararat</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Paralelamente à disputa do Campeonato Soviético, o Ararat também se apresentou
na <b>Copa Soviética de 1973</b>. A primeira rodada aconteceu ainda no princípio de março, um
período em que as temperaturas médias de Yerevan já haviam subido o suficiente
para que se pudesse jogar futebol. Naquele mês, os termômetros registraram
média de 4.8ºC.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O adversário inicial foi o modesto <b>Alga Frunze</b> (mais tarde Alga Bishkek), do
Quirguistão, que não foi páreo para os armênios, apesar dos dois placares
magros: 1 a 0. No entanto, logo na rodada seguinte, as coisas começaram a
esquentar. A rivalidade entrou em campo: o <b>Neftchi Baku</b>, do Azerbaijão, cruzou
o caminho dos homens liderados por Simonyan.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Logo no início do Século XX, após a capitulação do Império Otomano e o colapso
da Rússia Czarista, as três repúblicas do Cáucaso — Armênia, Azerbaijão e
Geórgia — declaram independência, mas entraram em conflitos ao redor de três
regiões: Nakhichevan, Zangezur e <b>Karabakh</b>. Diversos massacres étnicos
ocorreram na época. As sangrentas disputas cessaram com a tomada da região pela União
Soviética, que preferiu dar o controle de Karabakh aos azeris turcos em detrimento do armênios cristãos, maioria no local.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/qdD8NcqPLZU"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os enfrentamentos ficaram adormecidos até o final dos anos 1980, mas a tensão nunca
cessou. No campo e bola, o Ararat eliminou o Neftchi, vencendo as duas partidas da eliminatória: 1 a 0 e 3 a 1. Dali em diante, os armênios fizeram uma disputa
particular contra ucranianos. Bateram <b>Zorya </b>e <b>Dnipro</b>, nas quartas e
semifinais. Na decisão, o <b><a href="https://www.ofutebologo.com.br/2014/06/times-que-gostamos-dynamo-kyiv-1975-1976.html" target="_blank">Dynamo de Kiev</a></b> os aguardava.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No Estádio Central Lenin, em Moscou, o que se viu foi um jogo duríssimo.
Quando o relógio se aproximou dos 45 minutos do segundo tempo, os kievanos
venciam por 1 a 0, gol de pênalti marcado por Viktor Kolotov, o capitão dos
ucranianos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Poucos minutos antes do final do jogo, quando um número significativo de
espectadores estava deixando o estádio, uma grande onda de alegria estourou.
O gol de Ishtoyan trouxe todos de volta. Eles não viram o gol, mas
presenciaram nosso triunfo. Vencemos a Copa Soviética em 1975 também, mas em
73 foi diferente”, afirmou Sargsyan.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/gcUCVfRX11Q"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">
Quem também não viu o gol de empate, nem o da virada anotado na prorrogação
outra vez por Ishtoyan, foram os viventes de Nagorno-Karabakh. Para
evitar manifestações armênias de cunho nacionalista na região, foi proibida a
exibição da partida decisiva. Os que ousaram tentar meios alternativos para
acompanhar correram o risco de ser investigados pela KGB. Nada disso impediu
os festejos no estádio e em Yerevan.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Kovalenko fez um passe no final do tempo regulamentar. Naquele momento,
ouvi alguém dizer ‘bola perdida’. Depois que Nikolai Kazaryan chegou até o
goleiro e Ishtoyan marcou o gol, tivemos a vantagem psicológica. Nossa fé
nos deixou muito mais perto da vitória”, recordou Andreasyan, ao
<a href="https://armenpress.am/eng/news/718778/ararat-73-E28093-40-years-after-ararat-players-recall-victory-against-dinamo.html"><i>Armenpress</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1973, o Ararat concentrou o melhor do futebol soviético. Não fosse a recusa
da URSS a viajar para o Chile, que sofrera o golpe de estado liderado por Augusto
Pinochet, craques do elenco armênio poderiam ter tido a chance de jogar a Copa do Mundo de 1974. Andreasyan, por exemplo, foi titular na partida de ida diante dos chilenos, em
Moscou.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">O mundo ainda presenciou a qualidade do Ararat na Copa dos
Campeões de 1974-75. Depois de eliminar os noruegueses do Viking e os
irlandeses do Cork Celtic, o time parou nas quartas de finais, diante do
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2014/03/times-que-gostamos-bayern-de-munique.html" target="_blank">Bayern de Munique</a> — não sem muita luta. O placar agregado registrou vitória
marginal para os bávaros, 2 a 1. O Ararat só cedeu no
final da partida de ida (2 a 0). Em casa, venceu: gol de Andreasyan.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/97RivsmirWI"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">Simonyan já deixara o clube, mas o quadro de Yerevan seguia
em boas mãos: era <b><a href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/03/viktor-maslov-futebol-moderno.html" target="_blank">Viktor Maslov</a></b>, um dos revolucionários do futebol soviético,
que o liderava. Ele conduziu o time ao título da Copa Soviética de 1975, enfim
amarrando todo aquele enredo. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Dali a cinco anos, <b>Hamlet Mkhitaryan</b> daria seus
primeiros chutes vestindo as cores do Ararat, um time campeão. O sobrenome soa
familiar? Sim, ele teve um filho famoso chamado Henrikh.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-84014046543337440102024-03-08T11:00:00.011-03:002024-03-08T11:00:00.130-03:001996, 98 e 2003: a história acidentada do Brasil na Copa Ouro<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">A</span>firmar que a maior parte do mundo
vislumbra no Brasil o “País do Futebol” é um clichê, mas não chega a ser uma
afirmação pachecal. A tradição de quem mais venceu a Copa do Mundo pesa e,
quando a Canarinho entra em campo, sempre há holofotes e interesse. Há
histórias que, não obstante, não passam tanto por um critério de tempo, mas
de lugar. O onde conta também. Nos anos 1990 e início dos 2000, a Concacaf
tentou aumentar o prestígio da Copa Ouro; convidou a Seleção Brasileira.<span><a name='more'></a></span></b>
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqw5xe38-B5-dV-pYCf_OGgPJd3kZaE51IYfjefOTpWFN796LfJdRneil7yeAoOsqW66jzwA2NcZbQSV0_ORAa81aTT6KoSnw-eKnsRdHpNQuEiSZJWdAL4pVq0u_3QHYr_CFCWVqOqGzYf-enHHF14kdp-VnVMlT94pL8cqQl-EkYVYDCVWGaO8YDJnHO/s1208/Brasil-Copa-Ouro-2003.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Kaká Copa Ouro 2003" border="0" data-original-height="682" data-original-width="1208" height="362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqw5xe38-B5-dV-pYCf_OGgPJd3kZaE51IYfjefOTpWFN796LfJdRneil7yeAoOsqW66jzwA2NcZbQSV0_ORAa81aTT6KoSnw-eKnsRdHpNQuEiSZJWdAL4pVq0u_3QHYr_CFCWVqOqGzYf-enHHF14kdp-VnVMlT94pL8cqQl-EkYVYDCVWGaO8YDJnHO/w640-h362/Brasil-Copa-Ouro-2003.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebologo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">1996: Afirmação futebolística na América</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A <b>Copa Ouro de 1996</b> aconteceu em um momento crucial para o futebol dos Estados
Unidos. Era a primeira edição da competição da Concacaf disputada após o
Mundial de 1994, amplamente considerado um sucesso. A média de espectadores
nas partidas do certame foi de 69.174 pessoas, um recorde que não foi batido
nas edições seguintes e dificilmente será algum dia.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era importante <b>manter o interesse</b> gerado dois anos antes. As <b>Olimpíadas de
Atlanta</b> estavam no horizonte, mas a cena esportiva estadunidense também seria
marcada pela disputa da primeira edição da <b>Major League Soccer.</b> O país cumpria
uma condição que a FIFA exigiu ao confirmá-lo sede do Mundial de 1994: tentar
estabelecer uma liga forte. A primeira partida estava marcada para 6 de abril,
tempo suficiente para recolocar as pessoas em contato com o soccer. O desafio
era concorrer com os esportes estabelecidos no país, basquete, beisebol,
futebol americano e hóquei.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>
A Concacaf não podia perder o bonde</b> e deixar passar a chance de aumentar o
interesse futebolístico no mercado consumidor norte-americano. Nada parecia
mais lógico do que buscar a presença da última campeã do mundo na Copa Ouro. <b>O
Brasil foi convidado e aceitou</b>. A competição representava uma oportunidade
para o treinador da Canarinho, <b>Zagallo</b>. Depois de superar uma
<a href="https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/1/06/esporte/2.html">polêmica envolvendo a concessão de vistos</a>, viajou.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlsZogKzPCok2iIrngL2TmaXV_CPiD5OG13su9y6ZLc2eKcNS87AmZuWFmFVP2zhturu-9l7MKYF3eksQ2YcGQLRFGzIniCppZ8xMJGk_jXExk6S5cI3eAPwUXzHT3SKs35BQEdhJG_mUIxSEfhoR4Ita0flzgAM2LZhxGG3JS4cbijoLUICa_p4BUUh9P/s1318/Romario-1994.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Romário 1994" border="0" data-original-height="751" data-original-width="1318" height="364" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlsZogKzPCok2iIrngL2TmaXV_CPiD5OG13su9y6ZLc2eKcNS87AmZuWFmFVP2zhturu-9l7MKYF3eksQ2YcGQLRFGzIniCppZ8xMJGk_jXExk6S5cI3eAPwUXzHT3SKs35BQEdhJG_mUIxSEfhoR4Ita0flzgAM2LZhxGG3JS4cbijoLUICa_p4BUUh9P/w640-h364/Romario-1994.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Neal Simpson/Getty Images/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">
“Ao invés de trazer Romário, Bebeto, Dunga e o restante de suas lendas
veteranas, os brasileiros preencheram seu elenco com jogadores jovens que
formarão uma grande parte do elenco das Olimpíadas de verão [...] o treinador
Zagallo não convocou ninguém acima de 22 anos para a Copa Ouro. Ele ainda
deixou de fora três de seus melhores jovens —o atacante Ronaldo, o meia
Juninho e o defensor Roberto Carlos — todos estrelas na Europa. Mesmo com uma
equipe jovem, o Brasil é o favorito”, esclareceu o
<a href="https://www.washingtonpost.com/archive/sports/1996/01/10/luckily-gold-cup-finds-a-silver-lining/2ccf8d84-10d7-4ec6-a4ba-5f3bddb52854/"><i>Washington Post</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Copa Ouro decorreu entre os dias <b>10 e 21 de janeiro</b>, enquanto o
Pré-Olímpico, sediado na Argentina, foi de 18 de fevereiro a 6 de março. Entre
os selecionados por Zagallo estavam nomes como os de <b>Dida</b>, <b>Zé Maria</b>, <b>Flávio
Conceição</b>, <b>Caio Ribeiro</b>, <b>Amaral</b>, <b>Zé Roberto</b> e <b>Sávio</b>. Lesionado, Amoroso ficou
fora. “Foi aqui que conquistamos a Copa do Mundo de 94. Aqui, daremos a
largada para vencer a Olimpíada de Atlanta”,
<a href="https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/1/09/esporte/12.html">falou Zagallo</a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na fase de grupos, o Brasil enfrentou <b>Canadá </b>e Honduras. <b>“Não me consola o
fato de que o Brasil não vem com força máxima”</b>, disse o treinador dos <i>Canucks</i>,
<b>Bob Lenarduzzi</b>, ao <i>Washington Post</i>. “Às vezes, quando está em plena forma, o
Brasil encara jogos como estes como um inconveniente. Mas esses caras estão
com fome; eles têm algo a provar”.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/NMhF0EhTm_w"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O treinador canadense tinha razão. Na estreia da Canarinho, sua equipe penou.
André Luiz, Caio, Sávio e Leandro Machado marcaram para o Brasil, Tomasz
Radzinski descontou: <b>4 a 1</b>. No dia seguinte, o título da
<i><a href="https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/1/14/esporte/10.html">Folha</a> </i>deixou o ocorrido ainda mais explícito do que o placar: “Brasil bateu em 15
minutos o Canadá”. Lenarduzzi confirmou sua tese: <b>“Os jovens do Brasil se
esforçaram mais do que os jogadores da equipe adulta”</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na segunda partida, o triunfo brasileiro foi ainda mais pungente. Caio e
Jamelli, duas vezes cada, além de Sávio, condenaram <b>Honduras</b>, que já tinha
sofrido ao ouvir o hino do Panamá no lugar do seu próprio, a um massacre: <b>5 a
0</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Brasil foi às semifinais e enfrentou os EUA, que tinham um time completo.
Foi um repeteco do que se viu no Mundial, dois anos antes. Jogo duro. <b>Brasil
1, EUA 0</b>. Dessa vez, sem Bebeto, Marcelo Balboa completou um cruzamento de
Sávio, marcou contra e levou a Canarinho à decisão. Outra nota da partida foi
o desmaio do zagueiro Narciso, após dividida com o estadunidense Roy Lassiter.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/hOi_HTjZlSc"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O <b>México</b>, com Jorge Campos, García Aspe, Luis García e Blanco, liderado por
Bora Milutinovic, aguardava o Brasil. Em um gramado encharcado, os jovens brasileiros não
tiveram chance. Dida fez muitas defesas, mas não evitou a <b>derrota por 2 a 1</b>. “Foi
uma experiência muito legal porque foi meu primeiro torneio fora do Brasil
pela seleção. Ficamos quase um mês nos Estados Unidos e jogamos no Coliseu,
estádio onde foi disputada a Olimpíada de 84, em Los Angeles”, lembrou
Jamelli, à
<a href="https://www.espn.com.br/futebol/selecao-brasileira/artigo/_/id/12299969/por-que-brasil-jajogou-tres-copa-ouro-nunca-conseguiu-ser-campeao"><i>ESPN</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O título não foi alcançado, mas <b>foi um bom teste para o Pré-Olímpico</b>,
conquistado pela Canarinho. Nas Olimpíadas, no entanto, tinha um Nwankwo Kanu
no meio do caminho; no meio do caminho, tinha um Nwankwo Kanu.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/bKIDXJ7f4vs"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">1998: falhe de novo, falhe melhor</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda era Zagallo quem dava as cartas no comando da Seleção, quando
os brasileiros renovaram o visto para os EUA e tiveram a segunda chance de
vencer a Copa Ouro. Em <b>1998</b>, a Canarinho voltou a utilizar a competição da
Concacaf como preparação, desta vez para o Mundial da França. Foram feitos
testes. O principal foi a utilização de um <b>ataque com Edmundo e Romário</b>,
chamados de <i>Bad Boys</i>, pela
<a href="https://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk220110.htm"><i>Folha</i></a>. Menos badalados, Sylvinho, Doriva, Marcos Assunção e Sérgio Manoel estavam
entre os selecionados.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Copa Ouro aconteceu entre os dias <b>1º e 15 de fevereiro</b>. O Brasil ficou no
Grupo A, com Jamaica, Guatemala e El Salvador. Logo na estreia, houve
problemas.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhucwqIImRvnecSUMk1o6OhbYYJ4SPi58jSeuYKY8uHGEfFKTxO2ySDeHIz_zZDldFLDASG4dYMOlazk-xEIRrj-bMJySMLSHcVYkEXokFCpAHVr4ijGPlTeFe1Sxlx4fuh0HrbNxVdxrbR75tweG7hX6IDjNC39Nu33styfz39XhzHa7eGSbG60cbj1yNt/s1222/Edmundo-Copa-Ouro-1998.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Edmundo Copa Ouro 1998" border="0" data-original-height="924" data-original-width="1222" height="484" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhucwqIImRvnecSUMk1o6OhbYYJ4SPi58jSeuYKY8uHGEfFKTxO2ySDeHIz_zZDldFLDASG4dYMOlazk-xEIRrj-bMJySMLSHcVYkEXokFCpAHVr4ijGPlTeFe1Sxlx4fuh0HrbNxVdxrbR75tweG7hX6IDjNC39Nu33styfz39XhzHa7eGSbG60cbj1yNt/w640-h484/Edmundo-Copa-Ouro-1998.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: AFP/Getty Images/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">O <b>empate por 0 a 0 contra os jamaicanos</b>, treinados por Renê Simões, foi
tratado como vexame pela imprensa nacional, ainda que o país caribenho
estivesse classificado para a Copa do Mundo. Poderia ter sido pior, caso a
arbitragem não tivesse ignorado um pênalti cometido pelo zagueiro Gonçalves. A
<b>expulsão de Júnior Baiano</b>, após agressão grotesca a um adversário, sintetizou o que se
viu. Na sequência, mais dificuldades.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/qZJ1HnruDWM"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O segundo jogo foi contra a <b>Guatemala</b>. Em mais um confronto em que a Canarinho
não mostrou a que veio, tendo posse de bola improdutiva e sofrendo com a
energia dos guatemaltecos, <b>Romário abriu o placar num pênalti sofrido por ele
mesmo</b>, quando já se havia disputado mais de meia hora da etapa final do
confronto. Nos acréscimos, após escanteio, veio o merecido empate, com Juan
Plata, mais tarde ovacionado pela torcida de seu país. <b>O Brasil não jogou
nada</b>; a Guatemala fez história.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No último jogo, para não fazer papel ainda mais ridículo, a Seleção Brasileira
precisava <b>vencer El Salvador</b>. Enfim, convenceu e liquidou a fatura logo cedo.
Foi a única ocasião em que a dupla formada por Edmundo e Romário rendeu
frutos. Com menos de 20 minutos de jogo, eles já haviam marcado um tento cada.
Com a vantagem, o Brasil abrandou o jogo. Zagallo fez testes. Lançou Russo e
Sérgio Manoel, também <b>Elber</b>. O goleador do Bayern entregou mais dois gols. <b>A
sensação era mais de alívio do que de festa, apesar do 4 a 0</b>.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/Px6aF6XwTNw"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Brasil foi às semifinais, mas como vice-líder de seu grupo, superado pela
Jamaica. De novo, <b>os Estados Unidos aguardavam a Canarinho</b>. E a tendência
histórica se repetiu. O jogo terminou 1 a 0. Porém, quem levou a vitória foram
os ianques, com um<b> golaço de Predrag Radosavljević, o popular Preki</b>, que
acertou o ângulo superior direito do goleiro Taffarel. Era a primeira vez que
o USMNT vencia a Seleção Brasileira; o primeiro gol contra o quadro
verde e amarelo em 68 anos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A derrota foi a cara do desempenho brasileiro. <b>“Mais uma vez tive um monte de
oportunidades nos meus pés, mas não pude concluir bem”</b>, falou Romário no
intervalo do jogo. Zagallo tentou justificar o desempenho pífio de seu time.
“Somos bons, mas não somos invencíveis. Essa mentalidade tem que mudar. Os
outros estão evoluindo, têm mais tempo de trabalho e não têm a obrigação de
vencer”, registrou a
<a href="https://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk15029801.htm"><i>Folha</i></a>.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/tu04o_4bp2U"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Restou à Canarinho a <b>disputa do terceiro lugar</b>, outra vez contra a Jamaica.
Quando a bola rolou, as arquibancadas apoiaram massivamente os caribenhos, mas
Romário voltou a marcar e o Brasil ganhou por 1 a 0. Foi <b>um triunfo que não
teve gosto nenhum para a Seleção</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">2003: hat-trick (de derrotas)</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No dia 19 de junho de 2003, recém-pentacampeão da Copa do Mundo, o Brasil
iniciou aquela que seria sua <b>pior participação na Copa das Confederações</b>.
Treinado por Carlos Alberto Parreira, o selecionado não era o principal. O
comandante testou jogadores como o os zagueiros Fábio Luciano e Edu Dracena,
os volantes Eduardo Costa e Dudu Cearense, o meia Adriano Gabiru e os
atacantes Ilan e Gil. A Canarinho ficou na fase de grupos, superada por
Camarões e Turquia.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Três semanas depois, iniciou sua terceira corrida pelo título da Copa Ouro.
<b>Liderado por Ricardo Gomes</b>, o time tinha idade olímpica. O mais velho entre os
escolhidos era o zagueiro <b>Luisão</b>, com 22 anos; o mais novo, o meia <b>Carlos
Alberto</b>, de 18. Era um time recheado de estrelas em potencial, como <b>Diego
Ribas, Robinho, Thiago Motta, Júlio Baptista e Kaká</b>, capitão do time e que ainda não tinha
sido vendido ao Milan. A ideia era dar cancha para a disputa do Pré-Olímpico,
no início de 2004.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ1d-VXvPte-YNOCU3NRjR4hcopyf8_T_ltRQWEpG2u-i-t1lvCOfhNyAXGPXEQH39pFVId_XJBmkmph4OH9c9gvzUWFTppD38FtAtvpgX32Eq3uHr3y_PpU5oeqNPU2aqz91nWHyxgKHRv7VDfcepnPZhnVsiHk79FWJXrBmAa1d-OOTDKTe76Se3o4NL/s757/Luis%C3%A3o-Thiago-Motta-Honduras.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Luisão Thiago Motta Brasil Honduras Copa Ouro 2003" border="0" data-original-height="522" data-original-width="757" height="441" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ1d-VXvPte-YNOCU3NRjR4hcopyf8_T_ltRQWEpG2u-i-t1lvCOfhNyAXGPXEQH39pFVId_XJBmkmph4OH9c9gvzUWFTppD38FtAtvpgX32Eq3uHr3y_PpU5oeqNPU2aqz91nWHyxgKHRv7VDfcepnPZhnVsiHk79FWJXrBmAa1d-OOTDKTe76Se3o4NL/w640-h441/Luis%C3%A3o-Thiago-Motta-Honduras.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Getty Images/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">O Brasil dividiu o Grupo A com o <b>México</b>, um dos países-sede junto com os EUA,
e Honduras. A Seleção estreou diante dos donos da casa, no icônico Azteca.
Ricardo Gomes alinhou uma equipe muito promissora, com Gomes; Maicon, Luisão,
Alex e Adriano; Paulo Almeida, Júlio Baptista, Diego e Kaká; Robinho e
Ewerthon. Na hora H, quem brilhou foi o centroavante <b>Jared Borghetti</b>, autor do
único gol da partida.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar da derrota na estreia, o selecionado verde e amarelo superou <b>Honduras
</b> na partida seguinte, 2 a 1, ignorando o trauma da eliminação na Copa América
de 2001, e avançando aos mata-matas como segundo colocado. <b>“Marcamos um gol e
criamos oportunidades de ampliar. Infelizmente, a chuva deixou o campo
bastante pesado”</b>, disse Maicon, autor de um dos gols, como reportou a
<a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u62484.shtml"><i>Folha</i></a>.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/XMY--rcPyZo"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nas quartas de finais (a competição inchou), <b>a Canarinho encontrou a Colômbia</b>,
outra convidada, que também havia disputado a Copa das Confederações e era
treinada pelo histórico Francisco “Pacho” Maturana. Com um elenco sem estrelas
e formado majoritariamente por atletas que atuavam no próprio país, os
<i>Cafeteros</i> tentaram equilibrar o jogo com entradas ríspidas, mas <b>não
conseguiram parar Kaká</b>, autor dos dois gols da partida.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como de praxe, <b>a Canarinho encontrou os EUA nas semis</b>. Foi mais um jogo
apertado, decidido com um gol de diferença. Até então, os estadunidenses,
treinados por Bruce Arena e apostando suas principais fichas no talento de
Landon Donovan, não haviam concedido um gol sequer. Abriram o placar com
Carlos Bocanegra. No último minuto do tempo regulamentar, Ewerthon, que saíra
do banco, fez boa jogada. Parou em Kasey Keller, mas Kaká aproveitou e empatou
a contenda.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O jogo foi para o <b>gol de ouro</b>, a famigerada morte súbita. Aos 10 minutos do
primeiro tempo da prorrogação, a bola bateu na mão do zagueiro Cory Gibbs,
dentro da área. <b>Diego converteu a penalidade e garantiu o avanço do Brasil à
decisão</b>, onde o México estava, outra vez, à espera.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/gO36UebqXMM"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na final, a Canarinho não jogou bem. Não fosse pelo ótimo desempenho do
goleiro Gomes, a situação poderia ter sido pior. O outro Gomes, o treinador
Ricardo, bem que tentou alterar o panorama. No intervalo, trocou Robinho, um
dos piores da Seleção na competição, por Carlos Alberto. Não deu certo. Nada
deu. Mesmo sem Rafa Márquez, os mexicanos tinham um time equilibrado, com
figuras como Ricardo Osório, Pavel Pardo, Jesús Arellano e ele, Borghetti.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A grande sacada do treinador Ricardo La Volpe, contudo, veio do banco.
Travado, <b>o jogo foi para a prorrogação</b>. Enquanto a altitude da Cidade do
México e os 30 graus pesaram para o Brasil, o frescor de <b>Daniel Osorno</b> bastou
para <i>El Tri</i>. Passados oito minutos de prorrogação, o atacante recebeu
bola dentro da área brasileira, superou dois marcadores e fuzilou, de canhota,
a meta de Gomes. Mais um vice para a conta da Canarinho.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar da derrota, o <b>otimismo </b>com a ótima geração que se apresentou ali era
evidente. “Chegamos lá três dias antes do início sem trabalho algum. A partir
dessa competição nosso jogo ficou mais padronizado e isso me deixou muito
confiante”, falou Ricardo Gomes, às vésperas do Pré-Olímpico. <b>Porém, sem Kaká,
o Brasil não se classificou aos Jogos de Atenas, superado pelo Paraguai.
</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/hf5kvtK-n1c"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Levando em conta os resultados, dois vice-campeonatos e um terceiro lugar, não
parece que o Brasil protagonizou fracassos na Copa Ouro, até mesmo por, em
duas oportunidades, ter levado times sub-23. Talvez não seja mesmo o caso de
tratar a situação como vexame. No entanto, <b>a relação da Canarinho com a
competição foi tumultuada</b>. Não vieram novos convites e, conforme os
calendários do futebol de elite foram inchando, a possibilidade de retorno se
tornou mais remota.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É possível afirmar: <b>ao menos no futebol masculino, Brasil e Copa Ouro não combinam.
</b></div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-32545190616145323402024-03-01T07:50:00.001-03:002024-03-01T10:58:31.615-03:00Em 1992-93, o Feyenoord se impôs à categoria de Bergkamp e Romário<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">“E</span>nquanto Amsterdã sonha, Roterdã
trabalha”. Versões desta frase, popular entre torcedores do Feyenoord,
ajudam a explicar a <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/04/de-klassieker-ajax-x-feyenoord.html" target="_blank">rivalidade</a> do time com o Ajax, historicamente a mais
relevante da Holanda. De meados dos anos 1970 em diante, ela ficou
desequilibrada. Os <i>ajacied </i>passaram o trator por cima do rival, cujas
conquistas rarearam. Também o PSV Eindhoven cresceu em importância e as
estrelas preteriram o Feyenoord. Porém, gigantes podem dormir, mas sempre
acordam — isso ficou evidente em 1992-93.</b><span><a name='more'></a></span>
</div>
<br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM_zFDK1AS84zEuns9RWHz3C2rUOqzJFOjMH1DIjU_C4oXw5NkJMfQfdX1YS5H693rZvzr9hsgD2-fIfeRCLyab7w0zK7rn1O71OWjH9ETDVkLC9ABIBtSn_vIbse7T3l2XH24Iz_F3U5v-nZbScwumVDI8YdN5AyeqQ9h6OzDmSyn2Yelou-cbrWPmIny/s1087/Feyenoord_1992-93.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Feyenoord 1992-93" border="0" data-original-height="781" data-original-width="1087" height="460" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM_zFDK1AS84zEuns9RWHz3C2rUOqzJFOjMH1DIjU_C4oXw5NkJMfQfdX1YS5H693rZvzr9hsgD2-fIfeRCLyab7w0zK7rn1O71OWjH9ETDVkLC9ABIBtSn_vIbse7T3l2XH24Iz_F3U5v-nZbScwumVDI8YdN5AyeqQ9h6OzDmSyn2Yelou-cbrWPmIny/w640-h460/Feyenoord_1992-93.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Os grandes conhecem o caminho da vitória</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No dia 6 de maio de 1970, <b>Willy van Hanegem</b> viveu um dia memorável. Esteio do
meio-campo do Feyenoord, subiu ao gramado do San Siro, em Milão, e ajudou o
time a conquistar o <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2014/12/times-que-gostamos-feyenoord-1969-1970.html" target="_blank">primeiro título europeu de uma equipe de seu país</a>. Nos
anos seguintes, seria um dos representantes do <i>Stadionclub </i>na <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2016/09/selecoes-de-que-gostamos-holanda-1974.html" target="_blank">seleção holandesa de 1974</a>, vice-campeã do mundo, em meio à dominância do Ajax. Era um
dos responsáveis por equilibrar o time.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Vocês me colocam no mesmo patamar de Cruyff e Keizer? Eles eram muito bons!
Recentemente, assisti imagens minhas com a Laranja. Foi então que percebi
que passava 90 por cento das bolas com a parte externa do meu pé. Não notava
que era tão extremo, eu fazia tudo pelo instinto [...] Nunca pensei nisso,
sempre fiz automaticamente”, disse certa vez ao
<a href="https://www.volkskrant.nl/sport/van-hanegem-mijn-liefde-voor-feyenoord-wordt-zwaar-op-de-proef-gesteld-het-doet-soms-pijn-supporter-te-zijn~b4b7dfc6/?referrer=https://www.google.com/"><i>Volkskrant</i></a>, em demonstração de humildade.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Van Hanegem foi o escolhido pela diretoria do Feyenoord para assumir o time em
1992. Fazia oito anos desde o último título nacional do clube, uma conquista
icônica, marcada pela presença de <b>Johan Cruyff</b> na equipe — que se mudara ao
rival em vingança contra as pessoas do Ajax que o consideravam velho para
cobrar tudo o que exigia e queriam lhe impor o teto salarial do restante da
equipe.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0rpkBvmv5UrtElpa3gZyzKTH3RZSzTKAubISx3WDtV5JfLxl2x9QDezywZ7x76qJUqqUJubgQW0BsSq2uffHL15L9O4oFlnkVzTp_xipDP36CAn5R8BiKtYSaV6R_bTuWHBOhtGvajswMbW5aZ2rZNQ9u8Rl4ArjDzk_zrV-AnaCMeFEkUj0U6LFuAjnJ/s1262/Willy_van_Hanegem_Feyenoord.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Willy Van Hanegem Feyenoord" border="0" data-original-height="857" data-original-width="1262" height="434" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0rpkBvmv5UrtElpa3gZyzKTH3RZSzTKAubISx3WDtV5JfLxl2x9QDezywZ7x76qJUqqUJubgQW0BsSq2uffHL15L9O4oFlnkVzTp_xipDP36CAn5R8BiKtYSaV6R_bTuWHBOhtGvajswMbW5aZ2rZNQ9u8Rl4ArjDzk_zrV-AnaCMeFEkUj0U6LFuAjnJ/w640-h434/Willy_van_Hanegem_Feyenoord.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Beeld ANP/VI Archive/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">O craque comandou em campo um grupo que já tinha jovens talentos construindo
carreiras de sucesso, <b>caso de Ruud Gullit</b>. Este seria o nome de uma nova
desilusão para a torcida do Feyenoord, porém. Em 1985, depois de passar boa
parte da última temporada lesionado e já afirmado na seleção holandesa, trocou
o clube pelo PSV. Era um sinal dos tempos; impulsionado pelo dinheiro da
Philips, o clube de Eindhoven era o futuro, enquanto o de Roterdã ficava cada
vez mais para trás.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>
O novo treinador</b> viveu e, por que não, sofreu com isso tudo de perto. Depois
de encerrar a carreira em 1983, no próprio clube, <b>foi auxiliar técnico de
Thijs Libregts e Ab Fafié, até 1986</b>. Depois, trabalhou no Utrecht e nos
pequenos USV Holland e Wageningen. Quando do retorno, não tinha tanta
experiência nos bancos, mas, aos 49 anos, era um dos viventes que mais sabia
do que se tratava o Feyenoord, para além do fato de que conhecia os caminhos
da vitória.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Só se tinha olhos para Ajax e PSV</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não eram apenas os títulos que distinguiam os principais competidores do
Feyenoord, mas também seus jogadores e treinadores de renome.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1987-88, o PSV Eindhoven provou que era, sim, um gigante holandês. Com <b>Guus
Hiddink</b> na casamata e Ronald Koeman na zaga, <b><a href="https://www.ofutebologo.com.br/2019/05/psv-da-pragmatica-gloria-europeia.html" target="_blank">venceu o Benfica e conquistou a Copa dos Campeões</a></b>. No ano seguinte, começou a construir uma relação histórica
com o futebol brasileiro, contratando <b>Romário</b>. O Baixinho foi tricampeão
holandês, sendo o artilheiro do certame em duas das três vitórias; rendeu com
Hiddink e também com seu sucessor,<b> Bobby Robson</b>.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4SUJWXUlyMmzShmHAC7la-fMUl79FHOSbyh7nJntk1hZN00JTM6h0LuTTeZ6aIUUn94y5MjaZH9MomH7Jf_HaLzsoGe7v7XZ8YwFYHeuUES8vHFIiLzxd-UFYYC1COlv7BZvXcIJpsW6AA5K1n4W4u14_ZBSWTbOVW91RTsF0phoGYVy4Gtf1WkYPHtiA/s1484/Guus_Hiddink_PSV.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Guus Hiddink PSV" border="0" data-original-height="844" data-original-width="1484" height="364" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4SUJWXUlyMmzShmHAC7la-fMUl79FHOSbyh7nJntk1hZN00JTM6h0LuTTeZ6aIUUn94y5MjaZH9MomH7Jf_HaLzsoGe7v7XZ8YwFYHeuUES8vHFIiLzxd-UFYYC1COlv7BZvXcIJpsW6AA5K1n4W4u14_ZBSWTbOVW91RTsF0phoGYVy4Gtf1WkYPHtiA/w640-h364/Guus_Hiddink_PSV.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Getty Images/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">Por sua vez, <b>o Ajax passou por duas revoluções</b>. Depois de obter êxito em sua
retaliação, Johan Cruyff retornou ao time de sua vida, como treinador. Entre
1985 e 88, reconstruiu o senso de Futebol Total, em uma versão mais moderna em
relação à de Rinus Michels, devolvendo o clube às suas origens. Teve, além
disso, papel crucial no desenvolvimento e afirmação de jovens como Marco van
Basten e Frank Rijkaard. Esse time conquistou a Recopa Europeia, em 1986-87.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois da saída de Cruyff para o Barcelona, os <i>ajacied</i> foram ofuscados pelo
PSV. Apesar de Leo Beenhakker ter conduzido o clube ao título holandês de
1989-90, evitando uma hegemonia do rival de Eindhoven, foi somente com <b>Louis
van Gaal</b> que o Ajax voltou a estar na crista da onda. O jovem resistiu aos
protestos de uma torcida que queria Cruyff de volta e se consolidou.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikzOBap3gehtKyRv9sZyvdRqN0PmsYeRa7bxkEJu6HXG-1iKmGFqn6ynujib8M8S48dyRg8zLPnxh-PMz_4g_Wazkqs05gyoe-ij0sHbHgLtrE-XidY8dkB-miucYca10R369vYO-fWfctFXRT0vqq36wCac1QNRRZWmvH7EGTq6V3vDV188LzVY-I0HzT/s1259/Louis_van_Gaal_Ajax.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Louis van Gaal Ajax" border="0" data-original-height="922" data-original-width="1259" height="468" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikzOBap3gehtKyRv9sZyvdRqN0PmsYeRa7bxkEJu6HXG-1iKmGFqn6ynujib8M8S48dyRg8zLPnxh-PMz_4g_Wazkqs05gyoe-ij0sHbHgLtrE-XidY8dkB-miucYca10R369vYO-fWfctFXRT0vqq36wCac1QNRRZWmvH7EGTq6V3vDV188LzVY-I0HzT/w640-h468/Louis_van_Gaal_Ajax.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: EPA/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Van Gaal, diferentemente de Johan, acreditava mais no coletivo do que no
indivíduo — o que geraria atritos memoráveis com grandes craques. Apesar
disso, encontrava-se com seu antecessor no ponto original de sua ideia: <b>“O
princípio básico é a posse de bola”</b>, falou ao livro <i><b><a href="https://www.ofutebologo.com.br/2019/05/psv-da-pragmatica-gloria-europeia.html" target="_blank">Brilliant Orange</a></b></i>, de David
Winner. O expoente da primeira versão do Ajax de LvG foi <b>Dennis Bergkamp</b>.
Transformado em meia, ou um <i>schaduwspits </i>(atacante sombra), foi o único
jogador capaz de rivalizar com Romário. Outra vez, o clube representava a
vanguarda. <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2019/08/ajax-copa-uefa-louis-van-gaal.html">Assim, o Ajax venceu a Copa da Uefa de 1991-92.</a> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Ninguém falava do Feyenoord.</b></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Nem mesmo vice e sem reforços</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois da conquista de 1983-84, nem vice-campeão o Feyenoord foi. Até a
temporada 1992-93, o <i>Stadionclub </i>ficou com o terceiro lugar quatro vezes e
essa foi a parte boa. A ruim foi o 11º posto de 1989-90 e o oitavo da
temporada seguinte. Quando da contratação de Willy van Hanegem, <b>técnicos
entravam e saíam do De Kuip a todo momento</b>. De 1984 até 92, foram sete,
desconsiderando duas passagens do ídolo <b>Wim Jansen</b>, que se tornou diretor. Nem
mesmo outro ídolo como <b>Rinus Israël</b> foi capaz de recolocar o time nos trilhos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O cenário só não era pior porque o quadro de Roterdã <b>venceu a Copa da Holanda
duas vezes seguidas, em 1990-91 e 1991-92</b> — ambas contra equipes de menor
porte na decisão, Den Bosch e Roda.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Van Hanegen recebeu uma equipe com bons valores, mas inativa no mercado de
transferências. O único reforço que o treinador recebeu no início da temporada
1992-93 foi o atacante nigeriano <b>Michael Obiku</b>, que vinha se destacando no
Chipre, defendendo o Anorthosis. Na janela do inverno europeu, em janeiro, o
grandalhão <b>John van Loen</b>, do Ajax, também viria. Ninguém mais.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEZ9_GrCFLTMa7fi7NWHJ7SHo80ukUIjO7v3v5fWZ3IYEmGQSsWwA4UOSfybUITkikMER_CDuKd8S_ZFA71lnQ_cWB03ALQEHmseHfpnmr0sgsECxkC0WkaA9rE0PccwmckzCfhelObjL9WJvqwBuWa6GVZ095WKXqXOks9yGYYqrw_jlBMAaeLqOVDyYe/s1622/Obiku.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Obiku Feyenoord" border="0" data-original-height="922" data-original-width="1622" height="364" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEZ9_GrCFLTMa7fi7NWHJ7SHo80ukUIjO7v3v5fWZ3IYEmGQSsWwA4UOSfybUITkikMER_CDuKd8S_ZFA71lnQ_cWB03ALQEHmseHfpnmr0sgsECxkC0WkaA9rE0PccwmckzCfhelObjL9WJvqwBuWa6GVZ095WKXqXOks9yGYYqrw_jlBMAaeLqOVDyYe/w640-h364/Obiku.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Pro Shots/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Havia referências importantes em todos os setores, começando pelo gol,
defendido pelo gigante <b>Ed de Goey</b>, de 1,98m. Com passagem pelas equipes de
base da seleção holandesa, chegara ao clube em 1990, proveniente do rival
local, Sparta Rotterdam. No período, seria uma das escolhas habituais da
seleção principal, disputando as Copas do Mundo de 1994 e 98, além das
Eurocopas de 1996 e 2000.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na zaga, atuava o veteraníssimo <b>John Metgod</b>. <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/05/az-alkmaar-1978-82.html" target="_blank">O beque vencera a Eredivisie pelo AZ Alkmaar no começo dos anos 1980</a>, acumulava experiências internacionais,
representando Real Madrid, Nottingham Forest e Tottenham, e dava seus últimos
chutes. Enquanto isso, quem equilibrava o meio-campo era <b>Peter Bosz</b>, volante
contratado na temporada anterior.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os grandes talentos da equipe atuavam no setor ofensivo. Formado no Ajax e
lançado por Cruyff, <b>Rob Witschge era jogador da seleção e o principal criativo
do time</b>. Seria difícil imaginar um talento como o dele trocando um rival pelo
outro diretamente. De fato, não aconteceu. Witschge foi contratado em 1990,
junto ao Saint-Étienne, depois de uma passagem rápida pelos <i>Verts</i>.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6nCfAQwgb88qYi3A9ATSeXwNOSb5BXjuui7BQ1ffnmbND-d56z10PYFzoKeOXFbVIsUI6hLxJMLJIP0hVaq_2IxUeaoxIGdoAWXXosvwY88OLDDkBowlI2fGRL4xCvoEAXOw1w8zCVyTJcfZtPxicBPvkvT7SdCA5Mbp5tqyD02vKcrg0HilPzBwPVs1w/s1125/Taument_Blinker.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Taument Blinker Feyenoord" border="0" data-original-height="757" data-original-width="1125" height="430" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6nCfAQwgb88qYi3A9ATSeXwNOSb5BXjuui7BQ1ffnmbND-d56z10PYFzoKeOXFbVIsUI6hLxJMLJIP0hVaq_2IxUeaoxIGdoAWXXosvwY88OLDDkBowlI2fGRL4xCvoEAXOw1w8zCVyTJcfZtPxicBPvkvT7SdCA5Mbp5tqyD02vKcrg0HilPzBwPVs1w/w640-h430/Taument_Blinker.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Pro Shots/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os outros nomes entusiasmantes da equipe eram <b>Gaston Taument</b>, ponta do lado
direito, e <b>Regi Blinker</b>, dono do flanco canhoto. Também convocados
frequentemente à época, eram ambos cria da casa e tinham excelente relação
pessoal, compartilhando a origem surinamesa. Um tinha 22 anos, o outro 23;
viviam a melhor forma de suas carreiras, embora isso ainda não fosse evidente.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Havia uns oito garotos surinameses no grupo, bastante. Éramos espertos o
suficiente para não dominar o vestiário. Falávamos surinamês entre nós, mas
conversávamos com os holandeses também [...] aos poucos, gírias passaram a
ser comuns. Era possível ouvir Ed de Goey ou John Metgod falando suas
primeiras palavras em surinamês. Nosso treinador, Willem van Hanegem era
apelidado De Kromme. Conosco, era chamado de Kron Futu, surinamês para pés
ou pernas tortos”, contou Blinker, ao
<a href="https://www.volkskrant.nl/cultuur-media/regi-blinker-niemand-keek-naar-huidskleur-het-enige-dat-we-belangrijk-vonden-kan-hij-voetballen~b5e1bd61/?referrer=https://www.google.com/"><i>Volkskrant</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Além de resolverem muitas coisas sozinhos, os garotos alimentavam bem o
centroavante húngaro <b>József Kiprich</b>, o homem-gol da equipe. A equipe tinha
muito valor, é verdade. Só não contava com um Bergkamp ou Romário.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Um início agridoce</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A temporada holandesa de 1992-93 começou com sabor amargo para o Feyenoord. Na
decisão da Supercopa, enfrentou o PSV, treinado pelo jovem Hans Westerhof, e
perdeu. Não foi de Romário o tento solitário da decisão. Este coube a Erwin
Koeman, que retornara à Holanda depois de um <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/05/mechelen-recopa-1980s-90s.html" target="_blank">período vitorioso nos belgas do Mechelen</a>. Apesar disso, o <i>Stadionclub </i>não baixou os braços. Quatro dias
depois, na <b>estreia da Eredivisie</b>, visitou o Twente, que alinhava Ronald De
Boer, e mostrou o que valia: <b>5 a 0</b>. Os gols foram marcados por Taument, duas
vezes, Kiprich, Bosz e Blinker.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/RM0MOShj8ss"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O triunfo em Enschede deu início a uma sequência de <b>11 partidas de
invencibilidade</b>, com sete vitórias e quatro empates (um deles diante do PSV).
Foi justamente o excesso de igualdades que deu um caráter de urgência ao
confronto da 12ª rodada. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O Feyenoord entrou em campo na segunda posição, dois
pontos atrás do PSV e dois à frente do próprio Ajax, que visitava Roterdã. Na
hora da verdade, o time de Van Hanegem sucumbiu. Edgar Davids, Stefan
Pettersson e Marc Overmars marcaram os tentos do triunfo dos
<i>Godenzonen</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era o início de novembro e, paralelamente, meio aos trancos e barrancos,
perdendo fora e vencendo em casa, o Feyenoord também superava as primeiras
fases da Recopa Europeia, eliminando, em sequência, os israelenses do Hapoel
Petah Tikva e os suíços do FC Luzern. Na Copa da Holanda, as coisas corriam
bem, obrigado. Os roterdameses eliminaram o Go Ahead Eagles com um sonoro 7 a
0.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/pG-6B5qgG_I"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A resposta à derrota no dérbi foi positiva, <b>triunfo maiúsculo diante do Den
Bosch, 5 a 1</b>. O problema é que a alegria durou pouco. Já na rodada seguinte, o
MVV Maastricht conseguiu uma virada impressionante, em pleno De Kuip, 4 a 3.
Logo depois, o empate com o Vitesse, 2 a 2, não parecia nada bom, mas o time
acordou. Foram mais 14 rodadas de invencibilidade (10 vitórias e 4 empates). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b> Ao final da sequência, o Feyenoord liderava a Eredivisie.
</b></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
O mais importante é vencer o campeonato do restante
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um incômodo persistia. <b>O <i>Stadionclub</i> não vencia seus rivais</b>. Durante o racha
positivo, voltou a enfrentar o PSV e conseguiu um empate suadíssimo, 1 a 1.
Romário abrira o marcador para os homens de Eindhoven, na ocasião visitantes,
bem no início da disputa. Aos 45 do segundo tempo, literalmente, o
meio-campista <b>Dean Gorré</b> resgatou a equipe de Roterdã.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>
A sequência positiva do Feyenoord acabou contra o Ajax</b>, que se impôs outra
vez. Em Amsterdã, Ronald De Boer, de retorno, Marciano Vink, Wim Jonk, duas
vezes, e Pettersson marcaram para os <i>ajacied</i>; Blinker e Obiku descontaram. O 5
a 2 não foi desmoralizante apenas no placar, <b>permitiu que o PSV voltasse à
liderança</b> do campeonato, quando o Feyenoord já não estava vivo nem na Recopa,
eliminado pelos moscovitas do Spartak, nem na Copa da Holanda, massacrado
outra vez pelo Ajax, 5 a 0 — com <i>hat-trick</i> de Davids.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/GxL3Z_wRZL8"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em meio a um cenário de desolação, contudo, <b>o Feyenoord teve forças para se
reerguer</b>. Quem pagou o pato, de novo, foi o Den Bosch, goleado: 5 a 0. A
inflamada torcida do Time do Povo não voltou a experimentar o dissabor da
derrota. <b>Na penúltima rodada, Taument, John de Wolf e Obiku garantiram um
triunfo diante do Willem II</b>. Concomitantemente, o Vitesse bateu o PSV. Na hora
da verdade, o Feyenoord recuperou seu lugar na ponta da tabela.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dado como perdido várias vezes, frustrado pela incapacidade de o <i>Stadionclub
</i> vencer seus rivais, o título foi confirmado com pompa e circunstância. <b>Os
homens liderados por Willy Van Hanegem viajaram a Groningen e voltaram de lá
com um glorioso 5 a 0</b>. Eram os campeões, mesmo sem contar com grandes craques.
Bergkamp foi o artilheiro, com 26 gols, Romário o vice, com 22. Kiprich foi o
melhor marcador do Feyenoord, com 18, mas ficou com o prêmio mais importante.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/k_4Wcr6YTNw"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“A aceitação foi uma razão importante para justificar nosso título. Ninguém
olhava para a cor da pele. A única coisa que pensávamos que era importante
era: ‘Ele sabe jogar futebol? Ok, então podemos tê-lo aqui e jogar juntos”,
acrescentou Blinker.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Van Hanegem extraiu o melhor de um elenco que era, a olhos vistos,
inferior aos de Ajax e PSV. O problema é que <b>não houve continuidade</b>. A
direção do Feyenoord até foi generosa com o treinador, contratando o sueco
Henrik Larsson e segurando os principais jogadores do time. Bastou apenas para
a conquista de duas Copas da Holanda, não para renovar o título nacional. Este
voltaria ao De Kuip apenas em 1998-99. Um ponto, entretanto, fora provado: um
gigante, mesmo em dificuldades, nunca pode ser subestimado.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-441204329606303182024-02-23T10:30:00.013-03:002024-02-23T11:58:09.594-03:00Karl Rappan e a origem do ferrolho suíço no final dos anos 1930<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">A</span> Suíça é um país peculiar.
Politicamente neutro, economicamente descomplicado, lembrado por seus
relógios, canivetes, chocolates e, é claro, pelos Alpes, desenvolveu aura
própria. No campo dos esportes, entretanto, o mais famoso deles nem sempre
foi suficientemente popular em solo helvético. Ao perceber certa inaptidão
dos nacionais suíços para a prática do futebol, o austríaco Karl Rappan
tomou uma decisão que mudaria os rumos da prática, tanto para o país quanto
para o resto do planeta. Aqueles eram os anos 1930.<span><a name='more'></a></span></b>
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPLhpLOP3H03AleNpGMOJWsr8N6ZdBTcVYMchg6ptEjhlf6sfi-f7M9tEL_Peq7iwPhiG5wYGQ-1qGKOSmQA0g_bZ85x7J1WSCu4AFX-iGrYkxLMVGppaO37TFNgl4HydbP9AvT9CsyUaYF6MTVyc1bJ_BENwlyCriTqFDaD4YNbvZ53eqCvHOy1U7IdpH/s713/Karl_Rappan.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Karl Rappan Switzerland" border="0" data-original-height="505" data-original-width="713" height="454" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPLhpLOP3H03AleNpGMOJWsr8N6ZdBTcVYMchg6ptEjhlf6sfi-f7M9tEL_Peq7iwPhiG5wYGQ-1qGKOSmQA0g_bZ85x7J1WSCu4AFX-iGrYkxLMVGppaO37TFNgl4HydbP9AvT9CsyUaYF6MTVyc1bJ_BENwlyCriTqFDaD4YNbvZ53eqCvHOy1U7IdpH/w640-h454/Karl_Rappan.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Toby Cudworth/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Uma mente brilhante</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>
Karl Rappan</b>, a mente por trás dessa revolução, foi jogador de futebol e
terminou sua trajetória dentro das quatro linhas representando as cores do
<b>Servette</b>, em Genebra. Seu último porto enquanto futebolista determinou os
caminhos de sua carreira como treinador. Depois de servir como
jogador-treinador no próprio Servette, passou pelo <b>Grasshoppers </b>e,
concomitantemente, assumiu o comando da <b>seleção suíça</b>, a partir de <b>1937</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No currículo de jogador, o vienense Rappan levava títulos nacionais tanto em
seu país quanto na própria Suíça; conhecia os caminhos da vitória, também por
ter representado sua seleção.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Diferentemente de sua <b>Áustria</b>, que vivera a dor e a delícia com seu
<i>Wunderteam </i>— contando como uma estrela como a do Homem de Papel,
Matthias Sindelar —, na Suíça não se encontrava gente de refino técnico, <b>além
de não haver jogadores profissionais</b>. Os atletas assim se distinguiam apenas
em parte do tempo, dedicando o restante do dia às profissões convencionais.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsZWtENDly8YARMFUGnHrB-yVIgoSdV3jKdraHR9u8tBZUu8h2gIcEKRyYSW6ANnA4MTTv_qfXYeLEr191fUsbG7lfc8yDrL4kvxYp3GopMj0BgqED_VxlKh4IFCkPs2YulbVs9xQZ4fd-ThRRIzm7g4-Y2TdYoHY8kHsaE-i0YpFnhgj7eKyqIlXZisjt/s1038/Karl_Rappan_1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Karl Rappan" border="0" data-original-height="1038" data-original-width="976" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsZWtENDly8YARMFUGnHrB-yVIgoSdV3jKdraHR9u8tBZUu8h2gIcEKRyYSW6ANnA4MTTv_qfXYeLEr191fUsbG7lfc8yDrL4kvxYp3GopMj0BgqED_VxlKh4IFCkPs2YulbVs9xQZ4fd-ThRRIzm7g4-Y2TdYoHY8kHsaE-i0YpFnhgj7eKyqIlXZisjt/w602-h640/Karl_Rappan_1.jpg" width="602" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">Com esse quadro desenhado, Rappan só tinha uma certeza: antes de mais nada,
precisaria pensar suas equipes de forma que elas não se assemelhassem a outra
das marcas suíças, o esburacado queijo. Em tempos românticos, lembrados pela
genialidade de gente como o bicampeão mundial Giuseppe Meazza, trabalhar a
<b>negação de espaços</b> e a <b>marcação</b>, como princípio, era uma novidade inóspita.
Talvez até mesmo insensata, sob acusações de que feriria o espírito do jogo ou
seria a tática dos maus praticantes. Porém, era necessário garantir que o time
suíço fosse competitivo.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
À revista <i>World Soccer</i>, em trecho reproduzido por Jonathan Wilson no
livro
<i><a href="https://editoragrandearea.com.br/a-piramide-invertida" target="_blank">A Pirâmide Invertida</a></i>, Rappan afirmou que <b>“o Suíço não é um futebolista natural, mas é sério a
fazer as coisas”</b>. Onde não havia talento, criatividade e aptidão pura e
simples para o jogo, existia dedicação e disciplina.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Surge o ferrolho</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A criação de Rappan ficou conhecida como <i><b>verrou </b></i>(do francês “trancar”),
nome atribuído por um jornalista suíço. Por obra da mente do austríaco, nasceu
a primeira versão de uma <b>defesa composta por quatro jogadores</b>, algo impensável
em tempos de supremacia do esquema tático 2–3–5, ou do famigerado WM,
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/08/arsenal-herbert-chapman.html">proposto por Herbert Chapman no Arsenal</a>. Se não podia competir na técnica, a Suíça o faria gerando superioridade
numérica na defesa e barrando a iniciativa de seus adversários. Cada um usa as
armas que tem.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra dificuldade inegável com que o austríaco tinha de lidar era o <b>déficit
físico</b> existente entre seus atletas, trabalhadores comuns na maior parte do
tempo, e jogadores que se dedicavam integralmente ao futebol — ou que ao menos
não tinham outra ocupação profissional.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Karl também reconheceria sua ideia no inglês <i><b>bolt</b></i>. Todavia, má tradução
poderia causar confusão aqui. Não se tratava de um raio, mas de um ferrolho.
Mais tarde, sua evolução apresentaria uma configuração com dois laterais, um
defensor perseguidor e um na sobra, o líbero; algo que seria fácil e
sofisticadamente identificado no
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2017/06/times-gostamos-internazionale-1963-1965.html" target="_blank">trabalho de <b>Helenio Herrera</b> à frente da Internazionale</a>, ou <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/03/nereo-rocco-catenaccio-milan.html" target="_blank">no de <b>Nereo Rocco</b> pelo Milan</a>, e ganharia um nome eterno: <i><b>catenaccio</b></i>.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYUjUwn-oKX_QNQpl6kpggWVySZIRq9qpPcycW4Fp0gjDUAP8cqpaJ-FKWN_UC6c5qONJmEfq9Mbts7Y_AuXphfa8BYVG5Q6CQhtHhpBDhorJ5zMvdiGsumACP96IEyL7yo1E8WVYOcj2W1WuXWTMNvVQfEPrjDtXIaQig_DVteF5IhTKWSzUvVrBAzaz-/s1162/Switzerland_Germany_1938.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Switzerland Germany 1938" border="0" data-original-height="766" data-original-width="1162" height="422" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYUjUwn-oKX_QNQpl6kpggWVySZIRq9qpPcycW4Fp0gjDUAP8cqpaJ-FKWN_UC6c5qONJmEfq9Mbts7Y_AuXphfa8BYVG5Q6CQhtHhpBDhorJ5zMvdiGsumACP96IEyL7yo1E8WVYOcj2W1WuXWTMNvVQfEPrjDtXIaQig_DVteF5IhTKWSzUvVrBAzaz-/w640-h422/Switzerland_Germany_1938.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A ideia por trás daquela disposição tática era clara e buscava, tão somente,
minorar os defeitos decorrentes das flagrantes deficiências dos jogadores
suíços.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Pode-se escolher um time de acordo com dois pontos de vista. Ou você tem
onze indivíduos que, com classe e habilidade natural são capazes de vencer
seus oponentes — o Brasil seria um exemplo — ou você tem onze jogadores
medianos, que precisam estar integrados numa concepção particular, um plano
de jogo”, prosseguiu o comandante.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na prática, <b>o trabalho de Rappan decorreu do 2-3-5</b>. Diferentemente da escolha
de Chapman, que recuou seu <i>center-half</i> e abriu os dois zagueiros, compondo um
3-2-2-3, Rappan manteve seu médio onde estava. No entanto, <b>recuou seus
pontas-médios</b>, dando-lhes atribuições similares às dos laterais modernos e
mudando o posicionamento dos zagueiros, dando a um funções de combate e ao
outro, de cobertura. Este ficou conhecido como <i><b>verrouller</b></i>, para muitos
a versão incipiente do líbero. A força do meio-campo era preservada e a defesa
ficava mais forte.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para evitar o problema típico das equipes que optam por ter um jogador na
sobra defensiva — deixar um atleta rival mais livre, uma questão meramente
aritmética — Rappan também exigia que seus atletas se posicionassem <b>muito
recuados, com linhas próximas</b>. Assim era difícil criar chances, mas o
adversário também não oferecia tanto perigo. Era preciso, contudo, testar a
nova fórmula.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Preparativos para Copa do Mundo de 1938</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era consensual o entendimento de que a Suíça era uma equipe fraca. Na Copa do
Mundo de 1934, sua primeira, eliminou a igualmente insuficiente Holanda (<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/09/vic-buckingham-ajax-barcelona-futebol-total.html">que só cresceria a partir do final dos anos 1950</a>), antes de cair para a forte Tchecoslováquia, futura vice-campeã e que
apostava muitas fichas em Oldřich Nejedlý, artilheiro da competição, com 5
gols. Em si, o resultado não dizia nada que já não fosse esperado.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para o certame de 1938, <b>a Suíça se classificou vencendo apenas uma partida,
diante de Portugal</b>. Era o primeiro feito significativo de Rappan no comando do
selecionado helvético, isso porque o escrete lusitano era orientado pelo
icônico <b>Cândido de Oliveira</b> e levava, no ataque, a estrela de <b><a href="https://www.ofutebologo.com.br/2023/01/cinco-violinos-sporting-cp.html" target="_blank">Fernando Peyroteo</a></b>, um dos maiores atletas portugueses de todos os tempos. No jogo
sediado em Milão, os suíços resolveram tudo no primeiro tempo, com gols de
<b>Georges Aeby</b> e <b>Lauro Amadò</b>. Peyroteo descontou.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaohInNV_aay8FIhqTXAm0XrKxFTzoZNFOBpIat8T6WoUWgYvVO323AuH2SfEAfuLXPS-BP1KRQ6hkuqbV-cUF9qpndm__O3HoD3pJ5-JltFSWSNXZE135_j4xhxDUnau2m_3IqnxFTJjTm0Z-sxfoCoyzivAeaLprZE7MXHj9tMSNRHtpoAdqLK8k_3ZQ/s1114/Switzerland_Portugal_1938.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Switzerland Portugal 1938" border="0" data-original-height="714" data-original-width="1114" height="410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaohInNV_aay8FIhqTXAm0XrKxFTzoZNFOBpIat8T6WoUWgYvVO323AuH2SfEAfuLXPS-BP1KRQ6hkuqbV-cUF9qpndm__O3HoD3pJ5-JltFSWSNXZE135_j4xhxDUnau2m_3IqnxFTJjTm0Z-sxfoCoyzivAeaLprZE7MXHj9tMSNRHtpoAdqLK8k_3ZQ/w640-h410/Switzerland_Portugal_1938.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
20 dias mais tarde, a situação começou a ficar mais interessante.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“A Inglaterra foi derrotada pela seleção semiprofissional da Suíça por dois
gols a um aqui hoje. Não houve dúvidas sobre o mérito da vitória suíça; sua
vitória foi bem merecida. A Inglaterra jogou mal, coletiva e
individualmente, e não foi tão boa quanto contra a Alemanha. A Suíça, por
outro lado, jogou bem em equipe e seus atacantes sempre incomodaram a defesa
inglesa”,
<a href="http://www.englandfootballonline.com/Seas1900-39/1937-38/M0217Sui1938.html">narrou o <i>The Times</i> do dia 23 de maio</a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
À época, a Inglaterra se auto intitulava país do futebol, negava-se a se
filiar à FIFA e, portanto, não disputava os Mundiais. Por isso, sempre que os
ingleses eram batidos, as pessoas paravam para prestar atenção. A partida de
Zurique ficou eternizada como um dos grandes momentos da história da seleção
suíça.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Faltavam duas semanas para o início da Copa do Mundo. Na partida de abertura,
os helvéticos enfrentarim a Alemanha Nazista, que incorporara a Áustria. Até
então, <b>o triunfo germânico era dado como favas contadas</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">A Suíça não é tão inofensiva assim</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>
“Mesmo depois de duas prorrogações, a partida entre a Allemanha e a Suissa
terminou empatada por 1 a 1”</b>, anunciou a<i> Folha da Manhã</i> do dia 05 de
junho de 1938. Mesmo com reforços tomados à força da Áustria, os atacantes
Hans Pesser e Wilhelm Hahnemann, o defensor Willibald Schamus, o goleiro
Rudolf Raftl e o capitão Hans Mock, alguns dos quais disputaram o Mundial de
1934 pelo <i>Wunderteam</i>, <b>a Alemanha não foi páreo para a estratégia helvética</b>, no
Parc des Princes. Depois da prorrogação, foi necessário marcar um replay.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkgDQe6FdLvPeTnXAmCJD5tss25Acej_MimsOUDmA9LjftmTeR0yDJsU44F6OllFaaAPX8S5wr7bp2Xawf_M1KtnpEOj0HNtOByr2NpAYssA6LuEoFIHOtx1XcVW964ivLaxASyp0IsBV-nI9ruCx4owuR3qHdLioFg5M0m1AqGzzNQXEZVgRHrY3GKMHU/s512/Su%C3%AD%C3%A7a-Alemanha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Folha da Manhã Alemanha Suíça 1938" border="0" data-original-height="512" data-original-width="319" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkgDQe6FdLvPeTnXAmCJD5tss25Acej_MimsOUDmA9LjftmTeR0yDJsU44F6OllFaaAPX8S5wr7bp2Xawf_M1KtnpEOj0HNtOByr2NpAYssA6LuEoFIHOtx1XcVW964ivLaxASyp0IsBV-nI9ruCx4owuR3qHdLioFg5M0m1AqGzzNQXEZVgRHrY3GKMHU/w398-h640/Su%C3%AD%C3%A7a-Alemanha.jpg" width="398" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo: Folha</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quatro dias depois, outra vez na famosa casa parisiense, os países se reencontraram. <b>“Depois de estar perdendo por dois a zero a Suissa derrota a
Allemanha por quatro a dois”</b>, voltou a anunciar a <i>Folha da Manhã</i>. No
final do primeiro tempo, com a contagem de 2 a 1 favorecendo o quadro
germânico, parecia o fim para os homens de Rappan, depois de Aeby se machucar
em choque com um defensor rival e ser retirado de campo — ainda não eram
permitidas alterações.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na etapa final, sai o empate e Aeby volta ao campo, com dores mas disposto a
ajudar seu país. É dele a assistência para o gol da virada helvética. O placar
ainda seria ampliado, diante de 35 mil espectadores. “<b>Depois do ‘match’ muitos
technicos externaram a opinião de que a Suissa será capaz de desfazer as
pretensões que a Hungria tem na Taça do Mundo”</b>, completou a reportagem.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/d16NaAzqKek"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No dia 12, agora em Lille, <b>Suíça e Hungria</b> se enfrentaram. Os magiares
chegavam dispostos a fazer barulho, depois de caírem nas quartas de finais
quatro anos antes, diante do azar que foi enfrentar a Áustria. Ídolo do
Ferencvaros e que mais tarde treinaria Juventus, Roma e Bologna, o capitão
György Sárosi começou a acabar com o sonho suíço. No apagar das luzes, sairia
o 2 a 0. Fim da linha. Outra vez, a Suíça era eliminada pela futura
vice-campeã.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A eclosão da <b>Segunda Guerra Mundial</b> tornou impossível precisar como aquela
equipe Suíça teria se desenvolvido, mas um time que vence a Inglaterra e
elimina a Alemanha já não podia ser ignorado. Rappan provara que um bom
sistema podia superar a técnica e o talento.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/jBymqTuc4O8"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Rappan influenciou gerações</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Rappan voltaria ao comando da Suíça mais três vezes, entre <b>1942-49</b>, <b>1953-54</b> e
<b>1960-63</b>. Nenhum outro país seria tão influenciado futebolisticamente por seu
ideário quanto a Itália, começando por Giuseppe Viani, idealizador do <i><b>Vianema</b></i>.
Porém, foram os helvéticos os mais beneficiados, não apenas dentro das quatro
linhas. Karl lhes mostrou que podiam competir.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Além de canivetes, chocolates, queijos ou relógios, ou de suas peculiaridades
geográfico-político-econômicas, <b>a Suíça forjou uma escola de futebol</b>,
inspirada mas independente do <i>verrou</i>. Com modernizações e desenvolvimento,
levou a resultados como a vitória marginal, 1 a 0, frente a futura campeã
mundial Espanha, na Copa do Mundo de 2010, ou a eliminação, apenas na
prorrogação, para a Argentina, nas oitavas de finais da edição de 2014 — outro
1 a 0.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/NLbgH5cc6iY"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos dois cenários, o comandante da Suíça era <b>Ottmar Hitzfeld</b>, como Rappan, um
estrangeiro — mas alemão, ainda que nascido em região fronteiriça. As
semelhanças não param aí. Hitzfeld também encerrou a carreira de atleta em
solo helvético, começando a trajetória de treinador lá.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seu maior êxito nos bancos acabaria sendo o <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/10/times-que-gostamos-borussia-dortmund.html" target="_blank">título da Liga dos Campeões de 1996-97, no comando do Borussia Dortmund</a>, ainda que tenha repetido o feito
pelo Bayern. Na oportunidade, os aurinegros venceram uma equipe da Juventus
recheada de estrelas, como Zinedine Zidane, Alessandro Del Piero e Christian
Vieri. Depois de ser superado, seu contraparte, Marcello Lippi, o parabenizou
pela <b>“perfeita organização”</b> de sua equipe. Soa familiar?</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1AEHMNK5dNqdv3Fuv2444petFlHsFB9hwjBm0OOEIpDj6NL2DsyNbHCar449BhvViLXzFTPwkbgObyJ7nbCkWuuDmCJUYwdsoYg4qKwaWmtyaIVz_87FxPgTmxAJUHpxFlv0jNwds0ZcNFzf-G8vno2qR1LqSgij4j_vtZtCoq0Ku_2DAIshZffZnbgJM/s1222/Hitzfeld-Switzerland.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Ottmar Hitzfeld Switzerland" border="0" data-original-height="697" data-original-width="1222" height="366" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1AEHMNK5dNqdv3Fuv2444petFlHsFB9hwjBm0OOEIpDj6NL2DsyNbHCar449BhvViLXzFTPwkbgObyJ7nbCkWuuDmCJUYwdsoYg4qKwaWmtyaIVz_87FxPgTmxAJUHpxFlv0jNwds0ZcNFzf-G8vno2qR1LqSgij4j_vtZtCoq0Ku_2DAIshZffZnbgJM/w640-h366/Hitzfeld-Switzerland.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Sky Sports/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">Como relatado pelo
<a href="https://www.theguardian.com/football/2010/jun/20/world-cup-2010-switzerland-ottmar-hitzfeld"><i>Guardian</i></a>, seria uma simplificação, até um erro, posicionar Hitzfeld como um discípulo
do <i>catenaccio</i>, que bebeu da fonte de Rappan. Ainda assim, a publicação
o descreve como “um pragmático, um treinador sem ideologias, que calcula as
forças e fraquezas de seus jogadores e, então, apresenta a fórmula que melhor
funciona”. <b>Rappan criou mais do que um sistema de jogo, incutiu um jeito de
pensar.</b></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A diversidade étnica que passou a caracterizar a seleção suíça, sobretudo a
partir dos anos 2000, diminuiu a necessidade de opção por táticas tão rígidas,
mas não matou a essência do jogo tramado por Karl Rappan, oitenta anos atrás.
O mestre da competitividade morreu em 1996, aos 90 anos, mas seus feitos
reverberam. Seu ferrolho nasceu na década de 30 e, adaptações à parte, marcou
indelevelmente a história do futebol.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-69152782519592739322024-02-16T10:30:00.092-03:002024-02-16T10:30:00.125-03:00FA Cup de 1973 apresentou o Sunderland do impossível<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">N</span>a maioria dos anos, o Sunderland
foi um time da primeira divisão inglesa. Os <i>Black Cats</i> se tornaram
poderosos no nordeste da Inglaterra — mais especificamente em Tyne and Wear.
Antes mesmo do descortinar do século XX, o time já era campeão nacional, o
que aconteceria mais algumas vezes. Contudo, no final da década de 1950,
conheceu as agruras da segundona. Em 1973, a chance de vencer a competição
mais antiga da história era um delírio.<span><a name='more'></a></span></b>
</div>
<br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtnzBu8SzUF6W0LURwQ3LY7I_7JopWliUJWLWdKKOmrKgEU13pDdCoU8AWIRI9RPNfmdMgEz-Nw8C1QCD7qaM4P5V4HfnxuoWIC-h-s4JRwhjy56LI46OtmG-WPd_a92JaDJROE0XyEhKvKuTOyQt9jtIXIKySRQMDvEYJTAZSmvBlSp8KoLzk-PN-Fu_j/s1222/Sunderland_1973.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Sunderland FA Cup 1973" border="0" data-original-height="697" data-original-width="1222" height="366" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtnzBu8SzUF6W0LURwQ3LY7I_7JopWliUJWLWdKKOmrKgEU13pDdCoU8AWIRI9RPNfmdMgEz-Nw8C1QCD7qaM4P5V4HfnxuoWIC-h-s4JRwhjy56LI46OtmG-WPd_a92JaDJROE0XyEhKvKuTOyQt9jtIXIKySRQMDvEYJTAZSmvBlSp8KoLzk-PN-Fu_j/w640-h366/Sunderland_1973.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Sunderland/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Quando venceremos outra vez?</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os anos 1930 foram marcados por glórias para os torcedores do Sunderland. Em
<b>1935-36</b>, o alvirrubro não teve grande oposição para <b>vencer o Campeonato
Inglês</b>. Triunfando em 25 de 42 partidas, somou oito pontos a mais do que o
vice, Derby County (quando os triunfos ainda conferiam somente dois). Era a
consagração do trabalho do treinador escocês <b>Johnny Cochrane</b>, no clube desde
1928.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A missão do comandante seria completada no ano seguinte. No dia 1º de maio de
1937, os homens de Tyne and Wear subiram ao gramado do estádio Wembley para
buscar o até então <b>inédito título da FA Cup</b>. Do outro lado da disputa estava o
<b>Preston North End</b>, que conhecia o caminho da vitória, alcançada pela primeira
vez em 1888-89. O rival inclusive largou na frente. Porém, <b>Bobby Gurney</b>, mais
tarde o maior artilheiro da história vermelha e branca com 228 gols, empatou.
O capitão <b>Raich Carter</b> virou e o ponta esquerda <b>Eddie Burbanks</b> confirmou o
triunfo, 3 a 1.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi uma demonstração de superação típica de grandes times. “Quando chega o
empate, ele nos pega de surpresa”, escreveu o
<a href="https://www.sunderlandecho.com/news/remembering-sunderlands-1937-fa-cup-final-win-368765"><i>Sunderland Echo</i></a>, repercutindo o triunfo. O Preston jogava melhor e foi à luta; pareceu mais
perto do triunfo em vários momentos. No fim, contudo, <b>Carter recebeu a taça
das mãos da rainha Elizabeth</b>, esposa do rei Jorge VI. “A equipe do Preston fez
um canal para Carter subir as escadas do camarote da Família Real”.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/0Ejdi_0H6ZU"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os festejos tomaram as ruas de Londres e, como esperado, as de Sunderland.
Mais de 30 mil pessoas receberam seus heróis, que se dirigiram em um primeiro
momento ao <b>estádio de Roker Park</b>, construído em 1898. “Os jogadores
desaparecem de vista para o vestiário. A multidão acompanha já com saudade.
Por mais que torçam e gritem, os jogadores não saem outra vez. Quando os
veremos novamente?”, completou a reportagem.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A pergunta que preencheu as páginas finais do caderno esportivo
<i>Football Echo</i>, impresso em cor-de-rosa, pode ter tido uma intenção
meramente retórica, mas acabou se revelando adequada. Cochrane se tornou o
primeiro treinador a conquistar as copas escocesa e inglesa (o segundo seria
Sir Alex Ferguson) e se aposentou dois anos depois.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Exceto por um par de campanhas melhores, os tempos que sucederam a Segunda
Guerra foram duros para os <i>Black Cats</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Descaminhos levam Bob Stokoe a Roker Park</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1961, o Sunderland andava na segunda divisão inglesa e buscava um
artilheiro. O <b>treinador Alan Brown</b> foi ao porto de Southampton buscar seu
homem-gol. Ele retornava de uma viagem romântica com a esposa e trazia escrita
na sua história uma marca impressionante no comando do ataque do
Middlesbrough: 204 gols, em 222 jogos. Mesmo na divisão de acesso, conseguiu
ser convocado a representar a Inglaterra. <b>Seu nome? Brian Clough.
</b></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Brown não foi apenas meu treinador, foi meu mentor. Ele não sabia disso na
época, é claro, mas estava me ensinando a forma correta de realizar uma tarefa
que se apresentaria muito mais rapidamente do que qualquer um imaginaria”,
falou Clough, em sua autobiografia. Alan estava na casamata alvirrubra quando,
em 1962, <b>o Sunderland recebeu o Bury</b>, lutando para ascender à elite. Um choque
com o goleiro rival, Chris Harker, marcaria para sempre a trajetória de
Clough.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Zagueiro do adversário, <b>Bob Stokoe não parava de ordenar que o atacante do
alvirrubro se levantasse</b>, como se estivesse fazendo cera depois da colisão.
Contudo, Clough batera a cabeça no gramado. Sangue escorria pela face suja de
barro, mas era o joelho que realmente dizia que algo estava errado; mais
especificamente o ligamento cruzado. Ele tinha 28 gols, em 28 partidas. Faria
apenas outros 3 jogos pelos <i>Black Cats</i>, mais de um ano depois do
incidente. Parou aos 29 anos e começou a carreira icônica como treinador.<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVJKJH6mOqmxEbA5RYtsDSQJmAEY4MIc44x9MVLoENITWNSNYWmzMjotFObygWZ1BxRxXlSHylZtTMQDVIihHO1Hj5j0b6wpW-lf082ICp4jU4g2x-HDUh8hr289O1wbyVEOaxPs8qyaSocmcOJ9yR4GfGOVSUE8sxKO0_qVHxr7jshNGGO6EMMmBYiA9g/s1100/CloughTestimonial.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Clough Testimonial Sunderland" border="0" data-original-height="1100" data-original-width="732" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVJKJH6mOqmxEbA5RYtsDSQJmAEY4MIc44x9MVLoENITWNSNYWmzMjotFObygWZ1BxRxXlSHylZtTMQDVIihHO1Hj5j0b6wpW-lf082ICp4jU4g2x-HDUh8hr289O1wbyVEOaxPs8qyaSocmcOJ9yR4GfGOVSUE8sxKO0_qVHxr7jshNGGO6EMMmBYiA9g/w426-h640/CloughTestimonial.jpg" width="426" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Sunderland</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;"><b>Brown ainda liderou o Sunderland por um bom tempo, até novembro de 1972</b>,
navegando em meio ao mar calmo e a tormenta, com o acesso em 1963-64 e um novo
descenso seis temporadas depois.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Paralelamente aos acontecimentos de Roker Park, um velho conhecido do
alvirrubro se desenvolvia como treinador.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O homem que duvidou da dor de Clough era não apenas um defensor, mas já
naquela época exercia concomitantemente as funções de treinador. Tinha tudo
para se tornar <i>persona non grata</i> em Sunderland, especialmente por ter
se criado
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/09/newcastle-x-sunderland-o-derby-de-tiny.html" target="_blank">no rival Newcastle</a>. Porém, em um desses movimentos futebolísticos que mudam o curso da
história, <b>Stokoe substituiu Brown</b>.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuyW79pITDSG1gpss6EIWKHORwuBCw-sPacYyOlxDv_4RBPq3HvilhRz-hNcAh2jrCbnxsVbG0dBEeTEDYo34nY9r4iIgmriqVKqViQIjpyWAwFL-2nwL1SC0ma_wEJEh29UOYzCIqpEP_iqe1rnh63x85-S2fi6Fl0SLsD4_PE07myKd4hZD8hyphenhyphenPYahrm/s1222/Bob_Stokoe_Sunderland.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Bob Stokoe Sunderland" border="0" data-original-height="868" data-original-width="1222" height="454" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuyW79pITDSG1gpss6EIWKHORwuBCw-sPacYyOlxDv_4RBPq3HvilhRz-hNcAh2jrCbnxsVbG0dBEeTEDYo34nY9r4iIgmriqVKqViQIjpyWAwFL-2nwL1SC0ma_wEJEh29UOYzCIqpEP_iqe1rnh63x85-S2fi6Fl0SLsD4_PE07myKd4hZD8hyphenhyphenPYahrm/w640-h454/Bob_Stokoe_Sunderland.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Evening Standard/Getty Images/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Arrumando a casa</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A decisão bilateral pela saída de Brown aconteceu após empate diante do Fulham
e, sob a liderança do interino Billy Elliott, as coisas iam mal. Foram duas
derrotas e dois empates. <b>A principal missão de Stokoe era evitar o
rebaixamento</b>. Ao todo, haviam sido disputadas 18 partidas e o time
vencera somente quatro delas; também não estava mais vivo na disputa da Copa
da Liga Inglesa, eliminado pelo Stoke City.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A estreia do novo treinador não foi propriamente animadora — Burnley 1,
Sunderland 0. O pão não podia continuar caindo com a manteiga virada para
baixo. Não continuou.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O quadro de Tyne and Wear logo embalou uma sequência de oito jogos sem perder
(4V e 4E). Paralelamente, <b>começou sua corrida na FA Cup</b>. O primeiro adversário
parecia acessível. O <b>Notts County</b> estava na terceira divisão, mas, como se
sabe, as lógicas são frágeis quando vinte e dois jogadores lutam para colocar
uma bola no fundo de uma baliza. Foi necessário um replay para os
<i>Black Cats</i> avançarem. </div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP9AP1Uu5GakG9ClHcg67dsBxWHBH2l2lqIhsNDk34QxCPw1dwK0yvTbakD9u4R0xn03n7782YkvciBtH937c4mUyL9hPOI0GZM5QJdFwan-9J7WnK-D3_uK_gHZnp78bhr0cXr1gPRl6vMSaOYj7YOOUvqIdvTg3owwkPN-3y4sMVZzIbnC7RLwSy20JL/s615/0_Page2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Evening Chronicle Sunderland Notts County 1973" border="0" data-original-height="506" data-original-width="615" height="526" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP9AP1Uu5GakG9ClHcg67dsBxWHBH2l2lqIhsNDk34QxCPw1dwK0yvTbakD9u4R0xn03n7782YkvciBtH937c4mUyL9hPOI0GZM5QJdFwan-9J7WnK-D3_uK_gHZnp78bhr0cXr1gPRl6vMSaOYj7YOOUvqIdvTg3owwkPN-3y4sMVZzIbnC7RLwSy20JL/w640-h526/0_Page2.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Evening Chronicle</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">“Um triunfo para as táticas de Stokoe”, exibiu o <i>Evening Chronicle</i> do
dia seguinte. O treinador apostou em uma ideia de jogo defensiva e, conforme o
Notts County foi se cansando, o Sunderland cresceu e fez seus dois gols. Com a
vantagem assegurada, Stokoe reforçou ainda mais a defesa com a entrada do
zagueiro<b> Dave Watson</b> e garantiu o placar.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No período, o time conseguiu um recorde impressionante na disputa segunda
divisão. Depois de perder para o Sheffield Wednesday e interromper a excelente
sequência que vinha sendo construída, o alvirrubro jogou mais 14 jogos,
conseguindo nove vitórias, um empate e perdendo só quatro vezes. Assim, <b>fechou
o ano em sexto lugar</b>, a salvo de qualquer perigo e podendo construir um bom
futuro.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aquele homem criado no Newcastle, que viu a sorte do Sunderland escorrer pelos
dedos com a lesão crucial de um goleador dos mais prolíficos da história da
Inglaterra, e dela duvidou, resolvia com muita eficácia os problemas dos
<i>Black Cats</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Replays emocionantes na FA Cup 1973</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O crescimento no campeonato nacional permitiu ao Sunderland dividir seu foco.
Depois de eliminar o Notts County, <b>a equipe encarou o Reading</b>, à época na
quarta divisão. Outra vez, engana-se quem pensou que a diferença de posição na
hierarquia do futebol inglês se refletiria em facilidades para os homens
liderados por Stokoe.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Havia um componente emocional em campo. <b>O técnico adversário era Charlie
Hurley</b>, que defendeu o Sunderland entre 1957 e 69 e seria, dali a seis anos,
no centenário do time, eleito seu jogador do século.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Fomos sorteados para enfrentar o Sunderland em Roker Park e havia uma massa
de torcedores, por todo o campo, gritando ‘Charlie, Charlie’. Foi incrível
para os jogadores do Reading. O respeito que recebi deles. Eles achavam que eu
estava lhes passando um monte de fanfarronice, mas perceber que o que eu
estava dizendo era verdade os emocionou”, comentou o ídolo dos
<i>Black Cats</i>, ao portal
<a href="https://rokerreport.sbnation.com/2017/12/1/16721154/hurleys-memories-of-sunderland-v-reading-1973-there-was-a-mass-of-fans-just-chanting-charlie"><i>Roker Report</i></a>.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/FH2IOXaCVMo"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A partida de ida terminou 1 a 1 e foi necessário outro replay. “O Sunderland
foi a Elm Park na quarta-feira. Tivemos a casa cheia. O Sunderland tinha um
time bom: tinham [o ponta esquerda Dennis] Tueart, o pequeno [meia] Bobby
Kerr, Dave Watson e sabíamos que teríamos muito trabalho pela frente. Jogamos
muito, muito bem durante vinte minutos, mas o Sunderland acabou por vencer por
3 a 1”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O desafio seguinte parecia duro demais, mas nesta altura já se sabe que só
vence quem mostra superioridade no campo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aquele não seria o melhor ano do <b>Manchester City</b> no período, mas
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2023/05/manchester-city-mercer-allison-book.html">os mancunianos vinham de uma sequência de sucessos</a>
e ainda contavam com jogadores da estirpe de Joe Corrigan, Tony Book, Colin
Bell, Mike Summerbee e Francis Lee. Só que o Sunderland esteve em seu melhor
em Maine Road. Os <i>Citizens</i> saíram na frente, tomaram a virada e
empataram na fase final da partida.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“O City não comemorou muito. Penso que sabiam que tinham acabado de se
livrar da cadeia [...] no nosso vestiário, o sentimento não era de
pessimismo, de forma alguma. Não era como se pensássemos que tínhamos dado
tudo a perder. Eu sabia que, se jogássemos daquele jeito no Roker Park,
avançaríamos. Sem medo”, contou Tueart, também ao
<a href="https://rokerreport.sbnation.com/2011/12/5/2603421/sunderland-1973-fa-cup-run-manchester-city"><i>Roker Report</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De fato, o Sunderland entrou no replay com valentia e, com 15 minutos de jogo,
já vencia. O placar final, 3 a 1, evidenciou que, fosse o que fosse, Stokoe
sabia o que estava fazendo.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/Hg3vvCEqh-U"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O confronto seguinte seria decidido em uma partida apenas. O rival foi o
conhecido <b>Luton Town</b>, adversário na segunda divisão, e que, curiosamente,
venceu os dois confrontos do campeonato de pontos corridos. Quando era matar
ou morrer, contudo, deu Sunderland.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
Sonhar com o fim de um jejum de três décadas
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando se chega às semifinais de uma copa, nem o mais mesquinho e cético dos
torcedores, ainda que não admita, deixa de sonhar com uma conquista. <b>Fazia 36
anos desde a última visita do Sunderland a Wembley.</b> Seria, entretanto, preciso
sonhar muito ardentemente, porque o adversário da vez era o <b>Arsenal</b>, que
lutava pelo título inglês contra o Liverpool.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os <i>Gunners </i>tinham uma série de jogadores importantes, como <b>Pat Rice,
Alan Ball, Peter Storey e Ray Kennedy</b>. Talvez a luta pelo campeonato
implicasse em um foco menos intenso na FA Cup, sobretudo porque os londrinos
encararam os <i>Black Cats</i> depois de uma derrota para o Derby County,
coincidentemente treinado por ninguém menos do que Brian Clough. Terá ele, o
ídolo que não permitiram ser, ajudado?
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O embate entre Davi e Golias foi disputado em campo neutro, em Sheffield, no
conhecido <b>Hillsborough</b>. Em sinal de respeito mútuo, os times abriram mão de
seus uniformes principais. O Sunderland entrou em campo de branco; o Arsenal,
de amarelo.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/o0oIF-Sd5H8"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No dia seguinte, a manchete esportiva do <i>Daily Mirror</i> disse, em uma
palavra, tudo o que se precisava entender sobre o confronto. <b>“Messias” foi o
modo como a publicação se referiu ao treinador Bob Stokoe</b>. O noroeste da
Inglaterra teria representação na final; o Sunderland venceu por 2 a 1, diante
de mais de 55 mil pessoas.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de eliminar Norwich, Plymouth Argyle, West Bromwich, Derby County e
Wolverhampton, o <b>Leeds United</b>, último vice-campeão inglês, aguardava o
Sunderland na decisão.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuHZ9hokGsruPhn6VyNEtIuHaOyN4ybK2yamuLQfW1VyDtgi4Ia1AT-TSh4wJCLy4048AAPhdyZUUgKT_nWmq5xyaYL-Gmslo_NWV9vgPxkXWiA8H3lZZMtZ9tQAM6rrOAM5JB7PyupWoBYM5i6kQSUhGs4f_7vZbHEe0idDiGorGkMsaDezgTEmWjEaMH/s763/0_MirrorSF-1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Mirror Sunderland Arsenal 1973 Fa Cup" border="0" data-original-height="763" data-original-width="615" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuHZ9hokGsruPhn6VyNEtIuHaOyN4ybK2yamuLQfW1VyDtgi4Ia1AT-TSh4wJCLy4048AAPhdyZUUgKT_nWmq5xyaYL-Gmslo_NWV9vgPxkXWiA8H3lZZMtZ9tQAM6rrOAM5JB7PyupWoBYM5i6kQSUhGs4f_7vZbHEe0idDiGorGkMsaDezgTEmWjEaMH/s16000/0_MirrorSF-1.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Daily Mirror</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Oficial: Stokoe é um homem do Sunderland</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Stokoe levou o conjunto de Tyne and Wear mais longe do que qualquer um poderia
imaginar, meses antes. Mas,
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2015/07/times-de-que-gostamos-leeds-united-1973.html" target="_blank">o Leeds tinha um timaço, que seria campeão inglês no ano seguinte</a>. O treinador <b>Don Revie</b> apostava suas fichas em jogadores como Norman Hunter,
Paul Madeley, Billy Bremner, Johnny Giles e Allan Clarke, todos internacionais
por seus países.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais de <b>100 mil pessoas</b> foram a Wembley ver mais um enfrentamento entre um
claro favorito e um azarão.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do lado do Sunderland, Stokoe escalava alguns dos maiores ícones da história
do time. Começando pelo goleiro <b>Jimmy Montgomery</b>, que, ao final da carreira,
seria seu recordista de jogos, com 627 aparições. O capitão <b>Kerr</b>, pequenino em
estatura (1,64m), vinha sendo um gigante, enquanto alguns de seus compatriotas
escoceses, como <b>Billy Hughes</b>, ajudavam a dar consistência ao meio-campo. Na
retaguarda, <b>Watson </b>fazia o trabalho sujo e o volante <b>Micky Horswill</b>, de 20
anos, confirmava-se a grande revelação da competição.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O alvirrubro do noroeste estava preparado para fazer história.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/3_vpQlA4zJ8"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>
Ian Porterfield fez a primeira parte do serviço</b>, abrindo o placar no primeiro
tempo. Coube a Montgomery a segunda, com duas defesas estupendas e em
sequência, já na etapa final. “É a imagem que define minha carreira, talvez a
minha vida”, comentou Montgomery ao falar de suas paradas ao
<a href="https://www.dailymail.co.uk/sport/football/article-12048335/Jimmy-Montgomery-talks-save-50th-anniversary-Sunderlands-FA-Cup-triumph.html"><i>Daily Mail</i></a>.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>
Sunderland 1, Leeds 0</b>. O jejum de 36 anos acabara. Era, ainda, a primeira vez,
em 42 temporadas, que um time da segunda divisão vencia a FA Cup. Nêmesis de
Don Revie, Brian Clough deve ter esboçado um sorriso naquele 5 de maio de
1973.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais de meio século depois da partida, Roker Park não existe mais; foi
substituído pelo Stadium of Light. Como um farol, fora da casa nova, está uma
<b>estátua </b>construída com fundos angariados junto à comunidade de Sunderland. Ela
exibe a imagem de um sorridente <b>Bob Stokoe</b>, falecido em 2004. Permanente, a
escultura é uma lembrança da grandeza do Sunderland.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/_RWFa6ohsCI"></iframe></div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-49434645248068777522024-02-09T10:30:00.049-03:002024-02-09T11:09:04.480-03:00Na década de 1980, o Racing Paris tentou comprar o sucesso<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">P</span>assados mais de 160 anos desde a
instituição das regras do futebol, Paris não é uma capital desse esporte.
Mesmo amando-o profundamente, tendo algumas das massas associativas mais
inflamadas do planeta; ainda que sedie o maior vencedor da Ligue 1, o PSG, e
tenha tido outros campeões ao longo da história, a Cidade Luz não se tornou
um dos polos futebolísticos mais importantes. O projeto do PSG sob a direção
de Nasser Al-Khelaïfi tem tentado mudar essa realidade, mas não é a primeira
vez que algo desse tipo acontece. Nos anos 1980, o Racing Paris tentou a sua
sorte.</b>
</div>
<span><a name='more'></a></span>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVowBxNSwkixuXp5l48pqPt2T1kYrunud6D2xCqLIGyHPQPHFUezkaKiPMmaG0yn1RBly_20RKuy3ADA-RhXno6MjMCntAT3EHdurVRBww94dmY0riVzFG65GVv6fB2rtEcTxIngBPuPdZ0qeN9cth-nvPLWffMj7a8b7hH5iy28q8ey895MBaSIVhvq-K/s1222/Enzo_Francescoli_Matra_Racing_Paris.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Enzo Francescoli Racing Matra Paris" border="0" data-original-height="793" data-original-width="1222" height="416" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVowBxNSwkixuXp5l48pqPt2T1kYrunud6D2xCqLIGyHPQPHFUezkaKiPMmaG0yn1RBly_20RKuy3ADA-RhXno6MjMCntAT3EHdurVRBww94dmY0riVzFG65GVv6fB2rtEcTxIngBPuPdZ0qeN9cth-nvPLWffMj7a8b7hH5iy28q8ey895MBaSIVhvq-K/w640-h416/Enzo_Francescoli_Matra_Racing_Paris.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Michel Barrault/So Foot/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Jean-Luc Lagardère expande seus negócios</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos maiores empresários franceses no início dos anos 1980, <b>Jean-Luc
Lagardère</b> comandava uma carteira de negócios extensa, notadamente no setor
aeronáutico, mas que se expandia até mesmo ao mundo dos esportes. Duas décadas
antes, a <b>Matra</b>, conglomerado de empresas cofundado por Lagardère, adquirira uma
fábrica de carros e, em 1968, entrou para o mundo da <b>Fórmula 1</b>. Ele também
tinha mãos no hipismo e, em pouco tempo, entraria para o mercado editorial,
adquirindo a editora Hachette, responsável por publicações como <i>Elle</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tal homem se dispunha a buscar a glória eterna no mais popular dos esportes se
aproveitando de uma lacuna: <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/06/paris-saint-germain-1985-86.html" target="_blank">o PSG não tinha sequer 15 anos de existência</a> e
Paris vivia à margem dos sucessos futebolísticos de cidades como <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/04/bordeaux-1980s.html" target="_blank">Bordeaux</a>,
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/08/olympique-marseille-marcel-leclerc.html" target="_blank">Marselha</a>, Nantes, Nice e <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2016/12/times-de-que-gostamos-saint-etienne.html" target="_blank">Saint-Étienne</a>. Em 1982, a ideia original era fundir
<b>Paris FC</b>, então na segunda divisão, e <b>Racing Paris</b>, este um clube tradicional,
vencedor da Ligue 1 nos anos 1930, com dois vice-campeonatos no início da
década de 1960, mas que vagava por divisões inferiores desde 1964.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0KjS-A_v8RDusEeOeMj_XtEnZmYtpiLd0Ggi017zSP0zoYc_Qla-PuRpptlxPN6QKRBzx3BmX1jih31tR8fBjlseCBw8oOZIUwySDIBFr1hxDMQFuuFCuiBQqV3n_uR2MNE_0LPgYJHhsywSxr9O-At6xNofAkaIdp_GdRJ6oNMyv0DGG_kVR_2gcCWUw/s687/Jean-Luc-Lagardere-Matra-Racing.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Jean-Luc lAGARDERE aRTUR JORGE MATRA RACING PARIS" border="0" data-original-height="602" data-original-width="687" height="560" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0KjS-A_v8RDusEeOeMj_XtEnZmYtpiLd0Ggi017zSP0zoYc_Qla-PuRpptlxPN6QKRBzx3BmX1jih31tR8fBjlseCBw8oOZIUwySDIBFr1hxDMQFuuFCuiBQqV3n_uR2MNE_0LPgYJHhsywSxr9O-At6xNofAkaIdp_GdRJ6oNMyv0DGG_kVR_2gcCWUw/w640-h560/Jean-Luc-Lagardere-Matra-Racing.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em um primeiro momento, as lideranças do Racing foram contrárias ao movimento;
receavam que as finanças do Paris FC estivessem em mau estado e a possível
praga se alastrasse para dentro dos <i>Ciel et Blancs</i>. Lagardère não
estava disposto a conviver com um não e, simplesmente, adquiriu o primeiro clube,
mudando seu nome imediatamente para <b>Racing Paris 1</b> e adotando as conhecidas
cores azul celeste e branco. Um ano depois, a fusão foi facilitada, com a
garantia de que o clube resultante seguiria no segundo escalão francês.</div><div style="text-align: justify;"><br />Em 1982-83, faltaram seis pontos para o acesso à Ligue 1. Impaciente,
Lagardère foi à Argélia buscar um dos artífices de uma seleção que chamou a
atenção de todos na Copa do Mundo de 1982. <b>Rabah Madjer</b> era, ao lado de
Lakhdar Belloumi, a grande estrela da equipe que foi condenada à eliminação
por um infame empate entre Alemanha e Áustria. Aos 25 anos, Madjer
representava as cores do NA Hussein Dey e estava pronto para dar o salto de
qualidade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8Jb6RhJ3GUzjZOXHbKVYWFlvwgSdgVCwigc2buR7SgVjJ8xliEWF4N8aR8fRcnR3D1AkuPQNrAopMP7g8XGPdB2iseSD3BPapRRnhxZab6FbMp3NJI844LS8R7u1jv0cLZKF1TZE3Cp5BAYK-C5yonmo90uw171XtbtDAllhs9qoNt2tdwi5IzL_j5Pzf/s566/FNCJEMDXsAkkeTN.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Rabah Madjer Racing Paris" border="0" data-original-height="566" data-original-width="359" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8Jb6RhJ3GUzjZOXHbKVYWFlvwgSdgVCwigc2buR7SgVjJ8xliEWF4N8aR8fRcnR3D1AkuPQNrAopMP7g8XGPdB2iseSD3BPapRRnhxZab6FbMp3NJI844LS8R7u1jv0cLZKF1TZE3Cp5BAYK-C5yonmo90uw171XtbtDAllhs9qoNt2tdwi5IzL_j5Pzf/s16000/FNCJEMDXsAkkeTN.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Panini</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Sua contratação foi como a de Neymar pelo Paris Saint-Germain”, contou o
treinador <b>Alain de Martigny</b>, ao
<a href="https://www.nytimes.com/2018/03/06/sports/soccer/psg-matra-racing.html">jornalista do <i>NY Times</i>, Rory Smith</a>. Em 1983-84, o Racing terminou a Ligue 2 em segundo lugar no Grupo B. Foi
aos playoffs, deixou Lyon e Nice pelo caminho e bateu o Saint-Etienne na
decisão. <b>Madjer fez 20 gols</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Uma caminhada errática</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No retorno à elite, Lagardère não mostrou a mesma disposição de antes para
reforçar o time. Inclusive, no curso da temporada 1984-85, cedeu Madjer ao
Tours, que batalhava para evitar o descenso justamente contra o Racing. Nada daquilo
fazia muito sentido, o rebaixamento imediato foi conclusão esperada e lógica.
Ninguém passou impune por 21 derrotas, em 38 partidas. O treinador Alain de
Martigny, decerto, não passou. O zagueiro <b>Victor Zvunka</b>, de longa trajetória
pelo Olympique de Marseille acumulou funções, mas não impediu o inevitável.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Chegara a hora de fazer as coisas bem feitas. <b>O Racing contratou René Hauss
para exercer as funções de diretor esportivo</b>. Ele era um homem do futebol,
ídolo do Strasbourg como jogador e do Standard Liège como treinador, conhecia
mais do que um par de coisas do riscado. Sob sua tutela, o iugoslavo <b>Silvester
Takač</b>, velho conhecido dos tempos na Bélgica, assumiu o comando da equipe. Deu
certo. Apoiado nos gols do zairense <b>Eugène Kabongo</b>, artilheiro da Ligue 2 com
30 gols, o time voltou a subir, agora com o título.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Kabongo partiu para o <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2018/01/os-anos-dourados-do-anderlecht.html" target="_blank">Anderlecht</a> no ano seguinte, mas Lagardère abriu a
carteira: não veria seu nome ligado a mais um vexame. Em um momento em que só
se podia contar com dois estrangeiros, escolheu dois uruguaios e um alemão
para representar a mudança de patamar da equipe, todos mundialistas no México.
Do Colônia, chegou o insinuante <b>Pierre Littbarski</b>; do River Plate, o príncipe
<b>Enzo Francescoli</b>; do Internacional, o motor <b>Ruben Paz</b>. Zvunka retornava à
casamata, agora sem dividir funções.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrj5MT96ha48R8cfwpzabDNMg10OJsfrA6Q_MyZO86T6ZbYlhcH3zkhyphenhyphenHmI4mLPBoREbNXb7kGrfgYluiycvPF0cTzkQzSSOJSHbCeOJpEZWcOvSjP3OwW9-sEyHBmWWL0crWtVjFBn9LMUZOo_4PdoKhlGMF6nZS7JP-3UYxuhQaKNWRGFJDebSSMyHn2/s763/Francescoli_Fernandez_Matra_Racing.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Enzo Francescoli Luis Fernandez Matra Racing Paris" border="0" data-original-height="531" data-original-width="763" height="446" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrj5MT96ha48R8cfwpzabDNMg10OJsfrA6Q_MyZO86T6ZbYlhcH3zkhyphenhyphenHmI4mLPBoREbNXb7kGrfgYluiycvPF0cTzkQzSSOJSHbCeOJpEZWcOvSjP3OwW9-sEyHBmWWL0crWtVjFBn9LMUZOo_4PdoKhlGMF6nZS7JP-3UYxuhQaKNWRGFJDebSSMyHn2/w640-h446/Francescoli_Fernandez_Matra_Racing.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Além dos estrangeiros, foram contratados jogadores importantes do cenário
francês, como <b>Luis Fernandez</b>, outrora membro do famigerado
<i>Carré Magique</i>, o meio-campo da seleção francesa, com ele, Jean Tigana,
Alain Giresse e Michel Platini. A contratação era uma carta de intenções.
Fernandez não era somente uma referência nacional, mas também o capitão do
PSG. Outros contratados foram o polivalente <b>Thierry
Tusseau</b>, outro mundialista, e o goleiro <b>Pascal Olmeta</b>.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O dinheiro para tais contratações vinha da Matra, que exibia, bem grande, seu
nome na camisa da equipe. No entanto, Lagardère foi obrigado a entender que
milhões podem formar um grande elenco, mas não necessariamente isso se reflete
dentro das quatro linhas, em termos de bom futebol, gols e conquistas.
<b>“Tínhamos 13 jogadores de seleção, algo assim. Era uma ideia interessante, a
chance de construir alguma coisa do nada”</b>, contou Littbarski, a Smith.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Naquele ano, contudo, as coisas não correram nada bem. O time até venceu o PSG
uma vez, mas perdeu a segunda com gol contra de Fernandez. Na tabela de
classificação, ocupou a perigosa 13ª colocação, cinco pontos acima da zona de
playoffs de rebaixamento. O Racing mais perdeu do que venceu (14V, 8E e 18D),
teve saldo de gols negativo. A bem da verdade, o ano como um todo foi negativo
— exceto pela forma de Francescoli, autor de 14 gols.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/ICKACVHI_aM"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Lagardère não desiste</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1987, Lagardère não diminuiu sua ambição. Não apenas seguiu investindo no
clube como <b>mudou seu nome para Matra Racing</b>, tornando ainda mais umbilical a
relação entre seus negócios. Zvunka foi substituído. O escolhido para liderar
a equipe foi o português <b>Artur Jorge</b>, <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/10/fc-porto-champions-bayern-1986-87.html" target="_blank">recém-campeão europeu com o Porto</a>. “Foi
o melhor treinador que tive”, contou Francescoli à revista
<a href="https://www.elgrafico.com.ar/articulo/1089/122/enzo-francescoli-100x100"><i>El Gráfico</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O elenco passou por mudanças. Insatisfeito, Littbarski tirou dinheiro do
próprio bolso para voltar ao Colônia. “A organização não era profissional
[...] precisávamos lavar nossos uniformes sozinhos, coisas assim”. Sem mais
nem menos, o alemão pagou sua multa rescisória e voltou para casa.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quem também não durou nada ali foi Ruben Paz. “Eu estava em Paris sem
possibilidades de jogar, cobrando um salário para treinar, em um lugar em que
três mil pessoas vão ao estádio e tanto faz se você perde ou ganha. Me sentia
um fracassado”, contou à citada <a href="https://www.elgrafico.com.ar/articulo/1089/33759/1988-cambio-paris-por-puente-alsina"><i>El Gráfico</i></a>
em 1988, já jogador de outro Racing, o de Avellaneda.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5NfzS3BXOQF7oPyAVQWgxKaUgbGhGKdr7W08_3k0oeb4PwfFhO4wLELcjr7GyVywN12ihkNq9La6W4Rjdf90gzERw_Kr0WICOEVVth70FJK00Njg0j6VwfabkD8t075Hi6cT0wVtE2YmCIySKK1hhR3G4iDLyh6xTxlpUTfOCkihLYLUWKo3VG4PqwNyA/s1920/bloque6.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Album Racing Paris 1987-88" border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1920" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5NfzS3BXOQF7oPyAVQWgxKaUgbGhGKdr7W08_3k0oeb4PwfFhO4wLELcjr7GyVywN12ihkNq9La6W4Rjdf90gzERw_Kr0WICOEVVth70FJK00Njg0j6VwfabkD8t075Hi6cT0wVtE2YmCIySKK1hhR3G4iDLyh6xTxlpUTfOCkihLYLUWKo3VG4PqwNyA/w640-h360/bloque6.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Panini</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Na contramão, o clube fechou a contratação do holandês <b>Sonny Silooy</b>, ex-Ajax,
do marroquino <b>Abdelkrim Merry</b>, ex-Saint-Étienne, e, mais importante, do
goleador <b>Gérard Buscher</b>, a máquina de gols do Brest, que vinha sendo convocada
para a seleção francesa na época. Lagardère ainda tentou, sem sucesso,
contratar um jovem <b>Éric Cantona</b>, que achou aquilo tudo excêntrico demais; não
fazia sentido para ele.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os resultados melhoraram ligeiramente. <b>O Matra Racing fechou a Ligue 1 de
1987-88 na sétima colocação</b>. Agora até venceu mais do que perdeu, mas o número
de empates assustou: foram 17, um recorde naquele ano. Outra vez, o
desequilíbrio do time ficou evidente pelo saldo de -7 gols.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/k79DNkaaEAg"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em algum momento, entre as rodadas 22 e 28, <b>o quadro azul e branco lutou pelo título</b>,
chegando à vice-liderança alavancado por uma invencibilidade que durou da 17ª
a 24ª rodadas. Houve dias terríveis, entretanto. Por exemplo, a visita ao
Montpellier de Roger Milla. Impiedosamente, os donos da casa impuseram um 6 a
1. A viagem a Lille, em que jogava o goleiro Bernard Lama, não foi mais feliz:
5 a 0 para os <i>Dogues</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A confiança em Artur Jorge foi mantida, era, afinal, um campeão. O elenco
ganhou mais peças, como o meia <b>Vincent Guérin</b>, o craque marroquino <b>Aziz
Bouderbala</b> e o talentoso garoto <b>David Ginola</b>. Pouca coisa mudou, porém. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“A
atmosfera era realmente complicada. Havia muitos jogadores de nome que não
eram titulares e não estavam felizes. Era difícil para o treinador e para mim
como jogador jovem. O vestiário era horrendo”, rememorou Ginola, a Smith.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">O Matra Racing é um fiasco</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Matra Racing só escapou do rebaixamento em 1988-89 no saldo de gols. Os <i>Ciel
et Blancs</i> perderam um turno inteiro de partidas. Fizeram um campeonato
horroroso; aquela empreitada era uma autêntica vergonha. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">As pessoas de Paris
torciam, massivamente, para o PSG e Lagardère não tinha o <i>know-how </i>para fazer do
Racing um clube mais vitorioso ou representativo. “Íamos jogar contra o Saint-Étienne, um dos clubes históricos da França. Entrei no gramado para o
aquecimento e a garotada toda estava com a camisa verde do Saint-Étienne. Foi
como jogar na casa do adversário”, lembrou Ginola.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">Insatisfeitos com os
investimentos infrutíferos da Matra naquele time e, mais ainda, com a
associação de sua marca ao fracasso, <b>os acionistas da empresa demandaram que Lagardère deixasse a equipe</b>. O que aconteceu em abril de 1989. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“Apodrecemos o mundo do
futebol colocando dinheiro? Droga! Juro que nunca tivemos o maior orçamento e
nem o maior salário da França”, garantiu Lagardère, à época.
</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLafGtuFo0TE1AhDkkHh31sWEOltLFzwwzzHbICr0AIUL2BoEAPfNF1YD_UffoZD3W4xyY24Sf_or-RwsgMdmjpFMUNKtmzugo7mdNCFJYr586ntjj-H1V5vORva6asdRYtbi0Y16BITOwDUZwqy37gOGopoC9ScP1SzSTHVTeCSi3YdDO85kHMvuJNo_o/s1222/Matra-Racing-PSG.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Racing Paris PSG" border="0" data-original-height="622" data-original-width="1222" height="326" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLafGtuFo0TE1AhDkkHh31sWEOltLFzwwzzHbICr0AIUL2BoEAPfNF1YD_UffoZD3W4xyY24Sf_or-RwsgMdmjpFMUNKtmzugo7mdNCFJYr586ntjj-H1V5vORva6asdRYtbi0Y16BITOwDUZwqy37gOGopoC9ScP1SzSTHVTeCSi3YdDO85kHMvuJNo_o/w640-h326/Matra-Racing-PSG.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: racingfoot.fr/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Logo, o clube voltou a se chamar Racing Paris e <b>a brincadeira acabou</b>.
Francescoli puxou uma fila de saídas que incluiu o técnico Artur Jorge,
Silooy, Guérin, Fernandez, Buscher e vários outros nomes importantes.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A única surpresa da temporada 1989-90 foi o Racing Paris não ter ficado na
última colocação da Ligue 1. Foi quase. Em <b>19º lugar</b>, o clube viu o derradeiro
final daquele delírio se manifestar. Provavelmente, no início da década,
Lagardère acordou de seu sonho cedo demais, não dormiu o suficiente para ver
que aquilo tudo era, na verdade, <b>um grande pesadelo de 300 milhões de dólares</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Lagardère tentou se tornar um nome poderoso da bola, como era, por exemplo,
Bernard Tapie, no Olympique de Marseille. Entendeu a duras penas e ao custo de muito prejuízo que dinheiro
pode comprar os meios de se alcançar o sucesso, mas não o garante por si
mesmo. <b>O time nunca mais respirou os ares da elite.
</b></div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-61662290277692433422024-02-02T11:00:00.046-03:002024-02-08T12:21:24.481-03:00Entre 2002 e 2003, o Paysandu brilhou no Brasil e na Libertadores<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">E</span>m 1995, o Paysandu foi rebaixado
para a segunda divisão, após quatro temporadas na elite. Passaram-se longos anos de
espera até que, em 2001, liderado por Givanildo Oliveira, o Papão se superou
e consumou o acesso com uma goleada diante do Avaí, 4 a 0. Naquele sábado de
fim de dezembro em Belém, a espinha dorsal de um time destinado a fazer
história já estava formada, com a presença de jogadores como Sandro Goiano,
Lecheva, Jóbson, Vanderson, Zé Augusto e Vandick. Seria difícil, entretanto,
imaginar o que viria a seguir. O Boca Juniors, certamente, não fazia
ideia.</b></div><div style="text-align: justify;"><span><a name='more'></a></span>
</div>
<div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicRvashgQqMDEHhaGDbumJlLRPBMbGLB88LJQK6xHLDKn8GTPxLZNiSVi7jIrk4iiuen0jYIogE-aJdMtBmO1Svix-ZWHuG2Exo-a3qPqyT81x_7zQ4mkTwFNGA1TEgYWQqx8QdVYaTQ6KiSJdUYCBFhH5iVfN6MK_aaCHKAXkv-UIt8v-tqw12SqcuZ51/s946/Paysandu_Copa_dos_Campe%C3%B5es_2002.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Paysandu 2002 Copa dos Campeões" border="0" data-original-height="638" data-original-width="946" height="432" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicRvashgQqMDEHhaGDbumJlLRPBMbGLB88LJQK6xHLDKn8GTPxLZNiSVi7jIrk4iiuen0jYIogE-aJdMtBmO1Svix-ZWHuG2Exo-a3qPqyT81x_7zQ4mkTwFNGA1TEgYWQqx8QdVYaTQ6KiSJdUYCBFhH5iVfN6MK_aaCHKAXkv-UIt8v-tqw12SqcuZ51/w640-h432/Paysandu_Copa_dos_Campe%C3%B5es_2002.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Marcos Michellin/Arte: O Futebólogo<br /><br /></td></tr></tbody></table></b></div>
<h3 style="text-align: justify;">
Calendário inchado: surge a Copa dos Campeões
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando as cortinas do século XX começaram a se fechar, a CBF precisou tomar
uma decisão. Até 1999, <b>apenas duas equipes de cada país sul-americano
disputavam a Copa Libertadores da América</b> — e mais o campeão vigente. O Brasil
era representado pelos campeões do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil.
No entanto, para o certame do ano 2000, <b>a Conmebol expandiu a competição</b>.
Brasileiros e argentinos tiveram mais duas equipes incluídas e era preciso
decidir como as vagas seriam preenchidas.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A CBF definiu que o vice-campeão brasileiro também disputaria a competição
continental, mas, às pressas, instituiu uma <b>seletiva</b>, para definir a quarta
vaga. Foi um remendo. Todos os times da elite do campeonato nacional
classificados até o 16º lugar, fora finalistas e rebaixados, disputaram o lugar na Libertadores. <b>A bagunça foi vencida
pelo Athletico Paranaense</b>, que superou o Cruzeiro na final.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra fórmula deveria ser buscada e foi. Ainda em 1999, definiu-se que no
ano seguinte uma nova competição conduziria à vaga restante: <b>nascia a Copa dos
Campeões</b>. O calendário, um dos grandes fantasmas do futebol brasileiro nos anos
que se seguiram, já era temido e parte dos dirigentes brasileiros não estava satisfeita com a mudança de rumos da Libertadores.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo1zbbNQYAHgNzTswMwOhUHnmfZLw-lOFtXm1TYFmZ9O6Rgbl62grKDFpLY_CpJP8pjbA9-WZyM2C93PCDJMdNiK6tPHv9-Jd9Dwhymk5aLu17SwLVzakgk1BwgxzBddikNwHpswJYq_cRj9f_FUw9T-zKo0HKKWak-E9_hMHogU1ScA-Thdb0FpQFQ3n9/s1522/Givanildo_Paysandu_2002.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Givanildo Oliveira Paysandu 2002" border="0" data-original-height="1019" data-original-width="1522" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo1zbbNQYAHgNzTswMwOhUHnmfZLw-lOFtXm1TYFmZ9O6Rgbl62grKDFpLY_CpJP8pjbA9-WZyM2C93PCDJMdNiK6tPHv9-Jd9Dwhymk5aLu17SwLVzakgk1BwgxzBddikNwHpswJYq_cRj9f_FUw9T-zKo0HKKWak-E9_hMHogU1ScA-Thdb0FpQFQ3n9/w640-h428/Givanildo_Paysandu_2002.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Ary Souza/O Liberal/ Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Este é um ano muito importante para o futebol brasileiro porque estão
acontecendo as copas regionais, com a consequente Copa dos Campeões, que
vale vaga na Libertadores [...] Entendo que o futebol sul-americano tem que
ser refreado pela CBF. O Brasil não pode subsidiar clubes venezuelanos em
detrimento de um clube como o Botafogo de Ribeirão Preto”, afirmou Eduardo
José Farah, então presidente da Federação Paulista de Futebol, em março de
2000, à
<a href="https://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0803200002.htm"><i>Folha</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em um primeiro momento, disputaram os campeões Paulista; Carioca; do Torneio
Rio-São Paulo; e da Copa do Nordeste. Além deles, os finalistas da Copa
Sul-Minas; e mais os dois melhores de um triangular entre os vencedores das copas
Centro-Oeste e Norte e o vice da Nordeste. Ainda <b>era uma receita esdrúxula</b>,
perdurando em 2000 e 2001, mas <b>alterada em 2002</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com o implemento de uma fase de grupos, classificaram-se para a disputa os
seis melhores colocados do Torneio Rio-São Paulo; os quatro da Copa Sul-Minas;
campeão, vice e o time com melhor pontuação na primeira fase da Copa do
Nordeste; e os vencedores das copas Centro-Oeste e Norte. O critério de
justiça de tais escolhas ainda era um tanto turvo, mas <b>parecia uma fórmula
melhor</b> do que a anterior.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">O Papão da Curuzu diz ao Brasil a que veio</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O início do século XXI foi um tempo feliz para o torcedor do <b>Paysandu</b>. Além de
conquistar o título da Série B de 2001, alcançando o desejado acesso à elite,
o Papão da Curuzu chegou à decisão da <b>Copa Norte</b>. Os dois jogos diante do São
Raimundo, de Manaus, terminaram 1 a 0, mas os manauaras ficaram com o caneco;
tiveram uma campanha melhor. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Logo no princípio de 2002, impulsionados pela
subida à Série A, os comandados de <b>Givanildo Oliveira</b> tiveram a chance de
se vingar.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/xgsNB1aqDlA"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Antes do início da disputa do Campeonato Paraense, o Paysandu começou a saga
regional. Os grupos da Copa Norte de 2002 eram divididos por estado, o que
significava algo importante: embora fosse um dos favoritos ao título, o
Bicolor disputaria o <b>clássico Re-Pa </b>ainda muito cedo na temporada. O Grupo B
contou, ainda, com os amapaenses do Independente e do São José.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O primeiro clássico foi já na segunda rodada e tinha uma pimenta extra: <b>o meia
Vélber trocara o Remo pelo Paysandu</b>. Depois de vencer o
Independente, o Papão ficou no empate com o Remo, 1 a 1. Foram mais dois jogos
até o segundo dérbi: vitórias diante de São José e, novamente, Independente.
Então, outro empate marcou a rivalidade, agora por 0 a 0. Mais um empate,
diante do São José, garantiu o avanço do Paysandu com a liderança. Corria tudo
dentro da normalidade, mas sem margem para empolgação.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na segunda fase, o Papão voltou a dividir grupo com o Remo, além dos
maranhenses do Moto Club e dos piauienses do River. Desta vez, cada um dos
dérbis teve um vencedor diferente; o equilíbrio era flagrante. Apesar disso, o
Bicolor somou mais pontos que seus rivais, ficou com a liderança e avançou às
finais, encontrando, outra vez, o São Raimundo. Chegou a nossa hora, pode ter
pensado o torcedor do Paysandu.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A partida de ida, no Vivaldão, em Manaus, foi decidida por um solitário gol do
atacante <b>Zé Augusto</b>. “No primeiro jogo da final de 2002, muita gente não
sabia, mas eu estava com uma lesão. Na época, o doutor Wilson Fiel queria me
cortar do jogo, mas falei pra ele que tinha condições de entrar em campo”, comentou o ídolo do Papão, ao jornal
<i><a href="https://www.oliberal.com/esportes/paysandu/idolos-do-paysandufalam-sobrepeso-historico-de-jogo-contra-o-sao-raimundo-am-pela-copa-verde-1.609108">O Liberal</a>.</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/JqrBqe0Rhzs"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Zé Augusto tinha razão. Na Curuzu, <b>o nome da partida foi Lecheva</b>, autor de
dois gols. O significativo placar de 3 a 0 foi concluído por Sandro Goiano.
Com autoridade, o Paysandu deu a volta por cima e se classificou para a
disputa da Copa dos Campeões. Naquela altura, o <b>Campeonato Paraense</b>, que
também seria vencido pelo Paysandu, de forma invicta, já estava em marcha. Aproximadamente 20 dias depois da decisão estadual começou a corrida pelo título nacional.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Todo mundo falava que seríamos os últimos, mas vínhamos bem, com vários
títulos e sabia que poderíamos ir longe. Além disso, ainda tínhamos o torcedor
a nosso favor. Era só uma questão de confiança, então, os jogos foram
acontecendo e o time foi pegando corpo”, falou Givanildo, ao
<i><a href="https://ge.globo.com/pa/noticia/2012/07/givanildo-oliveira-relembra-do-elenco-campeao-dos-campeoes-de-2002.html">ge</a>.</i>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
O Norte brasileiro finalmente vai à América
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A <b>Copa dos Campeões</b> foi um torneio de tiro curtinho. Para o Paysandu, começou
no dia 3 de julho e acabou em 4 de agosto. Todo o <b>Grupo A</b> foi disputado no Mangueirão. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O primeiro adversário foi o <b>Corinthians</b>. O Timão já não tinha
a base vitoriosa do final do período entre 1998 e 2000, mas ainda contava com
jogadores de qualidade, como o zagueiro Fábio Luciano, o lateral Kléber e os
atacantes Deivid e Gil. Quando Márcio Rezende de Freitas apitou o final da
partida, o placar registrava 1 a 1. O gol Bicolor foi marcado por Albertinho.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A estreia não foi o jogo dos sonhos, mas tampouco se revelou um pesadelo. A
seguir, o Papão enfrentou o <b>Fluminense</b>, alavancado por sua dupla de ataque,
formada por Magno Alves e Roni. Outro empate, agora por 0 a 0, obrigou o
Paysandu a se superar e vencer o <b>Náutico</b> na rodada final. Foi um jogo de tirar
o fôlego. Com cinco minutos, os pernambucanos já venciam, gol de Kuki.
Com <b>Marcos, Vandick e Jobson</b>, os paraenses empataram e viraram, mas o Timbu
chegou a diminuir nos acréscimos. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O 3 a 2 se confirmou e o time de Givanildo
avançou às quartas de finais com a <b>liderança </b>do grupo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/rXMJRSvjUrQ"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Entramos como azarões e acabamos terminando em primeiro na primeira fase,
isso nos deu a condição de jogar sempre em casa. Tivemos o privilégio de
jogar em Belém e o torcedor foi fundamental naquela conquista”, comentou
Vandick, ao
<a href="https://ge.globo.com/pa/futebol/times/paysandu/noticia/2022/08/04/ha-20-anos-paysandu-vencia-o-cruzeiro-e-conquistava-a-ultima-edicao-da-copa-dos-campeoes.ghtml"><i>ge</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda no Mangueirão e outra vez com muita emoção, o Paysandu deu sequência à
sua saga. O adversário das quartas de finais foi o <b>Bahia</b>, treinado pelo ídolo Bobô e apoiado
nos gols de Nonato e Robgol — guarde este nome. <b>Jajá
</b> abriu o placar para o Papão, mas Robgol empatou de pênalti. Foi somente aos 46
do segundo tempo que outra vez ele, <b>Jobson</b>, também da marca da cal e já tendo
desperdiçado uma cobrança mais cedo, fez o gol do alívio.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/fgwvdJlqsH0"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nas semifinais, o Bicolor encontrou um <b>Palmeiras em crise</b>. Treinado por
Vanderlei Luxemburgo, o Verdão tinha bons valores, como os meias Lopes e Nenê,
e referências da estirpe de Marcos e Arce, mas se mostrou desequilibrado e
insuficiente. Seria rebaixado ao final do ano. Mesmo assim, o Papão começou
perdendo. Nenê colocou os paulistanos em vantagem logo cedo, aos 12 minutos da
etapa inicial. Foi um golaço.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Muito torcedor do Paysandu gostaria de saber como foi a conversa no vestiário
durante o intervalo. Na volta, a vantagem palmeirense não durou três minutos.
Vandick empatou. 20 minutos depois, Trindade virou. Nos acréscimos, <b>Albertinho
confirmou o triunfo por 3 a 1</b>. O Paysandu estava na decisão, encontrando outro Palestra Itália, direto de Minas Gerais.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/eofyzzZZLH8"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Cruzeiro era favorito. A defesa, formada por Maicon, Luisão, Cris e Leandro, e com Augusto Recife na contenção, ajudaria a Raposa a conquistar Tríplice Coroa no ano seguinte. No ataque, a referência era Fábio Júnior.
“Posso confessar que sou fã de carteirinha da torcida do Paysandu”, pontuou o
artilheiro. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A superioridade celeste se fez notar na partida de ida, mesmo
diante de 53.615 torcedores. Fábio Jr. e Joãozinho marcaram para os mineiros;
Sandro descontou para os paraenses. <b>Foi o fim de uma invencibilidade de 26
jogos do Bicolor em casa.
</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“Se jogarmos com maior determinação e não repetirmos as falhas do primeiro jogo, podemos sair vitoriosos”, comentou Givanildo, à <a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u45751.shtml"><i>Folha</i></a>, horas antes da finalíssima.</div>
<div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O único jogo que o Papão não disputou no Mangueirão foi a decisão. No
<b>Castelão</b>, em Fortaleza, mesmo com cerca de <b>25 ônibus </b>de torcedores bicolores viajando à capital cearense,
o ambiente foi mais frio, o que não se refletiu dentro das quatro linhas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda não tinha transcorrido 10 minutos de jogo quando Fábio Jr. abriu a
contagem para o Cruzeiro. Favas contadas? Nada disso. Vandick recebeu
cruzamento dois minutos depois e empatou. O tento da virada teve o mesmo
autor. Contudo, antes do fim da primeira etapa, Cris voltou a ditar igualdade
no placar. Mas Vandick estava determinado. No minuto seguinte, devolveu a
superioridade ao Papão. O primeiro tempo terminou 3 a 2 e os jogadores
voltaram quentes para a etapa derradeira. Fábio foi às redes outra vez,
equalizando o marcador, mas o predestinado Jobson, aos 12 minutos, fez o 4 a
3.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A tensão aumentou e novos gols não saíram. Com o placar agregado empatado, <b>a
partida foi para os pênaltis</b>. O Cruzeiro, com Ricardinho, Vander e Jussiê,
perdeu todas as suas cobranças; o Paysandu converteu as que lhe cabiam, com
Jobson, Vélber e Gino: <b>3 a 0</b>. Com toda a justiça e muita, muita emoção, o Papão foi o campeão
dos campeões e se classificou para a Copa Libertadores do ano seguinte.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/zpL0ascmKY8"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Não foi só a maior conquista do Paysandu, é a maior conquista do futebol do
norte”, arrematou Vandick.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Nada a temer, apenas desfrutar</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Todo mundo corria por todo mundo e
todo mundo orientava. O mais novo ouvia o mais velho, mas ele também tinha
liberdade pra cobrar. Todos tinham espaço e comigo jogava aquele que estava
melhor”. Foi assim que Givanildo explicou o sucesso daquela equipe. No entanto, nem tudo
foram flores em 2002. Era o início de setembro, quando um começo
ruim no Campeonato Brasileiro, com seis derrotas em oito jogos, determinou a
<b>demissão do treinador</b>. Curiosamente, após uma derrota para o Cruzeiro.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>
Hélio dos Anjos</b> terminou o ano do Papão, salvando-o do rebaixamento e
pavimentando um novo e movimentado ano para os paraenses. Inusitadamente,
porém, ele decidiu trocar o Paysandu pelo Sport, então na Série B, no início
de 2003. Foi substituído pelo uruguaio <b>Darío Pereyra</b>, que manteve a roda
girando na Curuzu.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBQDPs5i1XUDaBxF07dkc3n-fuXRuj9JKdXyj5G64lWz7gpYWktAODT0d5XsSvJdlR3KYQDd9I5EbhfmxE5ImPcDudsS2rk_JMBQCQTBTjg034FA83BstVluBPvVBb_MMx5tDm854x7hazzu_ZsWx0f5xQoIfP9LJ_Pq2p2ssEECpBDBmQtgCHy0hAoSB-/s1321/Dario_Pereyra_Paysandu.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Dario Pereyra Paysandu" border="0" data-original-height="888" data-original-width="1321" height="430" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBQDPs5i1XUDaBxF07dkc3n-fuXRuj9JKdXyj5G64lWz7gpYWktAODT0d5XsSvJdlR3KYQDd9I5EbhfmxE5ImPcDudsS2rk_JMBQCQTBTjg034FA83BstVluBPvVBb_MMx5tDm854x7hazzu_ZsWx0f5xQoIfP9LJ_Pq2p2ssEECpBDBmQtgCHy0hAoSB-/w640-h430/Dario_Pereyra_Paysandu.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Ary Souza/O Liberal/ Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É improvável que alguém tenha se importado com a perda do Campeonato Paraense
de 2003, valendo recordar que o ano anterior marcou a última vez em que foram
disputadas a Copa dos Campeões e a Copa Norte. No primeiro semestre, a única
missão do Bicolor era a disputa da Copa Libertadores, em que foi sorteado para
o <b>Grupo 2</b>, dividido com Cerro Porteño, Sporting Cristal e Universidad
Católica.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A primeira partida internacional oficial do Paysandu aconteceu em 13 de
fevereiro de 2003, em Lima, contra o <b>Sporting Cristal</b>, à época treinado pelo
brasileiro Renê Weber. O Papão tinha duas grandes novidades no ataque, e elas
logo mostraram a que vieram. “No lance do gol, o Iarley cruzou, eu corri na
direção da bola e, de peixinho, cabeceei no canto esquerdo do goleiro”, contou
Robgol, ao
<a href="https://ge.globo.com/pa/futebol/times/paysandu/noticia/2016/02/ha-13-anos-o-paysandu-estreava-na-libertadores-robgol-relembra.html"><i>ge</i></a>. Lembra-se dele? O jogo terminou 2 a 0 para o quadro paraense.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/B5NHWHWgq80"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na sequência, o Papão não saiu do zero contra o <b>Cerro Porteño</b> no primeiro jogo
disputado em casa, mas logo voltou a vencer, se superando para alcançar um 3 a 1 de
virada, diante da <b>Universidad Católica</b>, que tinha o meia Mark González entre
seus destaques. Com dois gols, Robgol comandou a reação — Vélber completou o
placar.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/7691DE1DgoM"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O grande resultado da primeira fase viria, no entanto, depois de os
brasileiros baterem, outra vez, o Sporting Cristal.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Depois que chegamos a Belém, já com o primeiro lugar, é que fomos analisar
o que tinha realmente ocorrido, todos falando da partida, ainda mais em cima
do Cerro Porteño, equipe tradicional, que sempre disputa a Libertadores”,
contou Lecheva, ao
<a href="https://www.oliberal.com/esportes/paysandu/com-ataque-mortal-paysandu-goleava-por-6-x-2-equipe-paraguaia-pela-libertadores-1.252776"><i>Liberal</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Inapelavelmente, <b>o Paysandu atropelou os paraguaios: 6 a 2</b>. Vélber, Iarley e
Robgol marcaram dois gols cada e o time assegurou avanço aos mata-matas, já
com a liderança certa. O empate por 1 a 1 contra a Católica, a última rodada, foi apenas para
cumprir tabela.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/F5NKooyMmkI"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">A tradição (com dificuldades) se impôs</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O problema foi que o Papão deu azar. No Grupo 7, <b>o temido Boca Juniors avançou
de fase, mas em segundo lugar</b>. Os times se encontraram já nas oitavas de
finais. A partida de ida foi no calor pulsante de La Bombonera. O time
bonaerense não tinha mais Juan Roman Riquelme, mas ainda alinhava uma série de
nomes importantes, como Pato Abbondanzieri, Nicolás Burdisso, Sebastián
Battaglia, Marcelo Delgado e <b>Guillermo Barros Schelotto</b>. Subindo aos profissionais o <i>Azul y Oro</i> tinha ninguém
menos do que um jovem Carlitos Tévez.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“No momento que a gente soube que pegaria o Boca Juniors bateu aquela
ansiedade, não medo, mas uma ansiedade”, recordou Iarley ao portal
<a href="https://dol.com.br/esporte/esporte-para/806305/20-anos-de-la-bombonera-iarley-relembra-o-dia-de-heroi?d=1"><i>DOL</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM8S5hEv0JW7g1CO9Vce2lBGHNe3udb_etUHcNhUBOyd_QvOWQ-YZuSLPq1FipNrQoLQk4D1-6A18rUSSXAPg8ENrGm_k0WIcSReZ0YgRz0ESWD2Gz1jiNXkoDy2J-4qyEziXEneqVzX5FzXu48dM9JxgDz9UT8qkRPZMrTwCcfKRCU2E2QHswIlEt_lnK/s1222/Schelotto_Boca.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Schelotto Boca Juniors 2003" border="0" data-original-height="1222" data-original-width="1024" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM8S5hEv0JW7g1CO9Vce2lBGHNe3udb_etUHcNhUBOyd_QvOWQ-YZuSLPq1FipNrQoLQk4D1-6A18rUSSXAPg8ENrGm_k0WIcSReZ0YgRz0ESWD2Gz1jiNXkoDy2J-4qyEziXEneqVzX5FzXu48dM9JxgDz9UT8qkRPZMrTwCcfKRCU2E2QHswIlEt_lnK/w536-h640/Schelotto_Boca.jpg" width="536" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br />Com 22 minutos do primeiro tempo, a tensão ficou palpável. <b>Robgol discutiu com
o lateral Clemente Rodríguez</b> e ambos foram expulsos. No início da segunda
etapa, seria a vez de o volante Vanderson deixar o gramado, também admoestado.
“Nosso time estava jogando bem. A cada lance vencido, a cada bola que a gente
evitava chegar ao gol, a nossa confiança aumentava. Eu só me arrependo muito
daquela expulsão”, recordou o meio-campista, ao
<a href="https://ge.globo.com/pa/noticia/2012/04/ha-nove-anos-paysandu-vencia-o-boca-por-1-0-em-la-bombonera.html"><i>ge</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nada vinha sendo dado de graça na partida, mas o dia era dos brasileiros. Na
metade do segundo tempo, <b>Iarley recebeu bola de Sandro Goiano</b>,<b> </b>tirou os
zagueiros argentinos da jogada e concluiu. Era o <b>1 a 0</b> mais do que suficiente. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/NR7Y8ktsx-o"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Com a
aclamada vitória na bagagem, o Papão voltou para casa. Porém, três semanas
depois, veio a desforra. “Tomar um gol logo no começo tirou nossa vantagem que
era do empate”, comentou Vandick, substituto de Robgol na ocasião, ao
<a href="https://www.oliberal.com/esportes/paysandu/ha-17-anos-paysandu-perdia-no-mangueirao-para-o-boca-juniors-e-era-eliminado-da-libertadores-1.267155"><i>Liberal</i></a>.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>Agora o dia era de Schelotto</b>. Não haviam sido disputados 15 minutos de jogo, quando o atacante
abriu o placar e definiu o fim da vantagem do Papão. Lecheva chegou a empatar
no início da segunda etapa, mas Delgado devolveu a vantagem aos argentinos. O
zagueiro Gino cometeu pênalti em Tévez e Schelotto fez o terceiro. Dois
minutos depois, o lateral Wellington cometeu outra penalidade e foi expulso.
Mais uma vez, Schelotto anotou. Sandro Goiano ainda seria colocado para fora,
depois de cometer falta violenta, antes de Burdisso marcar contra e definir o
placar final, <b>4 a 2</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
“Foi um momento inesquecível, ser eliminado em casa e o estádio inteiro nos
aplaudindo. Ficou a frustração pela derrota, mas o orgulho pelo
reconhecimento do torcedor em saber que fizemos todo possível”, concluiu
Vandick.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/sJ46QgBla1o"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">
Quando o Paysandu voltou à elite, conquistando a Série B de 2001, havia
motivos para otimismo. Mas ninguém em sã consciência apostaria que tudo o que
veio a seguir seria vivido; nem em alucinação ou sonho. Os paraenses
consolidaram uma das histórias mais incríveis do futebol brasileiro e a prova
cabal veio pouco depois, quando <b>o Boca reconheceu a qualidade de seu oponente ao contratar Iarley</b>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao final de 2003, o time se manteve, mais uma vez, na primeira divisão. Poucas
equipes podem dizer que viveram um início de século tão inesperadamente
positivo quanto o Paysandu. Desde então, sabe-se que, no Pará, o Boca Juniors
é respeitado, mas não temido.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-39486082711889884862024-01-26T10:50:00.005-03:002024-01-26T10:50:58.778-03:00Quando Menotti levou o Huracán ao título argentino em 1973<p style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">É</span> comum ouvir falar que, na
Argentina, há cinco clubes gigantes. Neste cenário, duas rivalidades se
destacam: <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/04/c-ontinuando-serie-sobre-os-grandes.html" target="_blank">Boca Juniors e River Plate</a>; <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/07/independiente-x-racing-club-o-classico.html" target="_blank">Independiente e Racing Club</a>. O San
Lorenzo sobraria, não fosse a existência do Huracán, não raras vezes
recordado como “o sexto grande”. Uma das mais belas passagens de sua rica
história foi vivida em 1973, a partir das ideias da mente de um homem que se tornou referência: César Luis Menotti. </b></p><p style="text-align: justify;"><b><br /></b></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpN632lKfkjys3ZM_uEFpxXzUQk3Agw7fnyg0eapyVJO-ZrsfPdqbUG-SfEnOE3_xnNpziYaXua7LPC1rKaNOj6tsPhvCYJJfmp-QKB7v-ZxtxefhJ22OuMXisfbjT8AJd1i8lcyZLeIRv7lxv-gDj9q7BY2KqsZGyif6pfevhPhTfw5fvpLt4wvthZxZS/s1102/Huracan_1973.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Huracan 1973" border="0" data-original-height="847" data-original-width="1102" height="492" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpN632lKfkjys3ZM_uEFpxXzUQk3Agw7fnyg0eapyVJO-ZrsfPdqbUG-SfEnOE3_xnNpziYaXua7LPC1rKaNOj6tsPhvCYJJfmp-QKB7v-ZxtxefhJ22OuMXisfbjT8AJd1i8lcyZLeIRv7lxv-gDj9q7BY2KqsZGyif6pfevhPhTfw5fvpLt4wvthZxZS/w640-h492/Huracan_1973.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Huracán Retro/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><b><br /></b><span></span>
<p></p>
<a name='more'></a>
<p></p>
<h3 style="text-align: justify;">1971: Ressurge um paradigma argentino</h3>
<p style="text-align: justify;">
Nos anos 1960, o Rosario Central revelou um atacante de inquestionada
eficiência, chama-se <b>César Luis Menotti</b>, mas talvez respondesse mais
rapidamente se chamado por seu apelido, <i>El Flaco</i>. Com mais de 1,93m e uma
magreza surpreendentemente aparente, acumulou montes de gols em quatro anos.
Passou por Racing e Boca; defendeu brevemente o Santos de Pelé e encerrou a
carreira em São Paulo, mais especificamente na Mooca, defendendo o Juventus.
</p>
<p style="text-align: justify;">
Menotti foi criado sob a influência do River Plate dos anos 1940, mas atuou na
década em que o futebol argentino passou por intensa transformação; jogar
bonito deixava de ser um dos objetivos do esporte, agora mais pautado na
necessidade visceral da vitória.
</p>
<p style="text-align: justify;">
Corria o ano de 1970, quando Menotti <b>se tornou auxiliar técnico de seu amigo
Miguel <i>Gitano </i>Juárez</b>, no Newells Old Boys. A dupla se sentia capaz de
recuperar a herança de <i>la nuestra</i>, o futebol argentino com nota artística, e
voltou inspirada do México, onde acompanhou <i>in loco</i> o terceiro Mundial vencido
pelo Brasil.
</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKoWXj0tVyavViIZ3EjgdklPgFgyEZRJZ_N-JGH4zCce_lp_ScOTSVJaBRTW530cZkUMp8Y1j5C462GsZcDCX0aiBiccAIzWclkoGnV2Fi_5neaTtKKwDIyR8SDYbgtYNRW1y6EWREIpttyYD7dOeIMFHS3KJOIkXmZxHSRJ-A3ccYrbZ83qcQiTVch5uv/s1162/Cesar_Luis_Menotti_Huracan.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Cesar Luis Menotti Huracán" border="0" data-original-height="747" data-original-width="1162" height="412" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKoWXj0tVyavViIZ3EjgdklPgFgyEZRJZ_N-JGH4zCce_lp_ScOTSVJaBRTW530cZkUMp8Y1j5C462GsZcDCX0aiBiccAIzWclkoGnV2Fi_5neaTtKKwDIyR8SDYbgtYNRW1y6EWREIpttyYD7dOeIMFHS3KJOIkXmZxHSRJ-A3ccYrbZ83qcQiTVch5uv/w640-h412/Cesar_Luis_Menotti_Huracan.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: El Gráfico/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Menotti, então com 32 anos, chegou a comandar o rubro-negro rosarino em
algumas oportunidades, momentos em que Juárez esteve doente, mas em em <b>2 de
maio de 1971</b> — de acordo com a tradicional revista <i>El Gráfico</i> — decidiu que
caminharia por conta própria e iniciou uma nova história com o Huracán. O time tinha títulos
nacionais nos tempos antigos, na década de 1920, mas nenhum troféu da era
profissional. O técnico foi convencido pelo presidente <b>Luis Seijo</b>, que viajou
300 km até Rosário para buscar seu comandante.</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote><div style="text-align: justify;">“O que devo fazer é levantar o moral do plantel, que parece bastante caído, mas no Huracán há jogadores para fazer uma boa campanha“, afirmou o treinador na sua chegada.</div></blockquote><p></p> <div style="text-align: justify;"></div>
<p></p>
<p style="text-align: justify;">
O mandatário parecia saber que seus últimos contratados, juntamente com a fornada de talentos que surgiam nas
categorias de base do <i>Globo, </i>se encaixavam aos modos de Menotti, que tinha
ideias muito bem identificadas do que era futebol.
</p>
<p style="text-align: justify;">
“Para os que acreditam que tudo o que importa é a vitória, deixo o aviso de
que alguém sempre vence. Em um campeonato de 30 times, 29 precisam se
perguntar: ‘o que deixei neste clube, o que levei aos meus jogadores, qual
possibilidade de crescimento dei a eles’”, afirmou César, como reproduzido no
livro <i><b><a href="https://www.amazon.com.br/Angels-Dirty-Faces-Footballing-Argentina/dp/1409144437" target="_blank">Angels With Dirty Faces</a></b></i>, de Jonathan Wilson. “Não vejo nas
táticas a única forma de vencer; ao invés disso, acredito que a eficiência não
está divorciada da beleza“.
</p>
<p style="text-align: justify;">
Em tempo, tal ideário seria vorazmente contraposto àquele propagado por Carlos
Bilardo, herdeiro de Osvaldo Zubeldía, seu mestre no <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2015/03/times-que-gostamos-estudiantes-1967-1970.html" target="_blank">Estudiantes da metade final dos anos 1960</a> e, curiosamente, o antecessor de Menotti no Huracán. Essa
hora ainda demoraria a chegar. A proposta do novo comandante ainda não era
percebida como algo cristalino, precisava se ver materializada dentro das
quatro linhas.
</p>
<h3 style="text-align: justify;">1972: o Huracán incomoda</h3>
<p style="text-align: justify;">
O futebol admite sucessos surgidos do acaso, mas, embora o inesperado tenha
seu charme, são os triunfos construídos com a atenção aos detalhes que se tornam objeto de estudo.
</p>
<p style="text-align: justify;">
Menotti encontrou no Huracán a melhor expressão do que enxergava para o
futebol argentino. Jogadores com algum lastro, como <b>Alfio Basile</b>, <b>Nelson
Chabay</b>, <b>Roque Avallay</b> (todos campeões da Libertadores) e <b>Omar Larrosa</b>, que quase fechou com o Gimnasia,
encontraram-se com jovens, alguns revelados pelo próprio <i>Globo</i>, casos dos
meio-campistas <b>Miguel Ángel Brindisi</b> e <b>Carlos Babington</b>. Tais nomes se
adequavam ao que o treinador imaginava, algo como um 4-3-3, que, muitas vezes,
pareceu um 4-1-5.
</p>
<p style="text-align: justify;">
No Campeonato Metropolitano de 1972, os primeiros frutos desse trabalho
ficaram devidamente evidentes. O Huracán fechou o certame com a terceira
colocação — nove pontos atrás do campeão, San Lorenzo, e a três do Racing. O
dado mais importante, contudo, foi o número de gols marcados: 66, em 34 jogos.
Ninguém marcou tantos. Brindisi ter sido o artilheiro, com 21 tentos, e
Avallay o vice, com 16, não tem nada de acaso.
</p><p style="text-align: justify;">“Fizemos uma grande campanha e tomamos o terceiro lugar do River, em um jogo memorável que vencemos por 2 a 1, no Monumental de Nuñez, na última rodada“, recordou Brindisi, ao <i><a href="https://www.infobae.com/deportes/2023/09/16/a-50-anos-de-la-consagracion-del-huracan-de-menotti-del-episodio-policial-que-casi-eyecta-al-flaco-al-loco-houseman-en-version-maradona/" target="_blank">infobae</a></i>.</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpuvdmZ9BQ1xvI4Sdp_LOBeRkWtA8CPSWOCTEl8Xv3r5d-Jl77qWpPcqDK0FtFV-lKOxA-zBUlK0Rew2jGgMk8hcXy8rht_4Nyv6sxRWEvmfulhv2r66XNEqjR9_TkZDVd3Pg0yZshMUWNQdPXgHIoycrBImKt22tpTsu9qB7iTtGE2QO1pkHCJSDjKEds/s915/Brindisi_Babbington.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Brindisi Babington Huracán" border="0" data-original-height="842" data-original-width="915" height="588" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpuvdmZ9BQ1xvI4Sdp_LOBeRkWtA8CPSWOCTEl8Xv3r5d-Jl77qWpPcqDK0FtFV-lKOxA-zBUlK0Rew2jGgMk8hcXy8rht_4Nyv6sxRWEvmfulhv2r66XNEqjR9_TkZDVd3Pg0yZshMUWNQdPXgHIoycrBImKt22tpTsu9qB7iTtGE2QO1pkHCJSDjKEds/w640-h588/Brindisi_Babbington.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: El Gráfico/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Ainda naquele ano, foi disputado o Campeonato Nacional. Lotado na Zona B, o
Huracán ficou em 4º lugar. Os <i>Quemeros </i>faziam uma ótima campanha, mas derreteram no
final do ano, perdendo as últimas partidas, diante do rival San Lorenzo e do
Boca Juniors. Ainda assim, tiveram o segundo melhor ataque dali, somando dois
gols por partida.</p>
<p style="text-align: justify;">
Vale dizer que a história de que o Huracán seria o <b>“sexto grande”</b> da
Argentina, vinha sofrendo justos ataques, desde a década anterior. Isso
porque, enquanto o time de Parque Patricios não conquistava o Campeonato
Argentino, outras equipes, casos de Estudiantes, Vélez Sarsfield, Chacaritas
Juniors e Rosario Central, passaram na sua frente e levantaram o caneco,
reivindicando seu lugar entre os maiores.
</p>
<p style="text-align: justify;">
O clube estava chegando perto, mas sem título aquele time teria sido,
provavelmente, esquecido.
</p>
<h3 style="text-align: justify;">1973: Chega de esperar</h3>
<p style="text-align: justify;">
Para a disputa do Metropolitano de 1973, Menotti recebeu um reforço importante
e que viria a ser seu <b>capitão</b>. O lateral <b>Jorge <i>El Lobo</i> Carrascosa</b>, com passagem pela
seleção argentina e que fora campeão pelo Rosario Central, completava um time
que, em sua maioria, já trabalhava junto há um certo tempo. A grande adição, contudo, foi a chegada do ponta endiabrado, velocíssimo e boêmio <b>René <i>El Loco </i>Houseman</b>, ex-Defensores de Belgrano, que tinha apenas 20 anos.
</p>
<p style="text-align: justify;">
A saga do Huracán começou em <b>4 de março</b>, da melhor forma possível. O
Argentinos Juniors foi de La Paternal até Parque Patricios apenas para ser
massacrado. O <i>Globo </i>foi impiedoso; consumou um <b>6 a 1</b>. Como recuperado pelo
portal <i>Futebol Portenho</i>, a revista <i>El Gráfico</i> exaltou o feito alcançado pelo
time de Menotti: “Este Huracán demonstrou que quando a bola está no poder de
seus atacantes, cada avanço traz metido o sabor do gol”.
</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3X5ujHaBwNR1fUbGDKVYx0n6QAk65HNp47qC2Fcz17iU6maZcuhg3JfjOPA-SCxwZxYdoBzVKTCfSs0HZyLnpH6sP-Mob5dYmVJjE_XdfIEJ6KZ5qsXgH_Kbz6qHSSivkqBxpKC1pBs7EHGbTuiCkPWkC4VL6WdIhRiHHCTBrLG-DF5zczUW4i6gs1lrz/s1102/Avellay_Babington_Houseman_Brindisi_Larossa.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Avellay Babington Brindisi Houseman Larrosa Huracán" border="0" data-original-height="1102" data-original-width="1019" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3X5ujHaBwNR1fUbGDKVYx0n6QAk65HNp47qC2Fcz17iU6maZcuhg3JfjOPA-SCxwZxYdoBzVKTCfSs0HZyLnpH6sP-Mob5dYmVJjE_XdfIEJ6KZ5qsXgH_Kbz6qHSSivkqBxpKC1pBs7EHGbTuiCkPWkC4VL6WdIhRiHHCTBrLG-DF5zczUW4i6gs1lrz/w592-h640/Avellay_Babington_Houseman_Brindisi_Larossa.jpg" width="592" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Huracán Retro/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Logo no início, ficou evidente o que Larrosa contou a Wilson, no referido
<i>Angels With Dirty Faces</i>: “Menotti sempre insistia em fazer pequenas coalizões:
Babington e eu, Russo e Babington, Carrascosa e Russo”. Babington acrescentou: “O time estava em
sintonia com o gosto dos argentinos. Havia <i>gambetas</i>,
movimentos com um toque, canetas, chapéus, um-dois, ultrapassagens”.</p>
<p style="text-align: justify;">
Enquanto isso, lá atrás, Basile liderava uma defesa que, ao final do
campeonato, seria<b> a menos vazada da competição</b>, com menos de um tento
concedido por partida. Parte disso também passava pela eficiência do volante <b>Francisco <i>Fatiga </i>Russo</b>. Menotti era visto como um romântico, mas não vivia seu
ideal por si mesmo.
</p>
<p style="text-align: justify;">
O time embalou uma sequência grande de vitórias. Ao Argentinos Juniors,
seguiram-se, como vítimas, Newells Old Boys, Atlanta e Colón.<b> O Racing
foi outro massacrado, 5 a 0</b>. “Todos os cinco gols saíram a partir dos 20 do
segundo tempo… em outra nota, se destaca que o Huracán nunca havia ganhado
mais de cinco jogos seguidos ao começar um campeonato”, relatou <i>El Gráfico</i>.
</p><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/vYQjFdVcVgM"></iframe></div>
<p style="text-align: justify;">
Não parou ali. O Vélez Sarsfield também seria superado, antes de o <i>Globo
</i> empatar com o Estudiantes, na sétima rodada. </p><p style="text-align: justify;">“Depois desse início,
especialmente com as vitórias fora de casa, entendemos que éramos capazes de
lutar pelo título”, afirmou Larrosa, o principal artilheiro do time na campanha, com 15 tentos. “Mas Menotti sempre nos disse para pensar
no próximo jogo, não no campeonato, ajustando detalhes para jogarmos melhor.
Esse era seu objetivo mais importante, seguir jogando bem”. </p><p style="text-align: justify;">A seguir,
aconteceria a <b>primeira derrota</b> do time, em visita ao River Plate. </p>
<h3 style="text-align: justify;">Campeão com a língua e fora</h3>
<p style="text-align: justify;">
O Huracán sofreria apenas mais quatro reveses, sendo o diante do Boca
Juniors, num 4 a 1, o pior. Alcançar <b>19 vitórias em 32 jogos</b>, em um campeonato
recheado de equipes tradicionais e fortes foi um feito de dimensões
impressionantes. Mas não foi tão fácil quanto se poderia pensar. No segundo
turno, o ataque (que seria o segundo melhor da disputa, com 62 tentos) perdeu
força, e a força da defesa se impôs. <b>O time ficou cinco jogos sem sofrer gols,
entre as rodadas 21 e 25</b>.
</p>
<p style="text-align: justify;">
O saldo construído até ali era grande demais para seus esforços serem freados
no final. <b>O título foi confirmado na 32ª rodada</b>, a duas do fim do torneio (num
torneio com 17 equipes, cada uma folgava em uma rodada por turno). Foi na
derrota para o Gimnasia. A questão é que o Boca perdeu para o Vélez e já não
podia alcançar o novo campeão, nem impedir a inevitável invasão de campo.
</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb9VIxhwLyJKRM_Z8RA4WcbnbguOCPagLIa_XIt12G8OUkKDzm3RoN1Dv01ju72VtF_8BoZKY8LZL5fgcGG9irmzC0qlVued4YMThXor_BKljdPnE6TBebZ_f1tyxzXA9Uejp740QmsvSRs4XdFNIxYdb_26mJxTHzQqJpBAmQ2vNpnag9x7PPINeBE-49/s1014/1973_Huracan.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="1973 Huracán" border="0" data-original-height="1014" data-original-width="1014" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb9VIxhwLyJKRM_Z8RA4WcbnbguOCPagLIa_XIt12G8OUkKDzm3RoN1Dv01ju72VtF_8BoZKY8LZL5fgcGG9irmzC0qlVued4YMThXor_BKljdPnE6TBebZ_f1tyxzXA9Uejp740QmsvSRs4XdFNIxYdb_26mJxTHzQqJpBAmQ2vNpnag9x7PPINeBE-49/w640-h640/1973_Huracan.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: infobae/ Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">“Eles encheram os campos argentinos de futebol e, depois de 45 anos,
devolveram o sorriso a um bairro com a cadência do tango”, publicou o Clarín.</p>
<p style="text-align: justify;">
O Huracán perdeu na sequência para o San Lorenzo (que carimbou a faixa do rival)
e empatou com o Boca. É improvável que alguém tenha, verdadeiramente, se
incomodado com aquilo em Parque Patricios.
</p><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/EMdzrz0a4Ss"></iframe></div>
<p style="text-align: justify;"></p><blockquote><div style="text-align: justify;">
“Esse título foi o cumprimento de um sonho. Pelo modo como se formou o time,
por como jogava, por tudo o que gerou, por ter se dado em um clube
impulsionado por tanta gente de bairro. O Huracán de 1973 foi um pedaço de
história do futebol argentino, uma bandeira ideológica para muitos”, falou
Menotti, à <i>El Gráfico.</i> </div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<p></p>
<p style="text-align: justify;">
A herança de<i> la nuestra</i>, a memória do River Plate dos anos 1940, estava
preservada. Menotti e o Huracán garantiram que assim fosse, mostrando ao país
que era possível vencer de uma maneira diferente daquela que, por exemplo,
levou o Estudiantes a um tricampeonato continental. No futebol, se vence de
diversas formas, mas não é qualquer vitória que influencia o pensamento de seu
tempo.
</p>
<p style="text-align: justify;">
O Huracán fez boas campanhas no Nacional de 1973 e no Metropolitano de 1974,
mas não renovou seu título. Foi às semifinais da Libertadores e <b>viu
Babington, Brindisi, Carrascosa e Houseman disputarem o Mundial da Alemanha</b>,
mas, em outubro daquele ano, perdeu Menotti para a seleção argentina. Era a
hora de uma nova história ser escrita; chegava o momento de o planeta inteiro
conhecer o método que devolveu leveza às canchas portenhas. Ele ganhava nome:
<b>Menottismo</b>.
</p>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-81329534066830529652024-01-16T11:01:00.001-03:002024-01-16T11:01:10.610-03:00A sinceridade levou o Dinamo Minsk ao título soviético de 1982<div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: x-large;">E</span>m 54 anos de disputa do Campeonato Soviético, apenas quatro vezes o título escapou de mãos russas e ucranianas. Lideranças de Moscou e Kiev garantiam que assim fosse, o que ficava especialmente evidente nas convocações da seleção e nas escolhas de seus treinadores. Houve quem desafiasse tal hegemonia. Corria a metade da temporada 1978, quando um velho conhecido retornou ao Dinamo Minsk. Não mais como ponta, agora como treinador. Eduard Malofeev levou protagonismo ao clube na cena futebolística soviética e europeia.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhPVxhjciIsK8CJcTyYqDlip4xgI-AHGaBv7gx_FIdHP6M_qDOsxV-9BkBPjl8vqtQVmULrLX4LDosPxRJ1aNQeQMS23JfZl6q8mc5Hag7kP_6-ZmLJ8YUQy1VRN-xzTMrhMZBKeqSV0GXgPc3vNt1Om1eNeVVjmvk_kGG2EMxrbYAZ6JHEURFOFuu8BXq/s1199/Minsk_1982.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Dinamo Minsk 1982" border="0" data-original-height="528" data-original-width="1199" height="282" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhPVxhjciIsK8CJcTyYqDlip4xgI-AHGaBv7gx_FIdHP6M_qDOsxV-9BkBPjl8vqtQVmULrLX4LDosPxRJ1aNQeQMS23JfZl6q8mc5Hag7kP_6-ZmLJ8YUQy1VRN-xzTMrhMZBKeqSV0GXgPc3vNt1Om1eNeVVjmvk_kGG2EMxrbYAZ6JHEURFOFuu8BXq/w640-h282/Minsk_1982.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /></b><span><a name='more'></a></span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">O retorno de Eduard Malofeev</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Vivia-se o ano de 1972 quando um dos maiores ídolos do Dinamo Minsk começou a cogitar pendurar as chuteiras. Com uma lesão na cartilagem do menisco de um de seus joelhos, não tinha as melhores condições de prosseguir. Sem o craque, que por um tempo insistiu, tentou seguir jogando, o clube acabou rebaixado em 1973. Foi a gota d’água.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Depois de fazer <b>278 jogos pela equipe, anotando 114 gols</b>, e representando a seleção soviética em mais de 40 partidas, inclusive na Copa do Mundo de 1966, Malofeev parou de vez e começou a orientar as equipes de base do clube. Tinha 33 para 34 anos. Tinha também muitas ideias. “Não há ninguém em Belarus com sua energia e otimismo”, disse Gennadiy Abramovich, que atuou brevemente com Malofeev, ao jornalista Jonathan Wilson, em A<i> Pirâmide Invertida</i>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A afirmação como treinador veio logo. Em 1975, fez uma viagem de cerca de 350 quilômetros até Brest, onde assumiu o Dinamo local. Nascia um jeito de jogar futebol que se contrapunha à abordagem tradicional dos russos. Avesso à ciência de gente como <b>Valeriy Lobanovskyi</b>, ídolo do Dynamo de Kiev, Malofeev propunha um <b>futebol sincero</b>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Segundo Abramovich, tratava-se de um jogo “sem provocar lesões, sem choques, sem empurrões: só se chutava a bola. Sem dar dinheiro a árbitros. E futebol puro, de ataque. Futebol do coração, não da cabeça”. Enquanto Lobanovsikyi, e é inevitável contrapor um ao outro, buscava informações sobre seus jogadores em exames e relatórios, privilegiando o time em detrimento do atleta e honrando uma tradição que passou por nomes como <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/03/viktor-maslov-futebol-moderno.html">Viktor Maslov</a> e Boris Arkadiev, Malofeev explorava a psique de seus comandados.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP7OswTVkzl6oGrVVKw3YU1F-5sglg1hqMVbqn-z8gUK8dkKndF5aqtV9I9VngvFuLDd4gpvZVjaK4g7Txg2Pn87NAFPm4ODu3ggSnA-OAPOpfNhgvqub6t9-XtTXsKso8aRjZmnBvr_CJEJ4qLVFsrO18JPZgp7O6uehsup3F9v-jwhhoTCD_25P4JYHM/s866/Eduard_Malofeev_1982.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Eduard Malofeev 1982" border="0" data-original-height="613" data-original-width="866" height="454" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP7OswTVkzl6oGrVVKw3YU1F-5sglg1hqMVbqn-z8gUK8dkKndF5aqtV9I9VngvFuLDd4gpvZVjaK4g7Txg2Pn87NAFPm4ODu3ggSnA-OAPOpfNhgvqub6t9-XtTXsKso8aRjZmnBvr_CJEJ4qLVFsrO18JPZgp7O6uehsup3F9v-jwhhoTCD_25P4JYHM/w640-h454/Eduard_Malofeev_1982.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não é que Eduard ignorasse a importância do coletivo. Seu objetivo era, o mais das vezes, obter uma unidade, mas a partir da individualidade de atletas conscientes de suas obrigações e do potencial de seus pés. Como em uma dança, em que da bem-sucedida expressão individual dos bailantes resulta uma bela exibição universal. Era isso que diferenciava Malofeev de Lobanovskyi, para o qual o time era uma máquina e os jogadores engrenagens.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quando o comandante voltou para casa, sua abordagem foi eficaz lidando com jovens, mas também com indivíduos que lutavam contra seus demônios. Enquanto garotos como <b>Sergei Gotsmanov</b>, <b>Sergei Aleinikov</b> e <b>Andrei Zygmantovich</b>, todos futuros internacionais soviéticos, ascendiam, veteranos da estirpe do goleiro<b> Mikhail Vergeenko</b>, do atacante <b>Pyotr Vasilevsky</b> e do craque <b>Aleksandr Prokopenko</b>, jogavam seus últimos anos de carreira. A influência sob este último seria das mais significativas. Alcoólatra, não conseguia ter sequência, o que o impedia, inclusive, de receber chances com a URSS.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“O que aconteceu como o Dinamo Minsk em 1982 se deveu à harmonia entre juventude e experiência. Todos, independentemente de ser veteranos ou novatos, jogaram cada partida como se fosse a última de suas carreiras. Mas o mais importante foi que Malofeev era o cabeça do time, um cabeça singular. A vitória foi dele, um triunfo dos seus princípios e da sua compreensão do futebol”, contou Vergeenko a Wilson.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O que aconteceu em 1982 foi o resultado de um processo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Alegria do povo</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em 1978, <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/12/dinamo-tbilisi-winners-cup-1981.html">ano de sucesso de outro Dinamo, o de Tbilisi</a>, o time de Minsk vagava pela segunda divisão soviética. Desde a aposentadoria de Malofeev como atleta, aquele foi o escalão que o clube mais frequentou, exceto por um acesso em 1975 que não resultou em outra coisa senão em outro descenso imediato. Os belarussos competiam, aproximavam-se do acesso, mas ele se recusava a acontecer. A situação mudou imediatamente após o retorno de Eduard. O time pegou o elevador e subiu.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na volta à elite, o Dinamo Minsk começou a mostrar o potencial de um time destinado a ter sua história escrita em livros. O <b>sexto lugar no Campeonato Soviético de 1979</b>, a uma posição da classificação para a Copa da Uefa e com um ataque capaz de marcar 48 vezes, em 34 encontros, deixou escrita uma carta de intenções — assim como os 14 gols de Prokopenko, cuja carreira dava uma guinada.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvDvvnfsTfbNcri6FcUtk1r43d9Oi3z1efdJH79NdyP54uLevZ-7JDgn5nt8p6m7imfC08WLgK258oRl58Xuvuob7xSn1iyqweQLj38rvZ3q7oMrc2jcMjv36XbLgOk-Hc3AzFGDod8cCRGci3nW9PunuZjH7QJ0AB4azXombvhdNr2yG4wH8h_NuqZ6GV/s922/Prokopenko_Minsk_1982.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Aleksandr Prokopenko Dinamo Minsk 1982" border="0" data-original-height="579" data-original-width="922" height="402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvDvvnfsTfbNcri6FcUtk1r43d9Oi3z1efdJH79NdyP54uLevZ-7JDgn5nt8p6m7imfC08WLgK258oRl58Xuvuob7xSn1iyqweQLj38rvZ3q7oMrc2jcMjv36XbLgOk-Hc3AzFGDod8cCRGci3nW9PunuZjH7QJ0AB4azXombvhdNr2yG4wH8h_NuqZ6GV/w640-h402/Prokopenko_Minsk_1982.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">O clube não repetiu a campanha nas duas temporadas seguintes. Não apenas os jovens mostravam a oscilação natural de quem ainda está em desenvolvimento; mais criticamente era Prokopenko um caso de solução-problema. Depois de ser convocado para os Jogos Olímpicos de 1980, convenceu os líderes do selecionado soviético que não valia a pena seguir chamando-o. Era como se apenas Malofeev estivesse disposto a abraçá-lo. E o treinador seguia no clube, apostando que se os jogadores fossem eles mesmos, os torcedores seguiriam apoiando-os e os resultados viriam.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“O futebol era uma distração para as pessoas, algumas das quais não viviam vidas felizes", disse Zygmantovich à revista britânica <a href="https://www.wsc.co.uk/the-archive/dinamo-minsk-1982/"><i>When Saturday Comes</i></a>. “Você não conseguia ingressos para o estádio naquela época. Foi um momento incrível”.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEithXiRKIST4JbbBv4HD5b9PS6TsXKCEM_UPmXHbj43iH0tKWnNX2U3rFkVri5zTPXQ-j8z3a4Z373Y7-VZVBXLs9riPEJOjw2kqbPV7PvQLxNWTI7JjOJ6rZNXVche9PSOXCJkziaEz6X1V-6rjlqZFZNglY0dbdN4qw7Oanr3bfgNGcr982x4Y95E2bo7/s1281/Dinamo_Minsk_1982.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Dinamo Minsk 1982" border="0" data-original-height="805" data-original-width="1281" height="402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEithXiRKIST4JbbBv4HD5b9PS6TsXKCEM_UPmXHbj43iH0tKWnNX2U3rFkVri5zTPXQ-j8z3a4Z373Y7-VZVBXLs9riPEJOjw2kqbPV7PvQLxNWTI7JjOJ6rZNXVche9PSOXCJkziaEz6X1V-6rjlqZFZNglY0dbdN4qw7Oanr3bfgNGcr982x4Y95E2bo7/w640-h402/Dinamo_Minsk_1982.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A tabela de classificação do Campeonato Soviético de 1981 mostrou um problema crônico do time: ele empatava demais. Em 34 jogos, 13 vezes o Dinamo não evitou a igualdade. Naquela época, havia um limite no regulamento, que visava evitar a manipulação de resultados. Eram permitidos apenas 10 empates. Superada a marca, para cada um que excedesse, um ponto era tomado da equipe. Por outro lado, apenas os cinco primeiros colocados perderam menos vezes do que o quadro belarusso. Os motivos para um torcedor acostumado com a segunda divisão sorrir ainda eram muitos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Porém, boas histórias não costumam contar a trajetória de times limitados a vagar pela metade da tabela de seus campeonatos. <b>Em 1982, o Minsk empatou menos, perdeu menos e venceu bem mais</b>. O cartão de visitas foi apresentado logo na primeira rodada, quando recebeu o Dinamo Moscou. Ele estava de volta: Prokopenko ainda tinha futebol e marcou o solitário gol da partida. Na sequência, a vítima foi o Spartak, também derrotado por 1 a 0.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“Mesmo antes do início, em março de 1982, nossos treinadores garantiram que lutaríamos pelo título. Sim, lá atrás ainda éramos azarões, mas muito preparados para executar nossas funções, técnica e taticamente. O partido também não nos pressionou, exigindo grandes vitórias, o que foi importante para nosso estado emocional”, lembrou o zagueiro Sergei Borovsky, em entrevista ao portal <i><a href="https://minsknews.by/futbolist-sergej-borovskij-o-zolotom-minskom-dinamo-igre-za-sbornuyu-sssr-i-zaveshhanii-lva-yashina/?amp=1" target="_blank">Minsk News</a></i>.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Apesar disso, o Campeonato Soviético era duríssimo, recheado de times fortes e com tradição O Dinamo Tbilisi, lembrado sempre pela qualidade de jogadores como Chivadze, Shengelia, Daraselia e Kipiani, logo obrigou Malofeev a permanecer com os pés no chão, goleando o Minsk, 4 a 1.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Macacos contra leões</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quaisquer planos do Dinamo Minsk passariam por frear as investidas do Dynamo de Kiev. O time de Lobanovskiy era o bicampeão vigente e tinha um elenco estrelado. Oito jogadores kievanos representaram a União Soviética no Mundial de 1982, entre os quais Oleg Blokhin. Era suposto que os times se encontrassem pela primeira vez na quinta rodada, em abril de 1982. Contudo, o confronto só aconteceu no final do ano, faltando quatro rodadas para o término do certame. Naquela ocasião, o time de Malofeev já se posicionava como candidato ao título.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O ano de Copa do Mundo pode ter favorecido os belarussos, que <b>cederam apenas o defensor Borovsky à URSS</b>, mas seria uma simplificação afirmar que esse foi um fator determinante para o que se seguiu.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quando por fim recebeu o Dynamo de Kiev, o Minsk já havia perdido todas as partidas que perderia. À derrota para o Tbilisi, somariam-se infortúnios contra Metalist (2 a 1), Chernomorets (1 a 0), Shakhtar (2 a 1), Neftchi (3 a 2) e Torpedo (1 a 0), a única em casa. Mais importante do que isso, em plena Kiev, com gols de Yuriy Kurnenin, Prokopenko e Kondratyev, o time vencera o Dynamo, no que era para ter sido um confronto de segundo turno, mas aconteceu primeiro.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quando se reencontraram, em 27 de outubro, já se sabia que a corrida para o título se resumia aos dois. Ou ficaria na Ucrânia ou iria para Belarus — pela primeira vez. O empate por 1 a 1, novamente com <b>Prokopenko </b>indo às redes, num verdadeiro <b>golaço de calcanhar</b>, deixou as coisas em aberto.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/Axf6gmd_klU"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“Nós tínhamos uma conversa em grupo três horas antes de cada jogo. Ele [Malofeev] reunia o time e tentava ‘ler’ os jogadores. Olhava nos olhos de cada um, sempre tentando descobrir algo. Era como um médico. Analisava os jogadores e imediatamente reconhecia seus pontos fortes e fracos. Era uma pessoa que conseguia tocar seu coração, a sua alma. Ele sabia como falar com as pessoas”, recordou Vergeenko.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Era a hora de uma <b>vingança </b>abrir caminhos para o Dinamo Minsk.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na última rodada do Campeonato Soviético de 1976, o Dynamo de Kiev já não alcançaria o Torpedo Moscou, na luta pelo título, enquanto um de seus rivais e adversário da ocasião, o Spartak, se salvaria do descenso com um triunfo. Na Tragédia de Kiev, como o confronto ficou conhecido, os donos da casa venceram por 3 a 1. O empate teria sido suficiente para a permanência dos moscovitas. Não aconteceu e o Spartak ficou com aquilo entalado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Voltando a 1982, depois de massacrar o Dinamo de Moscou na penúltima rodada, 7 a 0, o Minsk enfrentaria o Spartak e, vencendo, seria o campeão. “Imaginem: há uma tropa de macacos atravessando um campo. Do outro lado está um grupo de leões. Muitas coisas diferentes podem acontecer. Talvez os leões despedacem os macacos. Ou talvez um dos macacos vá primeiro, distraia os leões e se sacrifique para que os outros macacos vivam. Hoje, como macacos, devemos nos sacrificar pela vitória”, teria afirmado Malofeev.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Há quem diga que o Spartak estava disposto a entregar, mas não de forma evidente. Não parecia o caso, no entanto. O time da capital até saiu na frente, mas <b>Igor Gurinovich</b> foi ao resgaste dos belarussos e virou a partida. Vasilevsky e Aleinikov aumentaram o marcador. Porém, o rival foi à luta e marcou mais duas vezes, com Sergei Shavlo. Foi isso: <b>4 a 3</b> e a confirmação do inédito título do Dinamo Minsk.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/yrlU0aGo_1I"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“Quando voltamos de Moscou para Minsk, foi incrível”, prosseguiu Vergeenko. “Havia pessoas com flores, beijos e amor: nada organizado, apenas amor”. A memória é dividida com Borovsky: “Houve uma reunião nacional na estação de Minsk. Quase metade da cidade nos cumprimentou na Praça da Estação. Isso não se esquece”.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Tentando a sorte no continente</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“Não vou citar nomes, mas havia cinco ou seis jogadores capazes de jogar nos principais clubes do mundo. O único problema era que no leste estávamos acostumados a um jogo mais coletivo, enquanto no ocidente valorizavam mais as qualidades individuais”, contou Aleinikov ao portal <a href="https://footballski.fr/football-rss-19-bielorussie-sergei-aleinikov-avait-bien-commence"><i>Footballski</i></a>.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Com o título nacional, <b>o Dinamo Minsk se classificou para a Copa dos Campeões de 1983-84</b>, dada a divergência de calendário entre a URSS e a maior parte dos campeonatos nacionais do restante da Europa. Os belarussos não conseguiram renovar a conquista soviética em 1983, ficando na terceira posição, seis pontos atrás do campeão Dnipro, mas fizeram bom papel na competição continental, apesar de lidar com a recaída e <b>decadência de Prokopenko</b>, que deixara o clube e faleceria em 1989, aos 35 anos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na primeira fase, o Dinamo enfrentou os suíços dos <b>Grasshoppers</b>. Vencer em casa foi fundamental para o avanço, com um placar agregado apertado, 3 a 2. Adiante estavam os magiares do <b>Györ</b>, do atacante Lázár Szentes, lembrado por marcar um dos gols da Hungria na histórica goleada diante de El Salvador, no Mundial de 1982 (10 a 1).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na viagem do Minsk, a Europa teve um vislumbre do que a sinceridade de Malofeev era capaz de produzir: seis gols. Em um jogo apoteótico, Viktor Sokol marcou um <i>hat-trick</i>. O jogo acabou 6 a 3 para os soviético e o artilheiro da partida marcaria mais dois na volta, vencida por 3 a 1. Sokol seria o artilheiro da competição, com meia dúzia de gols.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/5Z3YI7hyflI"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O fim da linha aconteceu nas quartas, contra um time que era casca duríssima, o <b>Dinamo Bucareste</b>. Depois de empatar em casa, o Minsk cedeu um mísero e fatal tento aos romenos e foi eliminado. A prova de que os belarussos não perderam para qualquer equipe veio nas semifinais. Os homens da capital romena fizeram uma eliminatória equilibrada contra o futuro campeão Liverpool. Na Inglaterra, sustentaram um empate até os cinco minutos fatais.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Pouco depois, a história de sucesso do Dinamo Minsk chegou ao fim, embora o time seguisse entre os melhores do país, conservando sua base de jogadores. Honrado por seus feitos, <b>Malofeev assumiu a seleção soviética ainda em 1983</b>. Voltou em 1988, quando o declínio do time já era evidente. Alguns jogadores ganhariam o mundo. Aleinikov, por exemplo, defenderia as cores da Juventus, enquanto Gotsmanov acertaria com o Brighton, e Zygmantovich com o Groningen.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Com a ruína da URSS, veio a do próprio clube, limitado a sucessos esporádicos no fraco cenário futebolístico de Belarus e vivendo à sombra do que foi. Parece não haver esforços suficientemente sinceros para mudar essa realidade.</div>Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-79864422622175034452024-01-09T09:48:00.000-03:002024-01-09T09:48:02.418-03:00Nos anos 1990, a Europa foi obrigada a notar a ascensão do Parma<div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: x-large;">Q</span>uando Carlo Ancelotti começou sua carreira, o Parma era um clube provinciano. Na temporada 1976-77, o quadro emiliano-romanholo andava na terceira divisão, lutando pelo acesso ao segundo escalão. Sua história se resumia a tentativas, na maior parte do tempo malsucedidas, de alcançar uma divisão mais elevada. Até então, os <i>Crociati</i> não haviam disputado a elite. Dez anos depois, quando o treinador Arrigo Sacchi se projetava no cenário italiano, as coisas não haviam mudado tanto. Era difícil imaginar o que veio a seguir.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIQB2tedC2S93WUnBu4qxhj_gCf5aD6xI3dzGNeRBKz9ba2HvGbbZfT42axTclC1JI72XgtjuFaJebVPRMFA_tsnonCp9f2yxTpwDeVc3zFhDOj4jVeCrC3neRmF8oQJv-KYjNZ0Ds7ZT46T1BVxKZb8BIomf0DxvfBvj4fATRfUiMBzZWH73aIaA5j6jE/s1222/Parma-1990-91.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Parma 1990-91" border="0" data-original-height="720" data-original-width="1222" height="378" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIQB2tedC2S93WUnBu4qxhj_gCf5aD6xI3dzGNeRBKz9ba2HvGbbZfT42axTclC1JI72XgtjuFaJebVPRMFA_tsnonCp9f2yxTpwDeVc3zFhDOj4jVeCrC3neRmF8oQJv-KYjNZ0Ds7ZT46T1BVxKZb8BIomf0DxvfBvj4fATRfUiMBzZWH73aIaA5j6jE/w640-h378/Parma-1990-91.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><span><a name='more'></a></span></b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">De Arrigo Sacchi a Nevio Scala</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Sacchi </b>é um raro exemplar de treinador de sucesso que não foi atleta; não por falta de vontade. Não era suficientemente bom sequer para representar o time de uma cidade de pouco mais de sete mil habitantes. A desilusão foi breve e, ao invés de diminuir seu amor pelo esporte, amplificou-o. Era um jovem adulto, trabalhador da fábrica de sapatos do pai, quando começou a comandar o time local, na pequena Fusignano.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A virada de chave em sua trajetória veio quando assumiu o time primavera (categoria sub-19) do Cesena, no final dos anos 1970. Após poucos anos implementando suas ideias, Sacchi conduziu os garotos do quadro <i>bianconero </i>ao título nacional da categoria, em 1981-82. Com a ajuda do fundador do clube, Alberto Rognoni, conseguiu uma vaga na famosa escola de treinadores de Coverciano, onde se formaria.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ao final da década, o ideário de Sacchi passaria a ser alvo de minucioso estudo mundo afora. Crítico do <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/05/juventus-giovanni-trapattoni.html"><i>gioco all’italiana</i></a> e apaixonado pela <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2016/09/selecoes-de-que-gostamos-holanda-1974.html">Holanda treinada por Rinus Michels</a>, o comandante mudou o futebol italiano ao propor a marcação zonal e um estilo de jogo dinâmico, em que a qualidade do portador da bola era tão importante quanto a movimentação de seus colegas — e a gestão dos espaços era chave do jogo. Ele se revelou um italiano que gostava de atacar e que apresentou um jeito de se defender sem ter na defesa a ênfase de seu jogo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXh4tuO7HmBBRQcC6_1OnX6QdNV6pG5agv4ZKpxX1LUeUEveMBmOELbiVgrOPA1zAMRHYszzg82NzVbH1RltjCqZjUe1vg9khVfVPtQ4_U3ML0gWOO_2kTT-VWwyeREApWwbXdtESVEnMT23eemoJaQDiN6ATsBzVa4SWO3vqzFXvkW7SbQph31SDfk-U4/s547/Arrigo-Sacchi-Parma.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Arrigo Sacchi Parma" border="0" data-original-height="547" data-original-width="403" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXh4tuO7HmBBRQcC6_1OnX6QdNV6pG5agv4ZKpxX1LUeUEveMBmOELbiVgrOPA1zAMRHYszzg82NzVbH1RltjCqZjUe1vg9khVfVPtQ4_U3ML0gWOO_2kTT-VWwyeREApWwbXdtESVEnMT23eemoJaQDiN6ATsBzVa4SWO3vqzFXvkW7SbQph31SDfk-U4/s16000/Arrigo-Sacchi-Parma.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nada aconteceu da noite para o dia. Depois de treinar a equipe principal do Rimini, e de conquistar o que era até então sua grande chance na vida, liderando os jovens da Fiorentina, acertou com o Parma. O time andava na terceira divisão e a revolução do comandante foi imediata. O acesso à segundona aconteceu já em 1985-86, sua primeira temporada ali. Os <i>Crociati </i>tiveram o quarto melhor ataque da disputa, mas o mais impressionante foi o comportamento da defesa, que concedeu apenas 14 tentos, em 34 jogos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A saga do Parma estava apenas começando. Em 1986-87, terminou a Serie B na sétima posição, outra vez com a melhor defesa (que concedeu 26 tentos, em 38 jogos). No entanto, os comandados de Sacchi brilharam na Coppa Italia. Lideraram o Grupo 4, vencendo o Milan e eliminaram o mesmo Milan nas oitavas de finais — antes de perder, pela magra contagem de 1 a 0, para a <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/09/atalanta-milagres-1980-stromberg.html">Atalanta</a>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Esse desempenho convenceu os <i>Rossoneri</i>, recém-comprados por Silvio Berlusconi, a apostar em Sacchi. Fim da linha para o promissor projeto do Parma? Um intervalo se impôs.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Primeiro, o time tentou a sorte com o tcheco <b>Zdenek Zeman</b>, o que fazia sentido: muito pode ser dito sobre ele em tom de crítica, mas <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/07/zdenek-zeman-foggia.html">ele nunca abriu mão do ataque</a> como princípio. Não deu certo e, logo, o comando do time passou para as mãos de <b>Giampiero Vitali</b>, que também não levou o Parma à elite. O curioso é que na Coppa Italia 1987-88, o quadro emiliano-romanholo voltou a liderar um grupo com o Milan, antes de cair nos mata-matas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEic0c_UHNZvuLoJnvnvHnygnfhyphenhyphenRIpw6WMTxCwCMO51nXtszYl3_TGCkbwiHiHt72fvbRyUKqgXJ2JS1DZAxMFEAOvOzC3lnuSE9U4lhNbjKgQQ4N-5juQLwVrrLNArFgvKOF7N6VVb6VzG-YkYoIFX3kg3LGZbKQgbtv-TNL5kY4UMNzuCyASQxE6-NQgq/s1222/Nevio-Scala-Parma.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Nevio Scala Parma" border="0" data-original-height="971" data-original-width="1222" height="508" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEic0c_UHNZvuLoJnvnvHnygnfhyphenhyphenRIpw6WMTxCwCMO51nXtszYl3_TGCkbwiHiHt72fvbRyUKqgXJ2JS1DZAxMFEAOvOzC3lnuSE9U4lhNbjKgQQ4N-5juQLwVrrLNArFgvKOF7N6VVb6VzG-YkYoIFX3kg3LGZbKQgbtv-TNL5kY4UMNzuCyASQxE6-NQgq/w640-h508/Nevio-Scala-Parma.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Getty Images/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quando parecia que o clube estava fadado à se manter na insignificância, <b>Nevio Scala</b> chegou.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“Um treinador exigente. Entre nós, o chamávamos de sargento de ferro, ainda que no fundo não fosse tão durão. Ele exigia muito do time. Teve a sorte de ter um grupo fantástico à sua disposição; nós, de sermos treinados por um treinador que, na época, era considerado um inovador, que trouxe um futebol diferente. Encontrou um equilíbrio táctico decisivo para os nossos sucessos, com os três defensores e os dois alas, Benarrivo e Di Chiara, que subiam para se tornarem, de fato, atacantes. Foi uma combinação vencedora”, comentou <b>Marco Osio</b>, em entrevista ao portal <a href="https://www.888sport.it/blog/calcio/serie/marco-osio-juventus-parma-e-la-coppa-italia-da-cui-nacque-la-grande-squadra-di-nevio"><i>888Sport</i></a>.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">A Parmalat manda; chegam os grandes jogadores</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Diferentemente de Sacchi, Scala foi jogador com uma carreira respeitável, embora sem clara identificação com qualquer emblema. Revelado pelo Milan <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/03/nereo-rocco-catenaccio-milan.html">nos célebres anos 1960</a>, teve pouco espaço. Depois de um empréstimo à Roma, foi passando por várias equipes, inclusive pela Inter e retornando brevemente ao Milan. Passou quase todos os seus anos na primeira divisão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Scala se tornou treinador e, em 1988-89, vivendo algo parecido com Sacchi, conduziu a Reggiana ao título da Serie C1. Então seu caminho se cruzou com o do Parma — e o da <b>Parmalat</b>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl_hdEUz11Lo7JsC8j1Q9IG3AW9gY02BsTPlNTnKOCwV6cWOzDLo_n9OKyICvtOcFknnGnlQK6V8n-Yxunx1NvxFbJYl2gzM5dqxdE0POdKtviTI92To8eaQekryVrIVVWrDXDw9rb6EvMyYUyphwxvlLzpTBe2EdqkGYtDe9FI_-3Ff9D5V1X3ZW4a0a4/s1159/sponsor-parmalat.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Parma Pamalat" border="0" data-original-height="1159" data-original-width="850" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl_hdEUz11Lo7JsC8j1Q9IG3AW9gY02BsTPlNTnKOCwV6cWOzDLo_n9OKyICvtOcFknnGnlQK6V8n-Yxunx1NvxFbJYl2gzM5dqxdE0POdKtviTI92To8eaQekryVrIVVWrDXDw9rb6EvMyYUyphwxvlLzpTBe2EdqkGYtDe9FI_-3Ff9D5V1X3ZW4a0a4/w470-h640/sponsor-parmalat.jpg" width="470" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não é difícil imaginar que o torcedor do Parma devaneie sobre os caminhos de seu time, caso Sacchi não tivesse aceitado a proposta do Milan. É natural que assim seja. Ainda mais considerando que, em julho de 1987, <b>Ernesto Ceresini</b>, presidente do clube, e <b>Calisto Tanzi</b>, manda-chuva da Parmalat, apertaram as mãos e selaram o início de uma das mais famosas parcerias da história do futebol. Zeman e Vitali não fizeram bom proveito das liras investidas no clube. Coube a Scala tamanha missão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O Parma subiu, tornou-se time da elite. Em 1989-90, os homens da Emília-Romanha terminaram a Serie B em quarto lugar. A subida foi selada justo contra a Reggiana.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/Z6hbkYZcDkU"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A felicidade com a ascensão, porém, contrastou com o luto da perda. Era 4 de fevereiro de 1990, o meio da temporada, quando Ceresini faleceu. O mais adorado entre os presidentes da história do Parma não viu seu sonho se concretizar — mas não foi esquecido. Anos mais tarde, daria nome ao museu do clube.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“Houve momentos muito complicados de gerir, até a nível emocional: a morte do nosso presidente Ernesto Ceresini deixou a equipe desesperada. Mas reagimos prontamente, encontrando energia e motivação incríveis”, disse Scala, à <a href="https://www.forzaparma.it/2022/04/24/scala-la-nostra-cavalcata-del-1990-puo-ispirare-il-parma-del-futuro/"><i>Gazzetta di Parma</i></a>.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Paralelamente ao vácuo de poder vivido pelos <i>Crociati</i>, a Parmalat passava por um momento importante. Fazia pouco tempo que Tanzi conseguira listar a empresa na Borsa Italiana, a principal bolsa de valores do país, sediada em Milão. Era hora de expandir os negócios. Foi assim que o Parma passou a ser propriedade da empresa e <b>Giorgio Pedraneschi</b> assumiu como presidente do clube.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Logo no primeiro ano na Serie A, a agremiação anunciou a contratação de suas primeiras estrelas. Não eram nomes óbvios, mas como duvidar de que o Parma ambicionava voos altos? </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Do Internacional, veio o goleiro titular da Seleção Brasileira, <b>Cláudio Taffarel</b>; para comandar a defesa, outro jogador internacional, o belga <b>Georges Grün</b>, ex-Anderlecht; abrilhantando o ataque, o jovem sueco <b>Tomas Brolin</b>, proveniente do IFK Norrköping. Eles se juntaram a peças importantes, como Osio, Luigi Apolloni, Lorenzo Minotti e Alessandro Melli.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/Ta1STmOfp7g"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Acaso nenhum ajudou o Parma a terminar a Serie A 1990-91 na sexta colocação. Havia um trabalho em curso e dinheiro sendo investido. No ano de estreia na elite, o time se classificou para a <b>Copa da Uefa</b>, para o que seria sua primeira aparição em solo internacional.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Enchendo a sala de troféus</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Apesar de ter dinheiro em caixa, o Parma não foi com tanta sede em busca de reforços para se apresentar perante o continente. O setor mais movimentado em 1991-92 foi a lateral. Destaque do time nas últimas campanhas, Enzo Gambaro acertou com o Milan. A reposição foi feita com sabedoria. Ex-Fiorentina, <b>Alberto Di Chiara</b> representava uma certeza; tinha vasta experiência na Serie A. <b>Antonio Benarrivo</b> nem tanto. Contratado junto ao Padova, era uma promessa vinda da segunda divisão. Foi uma tacada de mestre. Em um ano, já era titular da seleção italiana.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Scala estava montando um time de futebol de verdade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O elenco foi insuficiente para passar pelos búlgaros do CSKA Sofia, ainda na primeira fase da Copa da Uefa? Sim, mas levou o Parma ao seu primeiro título de grande expressão. Depois de superar Palermo, Fiorentina, os rivais genoveses, Genoa e <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/10/times-que-gostamos-sampdoria-1990-1991.html">Sampdoria</a>, os <i>Crociati </i>enfrentaram a Juventus na decisão da <b>Coppa Italia</b>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/A1aPyJhR2iA"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">De um lado, o já veterano Giovanni Trapattoni alinhava figuras como Angelo Peruzzi, Antonio Conte, Salvatore Schillaci, Paolo Di Canio e ele, Roberto Baggio. Do outro, Scala seguia com seu grupo de operários, veteranos e jogadores em ascensão. Em Turim, Baggio deu a vantagem do 1 a 0 aos <i>Bianconeri</i>. Porém, no Stadio Ennio Tardini, Melli (artilheiro do certame com cinco gols) e Osio resgataram o Parma, enfim campeão. Nada mais importava; a eliminação precoce na Copa da Uefa e o sétimo lugar na Serie A eram irrelevantes.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“Foi uma explosão de alegria! O 2 a 0 nos permitiu levantar a taça ao céu, o primeiro troféu, o primeiro gol histórico. Para o Parma, aquela Coppa Italia realmente significou um encontro com os grandes do futebol italiano. Toda a cidade comemorou conosco, mas acredito que naquela noite grande parte do público italiano aplaudiu e celebrou conosco, porque éramos realmente uma boa equipe”, lembrou Osio.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os emiliano-romanholos voltaram às competições europeias. Desta vez, para jogar a Recopa 1992-93. O time começava a sofrer com a regra que só permitia a utilização de três estrangeiros. No River Plate, o Parma encontrou o selecionável argentino Sergio Berti. Ele teria pouco espaço e relevância. O mesmo não pode ser dito do outro sul-americano chamado a vestir amarelo e azul. O colombiano <b>Faustino Asprilla</b>, ex-Atlético Nacional, causou impacto imediato.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/aZfZDYfAilg"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A estrutura do time se mantinha, mas havia problemas. Berti não seria o único ignorado. Depois de duas temporadas de titularidade inquestionada, Taffarel perdeu o lugar, preterido por Asprilla, Brolin, e Grün. Acabaria emprestado à Reggiana na temporada seguinte.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nada disso impediu mais um ano de sucessos. Se na Coppa Italia a Juventus se vingou, eliminando o Parma nas quartas de finais, o clube amarelo e azul voltou a incomodar a esquadra de Turim, terminando a Serie A em terceiro lugar, uma posição acima dos <i>Bianconeri</i>. O fato mais impressionante, contudo, aconteceu na Recopa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Superando Újpest, Boavista, Sparta Praga e Atlético de Madrid, com uma <i>doppietta </i>de Asprilla, o Parma foi à decisão, contra os belgas do Royal Antwerp. Mesmo sem o colombiano, autor de quatro tentos na campanha e que se recuperava de lesão, os italianos não tiveram dificuldades para arrebatar mais uma taça, 3 a 1, sua primeira internacional.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/sR1K1uyzVs8"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Reconhecido até pelos rivais</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A temporada 1993-94 foi um hiato na senda de grandes vitórias do Parma, não nos bons resultados. Osio foi negociado com o Torino, mas o clube fez novos e determinantes investimentos, trazendo as virtudes defensivas e de liderança de <b>Néstor Sensini</b>, ex-Udinese, a qualidade de organização de <b>Massimo Crippa</b> e a magia de <b>Gianfranco Zola</b>, estes dois provenientes do Napoli. Scala ganhou alternativas e talento.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Para não ficar de mãos abanando, os <i>Crociati </i>bateram o Milan e ficaram com a Supercopa Europeia — gols de Sensini e Crippa. Na Coppa Italia, foram até as semifinais, perdendo para a Sampdoria; na Serie A, ficaram em quinto lugar; e, na Recopa Europeia, quase conseguiram defender o título. Deixando gigantes como Benfica e Ajax pelo caminho, o time sucumbiu diante do Arsenal na decisão, em Copenhague. Foi pela margem mínima de 1 a 0.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“É um jogo que deveríamos ter perdido. No papel, eles eram favoritos com os jogadores que tinham: Asprilla, Zola [...] Houve momentos do jogo em que eles estavam transitando pela entrada da grande área e olhávamos para Bouldy [o zagueiro Steve Bould] e ele dizia ‘tenho três por aqui’, para logo depois corrigir ‘bem, tenho quatro!’. Tony [Adams] sempre tinha dois e Nigel [Winterburn] outros três. Eu pensava que eles tinham 15 jogadores em campo”, recordou o lateral Lee Dixon, ao <a href="https://www.arsenal.com/news/it-was-relentless-rest-history">site oficial dos <i>Gunners</i></a>.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/Qe-WfVwu91Y"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O ano sem grandes conquistas não foi um ano perdido. A convocação da seleção italiana de 1994 contou com cinco jogadores do Parma. O treinador Arrigo Sacchi, ele mesmo, chamou Apolloni, Benarrivo, Minotti, Zola e o goleiro Luca Bucci. Logo no início da temporada 1994-95, juntou-se a eles <b>Dino Baggio</b>. Foi uma contratação polêmica do Parma. O meio-campista da Juventus também era pretendido pelo Milan e ele desejava o movimento, que não se concretizou.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O mercado foi movimentado. Os <i>Crociati </i>ainda acertaram com o zagueiro português <b>Fernando Couto</b>, a promessa <b>Stefano Fiore</b> e o atacante <b>Marco Branca</b>. Por outro lado, Grün voltou para a Bélgica e Melli fechou com a Sampdoria.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Aquele foi um grande ano para a Juventus, campeã italiana e da Coppa Italia, vencendo o Parma na decisão. Contudo, nem tudo foram flores para os homens de Turim. Na Copa da Uefa, os comandados de Scala passaram por Vitesse, AIK, Athletic Bilbao, Odense e Bayer Leverkusen antes de encontrar a Juve no encerramento da competição. Era a hora de uma nova idolatria começar a ser construída.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/ygGhkVSWMKE"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“Eles [a torcida do Parma] me receberam com frieza. No primeiro momento, me vaiavam quando eu errava um passe. Fiz os torcedores me amarem pelo compromisso que sempre demonstrei no campo e pelos gols que marquei contra a Juventus”, contou Dino Baggio ao <a href="https://www.calciomercato.com/news/che-fine-ha-fatto-dino-baggio-l-uomo-di-sacchi-da-inter-juve-e-i-54583"><i>Calcio Mercato</i></a>.</div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na partida de ida, no Ennio Tardini, Dino deu a vantagem ao Parma, 1 a 0. Em Turim, Gianluca Vialli adiantou os comandados de Marcello Lippi no marcador, com o que se convencionou chamar de golaço. Seria ele, Dino, o responsável pelo tento do empate e do título. Era uma resposta ao time que o impediu de seguir para o Milan e à torcida que até então duvidava de sua lealdade. Era, também, mais um título continental para a galeria de troféus do Parma.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Princípio, meio e fim</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Scala não tinha mais nada a provar. Sem receios, definiu que Asprilla, com problemas no joelho, não estava em seus planos para a temporada 1995-96. Jogador e comandante tiveram rusgas desde o princípio, sobretudo porque, admitidamente, o colombiano tinha problemas em obedecer ordens.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Faustino ainda ficou meio ano no clube, mas logo partiu para o Newcastle. Situação semelhante à vivida por Brolin, que seguiu para o Leeds United. Para o comando do ataque, o time havia contratado <b>Filippo Inzaghi</b>, trouxera Melli de volta e um gênio genioso, <b>Hristo Stoichkov</b>. A sementinha da discórdia fora semeada e começava a se abrir.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“O Stoichkov estava habituado a uma realidade diferente e isso trouxe desequilíbrio ao grupo. Foi difícil encaixá-lo na nossa formação, com Zola e Asprilla. Scala precisou mudar sua formação e o time sofreu”, contou Minotti,<a href="https://www.yahoo.com/lifestyle/private-jets-press-conferences-why-064720013.html"> em entrevista à revista <i>FourFourTwo</i></a>.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/F9quECy8V-Y"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O Parma, que também contava agora com <b>Fabio Cannavaro</b> na defesa, não repetiu o desempenho de outros anos. O sexto lugar na Serie A foi acompanhado de uma eliminação precoce na Coppa Italia para o modesto Palermo. Na Recopa Europeia, que o Parma disputou como vice da copa nacional do ano anterior, já que a Juventus jogou a Liga dos Campeões, caiu diante do PSG. Fim da linha.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No primeiro ano de validade da Lei Bosman, que autorizava os jogadores com passaporte europeu a transitar livremente pelo continente, o Parma escolheu se renovar. Permitiu as saídas de Zola, Stoichkov, Inzaghi, Couto e Minotti, e abriu os cofres para trazer gente como <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2019/10/dia-hernan-crespo-silenciou-juventus.html"><b>Hernán Crespo</b></a>, <b>Lilian Thuram</b>, <b>Amaral</b>, <b>Enrico Chiesa</b> e <b>Zé Maria</b>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Todo esse processo começava com a mudança de comando. Scala era uma realidade desgastada. Era a hora de os <i>Crociati </i>afirmarem outro treinador, neste caso, um velho conhecido: <b>Carlo Ancelotti</b>.</div>Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-3902207587129898722023-10-12T13:41:00.001-03:002023-10-12T18:15:00.722-03:00O Atlético Mineiro de 1977, vice com 10 pontos a mais que o campeão<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">N</span>o futebol, a ideia de campeonato
se vincula a de competição por pontos, já que fases eliminatórias são
típicas de copas. Como se sabe, no entanto, o Brasil demorou décadas para
adotar o modelo mundialmente mais comum. Essa escolha podia causar
distorções bizarras. O que se viveu em 1977 — a bem da verdade já em 1978 —
se encaixa na descrição. Atlético Mineiro e São Paulo fizeram a final do
Brasileirão. E, mesmo sem perder e somando mais pontos, o Galo ficou com o
vice-campeonato.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVrS0V_FkxDOXheV35sEvle3fMRfIxf6sBEQ8JARQB-m35bXNVx-TvMmzVLQURWsAttqQsJRglCzYQlqgPduv6g0y32BCLtAYhrZ6jJ4QDS5Ym7DWbVew8RwQBBsXEF0LTMH_t6QaZgP-J3cwqpqlsv2LVxYqEwVqJVWBLkydMiC4_YvJdp_O_rao63FJ3/s2066-rw/Atl%C3%A9tico_Mineiro_1977.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Atlético Mineiro 1977" border="0" data-original-height="1357" data-original-width="2066" height="420" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVrS0V_FkxDOXheV35sEvle3fMRfIxf6sBEQ8JARQB-m35bXNVx-TvMmzVLQURWsAttqQsJRglCzYQlqgPduv6g0y32BCLtAYhrZ6jJ4QDS5Ym7DWbVew8RwQBBsXEF0LTMH_t6QaZgP-J3cwqpqlsv2LVxYqEwVqJVWBLkydMiC4_YvJdp_O_rao63FJ3/w640-rw-h420-rw/Atl%C3%A9tico_Mineiro_1977.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /></b><span><a name='more'></a></span>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
Uma fórmula estranha só poderia ter um final esquisito
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não se conta essa história sem destacar o formato do Campeonato Brasileiro de
1977. Como se os 54 clubes disputantes da edição anterior fossem
insuficientes, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) incluiu mais oito
equipes. Ainda que o país tenha extensão territorial monumental, não é fácil
acreditar que a nata do futebol brasileiro fosse composta por 62 agremiações.
Não era mesmo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Considerando-se os estados e territórios existentes à época, apenas Acre,
Amapá, Rondônia e Roraima não tinham representantes na disputa, o que ajuda a
explicar as decisões tomadas pela cartolagem. O certame se dividiu em três
fases de grupos, seguidas de uma fase final. Primeiramente, os clubes foram
distribuídos em seis grupos de 10 ou 11 integrantes. Os cinco melhores se
classificavam e eram alocados em outros seis grupos, agora de cinco times.
Porém, os piores sobreviviam para a disputa de repescagem, também em seis
grupos, avançando uma equipe.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY2CNE9BAG0UDhwdpcSCjBHNUgVJTjQx3Fa-enXKIInx16iQfDbBrCdkmj0zfKdXpE-eN6XvwO9cMcJxM1nQGtalLT772H8owv3rJsphWgwhSLbz8UY4DJ_3L9zqV1Ja2DuE08AC1QyTeSdg39OzXprJ2ss561emaBp3q68BC14fDsyTBruAp1Mm2oBvHO/s638-rw/c26f26_d71283310e474785a943beccde391de6_mv2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Atlético Album Campeonato Brasileiro 1977" border="0" data-original-height="638" data-original-width="476" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY2CNE9BAG0UDhwdpcSCjBHNUgVJTjQx3Fa-enXKIInx16iQfDbBrCdkmj0zfKdXpE-eN6XvwO9cMcJxM1nQGtalLT772H8owv3rJsphWgwhSLbz8UY4DJ_3L9zqV1Ja2DuE08AC1QyTeSdg39OzXprJ2ss561emaBp3q68BC14fDsyTBruAp1Mm2oBvHO/w478-rw-h640-rw/c26f26_d71283310e474785a943beccde391de6_mv2.jpg" width="478" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Álbum do Campeonato Brasileiro de 1977</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">Na terceira fase de grupos, os classificados na segunda (três por grupo) e os
que se salvaram na repescagem se reencontravam, divididos em quatro grupos. Os
campeões eram os semifinalistas e os dois vencedores faziam a final. Na época,
as vitórias somavam dois pontos, exceto se o vencedor conseguisse vantagem
igual ou superior a dois gols de diferença, ocasião em que levava três —
futebol à brasileira.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É compreensível que o leitor precise reler os parágrafos anteriores. O Brasil
não é mesmo para amadores. Com tantos jogos (485), não causou surpresa o fato
de que o campeonato não acabou em 1977, invadindo o ano seguinte — que por si
só já seria diferente, em razão da Copa do Mundo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">O Galo era um dos postulantes ao título</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1976, sob o comando de João Lacerda Filho, o Barbatana, o Galo foi longe no
Campeonato Brasileiro. Semifinalista, caiu diante de <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/09/internacional-1975-1976.html" target="_blank">um Internacional histórico</a>. Com gol no apagar das luzes, o Galo perdeu por 2 a 1
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Colorado contava com Manga, Figueroa, Falcão e, para tristeza alvinegra,
Dario, o artilheiro daquele certame. Os mineiros, por sua vez, mesclavam
garotos como Toninho Cerezo, Heleno, Paulo Isidoro e Marcelo Oliveira ao campeão nacional Vantuir e o excêntrico goleiro argentino Miguel Ángel
Ortiz. Sempre pairou uma dúvida: qual teria sido o desfecho daquela partida se
o lesionado Reinaldo, o Rei, estivesse disponível?
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Barbatana foi mantido para 1977 e a aposta rendeu frutos. Logo no princípio do
ano, o Atlético venceu o Campeonato Mineiro de 1976 (isso mesmo). A final foi
disputada contra o Cruzeiro que, pouco tempo antes, conquistara a Copa
Libertadores da América, consolidando um decênio brilhante para a Raposa.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/e3ynMsUHZWg"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os jovens alvinegros tinham algo de especial. Aquele era um título invicto, o
primeiro estadual desde 1970. O Galo marcou 81 gols, em 31 jogos; concedeu oito.
103.725 pessoas assistiram ao fim do jejum alvinegro — viveram momentos
inesquecíveis, como o lance em que Ortiz, com frieza, matou um chute de Dirceu
Lopes no peito e saiu jogando.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Adentrando as páginas da revista <i>Placar </i>de 8 de abril de 1977, lê-se um título
emblemático: “O futuro é o que vale”. Após a vitória na partida de ida, Cerezo
evidenciava o que sua geração levava para o campo: “Não há dinheiro que pague
a emoção que eu sinto de vestir a camisa do Atlético, de sentir a alegria
dessa gente. Ninguém me tira daqui. Podem dizer que é demagogia, mas não é:
nem na Seleção Brasileira eu senti tanta emoção como agora”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outro destaque importante da matéria era dado a Telê Santana, o homem que
liderara o Galo ao título nacional de 1971, mas não só: “Telê começou a dar a
estrutura que forçou uma mudança nos métodos que o Galo usava para formar suas
equipes [...] paciente, arriscando-se a ficar mais longe dos títulos, a perder
prestígio e dinheiro. Mas foi um trabalho heróico”. Telê acreditava na
formação e Barbatana treinara os meninos nos juvenis.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglFcQHxT-BHxUMxVVF0YWvAoQWZBDGAB-zD9QS719X9Pr_ZP7Y7iHcgzzo2tOxnHjS_XkD5qx4NOfSeX4B36FQuV24cc-0VCO5jTRwK-0P3Ov0sA_3hJ8Iv7OetDZt-BzlK6_T1BuI9BZTiuvIfFdPovHKqEaotQTEjHLlTYkZxK0WtJGcIuiql2VtNtpk/s1938-rw/Reinaldo_Cerezo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Reinaldo Toninho Cerezo Atlético" border="0" data-original-height="1097" data-original-width="1938" height="362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglFcQHxT-BHxUMxVVF0YWvAoQWZBDGAB-zD9QS719X9Pr_ZP7Y7iHcgzzo2tOxnHjS_XkD5qx4NOfSeX4B36FQuV24cc-0VCO5jTRwK-0P3Ov0sA_3hJ8Iv7OetDZt-BzlK6_T1BuI9BZTiuvIfFdPovHKqEaotQTEjHLlTYkZxK0WtJGcIuiql2VtNtpk/w640-rw-h362-rw/Reinaldo_Cerezo.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">No <i>Estado de Minas</i> de 5 de abril, o cronista Roberto Drummond profetizou: “O
Atlético está recriando o futebol, não o futebol de Minas, não o futebol do
Brasil, mas o futebol do mundo. Tudo numa revolução em que entram elementos
como o talento individual, a criatividade individual, a atualização
individual, e o conjunto”.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Liderança com sobras nos Grupo F e L</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No time titular do Galo que disputaria o Brasileirão, a mudança mais
importante foi a saída do goleiro Ortiz. O Campeonato Mineiro de 1977 começara
logo após o fim da edição anterior e seria vencido pelo Cruzeiro, liderado
pelos gols do uruguaio Carlos Revetria. O arqueiro, que chamava atenção pelo
estilo de jogo, os cabelos longos e a cor de sua camisa, foi acusado de ter se vendido no jogo decisivo. Logo, viajou para o Uruguai sem comunicar a diretoria
do Atlético. Foi afastado e deu lugar a mais um prata da casa: João Leite, que
venceu a disputa com Sérgio.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do Guarani, chegou o ponta Ziza; da Caldense, o lateral esquerdo Valdemir, que
tinha passagem pela seleção sub-20 e substituiria Dionísio. Outra mudança foi
a saída de Getúlio, transferido para o São Paulo.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5Ib55B92pO659zc8qx7wA5lPi3wqSZYuKOJqm0Wx-Gs4-sRZlSQf26IJYsqL-ZiGUj-l_K3ux1mBbbm8DxgvVTF9iUxyT-PLm5ZdwTPJWNFQX_RObg9pAv7CqJqFcJ1Jg2JJekqOK-Z5J0Rg0UkgAVO5_OpIOEKlCgY6WLwBK9erKILt9cG0jsYHrWEmt/s1368-rw/Ortiz_Atl%C3%A9tico.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Ortiz Atlético" border="0" data-original-height="1368" data-original-width="1098" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5Ib55B92pO659zc8qx7wA5lPi3wqSZYuKOJqm0Wx-Gs4-sRZlSQf26IJYsqL-ZiGUj-l_K3ux1mBbbm8DxgvVTF9iUxyT-PLm5ZdwTPJWNFQX_RObg9pAv7CqJqFcJ1Jg2JJekqOK-Z5J0Rg0UkgAVO5_OpIOEKlCgY6WLwBK9erKILt9cG0jsYHrWEmt/w514-rw-h640-rw/Ortiz_Atl%C3%A9tico.jpg" width="514" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Era outubro quando começou a disputa do Campeonato Brasileiro. O Galo dividiu
o Grupo F com América Mineiro, Botafogo de Ribeirão Preto, Cruzeiro, Fast
Clube, Nacional, Paysandu, Remo, Santos e Uberaba. Passeou. Estreou castigando
o Remo, 4 a 1, no Mineirão. Seriam oito vitórias e somente um empate, no
Triângulo Mineiro, ante o Uberaba. Quando recebeu seu maior rival, venceu por
1 a 0, gol de Márcio.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outro momento simbólico aconteceria no triunfo ante o Fast Clube. Reinaldo
anotou cinco gols, um deles acrobático. Roberto Drummond concluiu sua crônica no <i>Estado de Minas </i>com as seguintes palavras: “Eu quero o gol de
meia-bicicleta de Reinaldo para acordar para a vida os que estão de olhos
abertos, mas estão dormindo”. Esse era o poder do Atlético em 1977, tamanha a
qualidade que Reinaldo possuía em seus pés.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/Xbtc9PBUAd8"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O avanço à segunda fase foi inapelável. O esquadrão alvinegro somou oito
pontos a mais que seu principal perseguidor, o Cruzeiro.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">Adiante, para superar o Grupo L, o Galo precisava bater Americano, Grêmio, Guarani e
Santa Cruz. O Tricolor Gaúcho era campeão estadual, título imortalizado pelo
famoso vôo de André Catimba, e tinha Telê Santana no banco. Já o Bugre chegara
à terceira fase do Paulistão e <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/11/guarani-1978-campeao-brasileiro.html" target="_blank">não tardaria a fazer sucesso</a>. Contudo, o equilíbrio da disputa seria
sublinhado pela performance do Tricolor Pernambucano. O Santinha não decidira
seu estadual, mas ficaria no encalço do Galo, que venceu seus quatro jogos.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/iRJPcRLd3NQ"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No final do ano, <i>Placar </i>sinalizava outro indicador da força alvinegra: João
Leite, aos 22 anos, caía nas graças do torcedor, ainda furioso com Ortiz.
“Para falar a verdade, não esperava que João chegasse a esse ponto. Ele não
era dedicado, não gostava de treinar. Mas sempre teve tudo para ser um grande
goleiro. Agora começa a explorar suas virtudes”, afirmou Heleno à reportagem. Os testes estavam ficando mais difíceis.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
A rotina de vencer o rival, a força do Botafogo e o surgimento de uma zebra
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando a terceira fase de grupos começou, já era 1978. No Grupo T, o Galo enfrentaria América de Natal, Bahia, Botafogo, e, outra
vez, Cruzeiro e Fast Clube. A largada foi da melhor forma possível. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No
Mineirão, diante de 98.778 pagantes, Ziza e Reinaldo garantiram mais uma
vitória contra a Raposa, que descontou com Nelinho. Era um bom reinício,
passadas férias (!). O treinador Aymoré Moreira bem que tentou. Armou um time
mais defensivo e apostou na falastronice: “Vamos ganhar, porque o Cruzeiro é o
único capaz de impedir que o Atlético seja campeão”.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt4QIcFLDC2Iub-HaL7I-sLK7b0HIBXy90fSKJ4JDIWcXSGV55ulUk4NbemtAHfItCRpo70Y6jTcMRlrWEt-npIiM0fBRG_uwA21xAhy-jE5sjJ-VBXaWMXCFNbi0wqEa026MfCvGUfl7MdWC1buc70v6uD9PujMJ-GUlI6xFEmWKlhv9iQwDcHgE6nKff/s1148-rw/0006-horz.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Atlético 1977 Placar" border="0" data-original-height="759" data-original-width="1148" height="424" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt4QIcFLDC2Iub-HaL7I-sLK7b0HIBXy90fSKJ4JDIWcXSGV55ulUk4NbemtAHfItCRpo70Y6jTcMRlrWEt-npIiM0fBRG_uwA21xAhy-jE5sjJ-VBXaWMXCFNbi0wqEa026MfCvGUfl7MdWC1buc70v6uD9PujMJ-GUlI6xFEmWKlhv9iQwDcHgE6nKff/w640-rw-h424-rw/0006-horz.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo: Revista Placar</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">Na sequência, o Galo sobreviveu à viagem a Manaus, trazendo uma vitória magra, 2 a 1, na
bagagem. Para isso, precisou superar a expulsão de Reinaldo, que teria
repercussões dramáticas.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">Então, o Atlético experimentou a expectativa do que, superado o maior rival,
seria seu desafio mais importante: viagem ao Rio de Janeiro para enfrentar o
Botafogo — e sem o Rei. Foi como esperado: difícil. O Maracanã estava
abarrotado. A maior parte dos 107.730 pagantes queria ver uma vitória dos
comandados de Zagallo, entre eles um futuro conhecido atleticano, o zagueiro
Osmar Guarnelli. Comandando a linha de frente estava Paulo Cézar Caju, de
retorno após passagem pelo Fluminense.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O 0 a 0 deu o tom da luta que estabeleceram Galo e Fogão. Os dois precisavam
vencer seus demais jogos. Os mineiros deram cabo de América de Natal, 6 a 0, e
Bahia, 4 a 0. Os cariocas superaram o Cruzeiro, 3 a 0, e o Fast Clube, 3 a 1.
Pesou contra a Estrela Solitária o empate na primeira rodada, quando foi à
Fonte Nova enfrentar o Tricolor Baiano. O Galo era semifinalista.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/4sF5ORHnR7E"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Detalhe: no confronto do Atlético diante dos potiguares, Reinaldo fez um de
seus gols mais emblemáticos, por cobertura, que lhe rendeu uma placa exibida
no hall do Mineirão. Depois do irrepetível, Roberto Drummond voltou a exaltar
o Rei: “Senhor: gols como o de Reinaldo, nos dai hoje e sempre, para que
possamos seguir vivendo e transformando a vida, a cada dia e a cada noite, em
alguma coisa que nos justifique, como aquele gol justifica Reinaldo, amém”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em uma das semifinais mais inusitadas da história do Brasileirão, <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/09/operario-londrina-brasileiro-1977.html" target="_blank">Londrina e Operário enfrentaram Atlético e São Paulo, respectivamente</a>. Longe de ser
tranquilos, os placares agregados revelaram que as zebras mereciam chegar onde
chegaram. 6 a 4 para o Galo; 3 a 1 favorável ao Tricolor. Mais uma vez, como no triangular de 1971, mineiros e paulistas se encontrariam na decisão nacional.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/Jf86ktA8nQo"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Água de chuva e de lágrimas</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como tinha a melhor campanha do Campeonato Brasileiro, o Galo teve o benefício
de jogar a decisão em casa. Porém, o mau agouro viria logo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Reinaldo tinha 28 gols, em 18 jogos — um recorde. Dificilmente se saberá,
precisamente, o porquê de o julgamento de uma expulsão ocorrida em 1º de
fevereiro ter acontecido apenas 27 dias depois. As razões dos quatro jogos de
gancho também não são evidentes. O Atlético estava na final, privado da
presença de seu Rei. Na mesma data, o São Paulo soube que não teria Serginho
Chulapa. Perda importante, mas tão certo quanto dois mais dois serem quatro é
a impossibilidade de se comparar os dois artilheiros e o peso de suas
ausências.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dois dias antes da decisão, Roberto Drummond sonhou que conversava com Johan
Cruyff. Além de o craque holandês lhe ter confidenciado que estaria no
Mineirão a torcer pelo Galo, avisou-lhe que o time precisaria examinar seus
defeitos e não ser tão autoconfiante. Se era sonho, premonição ou coisa que o
valha, vai da crença de cada um fazer o juízo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">Chovia no dia 5 de março de 1978.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzs1tIjKyYU4Vn7fxrMa0hnbu_M941vBiC_FEKDvxutVRmdNCisGleltKnVyOW2ykfn8NslVfOl5f0KPJz34XNtncC01_YWzSgmrMNc5S3GprbtAidZB5bYVkloGnulRGPmZyku3V25hlYgxc8moN0zDpe5uKHdMxQEyFnrvaVhY9s68PBe4_Y1uptFMTR/s1042-rw/Atl%C3%A9tico-SPFC-1977.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Atlético São Paulo 1977" border="0" data-original-height="786" data-original-width="1042" height="482" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzs1tIjKyYU4Vn7fxrMa0hnbu_M941vBiC_FEKDvxutVRmdNCisGleltKnVyOW2ykfn8NslVfOl5f0KPJz34XNtncC01_YWzSgmrMNc5S3GprbtAidZB5bYVkloGnulRGPmZyku3V25hlYgxc8moN0zDpe5uKHdMxQEyFnrvaVhY9s68PBe4_Y1uptFMTR/w640-rw-h482-rw/Atl%C3%A9tico-SPFC-1977.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Entre seus valores principais, o São Paulo de Rubens Minelli levava a campo o
goleiro Waldir Peres, o meia Darío Pereyra e o ponta Zé Sérgio. Getúlio, velho
conhecido atleticano, também alinhava no onze titular. Arnaldo Cezar Coelho
foi o dono do apito, diante de 102.974 pagantes. Pecaria pelo menos uma vez,
quando, com propósito e covardia, o volante são-paulino Chicão terminou de quebrar a perna
de Ângelo, que, já lesionado, engatinhava no gramado, depois de ser arrebatado por
Neca. Não houve expulsão. Ao menos, pode-se dizer que Arnaldo estava de costas
quando do ato de violência gratuita, amarelando Neca.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem Reinaldo, substituído por Caio Cambalhota, que não chegava aos pés do
craque suspenso, o Galo perdeu poder de fogo. O zero não saiu do placar e o
jogo foi para os pênaltis. O abraço dos jogadores no meio-campo era a síntese do abraço das arquibancadas, vínculo embalado pela feitiçaria daqueles garotos criados em casa. A sinergia era total.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A profecia onírica se cumpriu. Dos pés daquele que, em virtudes e desempenho, vinha em
segundo lugar nas fileiras alvinegras, logo atrás de Reinaldo, veio a primeira
cobrança desperdiçada: Cerezo isolou — ainda seria o Bola de Ouro da <i>Placar</i>. Ziza e Alves foram ao resgate, mas
Joãozinho Paulista e Márcio também perderam. Pelo lado Tricolor, fazendo
alguma justiça, ainda que tardia e insuficiente, Getúlio não converteu, assim
como Chicão. Prevaleceu João Leite. Mas Peres, Antenor (outro criado no Galo)
e Bezerra cumpriram suas funções.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem perder. Com a ausência polêmica de Reinaldo. Lidando com a deslealdade de
Chicão e Neca. Vendo um ídolo, Cerezo, revelar-se humano. Somando 10 pontos a mais
que o São Paulo, o Galo era o vice-campeão. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Seria ele, Drummond, a dar o
tapinha nas costas de um torcedor pra lá de machucado: “Queria que, se vocês
sentirem vontade de chorar a chuva que está caindo no Brasil, vocês não
chorassem não, vocês ficassem esperando a garça, porque um dia a garça vem e
fica com vocês”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O atleticano conheceria outros traumas, sobretudo nos anos 1980. Mas o
primeiro exerce um papel irrepetível: mata a inocência.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/em7V83g9WkE"></iframe></div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-32055841622296920682023-08-23T06:00:00.004-03:002023-12-26T15:34:31.828-03:00A epopeia europeia do Panathinaikos em 1995-96<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">E</span>nquanto <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2017/01/times-de-que-gostamos-ajax-1970-1973.html" target="_blank">o Ajax desfilava com Johan Cruyff</a> no campo, o rosto mais proeminente dos gregos do Panathinaikos
era o de seu treinador, um certo Ferenc Puskas. Era a decisão europeia de 1970-71. Da partida disputada em
Wembley sairia um campeão inédito. No caso ateniense, a singularidade seria
dupla, já que não apenas o clube, mas toda a Grécia desconhecia os prazeres
da glória continental. Puskas, por outro lado, não era estranho a ela.
Vencera três vezes. Mas, o momento chamava Cruyff a buscar
a primeira do que seria um trio. 25 anos mais tarde, os destinos de gregos e
holandeses voltariam a se cruzar, marcados por presenças argentinas.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAZb-ZTL0Pz0yggErUqCf28hVC43ZF_aQAEi2jkSlV_6KWpBG_vlPPQ8dHgzaAMO4UcYayPc8e75HU1h3bPMF3S-0VhyR0m2RDRe7pzYDdbSKlNmpyFgea9I07SMrEhQq1dMP3ORN4dpLc9Y5fSpBffAFD6PUvNvAJTGsmwvDBgYHwEGEK1FYzYsExxhqz/s1218-rw/Panathinaikos_1995-96.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Panathinaikos 1995-96" border="0" data-original-height="738" data-original-width="1218" height="388" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAZb-ZTL0Pz0yggErUqCf28hVC43ZF_aQAEi2jkSlV_6KWpBG_vlPPQ8dHgzaAMO4UcYayPc8e75HU1h3bPMF3S-0VhyR0m2RDRe7pzYDdbSKlNmpyFgea9I07SMrEhQq1dMP3ORN4dpLc9Y5fSpBffAFD6PUvNvAJTGsmwvDBgYHwEGEK1FYzYsExxhqz/w640-rw-h388-rw/Panathinaikos_1995-96.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: SportTime/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><span><a name='more'></a></span></b>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">A forja de uma referência</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto o Panathinaikos lutava para acessar o olimpo europeu, quase 12 mil quilômetros
distante de Atenas, o Newell’s Old Boys seguia sua saga em busca do primeiro título
do Campeonato Argentino. A pressão era imensa, especialmente porque logo em
1971 o rival, Rosario Central, alcançou o topo. O ponta esquerda Juan Ramón
Rocha, <i>El Indio</i>, era ainda um menino quando recebeu suas primeiras
oportunidades no time de cima do NOB, nesse contexto fervilhante. Seria
contemporâneo de nomes imponentes, como Jorge Valdano e <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/11/marcelo-bielsa-newells-old-boys.html" target="_blank">Marcelo Bielsa</a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O ponto de virada no Coloso del Parque seria emocionante. No Metropolitano de
1974, o craque Mario Zanabria decretaria o fim da espera. Em um quadrangular
com Boca Juniors, Huracán e seu nêmesis, o Central, o Newell’s chegou à rodada
final dependendo apenas de si, mas <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/10/newells-old-boys-x-rosario-central-o.html" target="_blank">era o dérbi</a>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sorteio definira a disputa em
cancha inóspita, o Gigante de Arroyito, onde o rubro-negro não vencia há quase
uma década. Bastava o empate, só que o Rosario buscava um jogo extra.
Logo, abriu 2 a 0. Sem baixar os braços, o NOB correria atrás do prejuízo. Dez
minutos antes do apito final, um petardo de Zanabria confirmaria o título.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/Y3sbI2MpWGw"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Juan Ramón Rocha estava lá e se notabilizava. Passaria a maior parte da década
no clube que o revelou, apesar de uns seis meses tentando se transferir ao
Panathinaikos, em 1975, quando não eram admitidos estrangeiros no torneio
helênico. Depois de uma estada breve no Junior de Barranquilla, voltaria à
Argentina para ser vice-campeão da Libertadores, pelo Boca Juniors. Era 1979 e
estava na hora de consolidar seu segundo amor. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“Me chamam de embaixador
argentino na Grécia, porque sou o mais conhecido e moro neste país abençoado
há 42 anos”, diria ao portal
<a href="https://www.infobae.com/deportes/2021/05/04/de-jugar-en-boca-y-en-la-seleccion-con-maradona-a-ser-idolo-en-grecia-convivir-con-45-perros-y-hablar-a-diario-con-bielsa-el-diario-de-juan-ramon-rocha/?fbclid=IwAR08Le_MqltkyZkmLH2PWVXGQQZLdGoZbhYRvfexsptVk2dVPQH9ugffuxo"><i>infobae</i></a>, em 2021. Durante 10 anos, Juan foi uma certeza para o Trevo. “Cheguei à Grécia em 21 de
dezembro de 1979 e dois dias depois fiz minha estreia. Joguei quase 300
partidas pelo Panathinaikos”. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Controvérsias à parte — protagonizaria uma
história de falsificação de passaporte que lhe obrigaria a servir o exército
grego aos 36 anos —, a história foi escrita. Na década de 1980, venceu dois Campeonatos
Gregos e cinco Copas da Grécia. Além disso, participou de outra campanha
icônica ao nível continental.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaB4Vaqd0veNiGWsj5j5_73fNOtjkSiTeCPu_t2-EPSZy7YyPJiGkjCXPhbrRmDt40JZ4I2B4JSuOLqsODyKV9sfxGnqEaVIboTGrrNuqGLa09zzxo1P1RsyrQBq9TZnMrzBDLX1K0IUcvl3Xtyn3llVbf1FJmDtsehD6SagtWCf3DclELTYVmzaV3cF6H/s1098-rw/Juan-Ram%C3%B3n-Rocha-Panathinaikos.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Juan Ramón Rocha Panathinaikos" border="0" data-original-height="873" data-original-width="1098" height="508" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaB4Vaqd0veNiGWsj5j5_73fNOtjkSiTeCPu_t2-EPSZy7YyPJiGkjCXPhbrRmDt40JZ4I2B4JSuOLqsODyKV9sfxGnqEaVIboTGrrNuqGLa09zzxo1P1RsyrQBq9TZnMrzBDLX1K0IUcvl3Xtyn3llVbf1FJmDtsehD6SagtWCf3DclELTYVmzaV3cF6H/w640-rw-h508-rw/Juan-Ram%C3%B3n-Rocha-Panathinaikos.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Grandes esperanças</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não faltaram emoções na primeira vez em que Rocha sentiu o gosto de disputar a Copa dos Campeões da
Europa. Ainda sob o formato de mata-matas, o time teve
uma pedreira logo na estreia.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por pouco, não houve um reencontro do Panathinaikos com Cruyff. Depois de
entrar em atrito com a direção do Ajax, o craque foi para o rival Feyenoord e
venceu o Holandês de 1983-84. Acabara de se aposentar quando o <i>Stadionclub</i>
entrou no caminho ateniense. Ainda assim, um jovem Ruud Gullit era motivo mais
do que suficiente para preocupações.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/2ZABw2AyueM"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A classificação viria com gol dele, Rocha. No Olímpico de Atenas, os donos da
casa venceram por 2 a 1. A seguir, o que parecia uma colher de chá se revelou
um desafio enorme. Os norte-irlandeses do Linfield venderam caro a eliminação,
com um agregado de 5 a 4. No jogo decisivo, no Reino Unido, o argentino seria
expulso. Os holofotes se voltariam para o jovem Dimitrios Saravakos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem Juan, Saravakos seria o nome da fase seguinte, também. O adversário foi o
forte Göteborg. <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2018/03/titulo-carreira-sven-goran-eriksson-goteborg.html" target="_blank">O quadro sueco vencera a Copa da Uefa em 1981-82 e voltaria a fazê-lo em 1986-87</a>. Taticamente, era um dos times melhor preparados da Europa,
desde a passagem do treinador Sven-Göran Eriksson. Como esperado, o confronto foi duro
como carne de pescoço. O fiel da balança seria uma penalidade convertida por
Saravakos.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</style>
<div class="embed-container">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/Q_Rm3i0jF3o"></iframe>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra vez nas semifinais, o Panathinaikos sonhava. Contra o Liverpool, tinha
Juan de volta. Só não estava à altura do desafio encontrado. Os <i>Reds</i>
estavam muitos níveis além do que os gregos podiam desempenhar. Em Anfield, o
tombo veio rápido. Um <i>double</i> de Ian Rush, completado por tentos de John Wark e
Jim Beglin, tornou a viagem inglesa à Grécia uma formalidade, 4 a 0. Não havia mais esperanças para o Trevo, que perdeu outra vez: 1 a 0.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na segunda e última aventura de Rocha em território continental, o
Panathinaikos foi limado logo na primeira fase. Sucumbiu diante do Estrela
Vermelha, que revelava ao mundo o talento de Dragan Stojković.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Surge o DT Juan Ramón Rocha</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Grécia se tornou a casa de Juan Ramón Rocha. Quando se aposentou, em 1989,
logo começou uma nova trajetória como treinador do modesto Paniliakos, de
Pírgos. Era uma agremiação modestíssima; militava na quarta divisão grega e
conseguiu acesso imediato ao terceiro escalão. Nas duas temporadas seguintes, o técnico passaria pelos igualmente nanicos Ilisiakos e Kalamata, na terceirona.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não era lógico o que aconteceria em meados da temporada 1993-94. Depois de um
ano e meio afastado dos bancos, o argentino foi convidado a substituir o
treinador iugoslavo Ivica Osim, no Panathinaikos. Era um chamado do coração;
esportivamente, nada abonava o retorno de Juan Ramón.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Osim caiu logo após um empate sem gols frente ao Apollon. O resultado
aumentava a distância do Trevo em relação ao líder do certame, o AEK. Havia um
sentimento de estagnação. Os aurinegros eram bicampeões gregos e se
encaminhavam para o tri. A mudança no comando verde rendeu frutos. Nos seis primeiros jogos
sob Rocha, o Panathinaikos venceu cinco vezes, com duas goleadas, e empatou um
encontro apenas.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O vice-campeonato foi inevitável, mas pavimentou o caminho para a retomada das vitórias para o quadro verde e branco. Na primeira temporada completa sob a
orientação do argentino, escorado nos gols do polonês Krzysztof Warzycha —
artilheiro máximo do certame, com 29 gols — , o Panathinaikos voltou a vencer
o Campeonato Grego.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/HWE2hmHcdC8"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O <i>Indio</i> teria uma terceira chance no maior palco do futebol europeu.
Entretanto, em 1995-96, o formato já era outro — mais desafiador para clubes
com orçamentos menos generosos. Porém, era aquele o último ano antes de a Lei
Bosman impor a livre circulação de atletas europeus pela União Europeia. Os
melhores jogadores gregos ainda atuavam majoritariamente em seu país; muitos
deles no Panathinaikos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">O sonho europeu</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A disputa da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa começou por colocar
o Panathinaikos em um grupo pesado, com Porto, <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2017/07/epopeia-europeia-dynamo-kyiv-shevchenko-lobanovskyi.html" target="_blank">Dynamo de Kiev</a> e Nantes. Os
gregos estrearam em Kiev, perdendo por 1 a 0. Contudo, <a href="https://edesporto.com/lopez-nieto-o-arbitro-que-alterou-o-197405" target="_blank">alegações de que os ucranianos tentaram subornar o árbitro Antonio López Nieto</a> não tardaram a
chegar. O confronto foi anulado, o Dynamo suspenso das competições
continentais e substituído pelos dinamarqueses do Aalborg, antes eliminados
pelo quadro do Leste Europeu.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A mudança fez pouca diferença para os gregos. No jogo que substituiu a
estreia, houve nova derrota. Os daneses sortudos eram liderados por ninguém menos do
que Sepp Piontek, o treinador que fizera o país escandinavo sonhar nos anos
1980, imortalizando a <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2018/11/maquina-dinamarquesa-destruida.html" target="_blank">Dinamáquina</a>. Ali, entretanto, o Trevo já marcara
território, vencendo o Nantes de Claude Makélélé, Reynald Pedros e treinado
por Jean-Claude Suaudeau, 3 a 1 — e o Porto, no Estádio das Antas, 1 a 0.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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<div class="embed-container">
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Juan Ramón Rocha tinha um elenco equilibrado. Ao mesmo tempo em que
internacionais gregos como Giannis Goumas, Angelos Basinas e Georgios
Georgiadis se afirmavam — o goleiro Antonios Nikopolidis ainda era reserva —,
figuras experientes como Warzycha e o arqueiro e compatriota Józef Wandzik
agregavam peso ao time. Outra figura de destaque era a do argentino Juan José
Borrelli, formado no River Plate e selecionável à época.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A derrota para o Aalborg foi um mero acidente de percurso. Os jogos de volta
confirmaram a solidez grega. Depois de um empate sem gols com o Porto, o
Panathinaikos venceu os dinamarqueses e, na França, segurou o ímpeto dos
Canários, em outro 0 a 0. A classificação veio com a liderança.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZtWsSz0FJgU9fXSeL7za1liLYyLeFrx4XIeRhydGNiHEOXo7d5LCvtAt8QS66P5OAHpldY3CLxm4INzMOs6kjc6z0rEk5Rf6zWRskosNzDglf2amyz8UQyXUt79dlFRhv2aUBc2jhFk7kSVXd8hK4qDYyDc9s_oFGuSXC5MN_arQeqNNCltnrZwpRtiHn/s1218-rw/Borrelli-Panathinaikos.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Borrelli Panathinaikos" border="0" data-original-height="738" data-original-width="1218" height="388" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZtWsSz0FJgU9fXSeL7za1liLYyLeFrx4XIeRhydGNiHEOXo7d5LCvtAt8QS66P5OAHpldY3CLxm4INzMOs6kjc6z0rEk5Rf6zWRskosNzDglf2amyz8UQyXUt79dlFRhv2aUBc2jhFk7kSVXd8hK4qDYyDc9s_oFGuSXC5MN_arQeqNNCltnrZwpRtiHn/w640-rw-h388-rw/Borrelli-Panathinaikos.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: SportTime/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos mata-matas, a tônica da fase anterior prevaleceu. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O Legia Varsóvia, que
deixara Rosenborg e <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2015/04/times-que-gostamos-blackburn-1994-1995.html" target="_blank">Blackburn</a> pelo caminho, seria o primeiro obstáculo. Na
Polônia, os gregos voltaram a conter o rival, com o placar permanecendo
inalterado. Em seus domínios, o oportunismo de Warzycha, duas vezes, e a
enorme técnica de Borrelli escancararam a porta dos fundos para o Legia,
eliminado com um 3 a 0 impositivo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Reencontro amargo</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era hora de rever o Ajax, <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/09/times-que-gostamos-ajax-1994-1995.html" target="_blank">o campeão europeu vigente</a>, cheio de influências de
Cruyff. A constelação de craques alinhada pelo treinador Louis van Gaal
dispensa apresentações. O onze inicial ia de Edwin van der Sar a Patrick
Kluivert, passando por nomes como os de Edgar Davids, dos irmãos De Boer e de
Jari Litmanen. Vitória certa para os amsterdameses era a lógica. Só que na
capital holandesa, Warzycha concluiu um contragolpe modelo puxado por Giorgos
Donis, para confirmar um triunfo marginal, 1 a 0.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Vim em um período muito bom para o Panathinaikos. A equipe chegou entre os
quatro na Liga dos Campeões. Os jogos contra o Ajax foram extremamente
importantes para o Panathinaikos, mas também para o futebol grego”, diria
Warzycha, ao portal News247. As palavras do goleador polaco já indicam o que
houve na volta.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os <i>ajacied</i> podiam falhar uma, mas não duas vezes. “Lembro-me dos ingressos
esgotados no Estádio Olímpico de Atenas, o clima era incrível [...] tivemos a
sorte de marcar logo aos quatro minutos e colocar toda a pressão no
Panathinaikos, desde então era quase certo que iríamos controlar o ritmo do
jogo”, diria Litmanen, ao
<a href="https://www.sdna.gr/news-english/article/191525/litmanen-sdna-panathinaikos-were-great-ajax-incredibly-strong"><i>SDNA</i></a>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Com dois gols do finlandês e outro de Nordin Wooter, 3 a 0, os holandeses
foram à decisão. Era o fim da linha para o Panathinaikos, embora ainda tenha assegurado mais um
título grego. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em 1996-97, o pão voltaria a cair com o lado amanteigado virado
para o chão. Começaria uma hegemonia do Olympiacos, <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/05/olympiacos-x-panathinaikos-o-classico.html" target="_blank">maior rival do Trevo</a>. Era ainda outubro de 1996,
quando Juan Ramón Rocha caiu, dando lugar ao iugoslavo Velimir Zajec, seu
ex-companheiro nos anos 1980. O argentino não resistiu às eliminações precoces
nas fases preliminares da Liga dos Campeões e da Copa da Uefa (em vingança do
Legia).</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Desde então, o time sonha com um retorno cada vez mais improvável aos grandes palcos — conforme a
distância orçamentária para as grandes potências do continente aumenta. Os
dias da temporada 1995-96 ficaram para trás. Nem as breves voltas do ídolo
Juan Ramón Rocha recuperaram as sensações daqueles dias de uma vida inteira.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-45628417872019245382023-07-26T09:19:00.009-03:002023-07-26T09:38:17.404-03:00Caso Saltillo: a autossabotagem que marcou a geração oitentista de Portugal<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">N</span>o dia 28 de julho de 1966, em
Wembley, Mário Coluna e Lev Yashin trocaram flâmulas. Estandartes de seus
países, lutavam pelo terceiro lugar do Mundial. No final da partida, José
Torres confirmou o triunfo português: 2 a 1. Era a primeira aparição
lusitana no certame e ela deixava um gostinho de quero mais. Que foi
amargando com o passar dos anos. Aquela geração envelheceu e a sucessora não
esteve à altura e não suportou carregar o peso das expectativas e
comparações. Portugal passou duas décadas longe da Copa do Mundo. Quando voltou...</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBH2r-dapNRhhsw7DJyxPMXzIHFPeblp6F17JvcgyujMluRnmHwRGxb1Bh8sEW9bBQeXSTLQ8OcKmjVNcUxg8bkza11c4HA7-DA40PGEWWTrzxoPwCDYqXr98PdaSzak4BNc8-D7A3Q6V9LdurJnfI9TjwaeQd1BKBpUJOLCmPj5Jhk70nwV3P6GbCWzJn/s1042-rw/Portugal_Saltillo_1986.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Portugal Saltillo 1986" border="0" data-original-height="701" data-original-width="1042" height="430" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBH2r-dapNRhhsw7DJyxPMXzIHFPeblp6F17JvcgyujMluRnmHwRGxb1Bh8sEW9bBQeXSTLQ8OcKmjVNcUxg8bkza11c4HA7-DA40PGEWWTrzxoPwCDYqXr98PdaSzak4BNc8-D7A3Q6V9LdurJnfI9TjwaeQd1BKBpUJOLCmPj5Jhk70nwV3P6GbCWzJn/w640-rw-h430-rw/Portugal_Saltillo_1986.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: All Action/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /></b>
</div>
<span><a name='more'></a></span>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Anos intensos, mas não para o futebol</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A seleção portuguesa não construiu nada em cima do
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2017/04/selecoes-de-que-gostamos-portugal-1966.html">bom desempenho de 1966</a>
e dos triunfos continentais de
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2014/04/times-que-gostamos-benfica-1960-1962.html" target="_blank">Benfica</a>
e
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/03/recopa-europeia-sporting-cantinho-morais-1964.html" target="_blank">Sporting</a>. Nos anos 1970, viu de longe a ascensão de outras escolas de futebol de
países europeus menores em dimensões territoriais ou no nível futebolístico
mostrado até então. Notadamente, a Holanda se deu a conhecer com
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2014/12/times-que-gostamos-feyenoord-1969-1970.html">Feyenoord</a>,
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2017/01/times-de-que-gostamos-ajax-1970-1973.html">Ajax</a>
e a própria
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2016/09/selecoes-de-que-gostamos-holanda-1974.html">seleção</a>. Também a Polônia se revelou, enquanto
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2018/01/os-anos-dourados-do-anderlecht.html">clubes belgas</a>
disputaram suas primeiras finais continentais.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Futebol não foi o principal assunto da década. O Salazarismo se despedia pela
porta dos fundos. Sob Marcelo Caetano, já não se vivia um conservadorismo tão
atroz. A história começava a ser reescrita, ainda que lentamente. Atos
simbólicos com a
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/10/academica-1969-crise-estudantil.html">Crise dos Estudantes de 1969</a>
provavam que a libertação não tardaria. Como diria António Simões, um dos
ícones da seleção de 1966, o regime começava a ficar podre. Era 25 de abril de
1974, quando a Revolução dos Cravos eclodiu, ao som de
<i>Grândola Vila Morena</i>, de Zeca Afonso.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A independência dos povos colonizados em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné
Bissau, São Tomé e Príncipe seria consequência quase imediata. Apenas o
Timor-Leste seguiria subjugado, apesar da libertação não reconhecida por
Portugal e diante de uma invasão pela Indonésia.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhPHiZLrPPxpkinOtxN-iBVkyikah69t_SL3AFOYOGgAhN_3ANliYSUEX6dmDbhcnGfnsQGOrI3TY1l0fWmRqXpQ5sy1LrV8nVvwpNyVYPy_VmGxRMiGJRdH5OOsbAM-fE5LdQfbjarb3BEn2Nr7rbBl_5qJwnXTkig9ZBSoQDXYogwLv1yGyjA-dLUO8x/s1218-rw/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Cravos_1974.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Revolução dos Cravos" border="0" data-original-height="693" data-original-width="1218" height="364" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhPHiZLrPPxpkinOtxN-iBVkyikah69t_SL3AFOYOGgAhN_3ANliYSUEX6dmDbhcnGfnsQGOrI3TY1l0fWmRqXpQ5sy1LrV8nVvwpNyVYPy_VmGxRMiGJRdH5OOsbAM-fE5LdQfbjarb3BEn2Nr7rbBl_5qJwnXTkig9ZBSoQDXYogwLv1yGyjA-dLUO8x/w640-rw-h364-rw/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Cravos_1974.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Arquivo da Universidade de Coimbra/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Algumas consequências disso para o futebol eram óbvias: jogadores como Eusébio
e Coluna nasceram em solo moçambicano, que seguiria fortemente influenciado,
mas já não era território ultramarino português. Ainda que o fluxo migratório
para a antiga metrópole tenha se transformado em constante, com jogadores
luso-africanos continuamente alinhando na seleção portuguesa, a realidade já
era outra. Jogar por Portugal passava a ser questão de escolha.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não eram os anos mais fáceis. Em 1975, o país atingiu uma
<a href="https://www.pordata.pt/portugal/taxa+de+crescimento+do+pib-2298">taxa negativa de crescimento </a>de seu Produto Interno Bruto (PIB): -3,30%. A situação começaria a melhorar
no final da década. Em 1979 e 80, os índices superaram os 5%. Era a reação aos
anos de atraso.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Paralelamente, verificada ou não relação de causa e efeito, em 1980-81, pela
primeira vez desde 1972, os portugueses voltaram a ser representados em uma
semifinal continental. Era o Benfica que carregava o orgulho nacional. A
derrota na Recopa Europeia, perante os alemães orientais do Carl Zeiss Jena,
não freou o desenvolvimento encarnado. As Águias não demorariam a alçar voos
ainda mais altos.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/S0XE8uzlwi0"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Benfica e Porto crescem, a seleção também</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A base do time derrotado pelos germânicos ainda era a mesma em 1983, com
Manuel Bento, Humberto Coelho, Carlos Manuel, Fernando Chalana, Shéu e Nené
entre os destaques. Algumas coisas haviam mudado, entretanto.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seguindo uma toada de progresso, o Benfica viajara à Suécia para contratar o
treinador Sven-Göran Eriksson. O mundo do futebol prestava atenção ao
escandinavo, cujo sucesso transbordava a península, após o título da Copa da
Uefa de 1981-82,
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2018/03/titulo-carreira-sven-goran-eriksson-goteborg.html">com o Göteborg</a>. Como diria o
<a href="https://www.publico.pt/2023/05/27/desporto/noticia/treinadores-estrangeiros-campeoes-benfica-reforcam-maioria-2051303"><i>Público</i></a>, anos mais tarde, o sueco chegava para “impor uma nova ordem no futebol
português”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já na chegada do comandante, os Encarnados foram às finais da Copa da Uefa.
Pela frente, tiveram o Anderlecht, treinado pelo imortal Paul van Himst, e que
tinha nas suas fileiras nomes como Ludo Coeck, Frank Vercauteren e Kenneth
Brylle. Um mísero gol separou os lisboetas da glória, trazendo à tona a
<a href="https://ludopedio.org.br/arquibancada/a-maldicao-de-bela-guttmann/">Maldição de Béla Guttmann</a>.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/MqDUVD9ZkZQ"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Logo, seria a vez de o Porto ouvir a vitória sussurrar em seu ouvido. Em
1983-84, os Dragões foram à final da Recopa Europeia. Na decisão, enfrentaram
a
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/05/juventus-giovanni-trapattoni.html">Juventus, de Giovanni Trapattoni</a>. Os detalhes seriam o fiel da balança (ou o apito). O time treinado por José
Maria Pedroto, que alinhava António Frasco, António Sousa, Jaime Pacheco, João
Pinto e Fernando Gomes, perderia por 2 a 1. Porém, o gol do título <i>bianconero</i>,
marcado por Zbigniew Boniek, teria sucedido uma falta não marcada em favor do
quadro portista.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Portugueses estavam se aproximando das conquistas cada vez mais. Era hora de
isso se refletir na seleção, classificada para a Euro 1984. Aproximadamente um
mês após a final da Recopa, Portugal fazia sua estreia em competições
continentais, diante da Alemanha Ocidental, um batismo de fogo. O time já
estava calejado, entretanto; para garantir a viagem à França, eliminara URSS,
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2016/03/selecoes-de-que-gostamos-polonia-1982.html" target="_blank">Polônia</a> e Finlândia, inclusive superando rusgas internas.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/ZIC0sj7HKHk"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No seio da equipe reinava uma discórdia que, em partes, era explicada pela
formação de dois blocos, o benfiquista e o portista. As relações entre os
jogadores provenientes dos rivais beiravam a obrigação. Isso interferiria até
na numeração escolhida para o certame, como o esdrúxulo 4 às costas do craque
Chalana não deixa mentir. A seleção tinha quatro treinadores. Toni
representava o Benfica; António Morais, o Porto; enquanto José Augusto
desenhava o papel de porta-voz da Federação Portuguesa. À frente deles,
estaria Fernando Cabrita.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No campo, contudo, as vaidades foram superadas. Empates contra os germânicos e
a Espanha foram sucedidos de vitória ante a Romênia. Portugal estava nas
semifinais. Do outro lado, vinha a anfitriã e ela tinha aquela que é,
possivelmente,
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2017/12/michel-platini-resumiu-euro-1984.html">a melhor versão já conhecida do estelar Michel Platini</a>. Os lusitanos obrigaram os <i>Bleus </i>a suar sangue, deixar tudo em campo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se Jean-François Domergue abriu a contagem para os donos da casa, Rui Jordão
igualou o marcador para Portugal, acionado por Chalana. A prorrogação se
precipitou e mais uma vez a dupla ibérica clicou: era o 2 a 1. Na fase final,
Domergue empataria a batalha. Quando os pênaltis já pareciam realidade,
Platini cravou a espada no peito dos portugueses, que teriam que tentar
novamente.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/k73mNUvvH7E"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Conexão-México</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O desafio seguinte da Seleção das Quinas era a classificação para o Mundial.
Entre 1984 e 86, as participações dos clubes lusitanos nas competições
europeias foram decepcionantes, o que não quer dizer que não houve notas
positivas no ar. Portugal foi alocado no Grupo 2 das Eliminatórias, ao lado de
Alemanha Ocidental, Suécia, Tchecoslováquia e da figurante Malta. A disputa
era das mais equilibradas, com um país efetivamente vitorioso e três forças
tradicionais lutando por duas vagas.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O favoritismo alemão era evidente e seria confirmado. A
<i>Mannschaft </i>liderou, com o melhor ataque e a defesa menos vazada. Perdeu
apenas um jogo, justamente para Portugal, em Stuttgart. Gol de Carlos Manuel.
Esse resultado seria senhor do destino do quadro que agora era treinado por
José Torres, o centroavante do time de 1966. Quando a equipe viajou para a
disputa da partida,
<a href="https://www.publico.pt/2010/09/04/jornal/jose-torres-19382010-o-homem-sem-defeitos-20142537">o chefe fez um apelo e foi atendido</a>: “Deixem-me sonhar”. Os alemães já estavam classificados, mas tchecos e
suecos também queriam se imaginar no Mundial.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/14tAG9zat2M"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A bem da verdade, a campanha lusitana teve pontos baixos. Das três derrotas
acumuladas, duas foram em casa, contra germânicos e escandinavos — a outra
aconteceria em solo tcheco. Contudo, não empatar faria toda a diferença para a
equipe que teve em Fernando Gomes o artilheiro do grupo, com cinco gols, dois
a mais do que o sueco Robert Prytz e o alemão Karl-Heinz Rummenigge.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era outubro de 1985 e, em alguns meses, viria a convocação definitiva e a
viagem ao México. Os jogadores ficariam instalados em Saltillo, assim como os
ingleses. Estes viriam a ser adversários duros no Grupo F, além da Polônia e
do Marrocos. Durante a temporada 1985-86, ao menos um problema importante
teria de ser gerido: Rui Jordão vinha em má fase.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era 19 de abril de 1986, quando Torres decidiu que Jordão não iria para a
América do Norte. Além dele, e de forma ainda mais polêmica, Manuel Fernandes
(de 30 gols na temporada), ficaria fora. Começava a autodestruição lusitana. A
justificativa, supostamente, teria sido uma entrevista concedida pelo atacante
à <i>RTP</i>.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3xmauCDG9qFtA-DgzZqdf7zagGBOzr6NGXLDFa4Al1bgJ8V889cjXDP_wKS1EQbCaAKu14E4V6pYGFJ6cUK4hePAXH0fm3WbFq-okOcsOhcYcwyXiUlGKn9ZP25ABfI8DCCT9g1VWkaODGiKPCdFlAMCKg1gZbHWP58ixzirOVBIMcsaT28yCvEC0aNMB/s1938-rw/Jord%C3%A3o_Portugal.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Rui Jordão Portugal" border="0" data-original-height="1098" data-original-width="1938" height="362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3xmauCDG9qFtA-DgzZqdf7zagGBOzr6NGXLDFa4Al1bgJ8V889cjXDP_wKS1EQbCaAKu14E4V6pYGFJ6cUK4hePAXH0fm3WbFq-okOcsOhcYcwyXiUlGKn9ZP25ABfI8DCCT9g1VWkaODGiKPCdFlAMCKg1gZbHWP58ixzirOVBIMcsaT28yCvEC0aNMB/w640-rw-h362-rw/Jord%C3%A3o_Portugal.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Lusa/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Na primeira rodada, marquei cinco gols e fui convidado do programa de desporto
da <i>RTP</i>. E na última pergunta que me fizeram, sobre a seleção, eu disse que
gostaria de jogar por Portugal, mas que havia novos valores a despontar. Tinha
35 anos", revelou o envolvido, ao
<a href="https://expresso.pt/arquivo/desporto/manuel-fernandes-o-torres-nao-pensou-pela-cabeca-dele-quando-me-deixou-de-fora=f644488"><i>Expresso</i></a>. “Acho que o Torres não pensou pela cabeça dele. No meu caso e no caso do
Veloso, que deu positivo num controle [antidoping] e depois a contra-análise
deu negativa. Não encontro explicações”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A ausência de Fernandes foi um choque quase tão grande quanto a de António
Veloso. O lateral direito benfiquista era constante entre os selecionáveis
desde 1981 e testara positivo para o uso de esteróides anabolizantes. Seria
uma razão justa de corte, não fosse a contraprova negativa. Acabou substituído
pelo incógnito Bandeirinha, formado no Porto e, na altura, na Académica. “Eu
sabia que ia dar negativo… Aquelas análises não eram minhas de certeza.
Quiseram que eu não fosse para ir outro”, pontuou ao
<a href="https://observador.pt/2014/06/04/fff/"><i>Observador</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Desacordos, confusões e melancolia</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O clima entre os convocados já não era dos melhores, mas pioraria. Ir para
Saltillo era importante para que os jogadores se acostumassem ao calor e à
altitude mexicanos — desde que fosse fornecida a estrutura necessária. Por si
só, as condições do hotel não eram as melhores, com trânsito livre da
imprensa, mas a situação ficava ainda mais absurda ao se falar nas exigências
que uma equipe de futebol demanda.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Trabalhar com bola era um desafio, dado que o campo de treinamentos ficava
numa encosta, não sendo plano. “É verdade que tinha uma pequena inclinação,
claro que nos cansávamos mais”, relatou o defensor Álvaro Magalhães, também ao
<a href="https://observador.pt/2014/06/05/o-saltillo-que-se-deu-para-tantos-problemas/"><i>Observador</i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para testar os 22 convocados, analisar suas reações às condições locais e
tomar as providências porventura necessárias, era importante fazer amistosos.
A base do time estava consolidada desde 1984, mas havia uma ou outra novidade,
como
<a href="https://www.ofutebologo.com.br/2018/03/paulo-futre-jogador-tres-grandes-idolo-madrid.html">Paulo Futre</a>. O Chile chegou a ser sondado, mas a Federação Portuguesa não teria cumprido
o acordado com os sul-americanos. Os lusitanos acabaram testados por um time
de funcionários do hotel.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj27XA_gau1eIHpwM7flIEWwSHLaUbZQK4Jvl3yTyljaVrh8LUnvFLdXfvRDTa-2306uDZIJhlO6ArlKUmD6NQlnkKyMlKvw6wCRkiDb-drllPFa4t-hvF_hQ2tX5jgAduMisiCDyXP7kU2atxEzb1pJO2xl8KKWoc7KKa6_Y49tYTiAHqn4Ob13JxEUICL/s1042-rw/Paulo_Futre_1986.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Paulo Futre Portugal" border="0" data-original-height="786" data-original-width="1042" height="482" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj27XA_gau1eIHpwM7flIEWwSHLaUbZQK4Jvl3yTyljaVrh8LUnvFLdXfvRDTa-2306uDZIJhlO6ArlKUmD6NQlnkKyMlKvw6wCRkiDb-drllPFa4t-hvF_hQ2tX5jgAduMisiCDyXP7kU2atxEzb1pJO2xl8KKWoc7KKa6_Y49tYTiAHqn4Ob13JxEUICL/w640-rw-h482-rw/Paulo_Futre_1986.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Até mesmo envolvimento com a prostituição local e aparições na noite mexicana
alvoroçaram o ambiente da seleção, tumultuando as linhas telefônicas locais,
com famílias exigindo explicações.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esses não seriam os únicos problemas. À margem da opinião daqueles que
efetivamente exibiriam as marcas — os jogadores —, foram feitos acordos
comerciais com a Adidas e a cervejaria Cristal. O dinheiro, que não era pouco,
cairia apenas nos cofres da FPF. Indignados, os atletas chegaram a fazer
greve, liderados pelo goleiro Manuel Bento, além de vestirem os uniformes pelo
avesso. Mais, reinvindicava-se o pagamento de diárias mais vultuosas. Os problemas eram muitos e de toda a
ordem. Só que o público não comprou o barulho dos atletas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3qEnIbBUJZXUfOZKyX9OwWjCyD0YWTbIZ0b9FPp78pA7btVUoY5Q7rkoSt-FA__3QDt_uQ_c6J7p_UddS053wd_Cq5yqZBccM5mgOgjQ3sO5g2eva-jVlhGkOl8ZTqeSTA_PRsANEmZFHP5bZAvqqKF8gi_tQPpRUqwwhm-EFmOgwRgysCM7adu38Qa27/s824-rw/image.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Diário de Notícias Greve Portugal Saltillo" border="0" data-original-height="824" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3qEnIbBUJZXUfOZKyX9OwWjCyD0YWTbIZ0b9FPp78pA7btVUoY5Q7rkoSt-FA__3QDt_uQ_c6J7p_UddS053wd_Cq5yqZBccM5mgOgjQ3sO5g2eva-jVlhGkOl8ZTqeSTA_PRsANEmZFHP5bZAvqqKF8gi_tQPpRUqwwhm-EFmOgwRgysCM7adu38Qa27/w621-rw-h640-rw/image.jpg" width="621" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo do Diário de Notícias</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">“Culpados fomos todos, até eu, que era um miúdo, tinha 20 anos. Foi a primeira
vez que surgiu a publicidade numa grande competição e a Federação, também pela
sua inexperiência, não soube negociar com os jogadores [...] Não sei se eram
20, ou se eram 30 por cento, o que sei é que a Federação, no início, não nos
queria dar nada”, contaria Futre,
<a href="https://desporto.sapo.pt/futebol/euro/artigos/paulo-futre-saltillo-foi-pagina-mais-negra-do-futebol-portugues"><i>à Agência Lusa</i></a>.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando a bola rolou, veio a surpresa: Portugal venceu a Inglaterra, de Gary
Lineker. Com outro gol crucial de Carlos Manuel, o placar registrou um 1 a 0
que parecia impossível. “Ganhamos de raiva aos ingleses, mas fizemo-lo não por
Portugal, mas contra o [presidente da FPF] Silva Resende”, acrescentou Futre.
Faltava enfrentar Polônia e Marrocos.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/AwdfTSMeIPo"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Capitaneados por Boniek, os polacos tinham um time forte. Não fora obra do
caso o <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2016/03/selecoes-de-que-gostamos-polonia-1982.html" target="_blank">terceiro lugar no Mundial anterior</a>. O time português tinha um desfalque
importante: Manuel Bento fraturara a fíbula e seria substituído por Vítor
Damas, do Sporting, e que beirava os 40 anos. Seria de Włodzimierz Smolarek o
único gol do encontro, tendo a defesa e o meio-campo lusitanos sido muito
permissivos. O meia recebeu livre na área.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/7_f-p6_aGcI"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nem tudo estava perdido, restava a partida contra o Marrocos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como os melhores terceiros colocados avançavam de fase, ibéricos e magrebinos
poderiam se dar ao luxo de empatar, o que beneficiaria a ambos. José Torres
teria sido abordado por José Faria, brasileiro que comandava os africanos. As
histórias não são definitivas, mas o selecionador lusitano teria aceitado um
empate com gols, desde que sua esquadra anotasse primeiro. No início da
partida, Faria teria confirmado o acordo para um 1 a 1. Só que Portugal
começou o jogo com tudo. Parecia não haver nada combinado.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao final do encontro, Torres se revelaria indignado com a mera possibilidade
de acerto. “Nem sequer posso admitir a hipótese de o José Faria estar a falar
a sério. No futebol, para mim, tem de haver sempre seriedade”, recuperou o
<a href="https://www.dn.pt/desporto/marrocos-propos-o-empate-em-1986-mas-jose-torres-nao-aceitou--9485453.html"><i>Diário de Notícias</i></a>. O fato é que o Marrocos demoliu Portugal: 3 a 1. Humilhados, treinador e
companhia voltaram para casa. “Foram os momentos mais horríveis da minha
carreira”, confirmaria o comandante. O pedido de demissão não tardaria.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/eUpP8C-Jh6Y"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As manchas daquilo tudo não se apagaram. Livros foram escritos sobre o
assunto. Não era para menos, jogadores foram excluídos de convocações após o
ocorrido, a comissão técnica foi toda modificada. Foi somente com a geração de
Luís Figo, Rui Costa e Vítor Baía que o país voltaria a ser representado em
Mundiais. Porém, 2002 teria mais cara de 1986 do que de 1966. A falta de zelo
de Saltillo levara ao excesso, na preparação em Macau. Os ecos da vergonha
mexicana não se silenciaram com o apito final em Guadalajara.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-36558519394258178342023-06-08T09:00:00.013-03:002023-06-08T09:00:00.133-03:00Hans Krankl fez o que sabia, mas teve vida curta no Barcelona<div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: x-large;">N</span>a mais inóspita das casas, o estádio Santiago Bernabéu, Johan Cruyff levantou sua última taça pelo Barcelona. O holandês não marcou gols, que couberam a Carles Rexach e Juan Manuel Asensi. Era 1977-78 e sua despedida viria ao final da temporada. Um homem insubstituível. Jogador, mas acima de tudo ideia. Cientes, os catalães buscaram um sucessor de feitos concretos. Hans Krankl não era um homem de sutilezas, mas cumpria sua missão como poucos. Não tremia à frente dos goleiros rivais.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtKpYkjLTjh2k2jH_GNQ2BkWQdLTNWVLIT3kqAJkC7ozFXzUWsryyiSOu9Len1o-Bn5tGBaY6tRq5ASgRmDSJcRY2LPUETasRaGZgC2jpe23AsZn0UKJZRAXz_ki2ETLVbyOTfjtKveeNbUSq7w2lQ-nbel6eMYRu0s02_6AqagTX0QE5hUnNDWok0Fw/s1280/Krankl_Barcelona.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Hans Krankl Barcelona" border="0" data-original-height="800" data-original-width="1280" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtKpYkjLTjh2k2jH_GNQ2BkWQdLTNWVLIT3kqAJkC7ozFXzUWsryyiSOu9Len1o-Bn5tGBaY6tRq5ASgRmDSJcRY2LPUETasRaGZgC2jpe23AsZn0UKJZRAXz_ki2ETLVbyOTfjtKveeNbUSq7w2lQ-nbel6eMYRu0s02_6AqagTX0QE5hUnNDWok0Fw/w640-h400/Krankl_Barcelona.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: FC Barcelona/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><span><a name='more'></a></span></b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Um expert em marcar gols</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“Marcar gols não é uma coisa que se possa prever. Depende de muitos fatores [...] Na temporada anterior, sem ir longe, consegui 41 tentos em 36 encontros. É mais de um por jogo. Se mantiver esse ritmo no Barcelona e na liga espanhola…”. Com estas palavras ao<i> Mundo Deportivo (MD)</i>, Krankl deixou a capital da Catalunha para desfrutar de férias. Ele participara da Copa do Mundo, na Argentina, marcando quatro gols. O descanso era o prelúdio para um ano atribulado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A fama de artilheiro precedia o austríaco de 25 anos. O Rapid não fora campeão nacional no último ano, mas Krankl colaborara com 57% dos gols alviverdes. E não era a primeira vez que o <i>bomber </i>alcançava semelhante forma. Em 1973-74, fora às redes 36 vezes, em 32 jogos. Podia não ser um artista da bola, ou um intelectual de chuteiras, mas o Barcelona vivia à margem dos feitos do Real Madrid e vencer era necessário e só se vence com gols. Por isso, os catalães vergaram o braço do Valencia, que aparecia em vantagem na busca pela contratação do centroavante. Acompanharia Johan Neeskens como estrangeiro do clube.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Dia 03 de setembro de 1978: Krankl estreava com a camisa <i>blaugrana</i>. O <i>MD </i>dava o tom da expectativa. “Sua torcida espera que o austríaco honre sua fama de goleador irresistível”. Contra o Racing Santander, o gol não veio. A vitória, sim: 1 a 0. Na semana seguinte, faria a primeira vítima: o Valencia, com derrota.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbAT0eQvvsT0Du9QPSHFlRlGfMSCNPzEk81yw6rIeE1raKyL_6fIQUKgcNiLz_ZUk2cyOR6_L6bwtJBewEOPH-FVP-VOUQtryOsAdTn2R0xuYfkCiGJsra_4G_ebe6kh0fDqa2Yv4hGShGqponS0kp3q3UhLKVd4pIdIoUwcoCqTxyrPqDvQzXj858_g/s1652/Krankl_Mundo_Deportivo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Krankl Estrena Racing Santander Barcelona Mundo Deportivo" border="0" data-original-height="1181" data-original-width="1652" height="458" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbAT0eQvvsT0Du9QPSHFlRlGfMSCNPzEk81yw6rIeE1raKyL_6fIQUKgcNiLz_ZUk2cyOR6_L6bwtJBewEOPH-FVP-VOUQtryOsAdTn2R0xuYfkCiGJsra_4G_ebe6kh0fDqa2Yv4hGShGqponS0kp3q3UhLKVd4pIdIoUwcoCqTxyrPqDvQzXj858_g/w640-h458/Krankl_Mundo_Deportivo.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo: Mundo Deportivo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">10 dias depois, daria o ar da graça continentalmente. Começava a disputa da Recopa Europeia. Contra o Shakhtar Donetsk, abriu e fechou a contagem de uma vitória tranquila, 3 a 0. O austríaco prometia e cumpria. Mas o ano barcelonense seria agridoce.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nos números frios, ninguém podia apontar o dedo para Krankl. Os gols estavam saindo em profusão. Só não vinham consistentemente. Ele podia passar rodadas sem marcar e, adiante, fazer um <i>doblete </i>ou um <i>triplete</i>. Hércules e Rayo Vallecano sentiram isso na pele. Considerando turno e returno, os primeiros sofreram cinco tentos do austríaco. Destino parecido atingiu o Rayo, mas o quadro de Vallecas concedeu a <i>manita </i>num mesmo jogo — um superlativo 9 a 0.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Hans participou de 30 jogos, de 34. Deixou sua marca na metade deles. Foram 29 bolas nas redes rivais, que lhe renderam o prêmio <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/09/pichichi-goleador-Athletic-bilbao.html" target="_blank">Pichichi</a>. Detalhe: no final de 1978, Krankl ficara com o segundo lugar no <i>Ballon d’Or</i>, oferecido pelos franceses do <i>L'Equipe</i>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No primeiro ano no estrangeiro, quase alcançou a marca de um gol por jogo. Seus tentos corresponderam a 42% do total registrado pelo Barça na liga. O homem era ou não era um sucesso? Só que os catalães terminariam La Liga numa insossa quinta colocação.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheDvXvS0KboP8eZXpKAIcEYXB5QteSBi4hVWgIJzt5hsOsJEi6XcKo0IbHNWlYvOCEe9m7uIpHDayu7FmyrflbWm8i0k86qY8aBngeKx1NXA9CsWEqY3YCkO8Hy7yuqHvBCwQre2_yC9ppBkJYWJgc5tJCNPVV8NvtwdCIAHDGm4WEUo1JTzKgkzPNXg/s1360/Desconhecido.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Hans Krankl Johan Neeskens Barcelona" border="0" data-original-height="765" data-original-width="1360" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheDvXvS0KboP8eZXpKAIcEYXB5QteSBi4hVWgIJzt5hsOsJEi6XcKo0IbHNWlYvOCEe9m7uIpHDayu7FmyrflbWm8i0k86qY8aBngeKx1NXA9CsWEqY3YCkO8Hy7yuqHvBCwQre2_yC9ppBkJYWJgc5tJCNPVV8NvtwdCIAHDGm4WEUo1JTzKgkzPNXg/w640-h360/Desconhecido.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: imago sportfotodienst/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Outro fracasso aconteceria na Copa do Rei. O clube era o campeão vigente e caiu já na primeira fase que disputou. O algoz foi, mais uma vez, o Valencia. O mau agouro ia além do coletivo <i>azulgrana</i>. Gols não eram suficientes para Krankl convencer. No Mestalla, o austríaco anotou um dos quatro tentos catalães (terminou 5 a 4). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Só que a nota dois, concedida pelo <i>MD</i>, evidenciava desconfiança com o aríete. A crônica do jogo era literal: “Carrasco e Krankl estiveram muito apagados”. O gol teria sido “a única intervenção inspirada” do goleador. Não era mesmo fácil substituir Johan Cruyff.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Superação na Recopa Europeia</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A luz no fim do túnel eram as performances europeias. Ainda que com mais emoções do que o desejado. Depois de passar pelos soviéticos do Shakhtar, o adversário foi o Anderlecht, último vencedor. Apostando em talentos como os de Ludo Coeck, Frank Vercauteren e Rob Rensenbrink, os belgas impuseram um 3 a 0 na ida. Na volta, Krankl ajudou na remontada, com um tento. Foram necessárias penalidades para assegurar o avanço catalão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Contra <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2016/09/times-de-que-gostamos-ipswich-town-1980.html" target="_blank">Ipswich Town</a> e Beveren os placares voltaram a ser magros. Os ingleses caíram com a aplicação da regra do gol marcado fora de casa; os belgas com derrotas marginais, ambas 1 a 0. O austríaco passou em branco em três dos quatro jogos das eliminatórias. Por fim, o Fortuna Dusseldorf aguardava os <i>blaugranas </i>na decisão. O quadro liderado pelos gols de Klaus Allofs era perigoso e evidenciou isso ao obrigar o Barcelona a jogar mais 30 minutos, após o apito final.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Krankl decidiu. Rexach já havia adiantado os catalães no marcador, 3 a 2, quando o vienense fez o quarto. O tento seria determinante, já que Wolfgang Seel diminuiria para os germânicos. Mais do que pelo título, Hans se reconectava com o torcedor pelo contexto. Ele quase não atuou na finalíssima da Basiléia e, se tivesse se ausentado, ninguém poderia lhe apontar um dedo sequer.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/2uBu4uaKwtk"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">“Assinalemos, por fim, a colaboração de um voluntarioso, ainda que um tanto apagado Krankl. Evidentemente, não terá superado o trauma do recente acidente de que foi vítima sua esposa, mas, ao obter o quarto e decisivo gol, o que deu o título ao Barcelona, creio, recebeu o melhor remédio que podia esperar”, narrou o <i>MD</i>.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A partida aconteceu no dia 16 de maio. Na noite do dia 5 anterior, um sábado, os Krankl sofreram um acidente entre as ruas Diagonal e Numancia, após o clássico entre Barcelona e Espanyol. Dois dias depois, o <a href="https://elpais.com/diario/1979/05/08/deportes/294962431_850215.html"><i>El País</i></a> sinalizava que, com uma lesão hepática, a esposa corria risco de morte. A família inteira estava no carro, mas Inge, submetida a uma cirúrgia de mais de cinco horas, era a única vítima. “Em vinte e cinco anos operando, só encontrei um outro caso tão difícil quanto este. Há poucas esperanças”, disse o doutor Sueiras.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Finalmente, no dia 12, o peso deixou o coração da família Krankl. Inge estava fora de perigo. “A juventude da esposa de Krankl e a disposição de sangue fresco para efetuar uma transfusão de sete litros foram as chaves para um resultado satisfatório após a operação cirúrgica”, assinalou também o <a href="https://elpais.com/diario/1979/05/13/deportes/295394410_850215.html"><i>El País</i></a>. Faltou apenas dizer que uma multidão de torcedores do Barcelona se alinhou nos postos de doação de sangue naqueles dias. Krankl foi do inferno ao céu em menos de um mês.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6IZ6QRydW7KOH1JP2-9GUbFQmW4ZPPfFeGBFrPsYz2OkRoF_M9IODvCtO5zLPPMQeZrNMNYQeeVcMoVT7ihkjRWmMQb2la9epcLwUY6VvaI2pETI_vIMh0bJ6g-1gZNrT9B63gt5utSqCtnKBFL_w7zGzzFSubKJ_IS_S43QOU_u8Zc3PabCBR0M_lA/s1861/MD19790507-001_pages-to-jpg-0001.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Tragedia Krankl Mundo Deportivo" border="0" data-original-height="1861" data-original-width="1417" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6IZ6QRydW7KOH1JP2-9GUbFQmW4ZPPfFeGBFrPsYz2OkRoF_M9IODvCtO5zLPPMQeZrNMNYQeeVcMoVT7ihkjRWmMQb2la9epcLwUY6VvaI2pETI_vIMh0bJ6g-1gZNrT9B63gt5utSqCtnKBFL_w7zGzzFSubKJ_IS_S43QOU_u8Zc3PabCBR0M_lA/w488-h640/MD19790507-001_pages-to-jpg-0001.jpg" width="488" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo: Mundo Deportivo</td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">A carreira de Krankl no Barça foi dimamitada</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A nota final da temporada 1978-79 foi positiva para o Barcelona e para Krankl, apesar das desilusões nacionais. O que não evitou a efemeridade da paz. A eliminação precoce na Copa do Rei custara o emprego do treinador francês Lucien Muller, substituído por Joaquim Rifé. Este não se deu bem com Hans. O ano subsequente começou mal para o austríaco, com seca de gols e sem a confiança do treinador, que chegou a deixá-lo fora da relação em alguns jogos. Krankl não atuou entre as rodadas cinco e oito de La Liga.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os problemas eram tão graves que, noticiou-se, a direção catalã buscava soluções. A principal delas respondia por um algoz da temporada anterior, Allofs. Mas havia outras: “Keegan, Rummenigge, Rossi, Zico e até Maradona permanecem ainda na agenda de Núñez”, noticiou o <a href="https://elpais.com/diario/1979/10/27/deportes/309826803_850215.html"><i>El País</i></a>. Krankl estava na berlinda, numa época em que as equipes só podiam ter dois forasteiros ainda.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP7aatTvoZKjctKa_1vhCPhPJ0RaQW7uXLEBvSpAkxo_MMS4SyiY29JQOg0Lx9xfwNYidXwNToOIn7SvB0RLl06AqCHI1hO0SryYpCREY-gYRnn0z-x6MgIaYqH7ammDOxXSBScMiEjifPQzQhliKk80XUmtSHFmE8e4BzyLeyIuWgwdbGpmHeO8ay-A/s1280/MD19791227-005_page-0001.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Krankl Salida Barcelona" border="0" data-original-height="355" data-original-width="1280" height="178" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP7aatTvoZKjctKa_1vhCPhPJ0RaQW7uXLEBvSpAkxo_MMS4SyiY29JQOg0Lx9xfwNYidXwNToOIn7SvB0RLl06AqCHI1hO0SryYpCREY-gYRnn0z-x6MgIaYqH7ammDOxXSBScMiEjifPQzQhliKk80XUmtSHFmE8e4BzyLeyIuWgwdbGpmHeO8ay-A/w640-h178/MD19791227-005_page-0001.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo: Mundo Deportivo<br /></td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No final do ano, o homem-gol chegou a negar que algo cheirasse mal no vestiário: “É tudo mentira. Não me vou do Barcelona”, afirmou ao <i>MD</i>. “Estou farto de tanta especulação e comentários. Ainda tenho dois anos de contrato e quero cumpri-los”. Rifé também apaziguou: “Simonsen e Krankl são os estrangeiros do Barcelona”.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">De fato, a diretoria <i>culé </i>estava em ação. No dia 4 de janeiro de 1980, foi publicada a notícia que muitos esperavam. Os nomes anteriormente especulados ficaram de lado. Era Roberto Dinamite quem chegava ao Camp Nou. Enquanto Krankl garantia que ia embora para nunca mais voltar, o brasileiro chegava animado: “Vi Krankl com a Áustria na Copa do Mundo. Me pareceu bom jogador. Vou substituí-lo, é verdade, e tenho certeza de que logo farei com que o esqueçam”.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não foi bem o que aconteceu. Roberto estreou com um <i>doblete </i>ante o Almería. Faria apenas mais um gol, na Supercopa da Uefa, contra o <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2014/01/times-que-gostamos-nottingham-forest.html" target="_blank">Nottingham Forest</a>. Enquanto isso, Krankl terminou a temporada emprestado ao First Vienna. Somou 12 gols em 17 jogos.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiowlqf2wGyY4JZQnaAP70_A-UBw_LeoB1NpQj8eX5umQxq01FKJehF1pMKszFD-EOqN-oRQvABB5thj01Yna0qdo6QtpabCwxImReLdX8KqOArUoP6YWSPgi4cBuhuKqYB7dBJhtwWTK40Xy_v0L7HbS7rMydYc-aOT5xOtzB9sbMraV8KaStqRmeGw/s1840/Boom.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Hans Krankl Roberto Dinamite Barcelona" border="0" data-original-height="1711" data-original-width="1840" height="596" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiowlqf2wGyY4JZQnaAP70_A-UBw_LeoB1NpQj8eX5umQxq01FKJehF1pMKszFD-EOqN-oRQvABB5thj01Yna0qdo6QtpabCwxImReLdX8KqOArUoP6YWSPgi4cBuhuKqYB7dBJhtwWTK40Xy_v0L7HbS7rMydYc-aOT5xOtzB9sbMraV8KaStqRmeGw/w640-h596/Boom.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo: Mundo Deportivo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Se parecia que Rifé tinha ganhado a queda de braço, essa impressão logo passou. Em março, o treinador foi substituído brevemente por Helenio Herrera. No início da temporada 1980-81, já era Ladislao Kubala quem dava as ordens. Ele queria a volta de Krankl e não teve dificuldades para despachar Dinamite de volta para o Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O vienense retornou, mas ficou apenas mais seis meses na Catalunha. Kubala não durou nada, Herrera reassumiu o comando da equipe e, contando com os gols de <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2018/04/1980-81-sequestro-artilharia-quini.html" target="_blank">Quini</a>, decidiu que não precisava de um goleador estrangeiro. Além do dinamarquês Allan Simonsen, ele daria preferência ao meio-campista alemão Bernd Schuster.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em 30 de outubro de 1980, o <a href="https://elpais.com/diario/1980/10/31/deportes/341794802_850215.html"><i>El País</i></a> noticiou: “Barcelona registrou Schuster ontem e deu baixa a Krankl“. Fim da linha, depois de 59 jogos e 44 gols. No início de 1981, o artilheiro voltou definitivamente ao Rapid Viena. E, adivinhem: em 18 jogos, marcou 16 gols. O <i>bomber </i>ainda estava vivo.</div>Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-348944341733084962023-05-18T09:18:00.000-03:002023-05-18T09:18:20.220-03:00De Joe Mercer a Tony Book, a herança do Manchester City<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">P</span>ep Guardiola lidera. Pouco abaixo
estão Manuel Pellegrini e Roberto Mancini. São representantes da abundância
do lado azul celeste de Manchester. É natural que estejam entre os
treinadores mais vitoriosos da história dos <i>Citizens</i>. No entanto, há
presenças que contrariam a narrativa que diz que o clube se tornou relevante
apenas a partir do investimento do Abu Dhabi United Group. Muito antes de se
tornar expoente de <i>sportswashing</i>, outra história foi escrita por
nomes como os de Joe Mercer, Malcolm Allison e Tony Book. A máquina do tempo
leva aos anos 1960.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE6lX0uDR5aAZ2SnAEdX4AfYs0Gu_ZNSoBxnOP58BzFKDjCPvELiLclySkEUmTMe-I05Cqdg2mxIW_nq0susSLAI9ec1NLusRvw0TVMSQGVHQ_uCmjPaIrPObSF4Zxj8sYjUxuw5AgYemD44jKI5hD0KdRcN6M94P4G6mYGQFJ7J8Fr9uE9UJvHHKe8Q/s1314/Manchester-City-Joe-Mercer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="1968 Manchester City Title Joe Mercer" border="0" data-original-height="747" data-original-width="1314" height="364" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE6lX0uDR5aAZ2SnAEdX4AfYs0Gu_ZNSoBxnOP58BzFKDjCPvELiLclySkEUmTMe-I05Cqdg2mxIW_nq0susSLAI9ec1NLusRvw0TVMSQGVHQ_uCmjPaIrPObSF4Zxj8sYjUxuw5AgYemD44jKI5hD0KdRcN6M94P4G6mYGQFJ7J8Fr9uE9UJvHHKe8Q/w640-h364/Manchester-City-Joe-Mercer.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Hulton Archive/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><span><a name='more'></a></span></b>
</div>
<span></span>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Voltar para o meu lugar</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi um começo de década instável para o Manchester City. Desempenhos insossos
até 1961-62 foram o prelúdio de algo pior. Rebaixamento, uma palavra pesada e,
mesmo assim, muito menos dolorosa do que o fato propriamente dito. A segunda
divisão não era estranha ao quadro mancuniano. Passara o fim dos anos 1930,
além de toda a Segunda Guerra Mundial, ali. Mesmo no retorno à elite, seguiu
vivendo perigosamente. Era questão de pouco tempo aquele flerte se tornar
coisa séria.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O descenso forçou a ruptura com o treinador escocês Les McDowall, há 13 anos
na casamata celeste. Era uma mudança doída, especialmente porque o comandante
fora um jogador de destaque no clube, ascendera-o à primeira divisão logo em
seu primeiro ano como técnico, e o conduzira ao título da FA Cup, em 1956. O
antigo ala, nascido na Índia e filho de missionários, seria, por anos, o
comandante com mais vitórias pelo City, até ser superado por Guardiola. Foram
220 triunfos, em 592 jogos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Havia sinais de desgaste. Segundo se conta, no final de sua passagem, McDowall
se distanciara do campo e da bola. Os jogadores passaram a vê-lo mais como
<i>manager </i>do que <i>coach</i>. O alheamento incomodava. A proximidade dos anos
anteriores era um dos pontos que levara o comandante a ser respeitado por seus
comandados — como Don Revie. Gente como Matt Busby, no rival United, Stan
Cullis, nos Wolves, e Joe Mercer, no Sheffield United, por outro lado, entrava
cada vez mais nos assuntos dos gramados.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG_D9d6gS2cqoVgZzpb2Ks8kB4BtmU7COcxajN1P4Z94RAXZlu2-CKTzigZXM-PkYEDAOnhife5NKPJsCsgdzo1Av83kh8u9brQ7EUUNBeL-imgFTQUTcaoPIFsZgnKZrQWazzd3S9u57HeCiggt_ofAcxz3VTuSyYGi1rrRqIfcUR2jdkpjz23srnCw/s993/Denis-Law-Manchester-City.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Denis Law Manchester City" border="0" data-original-height="993" data-original-width="935" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG_D9d6gS2cqoVgZzpb2Ks8kB4BtmU7COcxajN1P4Z94RAXZlu2-CKTzigZXM-PkYEDAOnhife5NKPJsCsgdzo1Av83kh8u9brQ7EUUNBeL-imgFTQUTcaoPIFsZgnKZrQWazzd3S9u57HeCiggt_ofAcxz3VTuSyYGi1rrRqIfcUR2jdkpjz23srnCw/w602-h640/Denis-Law-Manchester-City.jpg" width="602" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Manchester City não era um lugar atraente para talentos. O exemplo mais
evidente era o de Denis Law. O atacante marcou 23 gols em 1960-61, mas
preferiu partir para uma <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/06/denis-law-joe-baker-torino.html" target="_blank">aventura bem louca no Torino</a>. Tinha só 21 anos.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os <i>Citizens </i>entregaram as chaves do vestiário a George Poyser. Não chegava a
ser uma aposta. Desde 1957, auxiliava McDowall. Ainda que não tenha devolvido
o time ao panteão do futebol inglês, foi o responsável por mudanças
importantes. As habilidades de olheiro, que o tinham levado a Manchester,
provaram ser úteis. Sob suas ordens, Alan Oakes, Mike Doyle e Glyn Pardoe se
afirmaram no time de cima, se unindo a uma base que já tinha gente como Neil
Young. O problema é que o time precisava subir.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Às vésperas da temporada 1965-66, Joe Mercer estava livre no mercado. Ele fora
cogitado como treinador da Inglaterra, mas era um tiro no escuro; sofrera um
acidente vascular cerebral quando comandava o Aston Villa e, após a
recuperação, fora demitido. Sua esposa, Norah, profetizou: seu homem preferia
morrer trabalhando do que viver em casa. Não chegou sozinho, o auxiliar
Malcolm Allison fez as vezes de fiel escudeiro, mais encarregado das coisas do
dia a dia e das táticas. Como fênix, Mercer e o Manchester City renasceram.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No Swindon Town, o comandante buscou os serviços de Mike Summerbee, que
jogaria todas as partidas da temporada de acesso. Sim, os azuis subiram já na
primeira temporada sob a batuta de Mercer. Os esforços de construção
continuariam sendo bem feitos. Na volta à Football League, Tony Book foi
recrutado junto ao Plymouth Argyle, enquanto Colin Bell chegou a Manchester
desde o Bury. Eram grandes notícias.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXrABkW_judMFuTkE6jqSXdho3Vk0d_s2_yxD79nsJf_pHnYk2FtmyZoLfG-3YNh-DryzbiDh7--fiHOTDRFhi_h6TInPcek_xt0FaYrygp0DKI8hI6qlOe3YjpoiZUUVVAwvKIugZWm3hNX3MwoH95gE72tMS-CJ0wV2V2gwKqJ4Jk6ElrFqbx-tGIg/s1042/Malcolm-Allison-Joe-Mercer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Malcolm Allison Joe Mercer Manchester City" border="0" data-original-height="857" data-original-width="1042" height="526" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXrABkW_judMFuTkE6jqSXdho3Vk0d_s2_yxD79nsJf_pHnYk2FtmyZoLfG-3YNh-DryzbiDh7--fiHOTDRFhi_h6TInPcek_xt0FaYrygp0DKI8hI6qlOe3YjpoiZUUVVAwvKIugZWm3hNX3MwoH95gE72tMS-CJ0wV2V2gwKqJ4Jk6ElrFqbx-tGIg/w640-h526/Malcolm-Allison-Joe-Mercer.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Getty Images/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Exterminar 30 anos de jejum</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A temporada de volta não foi das mais animadoras. Os <i>Citizens</i> não foram a
lugar algum, mas se safaram do rebaixamento com tranquilidade. Ver o
Manchester United bater campeão e <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/09/manchester-united-1967-1968.html">construir terreno para o título europeu que viria no ano seguinte</a> não deve ter sido fácil. Parece inevitável olhar a
grama do vizinho quando cresce tão verdinha. Mas Mercer gostava de ver o lado
bom das coisas, era um paizão, e confiava que no seu gramado já floresciam
grandes talentos, lapidados com a precisão de um artesão por seu número dois.
Não estava errado, embora não estivesse claro o quão bons eles seriam.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para a campanha de 1967-68, com o trabalho de Allison e um toque de midas, concluiu sua
obra. No Bolton Wanderers, encontrou os gols de Francis Lee, pagando o que era
o recorde de gasto dos azuis: £60 mil. Enquanto isso, a base seguia dando
suporte ao time. Os últimos prospectos eram o zagueiro Tommy Booth e o goleiro
Joe Corrigan, cuja influência cresceria nos anos seguintes.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com o United empenhado nas noites europeias, o City cresceu. Segundo o
comentarista Kenneth Wolstenhome, da <i>BBC</i>, tornou-se o quadro mais empolgante
da Inglaterra. O início de campeonato deixaria dúvidas, com empate frente ao
Liverpool e derrotas para Southampton e Stoke City. Mas logo veio uma
sequência de cinco vitórias. Insucessos seguidos diante de Arsenal, United e
Sunderland voltariam a assombrar o futuro do time. Mas, só aconteceriam mais
quatro derrotas, naquele torneio de 42 rodadas.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando os rivais de Manchester se reencontraram, a situação era outra. Colin
Bell colocou o time em vantagem. George Best, o melhor jogador do campeonato,
empatou. Só que o City não aceitou não vencer. George Heslop e Francis Lee
confirmaram o 3 a 1. Faltava pouco. O dia 11 de maio de 1968 concluiria o
renascimento. Ao soar do apito final em St. James Park, o placar indicava
Newcastle 3, Manchester City 4. Por dois pontos, os azuis batiam seu grande
rival e eram os campeões nacionais pela segunda vez na história, a primeira
desde 1936-37.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/BYsWjFXNU0o"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A resistência e inteligência de Bell, a objetividade do jogo de Oakes, os gols
de Lee e Summerbee, somados à coragem de Doyle no centro da defesa — um
autêntico torcedor do clube — formavam a base de um time que, aos poucos,
seria eternizado. Em 1969, depois de bater Luton Town, Newcastle, Blackburn,
Tottenham e Everton, o City enfrentou o Leicester na final da FA Cup. Mais de
100 mil pessoas viram Neil Young, uma das peças que conectava o mundo pré e
pós Mercer, garantir mais um título para os <i>Citizens</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Ninguém no futebol poderia viver conosco. Entre nós, tínhamos tudo. Eu me
metia em situações como um touro, cheio de ambição agressiva e desprezo por
qualquer um que pudesse estar no meu caminho. E Joe vinha atrás de mim,
recolhendo os cacos, acalmando os feridos e os ofendidos com aquele vasto
encanto”, diria Malcolm, como reproduziu o
<a href="https://www.mancity.com/news/club/man-city-dna-99-malcolm-allison-63725235">site oficial do Manchester City</a>.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/VqET6rfCaqQ"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esses nomes todos seriam recordados não apenas pela qualidade, mas pela
longevidade. Muitos passaram mais de 10 anos no clube. Oakes (682), Corrigan
(603) e Doyle (570), para citar alguns, tornaram-se os três que mais vezes
vestiram a famosa camisa azul celeste. Bell (501) seria o quinto e o quarto
maior artilheiro (153 gols). Eles viveram de perto os crescentes e silenciosos atritos entre
Mercer e Allison. Quando o clube conquistou a Copa da Liga de 1970, batendo o
West Bromwich e assegurando todas as taças nacionais, algo já não cheirava
bem.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mercer era o manda chuva. Em última instância, o responsável por tudo. Allison
era quem mais dava duro nos treinamentos. 13 anos de idade separavam os dois.
Malcolm treinara apenas Bath City, Toronto City e o Plymouth. Naturalmente,
desejava mais projeção. Na hora de dar peso às coisas, a diretoria do City
entendeu que o auxiliar teria mais suco para ser espremido nos próximos anos.
Após uma campanha abaixo e sem conquistas, no princípio de 1971-72, Mercer foi
elevado a uma espécie de cargo de diretor. Na verdade, caía, enquanto Allison
subia, assumindo como treinador. Em menos de um ano, Joe não estaria mais lá.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSTlVdbE0ybeaEp2miGw2qZFYBMn2jDMT9oaY98R33MZt6mfk52X21qP7ubeYFMGnPVZNXlT5Yu-y9h5n1BAY83-AKTFkiYAUyYb_JjG_mD6YX-awRLAif98A7vlqHf8iEsxZjncJYfHxqMZv8FZOmhVHWJSXnOOxBETJc1gwY7yBXOn7O1Op8yv04eA/s1042/Manchester-City-Historical-Players.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Historical Manchester CIty Players" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1042" height="430" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSTlVdbE0ybeaEp2miGw2qZFYBMn2jDMT9oaY98R33MZt6mfk52X21qP7ubeYFMGnPVZNXlT5Yu-y9h5n1BAY83-AKTFkiYAUyYb_JjG_mD6YX-awRLAif98A7vlqHf8iEsxZjncJYfHxqMZv8FZOmhVHWJSXnOOxBETJc1gwY7yBXOn7O1Op8yv04eA/w640-h430/Manchester-City-Historical-Players.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: PA/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br />
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Sofrer, mas perseverar</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O City retomou o rumo no princípio. Apoiado na grande forma de um Francis Lee
que anotou 33 gols e foi o artilheiro absoluto do Campeonato Inglês, terminou
o certame em quarto lugar — apenas um ponto atrás do <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2014/12/times-que-gostamos-derby-county-1971.html" target="_blank">campeão Derby County</a>. Mas
o time estava envelhecendo, entre outras questões. “Malcolm mudou o futebol ao
nos fazer treinar como atletas e nesse aspecto ele estava muito à frente de
seu tempo”, afirmou Summerbee.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Havia problemas na estrutura organizacional do time. Em 1971, Albert Alexander
Jr., que contratara Joe Mercer, deixara a presidência da equipe, em suas mãos
desde 1964. Em momentos distintos, seu pai fizera de tudo um pouco pelo quadro
mancuniano, inclusive criando suas categorias de base. O filho conhecia bem os
caminhos de Maine Road; era apaixonado pelo clube. Após sua retirada, houve disputa de egos. A primeira
evidência clara seria o estímulo à citada cisão entre Mercer e Allison, mas
mesmo este não sobreviveria muito mais.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1972-73, já contando com os gols de Rodney Marsh, a temporada começou com o
título da Supercopa da Inglaterra, mas a campanha no Campeonato
Inglês decepcionaria. Allison abandonaria o barco antes do final do ano. Seria
substituído por Johnny Hart, que permaneceria cerca de seis meses, sem
sucessos, como é suposto imaginar. Depois de Tony Book, que era o capitão do
time, assumir brevemente como jogador-treinador, o time apostou suas fichas em
Ron Saunders.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ele seria recordado pelo <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2023/01/aston-villa-1980-81-82.html" target="_blank">brilhantismo de sua passagem pelo Aston Villa</a>, mas
ainda era um treinador promissor que vinha alcançando grandes resultados com o
Norwich. Sob sua batuta, os Canários chegaram à elite pela primeira vez. Só
que 1973-74 seria uma temporada amarga para ele. No ano anterior, levara o
quadro verde e amarelo à final da Copa da Liga e perdera, o que se repetiu com
o City. Mesmo contando com o retorno de Denis Law, em Wembley os mancunianos
sucumbiram diante do Wolverhampton, 2 a 1. Saunders não ficou.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/NDRKjjFkkJ0"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse meio tempo, Peter Swales assumiu a presidência da equipe. Mais tarde,
seria culpado por não manter os <i>Citizens </i>no nível ao qual foram alçados nos
anos anteriores à sua chegada. Entre seus primeiros atos estava o de nomeação
definitiva de Book como treinador da equipe. Ele permaneceria na casamata
entre 1974 e 79, confirmando-se figura eternamente querida entre os azuis
celestes. Ninguém fica conhecido como <i>Mr. Manchester City</i> sem motivos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Book era um soldado de Allison, tendo o acompanhado em todos os seus
clubes, antes da chegada a Maine Road. Com ele, a paz voltou, embora o time
não tenha alçado altos voos. Sua única taça viria da Copa da Liga de 1975-76 —
temporada de despedida de Oakes. Então, Bell já sofrera grave lesão no joelho
direito e Lee se mudara para o Derby County. Corrigan e Doyle seguiam
carregando o espírito de vitórias, mas a inevitabilidade do tempo forçava
reformas. Gente como Dave Watson ou Asa Hartford chegava.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os ventos traziam outros ares, não necessariamente melhores.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/XLUalqgCZts"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Sobreviver</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Formado no Manchester United e com passagem pelo Arsenal, Brian Kidd seria um
dos ícones de um cada vez mais renovado Manchester City. Com seus gols, o time
perdeu o Campeonato Inglês de 1976-77 por um mísero ponto, ficando em segundo.
Contudo, aos poucos, a queda ficaria evidente. Em três anos, os mancunianos
foram de um quarto lugar a um 17º.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A temporada 1978-79 foi o fim da linha para Book. No ano seguinte, Allison
voltou, sem causar boa impressão. Saiu outra vez. Book seria o interino até
John Bond assumir em definitivo. O time ia ladeira abaixo. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Exceto pelo
vice-campeonato da FA Cup, em 1981, já não jogava bem e nem conseguia bons
resultados. Somente o goleiro Corrigan sobrava para contar história. Em
1982-83, a queda para a segunda divisão foi inevitável e inaugurou um período
de agruras para o quadro azul celeste. Rebaixamento, lembram-se?
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A regra da década de 1980 foi a instabilidade, com um incansável sobe e desce.
Tony Book nunca virou as costas para o clube. Fez de tudo um pouco e, de
quando em quando, assumia o time como interno. Só que uma andorinha só não faz verão, diz o ditado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqiIKPp-nbzkDPS5og5nqzGtxUF2QMDXQsgfdgSbLYyf5aUpkOrX6SjkSlpiv9RHElKbxCKGxpjn1rOtUdbXxYJpJKe-PUwkyzBacDaNov-DfAZfvfW-7m1LOCyQAjZe5LH8ca2I_7Yjqg5tREE-lf_bKBJXdSQ2Lz3q_GXN_3DU2vqT5ViZEkmIk_IA/s1042/Tony-Book.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Tony Book Manchester City" border="0" data-original-height="707" data-original-width="1042" height="434" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqiIKPp-nbzkDPS5og5nqzGtxUF2QMDXQsgfdgSbLYyf5aUpkOrX6SjkSlpiv9RHElKbxCKGxpjn1rOtUdbXxYJpJKe-PUwkyzBacDaNov-DfAZfvfW-7m1LOCyQAjZe5LH8ca2I_7Yjqg5tREE-lf_bKBJXdSQ2Lz3q_GXN_3DU2vqT5ViZEkmIk_IA/w640-h434/Tony-Book.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Getty Images/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Allison nunca mais voltou e a verdade é que sua carreira não teve muitos altos
depois de seu retorno ao City. Mercer estava aposentado desde 1974. Afinal,
aquilo não era um conto de fadas, com final feliz. Antes, uma história real,
com pontos altos e baixos, reviravoltas, tensões e glórias. Uma narrativa com
protagonistas de relevância inquestionável, personagens redondos, com vicissitudes. </div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mercer é o segundo maior vitorioso entre os treinadores da história dos
<i>Citizens</i>. Book e Allison empatam com Tom Maley e McDowall, em sexto lugar. São
nomes que todo torcedor, mesmo o mais jovem, conhece. Assim como os dos já
exaustivamente mencionados Oakes, Bell, Summerbee, Lee, Corrigan, Doyle, Booth
ou Young. As histórias estão sempre em mutação, tendo o tempo como o norte. O
Manchester City bilionário vence e vence, mas não foi o primeiro a fazê-lo. E
é dever de memória recordar quem forjou a herança dos homens do presente.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-31614497258170196202023-04-26T06:00:00.060-03:002023-04-26T06:54:31.364-03:00As Zâmbias de Kalusha Bwalya: uma história de tragédia e persistência<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">O</span> dirigente desce ao gramado e, em
meio aos vitoriosos jogadores, ergue a taça. Em uns quantos cenários, a
sugestão seria a de que o engravatado se aproveita dos louros de quem,
efetivamente, correu e suou e colocou a bola nas redes adversárias, ou
evitou que a própria meta fosse maculada. Em Libreville, no entanto, é
diferente. Kalusha Bwalya não é apenas o presidente da Associação Zambiana
de Futebol, mas um elo entre os dias de maior glória e tristeza vividos
pelos <i>Chipolopolo</i>; uma constante entre vivências antagônicas.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixrx5gC25r88mpzpHEnDtzytuo_SBaPpTX1XxJSZcKsGS-9p_LEU6cu_DOz_LMK3TVQMHegj63H17cnUfbSzg4Klxn8PoKc4gp6jCpt9lva2iiVIM4pj_zbukVL8haHh0v6lBqIZeXLV17DCXNKuNbcQgwc8E9agc-PxD73IEB1kk3UQdSMrbMyolIgg/s1152-rw/Zambia_1993.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Zambia 1993" border="0" data-original-height="818" data-original-width="1152" height="454" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixrx5gC25r88mpzpHEnDtzytuo_SBaPpTX1XxJSZcKsGS-9p_LEU6cu_DOz_LMK3TVQMHegj63H17cnUfbSzg4Klxn8PoKc4gp6jCpt9lva2iiVIM4pj_zbukVL8haHh0v6lBqIZeXLV17DCXNKuNbcQgwc8E9agc-PxD73IEB1kk3UQdSMrbMyolIgg/w640-rw-h454-rw/Zambia_1993.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></b></div><span><a name='more'></a></span><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">A forja de um sonho</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fazia 24 anos desde a conquista da Independência, face ao Reino Unido. “A
África para os africanos”, proclamou a <i>Folha</i>, em 24 de outubro de 1964.
A plena paz, porém, era ficção para Zâmbia, a despeito da ausência de
sangrentas guerras civis e étnicas, comuns no continente. Sob Kenneth Kaunda,
primeiro-ministro de 1964 a 91, tensões com vizinhos liderados por brancos,
nomeadamente os da Rodésia do Sul (mais tarde Zimbábue), tiveram consequências
graves, com casualidades e o encerramento das fronteiras entre os países.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjXmewA_gYYvhXR6_Ah9ll61OzqY7tMqBSYII2kFoMXm5ty37Bj0KWK22RLWcwc_TumsmKvwiUKB0GrUuOBIhQY1kuvptsdWtrA8OJHiPIB46lJ6Udtt8ZJVtqz7PYsECaVqdtRxngDl8_-uJX_ZzTver6qOiCYykTmtCG678o_E20PJk9YbsIhz77EQ/s1470-rw/4987895.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Folha de São Paulo Independência de Zâmbia" border="0" data-original-height="903" data-original-width="1470" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjXmewA_gYYvhXR6_Ah9ll61OzqY7tMqBSYII2kFoMXm5ty37Bj0KWK22RLWcwc_TumsmKvwiUKB0GrUuOBIhQY1kuvptsdWtrA8OJHiPIB46lJ6Udtt8ZJVtqz7PYsECaVqdtRxngDl8_-uJX_ZzTver6qOiCYykTmtCG678o_E20PJk9YbsIhz77EQ/w640-rw-h394-rw/4987895.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo: Folha</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O governo unipartidário de Kaunda apoiava, ativamente, movimentos de guerrilha
anti-apartheid, notadamente Union for the Total Liberation of Angola (UNITA),
Zimbabwe African People's Union (ZAPU), African National Congress of South
Africa (ANC) e South-West Africa People's Organization (SWAPO). Mas, mesmo que
seus objetivos fossem similares, tais grupos paramilitares esbarravam em
rivalidades intertribais e sino-soviéticas. Unidade era um privilégio de que
não se dispunha.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Zâmbia receberia reconhecimento pelo papel desempenhado no citado Zimbábue,
além das independências de Angola e Moçambique. Mas precisava lidar com seus
próprios demônios. Detinha riquezas naturais, nacionalizadas, e um desejo
ardente de autossuficiência. Faltava know-how para extrair, tratar e
exportá-las e, pouco depois, viria a queda acentuada dos preços, sobretudo do
cobre — agravada por problemas logísticos decorrentes das guerras de
libertação dos territórios contíguos.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/iZyS46bZMwk"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A economia foi arruinada. Em meados da década de 1980, o país tinha uma das
maiores dívidas externas per capita do mundo, sobretudo junto ao Fundo
Monetário Internacional (FMI). Foi nessa época que o futebol nacional se deu a
conhecer diante dos olhos do planeta, com a participação nos Jogos Olímpicos
de Seul, em 1988. Era a primeira grande notícia a respeito do ludopédio
zambiano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Imaginava-se o desenlace de um cenário previsível para o Grupo B. A Itália,
que contava com gente estabelecida, como Stefano Tacconi, Mauro Tassotti, Ciro
Ferrara, Massimo Mauro, Alberico Evani e Andrea Carnevale, era favorita.
Guatemala, Iraque e ela, Zâmbia, matariam-se pela segunda vaga na fase
seguinte. Ledo engano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Quem não tem Cruyff, vai de Kalusha Bwalya. O futebol pode não ser o mesmo,
mas o uniforme é laranja e o efeito tão arrasador quanto o do ‘Carrossel
Holandês’”, disse o relato empolgado d’<i>O Globo</i>. Depois de estrear
empatando com os iraquianos, Zâmbia destronou a Itália: 4 a 0. Bwalya fez
três.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiByOyYkQwLYhMdzCoQRXsoPTdYCo1TWqc4QRiszppM9JjT4S7eKpvLtTNrV0mwqzZAf_7_8N7JsMYY-ngVxkcF8JWDUVJbSM4iLX96UlQHEX5iR5rwqMseWEqZh9Xw6RHLRSicK57fFKKYRyajfwdWpZYL_xwJGUqAzqBuq8NVEoDfDFOkKv0dkhIdpg/s1001-rw/O%20GLobo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Zâmbia Itália 1988 O Globo" border="0" data-original-height="539" data-original-width="1001" height="344" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiByOyYkQwLYhMdzCoQRXsoPTdYCo1TWqc4QRiszppM9JjT4S7eKpvLtTNrV0mwqzZAf_7_8N7JsMYY-ngVxkcF8JWDUVJbSM4iLX96UlQHEX5iR5rwqMseWEqZh9Xw6RHLRSicK57fFKKYRyajfwdWpZYL_xwJGUqAzqBuq8NVEoDfDFOkKv0dkhIdpg/w640-rw-h344-rw/O%20GLobo.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo: O Globo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“O placar foi até modesto”, prosseguiu o periódico carioca. Nova goleada por
igual marcador, agora diante dos guatemaltecos, levaria os africanos à fase
seguinte, com a liderança. Nos mata-matas, a Alemanha Ocidental acabaria com a
festa, contundentemente, em outro 4 a 0. Dessa vez, o <i>hat-trick</i> foi de Jürgen
Klinsmann.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Do céu ao inferno</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A participação olímpica moralizou os zambianos. Um ponto separaria os
<i>Chipolopolo </i>da fase final das eliminatórias para o Mundial de 1990. Nada de
baixar os braços. Ainda naquele ano, o país iria às semifinais da Copa Africana
de Nações, caindo diante da Nigéria, mas vencendo Senegal e ficando com o
terceiro lugar. Dois anos depois, o desempenho não seria tão bom, com queda
nas quartas de finais do certame continental. Apenas um escorregão.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A seleção zambiana simbolizava esperança. O país seguia instável. No início da
década, a insatisfação com o governo de Kaunda se acirrou. De greves de fome a
tentativa de golpe de estado, aconteceu de tudo um pouco. O líder foi cedendo.
Em 1991, uma nova constituição passou a vigorar e eleições foram convocadas, com
vitória de Frederick Chiluba. Ele permaneceria no poder até 2002. Esperava-se
o fortalecimento da democracia nacional, mas não foi bem o que aconteceu.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRc3j0DWHiqFK1tnzbVz-PzsxYCUOBY4YOor6svAdRojOvfQd_IeVNaRV6icbk4BcvSlVWFfsW8PNQ4m1tU-zN7zjxrkdis8vCIQP38LRqQQf0dMllH404DUihzys7jjhfZEUaQBT9pSYXVcnim7Ca8nrqEqlsPbtAHU5q1TshRB5uBSNS0uyQH3W_EQ/s700-rw/Kalusha_Bwayla_Zambia.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Kalusha Bwayla Zambia" border="0" data-original-height="460" data-original-width="700" height="420" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRc3j0DWHiqFK1tnzbVz-PzsxYCUOBY4YOor6svAdRojOvfQd_IeVNaRV6icbk4BcvSlVWFfsW8PNQ4m1tU-zN7zjxrkdis8vCIQP38LRqQQf0dMllH404DUihzys7jjhfZEUaQBT9pSYXVcnim7Ca8nrqEqlsPbtAHU5q1TshRB5uBSNS0uyQH3W_EQ/w640-rw-h420-rw/Kalusha_Bwayla_Zambia.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Getty Images/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nos gramados, entretanto, Bwalya e seus comparsas seguiam representando um
sonho de liberdade. Na corrida pela classificação para a Copa do Mundo de
1994, as coisas iam muito bem, obrigado. Zâmbia liderou o Grupo H, superando
Burkina Faso, Madagascar, Namíbia e Tanzânia. A fase seguinte era decisiva.
Marrocos e Senegal eram os obstáculos que os <i>Chipolopolo </i>precisavam superar
para carimbar o passaporte rumo aos Estados Unidos. Ou deveriam ter sido.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No dia 2 de maio de 1993, começaria a saga decisiva pela classificação
zambiana ao que seria seu primeiro Mundial. Dakar era o destino. Ainda em 27
de abril, a delegação embarcou no avião militar Buffalo DHC-5, um
bimotor. O trajeto desde Lusaka incluía escala para abastecimento em
Brazzaville, no Congo, e em Libreville, no Gabão, além de parada em Abidjan,
na Costa do Marfim.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipGKTVxADyzQ3IKuM8YjT-4xbp5zdV3s8bqySG2QA0PKtnZ6fKibL2Ug4796BLCfQYh8_BRV6sIUHciry8kWUMScyBZJqwQB-cwbReEKH-dUggsieXnssxeq7aTj1CaCIChR5UkhXddbK18Nz-N3X1j0bSvs3Zq-HBTS0C7x7yrVcJYkqXvHCiaj01gQ/s1267-rw/4839043.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Acidente Aéreo Zâmbia 1993 Folha de São Paulo" border="0" data-original-height="1267" data-original-width="1039" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipGKTVxADyzQ3IKuM8YjT-4xbp5zdV3s8bqySG2QA0PKtnZ6fKibL2Ug4796BLCfQYh8_BRV6sIUHciry8kWUMScyBZJqwQB-cwbReEKH-dUggsieXnssxeq7aTj1CaCIChR5UkhXddbK18Nz-N3X1j0bSvs3Zq-HBTS0C7x7yrVcJYkqXvHCiaj01gQ/w524-rw-h640-rw/4839043.png" width="524" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo: Folha</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A aeronave estava inutilizada desde o fim de dezembro de 1992. Na saída da capital
gabonesa, o motor esquerdo falhou. Assim como o piloto, de acordo com o
<a href="http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/3247006.stm">relatório oficial</a>
(que só foi concluído 10 anos mais tarde). Uma luz de advertência defeituosa,
somada ao cansaço, levaram-no a desligar o motor direito. O avião foi perdendo
altitude, até cair violentamente no mar, a dois quilômetros da costa do Gabão. As primeiras
buscas encontraram 24 dos 30 viajantes. Todos mortos. Mais tarde, os outros
seis também foram identificados. Mortos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Vivos</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A maior estrela do selecionado, Kalusha Bwalya, não estava no avião. Além
dele, Johnson Bwalya (sem parentesco) e Charly Musonda escaparam da tragédia. O trio atuava na
Europa — respectivamente em PSV Eindhoven, Cercle Brugge e Anderlecht — e se
juntaria mais tarde ao grupo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Efford Chabala, Richard Muanza, Whiterson Changue, Samuel Chomba, Godfrey
Kangua, Robert Watiyakeni, Derby Makinka, Eston Mulenga, Kelvin Mustale, John
Soko, Numba Muila, Wisdom Chansa, Timothy Mútua, Moses Masuwa, Moses
Chikualakuala, Patrick Banda e Kena Simamba faleceram, além do treinador
Godfrey Chitalu, do presidente da associação, Michael Muape, e de outros
membros da delegação.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Eu estava em casa, na Bélgica, quando recebi uma ligação”, contou Joel
Bwalya, irmão de Kalusha e também jogador, mas que não estava entre os convocados,
<a href="https://www.cafonline.com/news-center/news/joel-bwalya-kalusha-s-often-forgotten-brother">ao site oficial da CAF</a>. “No dia seguinte, foi confirmado que não havia sobreviventes. Ainda tenho
um recorte de um jornal da Bélgica com a manchete ‘Zâmbia morre: menos
Kalusha, Musonda e Bwalya’”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Naturalmente, as partidas de Zâmbia foram imediatamente suspensas. Era julho, menos de um ano
antes do Mundial, quando o selecionado voltou a campo, liderado por Kalusha e
Johnson. Foram deles os gols heróicos da vitória contra o Marrocos. Depois de
perder um time inteiro, os <i>Chipolopolo </i>recomeçavam. Se levar esperança ao país
e carregar o orgulho zambiano internacionalmente já não fosse razão suficiente
para prosseguir, agora o time jogava pela memória de seus mortos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Senegal, de Souleymane Sané (mais tarde reconhecido como pai de Leroy Sané),
não teve vez. A disputa se centrou entre Zâmbia e Marrocos. Na rodada final, o
time dos Bwalya tinha a vantagem. Podia empatar. Mas o jogo aconteceu na
fervilhante Casablanca. Um gol solitário de Abdeslam Laghrissi foi o
suficiente para levar os marroquinos adiante e incendiar as ruas do Magrebe.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/wb-173XNI24"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Longe de fazer feio ainda sob os escombros de sua tragédia, o time
zambiano voltava para casa sem a classificação.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A qualidade daquela geração era muita, bem como o comprometimento
com sua causa. O modo como Zâmbia se reagrupou rapidamente não tinha
precedente histórico. A quase classificação ao Mundial não saciou a fome de
vitória do time. Entre março e abril de 1994, outra Copa Africana de Nações
foi disputada. Zâmbia liderou o Grupo C, subjugando Costa do Marfim e Serra
Leoa. Bateu o Senegal e acabou com o Mali: 4 a 0. Chegou à decisão.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais uma vez, o tempo esclareceria a grandeza dos feitos dos <i>Chipolopolo</i>.
Perderam para uma equipe que por pouco não foi quadrifinalista na Copa do
Mundo seguinte. A Nigéria, de Jay-Jay Okocha, Sunday Oliseh, Finidi George,
Daniel Amokachi, Emmanuel Amunike e Rashid Yekini, era forte demais. E, mesmo
assim, precisou correr atrás do prejuízo. Elijah Litana abriu a contagem para
Zâmbia; Amunike virou: 2 a 1. O quadro zambiano era vice-campeão continental.
Dois anos depois, a história seria parecida, com o time liderado por Kalusha
ficando em terceiro lugar.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/cueBaHkzKhA"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">A história como norte</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Encaminhando-se para o final da carreira, já atuando no México, Bwalya não
tinha mais tempo para levar Zâmbia adiante. A geração de ouro não seria
laureada com título. Mas o astro não desistiria — era o rosto do futebol
zambiano. Entre 2003 e 06, treinaria a equipe. Logo após, assumiria a
presidência da associação.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Uma breve viagem no tempo.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2012, era a Costa do Marfim que encarava o mundo com o grupo mais talentoso
jamais formado pelo país. Aos irmãos Kolo e Yaya Touré, juntavam-se Didier
Zokora, Cheick Tioté, Salomon Kalou, Gervinho e ele, Didier Drogba. Na fase de
grupos da Copa Africana de Nações daquele ano, <i>Les Éléphants</i> passearam imponentemente. Três
vitórias em três encontros, zero gols sofridos. A seguir, eliminaram Guiné
Equatorial e Mali, também sem conceder qualquer tento. Notoriamente, os
marfinenses tinham o melhor grupo de jogadores do continente e estar na final
era natural.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do lado de lá, Christopher Katongo era o Bwalya da vez, longe de ter o mesmo
talento. O goleiro Kennedy Mweene era outro esteio, enquanto a esperança de
futuro recaía sobre Emmanuel Mayuka, vinculado ao Southampton à época. O
treinador era Hervé Renard, de 43 anos e sem grandes credenciais no currículo.
Um detalhe: o jogo era em Libreville.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGIfXeuL7VsdrB-14LoI-RAyNQNSPtKQm_QkDEMejbXYY-rcA7kvQwIHUB6v0QZbS8f3bqAUQfcfQ_rZkCy04OAtwRp2L-hz8V1Hhwxp3-bO3f6KfX919gBL_49kS3B3oxkJlSNQSlE1M3iF26C94a2PhU4x9sIPbh009QtyaQjwtWvjZ0I8FXyW151A/s1518-rw/Christopher_Katongo_2012.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Cristopher Katongo Zambia" border="0" data-original-height="862" data-original-width="1518" height="364" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGIfXeuL7VsdrB-14LoI-RAyNQNSPtKQm_QkDEMejbXYY-rcA7kvQwIHUB6v0QZbS8f3bqAUQfcfQ_rZkCy04OAtwRp2L-hz8V1Hhwxp3-bO3f6KfX919gBL_49kS3B3oxkJlSNQSlE1M3iF26C94a2PhU4x9sIPbh009QtyaQjwtWvjZ0I8FXyW151A/w640-rw-h364-rw/Christopher_Katongo_2012.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Sky Sports/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“O plano começou com o presidente Kalusha Bwalya, quando ele era vice”,
explicou o capitão Katongo, ao
<a href="https://www.theguardian.com/football/blog/2012/feb/08/zambia-kalusha-bwalya-ghana"><i>Guardian</i></a>. “Ele fez um plano para quatro anos, manteve os jogadores [...] Por exemplo,
o Kalaba. Eu sei para onde ele vai correr. Conheço suas fraquezas; ele conhece
minhas fraquezas. Conheço seus pontos fortes. Acho bom que nos conheçamos.
Ficamos juntos por quatro ou cinco anos”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No dia 12 de fevereiro, Zâmbia e Costa do Marfim lutaram pela coroa do
continente. Os zambianos não conheciam apenas suas próprias fraquezas, também
as dos marfinenses. O zero nunca saiu do placar. O jogo foi para os pênaltis e
Mweene mostrou frieza para salvar a cobrança de Kolo Touré, antes de assistir
de camarote à batida de Gervinho, para fora. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Depois de 17 cobranças, o
zagueiro Stophira Sunzu tinha a história aos seus pés. Ele derrapou levemente.
Mas a bola entrou e a correria desabalada dos zambianos, os presentes no
estádio e os que acompanhavam no país, precipitou-se. Era alívio, alegria, deleite... Emoções impossíveis de se rotular.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/t_dCOkETvu0"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Eu queria estabelecer uma conexão entre as duas equipes, o passado e o
presente”, disse Bwalya à
<a href="https://web.archive.org/web/20120228082919/https://www.fifa.com/worldfootball/news/newsid=1588782.html">FIFA</a>. “Queria passar a tocha, para que os jogadores deste ano prestassem
homenagem à geração de 1993”. O time de Katongo e Renard vencera; em nome dos imortais de 1993, os
heróis de 2012 confirmaram que o Gabão não era apenas um lugar reservado à
tristeza.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-50572005722332312192023-04-12T06:00:00.078-03:002023-04-12T07:45:54.821-03:00Em 1963, a Bolívia viveu seu auge e conquistou a América<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">C</span>omo de costume, na disputa do
Campeonato Sul-Americano de 1959, sediado na Argentina, a Bolívia terminou
em último lugar. O fracasso na competição era uma constante para <i>La Verde.</i>
Um quarto lugar dez anos antes representava, de longe, o ápice para o país
andino. Pouco, muito pouco. Em 1963, quando despontou como sede da
competição pela primeira vez, sabia que teria que explorar todas as
vantagens que estivessem ao seu dispor. A mais famosa delas, o ar rarefeito
de La Paz e Cochabamba.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinq7jZFpXpWOdz4ffd22VPE_XT4IrGqWJBa7F9OXtoWyU059vkgdNcQADCyV321GZkC9Jpus2UASbv12UW0_qa5kJLPIxinnU9_QupZf0pWfntvl8SSm6tL0P4dCIIzutCnw7WcGMd9SFQ854s71f5DkXpzpTiYkNDBmZ6pMR6LS4nCcCQQntjKBr2zQ/s1250-rw/Bolivia-America-1963.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Bolivia 1963 Campeonato Sul-Americano Copa América" border="0" data-original-height="681" data-original-width="1250" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinq7jZFpXpWOdz4ffd22VPE_XT4IrGqWJBa7F9OXtoWyU059vkgdNcQADCyV321GZkC9Jpus2UASbv12UW0_qa5kJLPIxinnU9_QupZf0pWfntvl8SSm6tL0P4dCIIzutCnw7WcGMd9SFQ854s71f5DkXpzpTiYkNDBmZ6pMR6LS4nCcCQQntjKBr2zQ/w640-rw-h348-rw/Bolivia-America-1963.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Deporte Total/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /></b>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><a name='more'></a></span>
<h3>Política em campo</h3>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Bolívia se preparou para receber seus vizinhos. O estádio Hernando Siles, em
La Paz, foi remodelado para a disputa da competição. Entre as novidades,
passou a contar com refletores, avalizando a disputa de partidas noturnas. O
país vivia um período de convulsão, após o sucesso da Revolução de 1952.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Liderada pelo Movimiento Nacionalista Revolucionario (MNR), tinha no sufrágio
universal, a reforma agrária, o desmonte do exército, a reforma educacional e
o controle estatal dos recursos naturais algumas bandeiras. A luta objetivava tomar o poder das mãos das
oligarquias tradicionais do país, que concentravam privilégios e mantinham a
massa da população não apenas à míngua de recursos, mas à beira da miséria.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nas palavras de Eric Hobsbawm, n’<i><a href="https://www.companhiadasletras.com.br/livro/9788571644687/era-dos-extremos" target="_blank">A Era dos Extremos</a></i>, “as massas que
eles queriam mobilizar [...] não eram as que temiam pelo que poderiam perder,
mas sim as que nada tinham a perder”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era 13 de abril quando a <i>Folha </i>noticiou: “Triunfou a revolução na
Bolívia”. Siles Suazo, o autoproclamado presidente provisório, trazia um
discurso apaziguador: “O MNR não estimulará ódio nem rancor. Conduzirá um
governo pacífico e respeitará os tratados internacionais e a propriedade
privada”. Dali em diante, sob Siles e, mais tarde, Víctor Paz Estenssoro, o
país viveria uma breve guinada sócio-econômica, ainda que menos forte do que o
discurso revolucionário sugeria e a despeito da adoção de métodos controversos,
especialmente para lidar com opositores.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/bH7-1GGzlcc"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Bolívia ganhava relevância continental, muito embora, nos idos de 1963,
vivesse um período de ruptura, com Siles e Estenssoro em rota de colisão. As
consequências disso seriam brutais, mas viriam no trágico ano seguinte, com o
Golpe de Estado liderado pelo general René Barrientos. Antes, entretanto, o
esporte orgulharia o país, também com alguma controvérsia.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As escolhas de La Paz e Cochabamba como as duas cidades-sede do Campeonato
Sul-Americano repercutiram mal. O último campeão, Uruguai, decidiu não se
submeter às agruras de atuar sob o ar rarefeito de altitudes de 3.700 e 2.600m
acima do nível do mar. A Argentina optou por convocar um time de jovens,
enquanto o Brasil levou um grupo alternativo, que tinha jogadores de clubes
como Taubaté e Comercial.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A escolha da Canarinho era deliberada, como registraram os jornais da época.
“A CBD, é certo, não irá convocar os grandes cartazes do nosso futebol e muito
menos elementos de clubes que estarão intervindo no Torneio Rio-São Paulo”,
revelou a <i>Folha</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pior foi a situação do Chile, que não foi convidado. A justificativa foi a
disputa entre os países com relação ao Rio Lauca, que os chilenos desejavam
desviar para atender demandas agrícolas. De toda forma, a Bolívia entrava em cena para apagar
seu passado de sucessivos fracassos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">No comando, uma lenda do Vasco da Gama</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para liderar a Bolívia em sua missão de renascimento, as lideranças de <i>La
Verde</i> procuraram aprender com quem vinha de seguidos triunfos, o Brasil.
Porém, o antigo centromédio Danilo Alvim era uma lenda dos gramados, não do
comando técnico. O Príncipe se notabilizou pela longa passagem pelo Vasco da
Gama, tendo sido um dos artífices do esquadrão cruzmaltino que ficou conhecido
como <i>Expresso da Vitória</i>. Em 1950, foi titular no <i>Maracanazo</i>. Mas, como
treinador, não tinha experiência alguma.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Após o encerramento da carreira, em 1956, recebeu sua primeira chance. O mesmo
Uberaba que representou até pendurar as chuteiras lhe permitiu a transição.
Não havia dúvidas, era um vitorioso — para tal constatação, bastaria a
lembrança de que, aos 19 anos, sofreu um atropelamento, fraturou a perna em 39
lugares distintos e, mesmo assim, voltou ao esporte. O fato é que não entregou
os frutos esperados e, desde 1957, Danilo pouco trabalhou. Na altura da
procura boliviana, encontrava-se no comando do São Cristóvão. A missão andina começaria, efetivamente, em 2 de novembro de 1962.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJd6c6cTNw11s6vBoO1CCMEExkZ29dXySrKerQOiivK0G4OTHvOvzVR80rhRnwOTNkxJBQa6Tl2C9swJeAmTxEOMKrZCMOArRrtP4bjN6nz8VKLh6k3lYrvmthivNuOhVIoOIkY2AtYZvLAD8kQfczQFbH-k9xZzX-GLcp1T4RXG_Z9UA2GgnDdCH0mw/s1298-rw/Danilo-Alvim-Vasco.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Danilo Alvim Vasco" border="0" data-original-height="1271" data-original-width="1298" height="626" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJd6c6cTNw11s6vBoO1CCMEExkZ29dXySrKerQOiivK0G4OTHvOvzVR80rhRnwOTNkxJBQa6Tl2C9swJeAmTxEOMKrZCMOArRrtP4bjN6nz8VKLh6k3lYrvmthivNuOhVIoOIkY2AtYZvLAD8kQfczQFbH-k9xZzX-GLcp1T4RXG_Z9UA2GgnDdCH0mw/w640-rw-h626-rw/Danilo-Alvim-Vasco.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: O Cruzeiro/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Havia respeito pelo passado de Danilo. “A Bolívia está disposta a
fazer boa figura, tanto assim que para técnico de sua seleção veio buscar, no
Brasil, Danilo Alvim, antigo craque do Vasco da Gama, que em suas funções é
auxiliado pelo preparador físico José Vilaco. Ambos estão em intensa atividade
há alguns meses e, no momento, realizam jogos-treinos no interior da Bolívia,
principalmente nos centros mineiros”, narrou a <i>Folha</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porém, dúvidas não tardaram a se instalar, após a participação em mais uma
edição da Copa La Paz del Chaco, no Paraguai. A competição amistosa era
disputada entre andinos e guaranis todos os anos, com os vizinhos se
alternando como sede. Era fevereiro de 1963 e faltava menos de um mês para o
início do Campeonato Sul-Americano. O resultado? Dois triunfos inquestionáveis da
<i>Albirroja</i>, 3 a 0 e 5 a 1.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A pressão sofrida pelo treinador era imensa. No entanto, não havia tempo para
mudar. E, diferentemente do que ocorrera no Paraguai, quando Danilo buscou
fazer testes com atletas e formações, a Bolívia teria na altitude uma preciosa
aliada.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Não faltaram gols</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A corrida boliviana começou em 10 de março, na capital executiva, La Paz.
Iniciar a disputa na maior das altitudes, cerca de 3.700m acima do nível do
mar, parecia ideal para um elenco de pouca experiência internacional.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Exceto pelo jovem Ramiro Blacut e o capitão Wilfredo Camacho, que à época
atuavam no argentino <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/10/1982-84-ferro-carril-oeste.html" target="_blank">Ferro Carril Oeste</a>, todos os demais representavam quadros
nacionais. Sem surpresa, a base vinha de Jorge Wilstermann e Deportivo
Municipal, os últimos campeões e primeiros representantes bolivianos na Copa
Libertadores da América.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Danilo promoveu uma mescla. Ao mesmo tempo em que contava com figuras da
experiência de Víctor Ugarte, que aos 36 anos era ídolo do Bolívar e tinha
passagem por San Lorenzo e Once Caldas, apostava na juventude do citado
Blacut, de 19.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjhdEd1k7_Bc-cLreZQ6W4Li0TKjom6ux2V_v-ohRfYjiLBnnp3EEmVMuOHy1CF7McgD2V-7SbhRzWgYrDPLvXW6W8CkvAucSQVDvhNg-Q0eTow5h6SbhR6kgExmnCBw_bZUN68bYGzas1-dX9l-kLvVcSS8IvDoGPcTumiFJFLKqYdh2fVbhgfAmXaw/s596-rw/V%C3%ADctor-Ugarte-Bolivia.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Víctor Ugarte Bolivia" border="0" data-original-height="410" data-original-width="596" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjhdEd1k7_Bc-cLreZQ6W4Li0TKjom6ux2V_v-ohRfYjiLBnnp3EEmVMuOHy1CF7McgD2V-7SbhRzWgYrDPLvXW6W8CkvAucSQVDvhNg-Q0eTow5h6SbhR6kgExmnCBw_bZUN68bYGzas1-dX9l-kLvVcSS8IvDoGPcTumiFJFLKqYdh2fVbhgfAmXaw/s16000-rw/V%C3%ADctor-Ugarte-Bolivia.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No entanto, a estreia na altitude seria contra a única equipe possivelmente
imune às consequências do ar rarefeito. Ainda que o grupo equatoriano fosse
formado majoritariamente por jogadores de Barcelona, Emelec e Everest, equipes
de Guayaquil, que fica ao nível do mar, o campeonato local frequentemente
obrigava os clubes a atuar em Quito, na altitude de 2.900m.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O empate não chegou a surpreender, embora o placar elástico chame a atenção: 4
a 4. O relato da partida, no entanto, foi taxativo ao afirmar a influência da
altitude, dado que o Equador chegou a liderar o placar por 4 a 2. “Os
equatorianos tinham chegado no dia anterior e aí entrou em cena a altitude
[...] Os bolivianos tentaram jogar dentro do 4-2-4, imposto pelo técnico
brasileiro Danilo Alvim, mas atrapalharam-se e acabaram no 4-4-2”, reportou o
<i>Jornal do Brasil</i>. Não era uma estreia promissora.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A competição era disputada em pontos corridos e turno único. Faltavam cinco
partidas. Uma semana mais tarde, em Cochabamba, a Bolívia recebeu a Colômbia.
Que saiu na frente. Máximo Alcócer resgatou <i>La Verde</i>, com um <i>doblete</i>: 2
a 1. Era a primeira vitória dos anfitriões sob a batuta de Danilo. Quatro dias
depois, na volta a La Paz, a história não seria mais tranquila, mas ainda
assim triunfal: 3 a 2, diante do Peru.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdS1k624ciX8FnPDOcNodf1OCLJByc96fcsvxbV7_G1thhg8HRFOXe_exrwvGhkLpxXKY5ySh8lJY-K0pIv-NwRL1qv7MiAV6NT_uvVKwaWAp4kufhRp0KTV5TJiGorc5wmf4lkAmOtX8_8VE03YSJ84f8e9Z-HpAlMAwTyGAm8QAc5itlHku6tQq8IA/s1042-rw/Bolivia-1963.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Bolívia 1963 Copa América" border="0" data-original-height="656" data-original-width="1042" height="402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdS1k624ciX8FnPDOcNodf1OCLJByc96fcsvxbV7_G1thhg8HRFOXe_exrwvGhkLpxXKY5ySh8lJY-K0pIv-NwRL1qv7MiAV6NT_uvVKwaWAp4kufhRp0KTV5TJiGorc5wmf4lkAmOtX8_8VE03YSJ84f8e9Z-HpAlMAwTyGAm8QAc5itlHku6tQq8IA/w640-rw-h402-rw/Bolivia-1963.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: HFB/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O jogo seguinte era crucial para as pretensões bolivianas. O rival Paraguai
estava no caminho e vinha de sucessivos êxitos, contra Equador, Brasil e
Colômbia. Vencer significava assumir a liderança, já que os adversários eram
os únicos invictos na altura. Para alguma coisa, as derrotas na Copa La Paz
del Chaco parecem ter servido. Em Cochabamba, os guaranis não tiveram vez: 2 a
0.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Danilo Alvim disse que seu sonho dourado é ver a Bolívia decidir o título com
o Brasil, na final, pois aí se considerará um profissional realizado. Danilo
disse que as vitórias da Bolívia devem-se, principalmente, ao coração que cada
jogador emprega nas partidas”, pontuou o <i>Jornal do Brasil</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3>Emoção contra o Brasil</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi aos 43 minutos do segundo tempo que <i>La Verde</i> bateu a Argentina. Os
donos da casa estiveram em vantagem duas vezes, mas a contenda se encaminhava
para uma igualdade por 2 a 2. Depois de Edgardo <i>El Gato </i>Andrada salvar a
<i>Albiceleste </i>defendendo um pênalti, coube ao capitão Camacho arregaçar
as mangas e confirmar a vitória dos locais, a quarta. Faltava um degrau, apenas.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Paraguai seguia no encalço boliviano, tendo se recuperado ao vencer o Peru.
Tinha pelo caminho a Argentina, mas o quadro liderado por Danilo dependia
apenas das próprias forças para levantar a taça.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi uma trocação absurda. Brasil e Bolívia se atacaram sem dó. Um placar como
o que se viu não pode ser construído de outro modo. No final, prevaleceu quem
jogou mais. “A Bolívia reeditou suas últimas jornadas, conseguindo impor seu
maior volume de jogo [...] O conjunto local durante todo o transcorrer da
partida foi superior ao brasileiro não obstante estivesse durante boa parte do
primeiro tempo inferior no placar”, esclareceu a <i>Folha</i>. Em Cochabamba,
Bolívia 5, Brasil 4.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUILgXVx3LXi2mDvosqVSDP6kjwViAXiEiUyyPogy8wsSouLCybj127mHppwP7veiF04ApBfJkCepJrOVmsByGIg3XE-DqxFiBtR6uKzbtZfQvjYf72tRbyUWAtPBJDAKG0aRGnMDqg9gp9dFYq_8XTXucPGrIy6IJ_dcrQxt2X8Ncj6AeSEEAPRAwjw/s2369-rw/4420610.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Bolívia 5-4 Brasil Folha de São Paulo" border="0" data-original-height="2369" data-original-width="1141" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUILgXVx3LXi2mDvosqVSDP6kjwViAXiEiUyyPogy8wsSouLCybj127mHppwP7veiF04ApBfJkCepJrOVmsByGIg3XE-DqxFiBtR6uKzbtZfQvjYf72tRbyUWAtPBJDAKG0aRGnMDqg9gp9dFYq_8XTXucPGrIy6IJ_dcrQxt2X8Ncj6AeSEEAPRAwjw/w308-rw-h640-rw/4420610.png" width="308" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo: Folha de São Paulo</td></tr></tbody></table><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A alegria, contudo, durou pouco. Dois dias depois, o interesse do Botafogo na
contratação de Danilo Alvim se materializava. O triunfo continental o colocara
em alta: “A inclusão de novos jogadores inicialmente omitidos e posteriormente
apontados pelos críticos da imprensa, adaptação do quadro à modalidade do jogo
4-2-4 com deslocamentos bastante harmônicos [...] a acertada direção técnica,
a preparação e uma boa dose de amor próprio, entusiasmo e luta, foram os
fatores que determinaram a vitória da Bolívia”, anunciou o periódico
paulistano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
10 dias depois do título, Danilo acertava com a Estrela Solitária, ao troco de
um milhão e meio de luvas e duzentos mil cruzeiros mensais, por duas
temporadas. Ali, com oito jogos apenas, tornou-se, estatisticamente, o
treinador com o melhor rendimento da história da Bolívia e o único a
conquistar um título de primeira grandeza.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cerca de um ano e meio depois, o Golpe de Estado se concretizou, devolvendo à
Bolívia um cenário caótico. Esportivamente, entretanto, o país deixara de ser
lembrado apenas como um saco de pancadas na América do Sul. Ainda que como
anfitrião, e mesmo favorecido pela altitude, vencera cinco de um total de seis
jogos e tivera desempenho reconhecido internacionalmente. Não se briga com os
fatos: a Bolívia fez jus aos festejos do dia 31 de março de 1963.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/wYkXmWmsA-g"></iframe></div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-8125338624908089322023-03-22T06:00:00.030-03:002023-04-05T13:31:04.658-03:00Em 1998, Irã e EUA colocaram Lyon no centro do mundo<div style="text-align: justify;">
<b
><span style="font-size: x-large;">E</span>ra 1953. No dia 20 de agosto,
jornais alertavam o mundo: o sangue rolava na Pérsia. Milhares de
quilômetros distante do Oriente Médio, a <i>Folha da Manhã</i> contava aos
brasileiros: “O governo do ‘premier’ Mossadegh acaba de cair”. Concluía-se
um golpe de estado orquestrado pela CIA, com apoio do Reino Unido. Ao mesmo
tempo, iniciava-se um irreversível desgaste na relação entre Irã e Estados
Unidos. 45 anos mais tarde, quando a bola rolou em Lyon para um aguardado
confronto entre os países, todos sabiam que havia muito mais do que futebol
em causa.</b
>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b
><br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnF-yJOk9TdAmr89bvQZqr8kg2sA94TfRV9JNMVz4ohe5zf_cvqdG3mkL_E0E78ffI-jBFoTlIQX4CC3H1WVhUbAY4R9DX75hINCpSAW1TLOGuDHGXig4OuNmrEeKk4_CFDhGuS7AdBbnsKlRXhyJwFF8BkIzqdT9zevEkao-VJUX03AfP0w-Y-zH7rQ/s938-rw/Iran_USA_1998.jpg"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
><img
alt="Iran Usa 1998"
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height="366"
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width="640"
/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Jerome Prevost/TempSport/Corbis/VCG via Getty Images/
Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br /></b
><span><a name='more'></a></span>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">A mão forte dos EUA</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Conta o historiador Eric Hobsbawm, n’<i>A Era dos Extremos</i>, que “em 1950
[...] a região do islã ocidental, da Pérsia (Irã) ao Marrocos, era
transformada por uma série de movimentos populares, golpes revolucionários e
insurreições, começando com a nacionalização das empresas de petróleo
ocidentais no Irã”. Por razões óbvias, os acontecimentos envolvendo o
combustível fóssil afetavam os interesses do ocidente, que não permaneceria
inerte.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
60 anos mais tarde, por meio da liberação de documentos do Arquivo de
Segurança Nacional da Universidade de George Washington, a CIA admitiria ter
arquitetado a queda do premiê secular Mohammed Mossadegh. “O golpe militar que
derrubou Mossadegh [...] foi realizado sob direção da CIA como um ato de
política externa americana concebido e aprovado pelas mais altas instâncias do
governo”, lia-se no texto reproduzido pela
<a
href="https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/08/1328971-cia-admite-ter-tramado-golpe-no-ira-em-1953.shtml?cmpid=menupe"
><i><span style="color: #990000;">Folha</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, como revelaria Noam Chomsky, em <i>Quem Manda no Mundo?</i>, a
questão ultrapassava a celeuma petrolífera, ou o medo da ascensão de um
governo alinhado à União Soviética, antes passava pela “exigência de ‘controle
total’ [...] que se viu ameaçada pelo nacionalismo independente”. Temia-se a
expansão da influência iraniana sob seus vizinhos, em especial o Egito.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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<iframe
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais de duas décadas depois, em 16 de janeiro de 1979, confirmava-se o sucesso
da Revolução Iraniana. O <i>Jornal do Brasil</i> noticiou os festejos de
milhares de manifestantes com a partida do Xá Reza Pahlevi, que buscou refúgio
em solo egípcio e tinha ótimo relacionamento com os EUA. Segundo o periódico,
o líder aiatolá Ruhollah Khomeini, que assumiria o poder, proclavama a unidade
nacional “para reconstruir o país destruído pelo Xá e pelos estrangeiros”. Por
estrangeiros, mormente, referia-se aos Estados Unidos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A paz seguiria sendo uma obra de ficção. Diferentemente do que o início dos
anos 1950 projetava, estabeleceu-se uma república teocrática e
fundamentalista, diametralmente oposta à ideia de governo secular do passado.
“A esquerda tradicional esteve de fato presente e ativa no Irã, e sua parte na
derrubada do Xá, por exemplo, com as greves operárias, longe esteve de ser
insignificante. Contudo, foi quase imediatamente eliminada pelo novo regime”,
acrescentou Hobsbawm.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Khomeini não era Mossadegh: alimentava um evidente antiamericanismo, o qual,
segundo o professor Siavush Randjbar-Daemi, da Universidade St. Andrews e
entrevistado pela
<a href="https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50983943"
><i><span style="color: #990000;">BBC</span></i></a
>, perfazia a base do êxito da República Islâmica. Mostra disso viria já em
79, com o cerco à embaixada americana em Teerã, mantendo diversos reféns, por
mais de 400 dias. Nesse período, as relações diplomáticas entre os países
deixariam de existir.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Longe da tranquilidade, o Irã seria invadido em 1980 pelo Iraque, liderado por
Saddam Hussein, sob quem pendiam as bênçãos estadunidenses. O conflito duraria
oito longos anos, com diversos eventos de intraduzível violência, de parte a
parte, incluindo a destruição de uma refinaria de petróleo iraniana. “O
presidente [dos EUA, Ronald] Reagan chegou ao ponto de negar o mais terrível
crime cometido por Saddam, o ataque com armas químicas contra a população
curda do Iraque”, comentou Chomsky.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para além de todas essas implicações, outro tema inescapável na tórrida
relação Irã-EUA seria o programa nuclear iraniano. Antes da revolução, com
apoio norte-americano, o país esteve tão perto quanto possível de desenvolver
armamento nuclear. Passadas as intercorrências dos anos 1980, em 1995, um
acordo com a Rússia para a conclusão das obras de um reator nuclear, há anos
paralisadas, reacendeu a discussão, agora com os EUA do outro lado da mesa.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo isso estava em pauta quando, em 1997, EUA e Irã foram sorteados para o
mesmo grupo na Copa do Mundo do ano seguinte.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Nunca um sorteio repercutiu tanto</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 4 de dezembro de 1997, a FIFA sorteou os grupos do Mundial. Último colocado
no ranking utilizado para dividir os países, o Irã estava no Pote 4 e era um
adversário desejado pela maior parte do mundo, que imaginava não ter o que
temer contra os persas — ainda que o elenco contasse com peças como Mehdi
Mahdavikia, Karim Bagheri, Ali Daei e Khodadad Azizi, todos com passagem
importante pelo futebol alemão. Fazia 20 anos desde a primeira e, até então,
única aparição iraniana em Copas. Em 14º lugar, os EUA ficaram no Pote 2.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Grupo F acolheu os adversários há tempos beligerantes, além de Alemanha e
Iugoslávia. A palavra sorteio, cuja etimologia traz a referência do latim
<i>sors</i>, “sorte”, parecia adequada para germânicos e eslavos. Nem tanto
para os outros envolvidos. Ainda assim, com uma atitude de quem se sente,
efetivamente, superior, a imprensa estadunidense se mostrava despreocupada.
“Na verdade, o Irã, que disputou apenas uma Copa do Mundo anterior, é a menor
preocupação dos americanos em seu grupo”, escreveu
<a
href="https://www.nytimes.com/1997/12/05/sports/soccer-it-s-draw-politics-aside-pieces-fall-place-who-can-stop-brazil-debate-can.html"
><i><span style="color: #990000;">The New York Times</span></i
>.</a
>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como esperado, a imprensa internacional debateu as questões políticas que
envolviam o sorteio. A <i>Folha </i>destacou que os EUA acabaram em um grupo
com países com quem mantiveram ou mantinham conflito: “Combateu a Alemanha
[...] lideraram a ação da ONU na guerra civil na Bósnia-Herzegovina e têm
estado em constante disputa com o governo do Irã, a quem acusa de estimular o
terrorismo”.
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF3t8TkDr6A7VKAhbdY6REOg11jOH5DvSmk7vzseNw97K-K1A8HNcTqH0mYWShBqV7lOCouDv2LWrkXv6HK1FW_lsCqIFs-hxRyGtYjf__yaSeQRuKX8N0eAxVu8SRL4amfI_KIEFOGFYwUxehYr-xV8_aFpml_YilufDrG91wXFZln-GA8NW8Bh0oSg/s698/Ali_Daei_Iran.jpg"
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><img
alt="Ali Daei Iran 1998"
border="0"
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height="640"
src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF3t8TkDr6A7VKAhbdY6REOg11jOH5DvSmk7vzseNw97K-K1A8HNcTqH0mYWShBqV7lOCouDv2LWrkXv6HK1FW_lsCqIFs-hxRyGtYjf__yaSeQRuKX8N0eAxVu8SRL4amfI_KIEFOGFYwUxehYr-xV8_aFpml_YilufDrG91wXFZln-GA8NW8Bh0oSg/w626-h640/Ali_Daei_Iran.jpg"
width="626"
/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Tomikoshi Photo/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por mais que se tentasse pensar exclusivamente em futebol, tal era impossível.
O diretor executivo da Federação de Futebol dos Estados Unidos, Hank
Steinbrecher, chamou o esperado confronto entre Irã e EUA de “a mãe de todos
os jogos”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto jogadores como o zagueiro norte-americano Alexi Lalas garantiam que
“o futebol e a Copa do Mundo refletem a personalidade e a história de uma
nação, o que será visto durante o jogo [...] podemos deixar a política de lado
e jogar um jogo bom e justo”, o artilheiro iraniano, Daei, mantinha a tensão
alta: “Vamos conseguir o que é nosso direito e ajudar nossa nação a manter a
cabeça erguida”, registrou o
<a
href="https://www.latimes.com/archives/la-xpm-1997-dec-07-sp-61728-story.html"
><i><span style="color: #990000;">Los Angeles Times</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O clima era pesado, ainda que, do lado americano, os atletas reforçassem o
caráter esportivo do encontro. Fora das quatro linhas, a questão política
seguia em voga. Um mês antes da Copa do Mundo, o Departamento de Estado dos
Estados Unidos rotulou o Irã como o mais ativo patrocinador do terrorismo
global, acirrando ainda mais os ânimos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dias antes da partida, em solo francês, uma rede de televisão reproduziu o
filme <i>Nunca Sem Minha Filha</i>, que denunciava condições precárias de vida
no Irã. Desde a embaixada persa veio a resposta: “O Irã está considerando
retirar sua seleção da Copa do Mundo em protesto contra a transmissão do filme
anti-iraniano”. Até mesmo a possibilidade de um aperto de mãos entre os
jogadores dos dois países era tema de acalorada discussão. Além disso,
famílias de vítimas da Guerra Irã-Iraque entraram em contato com jogadores
implorando por uma vitória,
<a href="https://time.com/6236735/world-cup-usa-iran-lessons/"
><span style="color: #990000;">como revelaria Azizi</span></a
>, um dos que se mostrou mais motivado a buscar o triunfo a qualquer custo.
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjsm7U_WvuZWF0Tyj0ykkHMc_JfsVm62lZBYNNr7AwoBFs7cqJjwsUrbHUG2zRAHjY3I2t-C-StAK8i_fuePWTWTCS8_-QJ20LtOBc_ZVoiYa4VpxGhnoKEx2kEKF8sHchfLTOd_Cn643_RMg9N0gR0LM5c4tj1DxGKE54p_OTUMgMUmVI68tWbvY1ig/s1218/Jamal_Talebi_Iran_1998_Daei.jpg"
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><img
alt="Jamal Talebi Ali Daei Iran 1998"
border="0"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: AFP/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do lado iraniano, até mesmo o comando técnico era problema. No início de 1998,
a Federação local contratara o croata Tomislav Ivic para treinar a equipe. Em
maio ele seria destituído, assumindo seu auxiliar, Jalal Talebi: “Me
escolheram porque não daria tempo de encontrar outro treinador”, falou à
<a
href="https://www.espn.com/soccer/fifa-world-cup/story/4812270/oral-history-of-usa-iran-1998-world-cup-interviewsphotos"
><i><span style="color: #990000;">ESPN</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entendimento geral, os EUA eram favoritos. “A maioria dos observadores diz
que a equipe iraniana tem poucas chances de vencer”, escreveu a
<a
href="https://vault.si.com/vault/1998/06/01/political-football-americans-will-experience-the-deep-seated-nationalism-of-world-cup-play-when-the-us-meets-iran-in-an-emotional-test-for-both-sides"
><i><span style="color: #990000;">Sports Illustrated</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Flores e manifestações</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na primeira rodada da Copa do Mundo de 1998, a Iugoslávia venceu o Irã, 1 a 0
— gol de Siniša Mihajlović. Paralelamente, a Alemanha, com Andreas Möller e
Jürgen Klinsmann, bateu os Estados Unidos. Enquanto as nações europeias se
enfrentariam a seguir, iranianos e estadunidenses jogariam a chance de avanço
à segunda fase. O Stade de Gerland, em Lyon, sediaria a partida mais aguardada
do Mundial, até então.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Além das tensões geopolíticas já consolidadas, outro debate seria levantado em
cima da hora. Por protocolo da FIFA, nos jogos mundialistas, o time A ficava
postado, enquanto os atletas do time B se perfilavam e caminhavam apertando as
mãos dos adversários. No caso, pelo sorteio, os jogadores americanos deveriam
aguardar o cumprimento dos persas. Estes, porém, foram proibidos por seu líder
supremo, Ali Khamenei, de fazê-lo. Em uma das quebras de protocolo mais
famosas da história do esporte, os estadunidenses se dirigiram em saudação aos
adversários.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Embora a animosidade fosse evidente, à sua maneira, os iranianos também
agitariam a bandeira branca, entregando flores aos rivais.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra quebra de protocolo ocorreria na hora da foto oficial, por iniciativa do
árbitro suíço Urs Meier. Os jogadores escalados se alternaram em uma só foto,
todos juntos, em claro sinal de paz. Embora atletas como Azizi tivessem
deixado claro seu desejo visceral de vitória, ele não era um lugar comum.
“Viemos aqui para mostrar a todos que não há problemas entre pessoas de dois
países”, falaria Talebi, ao <i>NY Times</i>, como reproduziu o
<a
href="https://www.washingtonpost.com/sports/2022/11/28/usmnt-iran-1998-world-cup/"
><span style="color: #990000;"><i>Washington Post</i></span></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxvgOtFLQVQ2b_o49crZdkouwtdrJk6mBcIZxbwjNJtTkBEBs6f7UhNS5ydGrkrwpDP44U-9epAgO665Z_a0mG3AtkSpaVTSTr657TP6QGZNjxcnv5nJkJkiq8HWeNO0lSQy2o3avUw93XpHIGkpIIiUKbCsdRePHVcMKtGjVKZPunk3gyS2eyWEBpcw/s1298/Iran_USA_Flowers_1998.jpg"
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alt="USA Iran 1998 Flowers"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Patrick Kovarik/AFP/Getty-Images/ Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A despeito de tudo isso, quando a bola rolou, ficou cristalino que um lado
desejava a vitória com mais ardor. Era óbvio que os iranianos estavam mais
dispostos a deixar tudo em campo, embora nada de anormal tenha acontecido. “A
FIFA, a Federação e o Comitê Organizador pediram que jogássemos pelo futebol,
não pela política”, comentou o treinador norte-americano, Steve Sampson, à
revista
<a href="https://time.com/6236735/world-cup-usa-iran-lessons/"
><span style="color: #990000;"><i>Time</i></span></a
>. Assim foi, a despeito das manifestações políticas das arquibancadas, que
causaram pequenos conflitos, e da presença de um contingente policial recorde
na história da competição.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Irã saiu na frente aos 40 minutos da etapa inicial, com gol de cabeça de
Hamid Estili. Na parte final do segundo tempo, Mahdavikia faria o segundo, com
um chute potente em contragolpe, antes de o goleador Brian McBride diminuir
para os Estados Unidos: 2 a 1 para o quadro persa e um encerramento em paz.
Mas sem silêncio.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Após a partida, o goleiro e capitão Ahmad Abedzadeh se dirigiu às
arquibancadas, buscou uma bandeira do Irã, e caminhou em direção a um setor em
que outra bandeira exibia: “Abaixo Khamenei”. Diante das câmeras do mundo
todo, parte dos atletas bradava contra o governo do sucessor de Khomeini. Por
isso, a <i>Folha </i>dedicou reportagem de página dupla ao confronto: “Vitória
da Oposição”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Diante da derrota, o treinador norte-americano revelaria que, se tivesse uma
segunda chance, talvez optasse por um discurso mais inflamado, com argumentos
políticos. No entanto, parecia apenas a resposta de quem, dentro do campo,
perdera. Esportivamente, aquele resultado, além de aniquilar as chances de
avanço estadunidenses, não seria suficiente para o avanço iraniano. Os dois
países perderam na rodada fatal.
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Folha Irã EUA 1998"
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width="640"
/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Reprodução: Acervo Folha
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br />
</div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"
><b
>“Não sabíamos o quanto o jogo significava para o Irã até o fim. Eles
estavam chorando. Sabíamos que estávamos fora, então estávamos lidando
com nossos próprios demônios, mas vê-los comemorar... Eu não deveria
dizer isso… havia algo bonito. Eles mereciam”</b
></span
>, pontuou o atacante americano Eric Wynalda.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar dos 45 anos de conflito entre os países e de todo contexto duro que
cercou o confronto, antes, durante e depois, o saldo era tranquilo.
Subitamente, a ideia de vitória transcendia a de obtenção de três pontos. O
futebol mostrara, outra vez, sua capacidade para promover a paz.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-46874698271922161252023-03-15T06:00:00.080-03:002023-03-15T08:04:51.644-03:00Em 1990, Olimpia aumentou sua mística com o bicampeonato continental<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-large;">A</span> história permite reviravoltas e
a construção de novas e inesperadas conexões. Até Luis Cubilla conduzir o
Olimpia ao título da Copa Libertadores da América de 1979, a maior lembrança
que o torcedor <i>franjeado </i>possuía envolvendo o uruguaio era amarga: o
gol que tirou dos paraguaios a chance de conquistar a América em 1960. Uma
taça o transformou. Foi de algoz a ídolo. Depois da primeira vitória
continental, o clube flertou com o bicampeonato algumas vezes. Precisaria,
entretanto, reunir-se com Cubilla, em um processo que chegaria ao ápice
pouco mais de uma década após a glória do final dos anos 1970.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg3XtUq_4AOilDwEtGzQMOVzBx8ujHBjDr5sSSTVh7OFDIQtXGMeYpndKf5AuXEn7lP6M9s_2HP0S-HUwXo1QOOKDNF-mUdoXMX4Rw431ZNBYIn0K6qJPXD_FS8DDfMUCz-n9e47hpsEXfkREg45a3ZWE4GYlpS3HJfiuJPAJ-u78HVNg9g2pHvhBbHw/s942-rw/Olimpia_1990.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Olimpia 1990" border="0" data-original-height="753-rw" data-original-width="942-rw" height="512-rw" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg3XtUq_4AOilDwEtGzQMOVzBx8ujHBjDr5sSSTVh7OFDIQtXGMeYpndKf5AuXEn7lP6M9s_2HP0S-HUwXo1QOOKDNF-mUdoXMX4Rw431ZNBYIn0K6qJPXD_FS8DDfMUCz-n9e47hpsEXfkREg45a3ZWE4GYlpS3HJfiuJPAJ-u78HVNg9g2pHvhBbHw/w640-rw-h512-rw/Olimpia_1990.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: ge/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /></b><span><a name='more'></a></span>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">O retorno do rei</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/09/olimpia-1979-libertadores.html#:~:text=setembro%20de%202020-,Olimpia%201979%3A%20o%20fim%20da%20hegemonia%20continental%20de%20argentinos%2C%20brasileiros,paraguaio%20havia%20chegado%20%C3%A0%20decis%C3%A3o." target="_blank"><span style="color: #990000;">se tornar o primeiro paraguaio a dominar a América do Sul</span></a>, o Olimpia
seguiu aumentando sua grandeza. Na década de 1980, conquistaria o Campeonato
Paraguaio em sete de 10 oportunidades (1980, 81, 82, 83, 85, 88, 89). Os
êxitos também se mostraram na Libertadores. Como campeão de 1979, ingressou na
edição seguinte já nas semifinais e ficou a um triunfo diante do Nacional, de
Montevidéu, de chegar a outra decisão.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dois anos depois, em 1982, o <i>Decano </i>superou os peruanos Melgar e
Municipal, além do compatriota Sol de América, na fase de grupos, mas voltou a
cair nas semifinais. Uma derrota contra o Cobreloa o impediu de retornar ao
ápice. Em 86, a história se repetiria, <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2023/01/america-cali-1985-1986-1987-libertadores.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">com o América de Cali se tornando o carrasco dos paraguaios</span></a>. Eram vividos dias importantes, mas perdas nacionais
obrigaram o presidente Osvaldo Domínguez Dibb a buscar um velho conhecido.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1986, o Campeonato Paraguaio terminou com o título do Sol de América. E a
derrota voltaria a se abater sobre os <i>franjeados </i>em 87. Dessa vez, um
Cerro Porteño orientado pelo brasileiro Valdir Espinosa (que substituia
ninguém menos do que o húngaro Ferenc Puskas) é que ficaria com a láurea. O
pior seria a forma como o <i>Ciclón </i>buscaria a glória: vencendo os três
turnos. O Olimpia ficara para trás, comendo poeira.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na altura, o comando alvinegro estava entregue a Aníbal Ruiz, antigo e
histórico auxiliar de Cubilla. Seu trabalho não era simples e alcançou
resultados. Encarregado de promover uma revitalização no time que dominava o
Paraguai, era o chefe no título de 1985 e foi o responsável pela afirmação de
atletas como o atacante Adriano Samaniego e os meias Gustavo Neffa, Luis
Monzón, Adolfo Jara e Fermín Balbuena.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEJkYN66HKUlYsgzntpsRwN_FI1FkeheUq9VShadPc_RzR8m-yGxQpKXa0bVYMIXtwXt40ZurkJvsDHPmI1--KGHFJuGFwsntoufu6Vw2dBvIdDe1Y7jAPElwcFpYhBkljqBUFicmL90S1kkzD_kN2Xr65DMNE44HsDLS9Gc05krzvyT2mo26BANWA3w/s1418/Anibal_Ruiz_Olimpia.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Anibal Ruiz Olimpia" border="0" data-original-height="960-rw" data-original-width="1418-rw" height="434-rw" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEJkYN66HKUlYsgzntpsRwN_FI1FkeheUq9VShadPc_RzR8m-yGxQpKXa0bVYMIXtwXt40ZurkJvsDHPmI1--KGHFJuGFwsntoufu6Vw2dBvIdDe1Y7jAPElwcFpYhBkljqBUFicmL90S1kkzD_kN2Xr65DMNE44HsDLS9Gc05krzvyT2mo26BANWA3w/w640-rw-h434-rw/Anibal_Ruiz_Olimpia.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: These Football Times/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A presença de Ruiz foi vital para o que aconteceria, mas a sensação de que lhe
faltava um “algo mais”, capaz de manter o Olimpia entre os melhores do
continente, levou ao retorno de Cubilla. Ele era reconhecido por seus feitos e
a mentalidade vitoriosa; era uma figura que se impunha pelos <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2015/09/times-de-que-gostamos-penarol-1960-1961.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">triunfos também na carreira como atleta</span></a>. Logo no primeiro ano após o retorno, 1988, o
<i>Decano </i>voltou a conquistar o Campeonato Paraguaio. O “Efeito Cubilla”
era algo real.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Ensaio em 1989</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não foi apenas a volta de Cubilla que impactou positivamente o time. Quase ao
mesmo tempo, os <i>franjeados </i>contrataram o atacante Raúl Amarilla. Cria
do Sportivo Luqueño, deixou o Paraguai com menos de 20 anos, construindo a
carreira na Espanha. O primeiro destino foi Santander, onde defendeu o Racing,
emprestado pelo Zaragoza.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No retorno da cessão, marcou seu nome na história dos <i>Maños</i>, compartilhando a
linha de frente com <i>Pichi </i>Alonso e Jorge Valdano: “Fazíamos muitos gols, é
verdade. Não me atrevo a dizer quem foi melhor dos três”, falou ao
<a href="https://www.elperiodicodearagon.com/deportes/2014/04/28/raul-amarilla-zaragoza-salto-europa-47303237.html"><i><span style="color: #990000;">Periódico de Aragón</span></i></a>. Amarilla chegou a ficar com a vice-artilharia de La Liga, em 1982-83, ao
anotar 19 tentos. O bom desempenho em La Romareda ainda o levaria ao
Barcelona, antes de, em 1988, regressar ao Paraguai para representar o
Olimpia.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O impacto da presença do goleador seria imediato, com artilharia no nacional
(17 gols). </div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv24PL6ChRP87dHao_t4NyhYvsJnuR78SvtRKsSwsuHumFatdOTAIwPYy4ejFXNI25aZ-_JVDU06ec6xfU3DjkUEYlK1S6ObMVhNDE3fcFeepOLmHrI5kqtuCRaffw_7xfIhOPYe_WJ-kLigVDq-9T3WmAfEZkRX8kPQJ0AbcrLlPbCa_XXE9jKIb2CA/s1379/Raul_Amarilla_Olimpia.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Raul Amarilla Olimpia" border="0" data-original-height="1379-rw" data-original-width="958-rw" height="640-rw" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv24PL6ChRP87dHao_t4NyhYvsJnuR78SvtRKsSwsuHumFatdOTAIwPYy4ejFXNI25aZ-_JVDU06ec6xfU3DjkUEYlK1S6ObMVhNDE3fcFeepOLmHrI5kqtuCRaffw_7xfIhOPYe_WJ-kLigVDq-9T3WmAfEZkRX8kPQJ0AbcrLlPbCa_XXE9jKIb2CA/w444-rw-h640-rw/Raul_Amarilla_Olimpia.jpg" width="444" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1989, a Copa Libertadores foi disputada em um formato inusitado. A primeira
fase repartiu 20 equipes em cinco grupos de quatro, a partir dos quais
avançavam três clubes. Aos 15 classificados se juntava o último campeão,
formando as oitavas de finais. O Olimpia só chegou aos mata-matas por conta
dessa fórmula.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No Grupo 1, com Sol de América e os chilenos Cobreloa e Colo-Colo, ficou na
terceira posição, com duas vitórias, um empate e três derrotas. O resultado
colocou o clube em choque com o Boca Juniors, que liderara o Grupo 4. Começava
uma saga marcada por muita luta e doses inversamente proporcionais de sorte e
juízo. Contra os portenhos, depois de vencer na ida, o Olimpia, que tinha um a
menos, precisou das penalidades máximas para avançar.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em uma Bombonera abarrotada, o goleiro e ídolo Ever Hugo Almeida abriu as
cobranças marcando para o Olimpia. Alfredo Graciani empataria na sequência. Os
paraguaios Herib Chamas, Carlos Guirland, Amarilla, Balbuena, Vidal Sanabria e
o capitão Jorge Guasch também converteriam; Almeida pararia Walter Perazzo
(autor de uma tripleta no tempo normal), José Villarreal e Richard Tavares,
enquanto Navarro Montoya, o arqueiro <i>bostero</i>, seguraria Fidel Miño e Evaristo Portella isolaria. 7
a 6.</div><div style="text-align: justify;"><br /> <style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/YC0FOIj7BxA"></iframe></div>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A fase seguinte não seria menos emocionante. Contra o Sol de América, no
reencontro de paraguaios, o Olimpia largou bem outra vez, vencendo a ida por 2
a 0. Contudo, a volta foi mais uma vez movimentada. O placar final de 4 a 4
deixa isso claro. Os <i>Danzarines </i>jogaram até o final, marcando o último gol no
minuto fatal. Ainda em busca de seu primeiro título continental, o
Internacional aguardava os <i>franjeados</i>, depois de eliminar o Bahia.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com um jovem Abel Braga na casamata, o Inter saiu em vantagem no Paraguai. Gol
de Luís Fernando Flores. No Beira-Rio se viu um grande toma lá, dá cá. Mendoza
abriu a contagem; Dacroce empatou; Amarilla fez o 2 a 1; Flores confirmou o 2
a 2; e Neffa voltou a anotar para os paraguaios. Quando a contagem apontava a
igualdade por dois tentos, o centroavante Nilson teve a chance de colocar o
Colorado em vantagem, mas perdeu uma cobrança penal. Mais tarde, na marca da cal, o
Olimpia voltou a sobreviver, superando Taffarel e avançando à decisão contra o
Atlético Nacional.</div><div style="text-align: justify;"><br /><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/VJs5vGR9aNc"></iframe></div>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de uma <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2023/01/america-cali-1985-1986-1987-libertadores.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">sequência de fracassos do América de Cali</span></a>, os <i>Verdolagas
</i> tentavam, mais uma vez, levar a copa para a Colômbia. No Defensores del Chaco,
o <i>Decano </i>fez a sua parte. Rafael Bobadilla e Sanabria anotaram. A volta
tinha um componente especial. A lotação máxima do Atanasio Girardot não
permitia que o Atlético atuasse em Medellín. A multidão verde invadiu Bogotá.
No El Campín, Miño contra e Albeiro Usuriaga igualaram a disputa.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra vez, eles, os pênaltis, decidiram a contenda. E foi uma tortura. 17
cobranças. Nove convertidas e oito desperdiçadas. Dos pés de Leonel Álvarez
sairia o tiro de misericórdia, confirmando que <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2015/02/times-que-gostamos-atletico-nacional.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">a Colômbia tinha um campeão continental</span></a>. O Olimpia precisaria esperar mais um pouco, sua sorte, uma hora,
acabara-se. Só pôde comemorar a artilharia de Amarilla, dividida com Carlos
Aguilera (10 gols).</div><div style="text-align: justify;"><br /><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/tcIMNaooZJs"></iframe></div>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Chega de bater na trave</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A derrota continental não afetou os ânimos no Paraguai. Os homens de Cubilla
levaram o campeonato nacional mais uma vez, classificando-se para a
Libertadores de 1990. A fórmula era a mesma do ano anterior e, agora, o
Olimpia dividiu o Grupo 5 com Cerro Porteño, Vasco e Grêmio. Dessa vez, a
força do <i>Decano </i>prevaleceu, liderando a disputa, apesar de ter havido
intenso equilíbrio.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nas oitavas de finais, o Olimpia voltou a ser afortunado. Era suposto que enfrentasse uma
equipe colombiana. No entanto, exceção feita ao Atlético Nacional, campeão
vigente, o país não indicou os dois times que deveriam disputar a competição e
os paraguaios avançaram às quartas sem entrar em campo, no W.O. O futebol
naquele país vivia uma grave crise, após o assassinato do árbitro Álvaro
Ortega, em 1989, com influência direta do narcotráfico. Adiante, estava a
Universidad Católica.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/FmKCuHSKtQc"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ali, os paraguaios já tinham um novo-velho reforço. Amarilla passara
rapidamente pelo América do México e estava de retorno; vinha sendo substituído por Adriano
Samaniego, que fora formado no próprio Olimpia, e chegara do Necaxa. Ainda
assim, a essência do time era a mesma dos anos anteriores, tendo no arqueiro
Ever Hugo Almeida e no volante Guasch dois esteios.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Contra a Católica, repetiu-se a história de um ano antes, contra o Sol de
América. Na ida, vitória por 2 a 0; na volta, empate emocionante por 4 a 4,
outra vez com o adversário marcando no minuto final. O Olimpia voltava a um
lugar muito conhecido, as semifinais. E via rostos familiares e, de certa
forma, indesejados. Os <i>franjeados </i>tinham, diante de si, a chance de
vingança. O Atlético Nacional voltava ao seu caminho.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/pwBvAPVWy3w"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os <i>Verdolagas</i>, contudo, já não eram os mesmos. <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2018/10/o-fracasso-do-valladolid-colombiano.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">O treinador Francisco Maturana assumira o Valladolid</span></a>, John Jairo Tréllez assinara com o Zurich, Usuriaga com
o Málaga e Andrés Escobar com o Young Boys. O time também vinha marcado por
acusações de tentativa de suborno do árbitro Juan Daniel Cardelino, nas
quartas de finais, diante do Vasco. <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/08/vasco-atletico-nacional-libertadores-1990-narcotrafico.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">O jogo em Medellín seria anulado e a decisão ficaria para território neutro</span></a>. Em Santiago, os
colombianos despacharam o cruzmaltino. Não havia espaço para facilidades.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na Colômbia, o Olimpia venceu, espantando dúvidas relacionadas à arbitragem.
Samaniego e Amarilla marcaram, com Niver Arboleda descontando. No Paraguai,
haveria drama. Amarilla logo abriu a contagem para o <i>Decano</i>. O problema foi
que Arboleda, René Higuita, de pênalti, e Rúben Hernández viraram. O placar
classificava o quadro medelhinense. Porém, Monzón resgatou os paraguaios aos
43 minutos da etapa final. Outra vez, os pênaltis decidiram.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi um show de horrores. Das 12 cobranças, apenas três entraram. Somente
Monzón e Silvio Suárez acertaram pelo Olimpia, enquanto Jaime Arango anotou
pelo Atlético Nacional. Como dizem, a vingança é um prato que se come frio: os
paraguaios chegavam à sua segunda final consecutiva.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/-ZPCYRq5MTw"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Final polêmica</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do outro lado da decisão estava o Barcelona de Guayaquil. Os equatorianos
tinham um time respeitável e experiente, a começar pelo treinador. O argentino
Miguel Ángel Brindisi fora um meio-campista importante nos anos 1970,
representando a <i>Albiceleste </i>no Mundial de 1974. Ele liderava nomes como os de
seu compatriota Marcelo Trobbiani, campeão do mundo em 1986, e dos uruguaios
Luis Alberto Acosta e Mario Saralegui, ambos com passagem pela <i>Celeste Olímpica</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O primeiro encontro foi disputado no Defensores del Chaco e o Olimpia largou
em vantagem. Dentro do campo, Amarilla e Samaniego ditaram o tom da final, com
um gol cada — eles seriam os artilheiros da competição, com seis e sete
tentos, respectivamente. Fora dele, o papel coube à torcida, que não deixou os
equatorianos apreciarem uma boa noite de sono antes da partida.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na hora da verdade, no Monumental de Guayaquil, Trobbiani abriu a contagem. Na
verdade, era a segunda vez que o Barcelona balançava as redes, mas, na
primeira, o árbitro Juan Carlos Loustau tirou o doce da boca de Manuel
Uquillas (e poderia ser a terceira, já que Acosta perdeu um pênalti). Na fase
final do jogo, Amarilla, reiterando a importância de seu retorno, empatou e
foi isso. O Olimpia era bicampeão continental.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/rKwZUVgvSIk"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><b>
“Nunca perdemos a esperança de obter o título, apesar de o rival ter saído em
vantagem. O Olimpia jogou bem os 90 minutos, cuidando de cada espaço”</b></span>, falou Amarilla, ao <i>Diario Hoy</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não faltou polêmica. O tento anulado era legal e o penal defendido por
Almeida deveria ter sido repetido, dado o imeso adiantamento do arqueiro
franjeado. Nada feito.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><b>“Se em 1990 houvesse esse sistema [VAR], seríamos campeões. Aconteceram
coisas estranhas. Não em Assunção. Jogamos bem, mas nos venceram por 2 a
0 [...] Mas no Monumental nos roubaram [...] o gol foi legal, estava
cinco metros habilitado, mas eles cobraram fora do lugar. E, no pênalti,
Almeida saiu aos pés do Acosta [...] Encontrei o árbitro e disse a ele:
‘Você nos prejudicou. Você me privou da única taça que me faltava</b></span><b style="font-size: x-large;">’</b><span style="font-size: large;"><b>. O cara me disse: ‘Me enganei’”</b></span>, contou Trobbiani à
<a href="https://www.abc.com.py/deportes/futbol/trobbiani-habla-de-la-final-ante-olimpia-nos-robaron-1643802.html"><i><span style="color: #990000;">Radio City</span></i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF-mrzPhfQcAfadtHBaF6mfJADoRUL6w_bajCA4ThQSrtCWD0WYkQUjsuQXutboVrLps0Nta0xMRLPSE26Ait6RMz9J-tDb-HTALSTdwN7PkubOA4n4KgHNn92PM1qWmZDQ5Kr2JPNANCYt8UJiak5xn091v4j8ikOlKHVfPI4kXSMn9euAnz-i5HUtQ/s3307/5b3513ffcdc840e5fdaa7f47f11da1dbxjxwSPtJXeS3qeCJ-2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Diario Hoy Olimpia 1990" border="0" data-original-height="2339-rw" data-original-width="3307-rw" height="452-rw" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF-mrzPhfQcAfadtHBaF6mfJADoRUL6w_bajCA4ThQSrtCWD0WYkQUjsuQXutboVrLps0Nta0xMRLPSE26Ait6RMz9J-tDb-HTALSTdwN7PkubOA4n4KgHNn92PM1qWmZDQ5Kr2JPNANCYt8UJiak5xn091v4j8ikOlKHVfPI4kXSMn9euAnz-i5HUtQ/w640-rw-h452-rw/5b3513ffcdc840e5fdaa7f47f11da1dbxjxwSPtJXeS3qeCJ-2.jpg" width="640" /></a></div><br />Cubilla confirmaria, anos mais tarde, que houve interferência com a
arbitragem. “Osvaldo [Domínguez] pressionou muito [...] Os ingênuos executivos
equatorianos imaginaram que havia uma distância entre Loustau e Osvaldo, mas
as decisões do árbitro argentino [...] foram fundamentais na conquista do
nosso bicampeonato”, revelou o
<a href="https://www.eltelegrafo.com.ec/noticias/fanatico/1/loustau-le-debe-un-titulo-de-america-a-barcelona"><i><span style="color: #990000;">El Telégrafo</span></i></a>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O fato é que, a despeito das ações do mandatário do <i>Decano</i>, Cubilla
conseguira outra vez: levara o Olimpia ao Olimpo. A confirmação de que, apesar
das artimanhas extracampo, o clube merecia estar naquele lugar viriam na
Supercopa Libertadores, ainda em 1990. Os paraguaios bateram River Plate,
Racing e os uruguaios Peñarol e Nacional, para ficar com mais uma taça. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A
derrota no Mundial, 3 a 0 para o Milan, foi encarada com naturalidade. <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/12/times-que-gostamos-milan-1988-1990.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">Quem pararia o time de Arrigo Sacchi, que alinhava gente como Paolo Maldini, Franco Baresi, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten?</span></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/3196BzqqbU4"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O fim dessa história aconteceria em 1991, quando os paraguaios votaram à
decisão da Libertadores. No entanto, era hora de outro país ser libertado: o
Chile. <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2015/12/times-de-que-gostamos-colo-colo-1991.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">O Colo-Colo, treinado pelo iugoslavo Mirko Jozic, pedia passagem</span></a>. O 3 a
0, impositivo, alcançado pelo <i>Cacique </i>em Santiago, deixava claro: a taça
estava entregue em boas mãos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar de, num período de três anos, o Olimpia ter perdido duas finais
continentais e vencido somente uma, o saldo não foi negativo. A conquista dos
<i>franjeados </i>reforçou a idolatria ao redor de nomes como Cubilla,
Almeida, Guasch e Amarilla, intocáveis na história dos paraguaios. Mais que
isso, aumentou a mística do <i>Decano </i>e esclareceu para os que tivessem
dúvidas: o Olimpia é um dos gigantes da América do Sul, ponto.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-60292586599894066112023-03-08T06:00:00.095-03:002023-04-10T20:14:17.832-03:00De 1959 a 69, o balé azul da Universidad de Chile<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-large; font-weight: bold;">O</span><b>s anos 1950 consolidaram uma alcunha famosa no mundo do futebol. “Balé Azul” definia um estilo de jogo sutil e, ao mesmo tempo, arrebatador; <a href="http://ofutebologo.com.br/2022/03/millonarios-ballet-azul-.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">expressava a técnica do bogotano Millonarios</span></a>. Porém, antes do fim da década, o futebol colombiano se reformularia e os <i>albiazules </i>perderiam o encanto. Chegava a hora de outra equipe assumir a mencionada alcunha. A sudoeste do continente americano, um grupo jovem se incumbiria da missão. A até então pouco vitoriosa Universidad de Chile começava a dançar à sua maneira.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisxOYs0lLqlrcveVHWaDETSFdzWEGU2c7yGyPbfVS88SRXMbh-3po-WHl3n20Af8Z5yCS69tyAmmP_FZV58lBcdOO5hJpCHRDkTRwHeeWFTUxYP3fEDUjYtucJTWx_o640-OWS0qxPZGanuvMv7VS4dUmaa1XYQ0mQwsbnvzPM-DtydkMm2smW76gVVA/s983/Universidad_Chile_1959.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Universidad de Chile 1959" border="0" data-original-height="606" data-original-width="983" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisxOYs0lLqlrcveVHWaDETSFdzWEGU2c7yGyPbfVS88SRXMbh-3po-WHl3n20Af8Z5yCS69tyAmmP_FZV58lBcdOO5hJpCHRDkTRwHeeWFTUxYP3fEDUjYtucJTWx_o640-OWS0qxPZGanuvMv7VS4dUmaa1XYQ0mQwsbnvzPM-DtydkMm2smW76gVVA/w640-rw-h394-rw/Universidad_Chile_1959.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: La Historia de los Campeones: 1933-1987/ Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><span><a name='more'></a></span></b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Ensinar, ensinar e ensinar</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Há um quê de conto na forma como a história de sucesso de La U se desenrola. Conta-se que, após mais uma derrota, dois amigos egressos da Escola de Medicina da Universidad de Chile, e conselheiros do clube, debatiam a má forma de seu time. Eram eles Víctor Sierra Somerville e Arturo Besoain. Em 1952, o primeiro assumiria a presidência dos <i>Azules</i>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O clube de futebol nada mais era do que um braço da universidade, não contava, portanto, com robusto aporte financeiro. Já naquela época, beirava o impossível montar equipes vencedoras sem investir pelo menos um pouco. Contudo, o caminho mais exequível seria o escolhido pela direção, entre erros e acertos. Formar bons jogadores não era tarefa fácil, mas era possível e mais barata do que contratar figuras consagradas, o que, por outro lado, era inverossímil.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A trajetória percorrida pelos jogadores era bem definida. Entre os 12 e os 21 anos, havia sete categorias, até a ascensão definitiva ao quadro profissional. Estar no meio universitário proporcionava algumas vantagens em relação aos rivais. Entre elas, o fato de os jogadores serem cuidados em todas as suas facetas — físicas, técnicas, emocionais, culturais e mentais. O clube contava com um departamento de bem-estar, liderado por Fresia Rubilar.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPGb9yK8OXGx-qwe1YAhgdmCeVMC5p3eESwSQdvc4P98QufXw4M4QXdi3GlxDMqJUOuDsCgkPEEjjekY9mSCyeTGzv4DiKN50J3VAA7WsCQplfR-utYPWEf8mzAAMP25-xv37IqqcMz-anW0uDB1_Ar1L9NHTjwGzkJeX4GchXknWftQtC7XdEswosYA/s1610/UniversidaddeChile.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Universidad de Chile" border="0" data-original-height="1210" data-original-width="1610" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPGb9yK8OXGx-qwe1YAhgdmCeVMC5p3eESwSQdvc4P98QufXw4M4QXdi3GlxDMqJUOuDsCgkPEEjjekY9mSCyeTGzv4DiKN50J3VAA7WsCQplfR-utYPWEf8mzAAMP25-xv37IqqcMz-anW0uDB1_Ar1L9NHTjwGzkJeX4GchXknWftQtC7XdEswosYA/w640-rw-h480-rw/UniversidaddeChile.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Universidad de Chile/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Já o recrutamento de atletas se dava em diversos estágios. Alguns deles até mesmo ingressavam na universidade e, por oportunidade, praticavam o futebol.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O time precisava vencer, mas sem perder seus valores e missão. Víctor Sierra tinha claro que a formação deveria se pautar em cinco pontos: 1) a qualidade dos professores, pedagogicamente preparados; 2) a preocupação com a condição socioeconômica dos jovens e de suas famílias; 3) o acompanhamento médico constante; 4) controle do desenvolvimento psicológico; e 5) obrigatoriedade de que os <i>cadetes</i> estivessem matriculados em alguma instituição de ensino, com notas aceitáveis. Avaliações ruins acarretavam suspensões.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><b>“A Universidad de Chile não podia ser uma compradora e vendedora de jogadores. Educaria futebolistas, oferecendo-lhes assistência social, médica, dental. Possuía recursos técnicos e materiais. Preocupação pelos garotos além do campo, além dos treinamentos”</b></span>, pontuou Edgardo Marin, no livro <a href="http://www.memoriachilena.gob.cl/602/w3-article-9851.html"><i><span style="color: #990000;">La Historia de los Campeones: 1933-1987</span></i></a>.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Foi nessa época que, além de outros profissionais, ascendeu o treinador Luis Álamos. <i>El Zorro</i> era um professor de educação física que representara La U entre 1945 e 52 — atacante convertido em zagueiro. Desde então, notava-se o desejo de ele se envolver o máximo possível com o clube. Foi assim que assumiu, concomitantemente à carreira de atleta, a missão de comandar o time infantil.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIHzWMhAZddbO9GesHR_3yonXvA0YhK3nvXAgx-1MumdKukOnV9axHayGL3xugbHv2yoJa8hP9ajfJ4HoUx0lY8R3b57H1sT0rJ58AEWeFwrRcclyIcrX5_raGqjC5o-pDlm8L6OZNQNdcjU0XMDIKmwPttPc9eucQeQL7JfJfgxX-mDH0XUCgel7jOg/s1042/Luis_%C3%81lamos.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Luis Álamos Universidad de Chile" border="0" data-original-height="742" data-original-width="1042" height="456" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIHzWMhAZddbO9GesHR_3yonXvA0YhK3nvXAgx-1MumdKukOnV9axHayGL3xugbHv2yoJa8hP9ajfJ4HoUx0lY8R3b57H1sT0rJ58AEWeFwrRcclyIcrX5_raGqjC5o-pDlm8L6OZNQNdcjU0XMDIKmwPttPc9eucQeQL7JfJfgxX-mDH0XUCgel7jOg/w640-rw-h456-rw/Luis_%C3%81lamos.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Conmebol/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“Luis Álamos, por trajetória e convicções, era o homem ideal para encabeçar um projeto tão ambicioso. Em 1956, o clube resolveu [...] que seu trabalho técnico englobaria todas as divisões. Isso implicava treinar o time principal”, prosseguiu Marin. A bem da verdade, Álamos já passara rapidamente pelo time principal em 1954, ajudando-o a evitar o rebaixamento.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Acostumar-se a vencer</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O trabalho empreendido projetou uma série de jogadores que seriam cruciais para a história de La U e do futebol chileno. Gente como Luis Eyzaguirre, Carlos Contreras, Sergio Navarro, e os indiscutíveis atacantes Carlos Campos (defensor convertido) e Leonel Sánchez, cujo ímpeto próprio da juventude era equilibrado pela presença de veteranos como Braulio Musso e Jaime Ramírez, já profissionais quando as mudanças de direção nas categorias de base foram colocadas em marcha.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Todos esses nomes eram velhos conhecidos de Álamos. Uns poucos haviam dividido espaço nos gramados com ele; a maioria se submetera às suas ordens nos escalões inferiores. A primeira demonstração de força da equipe viria no Campeonato Chileno de 1957. Os <i>Azules </i>terminaram com o vice-campeonato, três pontos atrás do Audax Italiano. Naquela oportunidade, La U chegou a vencer os campeões por 4 a 0.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No ano seguinte, 1958, outra vez a Universidad de Chile somou 31 pontos, três a menos do que o vencedor, agora o Santiago Wanderers. No entanto, em uma competição muito mais equilibrada, terminou em quinto lugar. O momento de triunfar se aproximava. Aconteceria da forma mais gostosa possível: batendo o principal rival, Colo-Colo. Ainda assim, os objetivos da agremiação eram mais modestos.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm8G2HsRHzVCIY2ZnJ9rdJS6p2K1gU--lW1HAfIveRwE6KJcfHtQyqdHWCHBQAnY7IVpwARmEOOfBg5tonsnpFaXHY1XWB1Oj5YsV_OiZ1_FGzULXWOruhLG6vKh7KKhF199TalGm4Vcz-Qp4ox1DOUnOAz-mkfs2g680zenhHoD8bT3XTGUk5Lq2Bsg/s1340/Talentos_de_La_U.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Talentos Universidad de Chile" border="0" data-original-height="753" data-original-width="1340" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm8G2HsRHzVCIY2ZnJ9rdJS6p2K1gU--lW1HAfIveRwE6KJcfHtQyqdHWCHBQAnY7IVpwARmEOOfBg5tonsnpFaXHY1XWB1Oj5YsV_OiZ1_FGzULXWOruhLG6vKh7KKhF199TalGm4Vcz-Qp4ox1DOUnOAz-mkfs2g680zenhHoD8bT3XTGUk5Lq2Bsg/w640-rw-h360-rw/Talentos_de_La_U.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /></div><blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><b>“A busca do título não era determinante. Não era o objetivo. O que a Universidad de Chile quer no início de 1959 é rondar os 30 pontos e estar, sem sobressaltos, entre os melhores [...] Está formando gente em casa há tempos e vai insistir nela. Apenas Ernesto Álvarez chega de fora para se incorporar ao plantel”</b></span>, relatou Marin.</div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O início da campanha beirou a perfeição, com seis rodadas de invencibilidade, cinco vitórias e um empate. Haveria instabilidade a seguir, mas a fibra da equipe nunca foi colocada em causa. Tanto no dérbi contra a Universidad Católica quanto diante do Colo-Colo, La U buscou empates heroicos, depois de estar perdendo por dois gols de desvantagem. O time recuperaria a forma na parte final do certame e acabaria com o primeiro título desde 1940, batendo justamente o Colo-Colo, 2 a 1. Com 21 gols, Leonel Sánchez seria o vice-artilheiro da competição.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3dgtTul_0CO_GAif1GPaVWsD-sQ2yxuAk-J-Nkrm7rzKQKNbJuNf_KwPsTamkhGI-N2VsLwUQ2kNvJsEw-bsSTlJ3HAw_B9mskZxwYL5Whq2RjynFULzC_6ww-kF8QGGvsJPCAkDx2bnkPpZ-aXeGxxuivu_InHHgkKUdDIXxBYbqcrLhxQqZm0eJbw/s640/DrubtwoWkAIxaWz.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="La Nación Universidad de Chile 1959" border="0" data-original-height="640" data-original-width="435" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3dgtTul_0CO_GAif1GPaVWsD-sQ2yxuAk-J-Nkrm7rzKQKNbJuNf_KwPsTamkhGI-N2VsLwUQ2kNvJsEw-bsSTlJ3HAw_B9mskZxwYL5Whq2RjynFULzC_6ww-kF8QGGvsJPCAkDx2bnkPpZ-aXeGxxuivu_InHHgkKUdDIXxBYbqcrLhxQqZm0eJbw/w436-rw-h640-rw/DrubtwoWkAIxaWz.jpg" width="436" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Reprodução: La Nación</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“Nas sequências ruins, sentiu-se mais a influência bondosa e paternal de Lucho Alámos, que era um prolongamento da diretoria de La U. Nada de explosões, de recriminações e caras fechadas, muito menos castigos e sanções”, pontuou Musso, que na altura era o capitão da equipe.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Aquele ainda era um time jovem demais e, como era de se esperar, oscilou. Em 1960, terminou com a terceira posição. No ano seguinte, ficou com a mesma pontuação da Católica, tendo feito um primeiro turno invicto. Foram convocados dois jogos decisivos para definir o campeão, ambos disputados no Estádio Nacional, já em janeiro de 1962. O time não tinha Sánchez e, na primeira partida, também não contou com Campos, artilheiro daquela edição, com 24 gols. Depois de um empate por 1 a 1, perdeu por 3 a 2.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">Amadurecimento</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">1962 não seria um ano qualquer para os <i>Azules</i>. Entre 30 de maio e 17 de junho, foi disputada a sétima Copa do Mundo, sediada no Chile. Aquela seria a melhor participação de <i>La Roja</i> na história dos Mundiais, com o terceiro lugar. A influência da Universidad de Chile seria imensa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Dos 22 convocados pelo treinador Fernando Riera, oito seriam cedidos por La U — Eyzaguirre, Navarro (o capitão), Contreras, Ramírez, Sánchez, Musso, Campos e Manuel Astorga, seis deles com 26 anos ou menos. O trabalho empreendido pelo clube formava não apenas ídolos do clube, mas também da nação. Estava na hora de o balé azul se confirmar uma tendência, não apenas um sonho de uma noite de verão.</div><div style="text-align: justify;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqPUZi_u9P9YUedJilLECMqZVF0VdNFI51_TMrZWBgm5V5exSVpy7bAgMyLsYju-MxmG0bYEV3iECy3Jv7ij8m58k7Rbf0tMiqgu9jlMRxsgpeNwHFZcU73OB-KQXsJ-ys8kQ9_NZwX0yQGEIolE6WT93PyT1-Vl00ALEoEHuS5MaGjJaNMmwDxTSQxw/s978/Leonel_S%C3%A1nchez_Chile_1962.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Leonel Sánchez 1962 Chile" border="0" data-original-height="762" data-original-width="978" height="498" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqPUZi_u9P9YUedJilLECMqZVF0VdNFI51_TMrZWBgm5V5exSVpy7bAgMyLsYju-MxmG0bYEV3iECy3Jv7ij8m58k7Rbf0tMiqgu9jlMRxsgpeNwHFZcU73OB-KQXsJ-ys8kQ9_NZwX0yQGEIolE6WT93PyT1-Vl00ALEoEHuS5MaGjJaNMmwDxTSQxw/w640-rw-h498-rw/Leonel_S%C3%A1nchez_Chile_1962.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: PA/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">É bem verdade que o sucesso mundialista custou caro para a Universidad de Chile. Cansados, os jogadores tiveram desempenho pífio na primeira parte do Campeonato Chileno. Foram apenas seis vitórias nos 17 jogos. O time chegou a ocupar a 11ª posição, em dada altura. Apesar disso, Álamos não deu nada por perdido. No início do segundo turno, com uma confiança surpreendente, afirmou que se iniciava ali um novo campeonato para seus comandados. Dito e feito.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Resultados como um triunfo por 6 a 3, ante o Colo-Colo, ou uma marcante goleada de 4 a 1, contra a Católica não deixavam dúvidas: La U estava de volta. No fim das contas, os <i>Azules </i>alcançaram a Universidad Católica, empatando no topo da tabela — 50 pontos para cada. Evidenciando o poderio ofensivo do time de Álamos estava um impressionante recorde ofensivo de 100 gols, em 34 encontros. O time faria a maior goleada de sua história (9 a 1 no Magallanes) e Campos voltaria a liderar a artilharia, agora com 34 tentos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Porém, o empate forçava o enfrentamento de mais um tira-teima. Dessa vez, a decisão se deu em jogo único. Já era março de 1963, quando 74.163 espectadores acompanharam o recital de Campos, Sánchez e Álvarez: 5 a 3. Era impossível colocar em dúvida a qualidade e o caráter daquela equipe. Além de tudo, o grupo se unia ao redor de uma grande amizade. Maiores artífices do time no período, Campos e Sánchez eram exemplo disso.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/jPKwo_irfYQ"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“Eu vim para La U com 11 anos [...] a partir daí, me juntei ao Carlos Campos nos treinos. Ficamos grandes amigos”, relatou Sánchez, ao portal <a href="https://www.pauta.cl/deportes/carlos-campos-historicos-universidad-de-chile-leonel-ballet-azul-goleador"><i><span style="color: #990000;">PAUTA</span></i></a>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não por acaso, em fevereiro de 1963, a revista <i>Estadio </i>afirmaria, convicta: “La U é a melhor equipe que jamais existiu no futebol chileno”. Outra confirmação disso viria de um amistoso contra o Santos. Pelé fez dois, Coutinho um. No entanto, Campos, Alfonso Sepúlveda, Musso e Sánchez deram a vitória aos chilenos: 4 a 3.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/da220m0Ejhc"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">A vitória como consequência</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Com pequenas mudanças, o time chileno foi mantendo a forma nos anos que se seguiram. Depois de perder o torneio de 1963 por um ponto, vendo outra vez o Colo-Colo subir ao lugar mais alto do pódio, La U recolocou as coisas nos seus lugares, confirmando-se o melhor time em atividade no país. Com uma vantagem colossal de nove pontos, alcançou uma nova conquista em 1964.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“La U cumpria, simplesmente, o desenvolvimento de um plano desenhado dez anos antes. Colhia. A colheita podia ser um ano melhor que outro — nunca ficando abaixo do terceiro lugar — sem necessidade de se reprogramar a cada temporada [...] Só uma incorporação aconteceu para o campeonato: a de Adolfo Olivares, que chegava desde o Ferrobadminton para satisfazer a inquietação permanente de Álamos em busca de um centroavante que pudesse substituir Carlos Campos”, explicou Marin.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPO04r4hitWsLtoLy-uacNK7m_JtvERW0lADdAdynem0RJQRK8yAt7aRPs8CEtrO0eYi1i1Mr02yYP6BCwvos9NfKrxRCG3lTbwndTy0ultOPU0Ybjev5-J7T2AkZz9F7eMQKNw2YsUVKFuRFpaXnTYB5DubMB5oyFudP5Yy3UAoA2AAmpjo1F1iPNig/s1145/Universidad-Chile_1964.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Universidad de Chile 1964" border="0" data-original-height="705" data-original-width="1145" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPO04r4hitWsLtoLy-uacNK7m_JtvERW0lADdAdynem0RJQRK8yAt7aRPs8CEtrO0eYi1i1Mr02yYP6BCwvos9NfKrxRCG3lTbwndTy0ultOPU0Ybjev5-J7T2AkZz9F7eMQKNw2YsUVKFuRFpaXnTYB5DubMB5oyFudP5Yy3UAoA2AAmpjo1F1iPNig/w640-rw-h394-rw/Universidad-Chile_1964.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: La Historia de los Campeones: 1933-1987/ Arte: O Futebólogo<br /></td></tr></tbody></table></b></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Além da vitória nacional, o time também se destacou no exterior. Foi campeão invicto de um Pentagonal com Nacional, Flamengo, Racing Club e Colo Colo. Em outra ocasião, foi vice de um quadrangular ante Palmeiras, Independiente e Universidad Católica. Contra o Stoke City, da elite inglesa, empatou. Bateu ainda Huracán e River Plate.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Álamos deixava claro o estágio avançado de evolução em que seu time se encontrava: “La U realiza uma marcação mista. Para isso, conta com jogadores fortes e velozes. [Hugo] Villanueva, por exemplo, tem capacidade para anular qualquer ponta do campeonato. Em geral, utilizamos um 4-2-4 elástico, que às vezes transformamos em marcação individual”.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">1965 seria quase um <i>replay </i>do ano anterior. Outra vez, no duelo universitário, os <i>Azules </i>se superiorizaram à Católica, com seis pontos de vantagem. Contudo, os processos estavam próximos de uma mudança de rota. Em mais um ano mundialista, Álamos comandou <i>La Roja</i> na viagem à Inglaterra. 10 selecionáveis vinham de La U.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/9BwF770ISnY"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A campanha da seleção foi péssima. E, sem os convocados, La U atuou em diversas rodadas com reservas e sem treinador. O resultado foi um merecido quarto lugar. Neste turno, foi o trabalho de longo prazo da Católica que rendeu seus frutos. Era a hora d’<i>El Zorro</i> partir. Alejandro Scopelli, um dos mestres de Álamos nos anos 1950, reassumiu o time em 1967. Assim, os <i>Azules</i> retomaram as rédeas do futebol nacional. Impiedosamente, somaram 12 pontos a mais do que a Católica.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O time chegava ao seu ocaso. Em 1969, sob a batuta de Ulises Ramos, outro egresso do time dos anos 1940 e 50, aquela geração daria os últimos suspiros, levando a equipe ao sétimo título nacional. Os anos 1970 estavam a caminho e, com eles, um início de crise que ganharia ares de agonia na década de 1980.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioiqyg-BjtwI-vdqh7fBzOlKQJZZl25KwTQODZB4jmzzGN0cBrttTnEIjp79veU1jqD-9rtYANLyzHhiytiKLnI_sBC2E54AjynvaqwjAIB99Ux05LY5Z3H-CA6GGHA0B2jDRu2C4LCB_A3SMmztDDP9dy09v7c7s1osAgx_8exeLPcNueMUXQzusYww/s1970/Carlos-Campos-La-U.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Carlos Campos Universidad de Chile" border="0" data-original-height="1116" data-original-width="1970" height="362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioiqyg-BjtwI-vdqh7fBzOlKQJZZl25KwTQODZB4jmzzGN0cBrttTnEIjp79veU1jqD-9rtYANLyzHhiytiKLnI_sBC2E54AjynvaqwjAIB99Ux05LY5Z3H-CA6GGHA0B2jDRu2C4LCB_A3SMmztDDP9dy09v7c7s1osAgx_8exeLPcNueMUXQzusYww/w640-rw-h362-rw/Carlos-Campos-La-U.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Revista Estadio/Arte: O Futebólogo</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div><h3 style="text-align: justify;">A Copa Libertadores foi o único ponto de interrogação</h3><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A única vírgula durante o período de dominância nacional da Universidad de Chile foi o desempenho pífio na Copa Libertadores da América. Por mais que os jogadores mostrassem qualidade no mais alto nível, tanto na Copa do Mundo quanto em competições amistosas, quando buscavam a Glória Eterna, fracassavam. Era como se as pernas fraquejassem.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em 1960, o Millonarios se recusou a passar o título de “Balé Azul” adiante. Ainda que não fosse mais <a href="http://ofutebologo.com.br/2022/03/millonarios-ballet-azul-.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">o time de Adolfo Pedernera e Alfredo Di Stéfano</span></a>, trucidou os chilenos, com um placar agregado de 7 a 0. Eliminação imediata na primeira fase. Três anos depois, La U terminou na última posição do Grupo 3, atrás de Boca Juniors e Olimpia. Em 1965, não sobreviveria no Grupo 2, ante Santos e Universitario.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A situação era tão constrangedora que, em 1966, quando passaram a se classificar mais times, a Universidad de Chile terminou na última posição do Grupo 2, vendo a Católica avançar. Os outros times do grupo eram os paraguaios Guaraní e Olimpia. Coisa semelhante se passaria em 1968. Novamente, a Católica passaria e La U ficaria em último, agora enfrentando também os equatorianos Emelec e El Nacional.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><style>.embed-container { position: relative; padding-bottom: 56.25%; height: 0; overflow: hidden; max-width: 100%; } .embed-container iframe, .embed-container object, .embed-container embed { position: absolute; top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; }</style><div class="embed-container"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/_aLNweSSL4g"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A única vez em que o time avançou foi em 1970. Ficou em segundo lugar em um grupo inchado que incluía Guaraní, Olimpia, seu compatriota Rangers e os colombianos Deportivo e América de Cali. O time iria adiante, eliminando o Nacional, em três jogos. Contudo, nas semifinais, cairia diante do outro gigante uruguaio, Peñarol.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em linhas gerais, as aparições internacionais da Universidad de Chile foram absolutamente frustrantes. Não condiziam com a história construída pelo clube em solo nacional. O país demoraria ainda mais de 20 anos para ver seu primeiro, e único, título continental. <a href="https://www.ofutebologo.com.br/2015/12/times-de-que-gostamos-colo-colo-1991.html" target="_blank"><span style="color: #990000;">Coube ao Colo-Colo, em 1991, alcançar a láurea</span></a>. Na altura, Álamos, talvez o maior responsável individual daquele empreendimento coletivo, já falecera. Em 1983, complicações de um diabetes foram fatais. Tinha apenas 59 anos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">As marcas que a Universidad de Chile construiu entre os anos 1950 e 60, entretanto, não se apagam. Não apenas pelo futebol jogado e os títulos conquistados. O encanto produzido e a contribuição para o sucesso chileno no Mundial de 1962 ajudaram a alavancar a popularidade do esporte no país. As médias de público escalaram como nunca antes. Tudo isso construído com uma visão clara, valores definidos e o entendimento irredutível de que o melhor time só poderia surgir do melhor grupo de pessoas.</div>Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-56327203499520215942023-02-15T06:00:00.005-03:002023-03-08T11:47:05.303-03:00Motim, desordem e artilharia: a Rússia na Copa de 1994<div style="text-align: justify;">
<b
><span style="font-size: x-large;">E</span>ra o ocaso do ano de 1991, época
de Natal, quando a União Soviética foi dissolvida. O clima era tenso, mas os
sinais da ruína do regime comunista estavam por todos os lados. A primeira
loja da rede McDonald’s, um dos símbolos mais fortes do mundo capitalista,
<a
href="https://www.hypeness.com.br/2018/09/a-surreal-inauguracao-do-primeiro-mcdonalds-em-moscou-nos-anos-1990/"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">já </span></a
><a
href="https://www.hypeness.com.br/2018/09/a-surreal-inauguracao-do-primeiro-mcdonalds-em-moscou-nos-anos-1990/"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">fora inaugurada</span></a
>. Dois meses antes do fim, os estadunidenses do Metallica fizeram um show
apoteótico, para 1,6 milhão de soviéticos. Em todos os sentidos, os anos que
seguiram não seriam menos movimentados. O futebol, que via diversos atletas
emigrando para clubes estrangeiros, não escaparia da realidade.</b
>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b
><br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIy4agTCTiUDiGeTtXSzMgjUgGmW1DVjCXmrkLLmbadVdA03CaFCV5Ii75Yg6brAbA7bD17S7NTdls1yiwvUTxxaOUXfcD5TGZcgK0oLy_tRabr334KKB03w2cgN6waVjpraB0-FQXqhvVBL0W9RqhKwRsRmb4iP-33OhRSlqOtWDiK1LOgGE1SkOpKg/s1518-rw/Russia_Mutiny_1994.jpg"
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><img
alt="Salenko Russia Cameroon 1994"
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width="640"
/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Getty Images/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br /><span><a name='more'></a></span></b
>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
Primeiro veio a Comunidade dos Estados Independentes
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um mês antes do fim, a União Soviética se classificara para a Euro 1992. Não
era um feito qualquer; o Exército Vermelho deixara a Itália, terceira colocada
no Mundial de 1990, de fora. Os outros adversários eram menos fortes, Noruega,
Hungria e Chipre. A qualificação foi impositiva. Os soviéticos tiveram o maior
número de gols marcados e a menor monta de tentos concedidos. Ademais, não
perderam. Foram cinco vitórias e três empates.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O grupo do Leste Europeu se sugeria candidato ao título,
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/09/o-canto-do-cisne-da-urss-na-euro-1988.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>até por ter batido na trave quatro anos antes</span
></a
>. No entanto, a derrocada da URSS gerava uma situação inusitada: a declaração
de dissolução reconhecia a independência das repúblicas soviéticas que,
entretanto, apenas se classificaram para a Euro 1992 como um grupo unificado.
A solução imediata foi a formação da Comunidade dos Estados Independentes,
começando em 8 de dezembro de 1991, com a assinatura do Pacto de Belaveja.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Gradativamente, a organização intergovernamental uniu Armênia, Azerbaijão,
Belarus, Cazaquistão, Rússia, Quirguistão, Moldávia, Tadjiquistão,
Turcomenistão e Uzbequistão. A iniciativa era vista como “a última chance para
se evitar a anarquia social, política e econômica”, nas palavras do presidente
cazaque, Nursultan Nazarbayev, como reproduziu a <i>Folha</i>. Rapidamente, a
comunidade seria reconhecida mundo afora. Os Estados Unidos, por exemplo, o
fariam em pleno Natal de 1991.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A solução política também serviria para o futebol, com a FIFA reconhecendo-a
em janeiro de 1992. A Suécia, sede da Euro 1992, receberia uma delegação da
Comunidade dos Estados Independentes. Algum anacronismo seria inevitável, com
os uniformes do conglomerado sendo vermelhos e brancos. O responsável pelo
esquadrão era Anatoliy Byshovets, de 46 anos. Nascido em Kiev, fizera carreira
no Dínamo local, mas trabalhara com as categorias de base da seleção
soviética, bem como no Dínamo Moscou.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ele foi o responsável por unir um grupo que, em pouco tempo, se distribuiria.
Tomando por base apenas o local de nascimento, haveria uma maioria de russos,
um número representativo de ucranianos e apenas um georgiano e um belarrusso.
A CIS, na sigla inglesa, seria sorteada para o Grupo 2, junto de Alemanha,
Escócia e Holanda.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A campanha seria fraca e marcada por surpresa. Depois de empatar com alemães e
holandeses, os antigos soviéticos foram batidos pelos escoceses, para surpresa
geral. “Entramos como se fosse a final. Eles ficaram chocados com a forma como
jogamos. Mas era a única maneira de as pessoas dizerem que merecíamos estar
lá, que não tínhamos sorte. Então aquele último jogo foi vital para justificar
nossa presença lá”, diria o treinador britânico Andy Roxburgh, ao
<i
><a
href="https://www.theguardian.com/football/2021/jun/14/when-scotland-went-to-their-first-euros-in-1992-and-made-fans-proud"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Guardian</span></a
></i
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Escolhendo lealdades nacionais</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de a Comunidade dos Estados Independentes disputar a Euro 1992, os
atletas tiveram que definir sua lealdade esportiva. Para os russos, foi uma
decisão fácil, sobretudo porque a herança dos resultados históricos da URSS
lhes caberia. Esse cenário, entretanto, geraria alguma controvérsia. Um caso
evidente é o do defensor Akhrik Tsveiba. Nascido em Gudauta, território
georgiano, faria um jogo pela Ucrânia antes de passar a representar a Rússia.
Oleg Salenko também vestiria a camisa ucraína uma vez, antes de optar pela
russa.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A alternativa não era apenas ditada pelo coração. Pragmaticamente, fazia
sentido escolher a Rússia. “Meu irmão tem apenas 20 anos e tem tempo para
esperar até que a Ucrânia se torne realmente forte no futebol mundial; para
mim, seria imperdoável perder a Copa do Mundo de 1994 [...] Recebi convites de
dirigentes da seleção ucraniana, mas senti que a Rússia chegaria aos EUA e a
escolhi como minha seleção nacional”, relatou o zagueiro Viktor Onopko,
nascido em Voroshilovgrad, que se tornaria Luhansk, ao
<i>Ukrainian Weekly</i>, jornal fundado por ucranianos da diáspora para a
América do Norte.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Viktor Onopko Russia 1993 1994"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">Card: Reprodução</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Caminho semelhante, com idêntica justificativa, seguiriam Andrei Kanchelskis,
à época jogador do Manchester United, e Sergei Yuran, do Benfica. Contudo,
outros atletas escolheriam diferente. Alexei Mikhailichenko e Oleg Kuznetsov
decidiriam pela Ucrânia, Sergei Aleinikov por Belarus e Kakhaber Tskhadadze
pela Geórgia.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Após o fim da URSS e a mudança maciça dos melhores jogadores soviéticos para a
Europa, a Rússia acabou concentrando o melhor do futebol da região,
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2017/07/epopeia-europeia-dynamo-kyiv-shevchenko-lobanovskyi.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>exceção feita ao desempenho do Dínamo de Kiev</span
></a
>. Tornar-se-ia quase impossível a manutenção de bons jogadores em outros
mercados. O georgiano Shota Arveladze, por exemplo, trocaria o
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/12/dinamo-tbilisi-winners-cup-1981.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">outrora gigante Dinamo Tbilisi</span></a
>
pelos turcos do Trabzonspor com apenas 20 anos. Kakha Kaladze, que ficaria
marcado pela passagem no Milan, viveria algo semelhante, mas seguindo para o
Dinamo kievano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1992-93, o CSKA Moscou ficaria entre os oito melhores times da Liga dos
Campeões, eliminando o Barcelona, que era o último campeão. No ano seguinte, o
Spartak viveria algo semelhante. O futebol russo, que ainda conseguia manter
jogadores como Valery Karpin por um pouco mais de tempo, era, efetivamente, o
melhor.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Conflitos e rupturas</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra questão significativa que aconteceu após a Euro 1992 foi o destino de
Byshovets. Quando a Rússia assumiu seu lugar no cenário do futebol mundial, o
treinador não foi o escolhido para liderar a equipe. Coube a Pavel Sadyrin o
comando. Nascido em Molotov, mais tarde Perm, representava um estilo de
liderança muito conhecido, mas não necessariamente apreciado.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"
><b
>“Ele é conhecido como um técnico bom e duro. Provavelmente, não é a
melhor personalidade para treinar um time de estrelas. Lida-se com egos
bastante inflados, algo a que ele não está acostumado. Ele é da velha
escola de treinadores soviéticos, que eram mais ditatoriais”</b
></span
>, relatou
<a
href="https://www.amazon.com.br/Robert-Edelman/e/B001HOTVJY/ref=dp_byline_cont_pop_ebooks_1"
><span style="color: #990000;">Robert Edelman</span></a
>, professor de história russa da University of California, como registrou o
<a
href="https://12ft.io/proxy?q=https%3A%2F%2Fwww.latimes.com%2Farchives%2Fla-xpm-1994-06-12-ss-4142-story.html"
target="_blank"
><i><span style="color: #990000;">Los Angeles Times</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não se podia discutir, contudo, que seus métodos funcionavam. Em 1984 e 91,
Sadyrin levou seus times à dobradinha soviética, de Copa e Campeonato —
primeiro com o Zenit e, mais tarde, o CSKA. Nada disso evitaria a eclosão de
gravíssimos problemas internos, envolvendo inclusive importantes lideranças
políticas.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpBKzMNqfOhT1pe4QBQ-JQKS47h-ACS2FxB3mdgXDElKYnMu3nWLqCRX9Wo_qpZpNNlA9caoIgGhefIRd4u6MJDQ3E2-TycIHMTWDGcVaUq3k0t_rVpGgMoNXb6AfM0L-W_gTIcIH6AQXzJj55myC9QYef0-E3yVfNZXoRCRepucoPa5R16hdv7racig/s1369-rw/Pavel_Sadyrin_Russia.jpg"
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><img
alt="Pavel Sadyrin 1994 World Cup"
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width="430"
/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Vladimir Rodionov/Sputnik/ Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No dia 17 de novembro de 1993, em Atenas, Grécia e Rússia fizeram um jogo
decisivo. O vencedor terminaria com a liderança do Grupo 5 das eliminatórias.
Um triunfo não faria diferença para nenhuma das partes. Gregos e russos não
podiam ser alcançados pela Islândia, terceira colocada, e se classificavam os
dois primeiros. Porém, um jogo pobre do quadro treinado por Sadyrin levaria a
uma derrota marginal, 1 a 0 com gol do grego Nikos Machlas, uma expulsão de
Onopko, e a uma revolta interna.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Após o jogo, o presidente da Federação Russa, Vyacheslav Koloskov, teria ido
aos vestiários dizer o que pensava daquela derrota, acirrando os ânimos. O
dirigente também teria informado, impositivamente, que chegara a um acordo com
a Reebok, para o fornecimento de chuteiras. Sempre que estivessem ao serviço
do país, os atletas não poderiam honrar seus contratos individuais com outras
empresas, forçados a calçar a marca escolhida pelos chefes. Sadyrin estaria a
par de tudo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No rescaldo da partida, estava claro que o treinador estava ao lado dos
dirigentes, não dos jogadores.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
14 deles assinaram uma carta para Shamil Tarpischev, assessor especial de
Boris Yeltsin para esportes, requerendo a demissão do treinador e a
recontratação de Byshovets. Além disso, reclamaram de más condições de
treinamento e de receberem bonificações muito baixas. Os insurgentes eram Igor
Shalimov, Igor Dobrovolsky, Sergei Kiriakov, Andrei Kanchelskis, Yuri
Nikiforov, Valeri Karpin, Andrei Ivanov, Sergei Yuran, Igor Kolivanov, Viktor
Onopko, Dmitri Khlestov, Oleg Salenko, Vassili Kulkov e Alex Mostovoi.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Um único ponto positivo: Oleg Salenko</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Efetivamente, pouco resultado foi alcançado a partir da carta. Sadyrin não foi
demitido e Byshovets tampouco foi recontratado. Após um amistoso contra os
Estados Unidos, em janeiro de 1994, o treinador mantido demonstraria sua
disponibilidade para ceder às vontades dos atletas: “Apenas os jogadores que
querem jogar jogarão neste time. No futebol, sempre há substitutos”, reportou
o
<i
><a
href="https://12ft.io/proxy?q=https%3A%2F%2Fwww.latimes.com%2Farchives%2Fla-xpm-1994-02-01-sp-17608-story.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Los Angeles Times</span></a
></i
>. Na altura, todos os 14 estavam banidos. Aos poucos, alguns foram voltando,
como Salenko e Yuran.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Chegada a hora da convocação final para o Mundial, metade dos signatários da
carta ficou fora. Dobrovolsky, Ivanov, Kanchelskis, Kulkov, Kiriakov,
Kolyvanov e Shalimov, que supostamente assumira a condição de líder do motim.
“Até onde eu sei, eles não existem”, bradou Sadyrin. O clima, certamente, não
era dos melhores quando da viagem definitiva ao território estadunidense.
Naquela altura, Byshovets assumira o comando da Coreia do Sul e sequer seguia
disponível para um retorno tardio.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O nome de Oleg Romantsev, <a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/06/spartak-moscou-oleg-romantsev.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>treinador vitorioso do Spartak Moscou</span
></a
>, foi ventilado às vésperas do Mundial, mas seria Sadyrin o comandante dos
russos em sua primeira Copa do Mundo após a ruína da URSS. A paz nunca foi
alcançada.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A equipe estreou no certame perdendo para o Brasil, 2 a 0, com gols de Romário
e Raí. O ataque, naquela partida, ficou a cargo de Yuran, substituído
posteriormente por Salenko. No segundo jogo, derrota para a Suécia, o titular
ficou de fora e faltou a um treino. “Sim, ele está indo embora”, confirmou
Sadyrin, como noticiado pelo
<i
><a
href="https://www.independent.co.uk/sport/football-world-cup-usa-94-russia-send-yuran-home-1410935.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Independent</span></a
></i
>. A única coisa a ser celebrada pelos russos nos EUA seria a goleada no jogo
de despedida, 6 a 1, contra Camarões.
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2017/11/oleg-salenko-o-artilheiro-perdido.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>Salenko marcou cinco vezes e foi um dos artilheiros da competição</span
></a
>, ao lado de Hristo Stoichkov.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Após a participação esquecível, Sadyrin pediu demissão, elogiado por seus
superiores pela hombridade. Os atritos vividos evidenciaram as dificuldades
que a transição vivida pela Rússia impunha. Os atletas conheceram um mundo
mais aberto e deixaram de aceitar passivamente se submeter aos velhos padrões
soviéticos. E não havia mais como voltar atrás. As diferenças estavam por todo
lado, no dinheiro, estilo de vida, nos treinamentos mais avançados que
encontraram no estrangeiro.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tragédia consumada, Romantsev acertou um contrato para o ciclo seguinte.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O futebol era apenas o símbolo de algo muito maior. Como diria Svetlana
Alexievich, n’<i
><a
href="https://www.companhiadasletras.com.br/livro/9788535928266/o-fim-do-homem-sovietico"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">O Fim do Homem Soviético</span></a
></i
>, “todos estavam ébrios com a liberdade, mas não prontos para ela. Onde é que
ela estava, a liberdade? Só na cozinha, onde continuavam xingando o governo,
como de costume. Xingavam Yeltsin e Gorbachev [...] A Rússia mudou e odiou a
si mesma por ter mudado”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</style>
<div class="embed-container">
<iframe
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</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-70815673795437552002023-02-08T06:00:00.036-03:002023-03-08T11:48:56.916-03:00Na Recopa 1986-87, o Lokomotive Leipzig só parou no Ajax<div style="text-align: justify;">
<b
><span style="font-size: x-large;">N</span>o dia 11 de junho de 2006, Sérvia
e Montenegro e Holanda se enfrentaram. Era a Copa do Mundo e a partida
acontecia em Leipzig, a única sede egressa da Alemanha Oriental. O momento
celebrava a tradição da cidade, que, além disso, abrigara o sorteio dos
grupos do Mundial. Nos distantes idos de 1900, a Federação Alemã de Futebol
fora fundada também em Leipzig e o primeiro campeão nacional, em 1903, viria
dali. Outro momento esportivamente determinante para a urbe saxã seria
vivido em 1986-87, protagonizado pelo Lokomotive.</b
>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b
><br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Lok Leipzig 1987"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Reprodução Lokomotive Leipzig/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table></b
>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b
><br /><span><a name='more'></a></span></b
>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">O primeiro campeão alemão</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O futebol de Leipzig ganha forma na última década do século XIX. Dada a
fundação a partir de um clube de ginástica, mais antigo, as datas da real
origem do VfB Leipzig conflitam. Seja em 1893, ou no costumeiramente mais
aceito 1896, a equipe veria o alvorecer do século seguinte. Seria um dos 86
times que, em 28 de janeiro de 1900, filiaram-se à Federação Alemã de Futebol
(DFB).
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1903, com a organização subdividida em federações locais, os campeões
regionais se classificavam para uma competição final, que definiria o primeiro
campeão nacional. Associações de localidades próximas da Alemanha também eram
aceitas, como a de Praga. No fim das contas, apenas seis clubes se
apresentaram para o certame original, que entregava ao campeão a emblemática
taça <i>Viktoria</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do sul, vinha o Karlsruher; da região de Hamburgo, o Altona; de Brandeburgo, o
Britannia Berlin; de Magdeburgo, o Viktoria 96; de Praga, o DFC Prag; e,
representando a porção central germânica, o VfB Leipzig. A partir de um
tradicional sistema de mata-matas, os dois últimos alcançaram a decisão,
vencida pelo quadro saxão: 7 a 2. Destaque para Heinrich Riso, que marcou três
tentos. Começava a ser forjada a tradição do futebol de Leipzig.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Viktoria Trophy"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
À glória de 1903 se somariam outras duas, em 1906 e 13. O título transitaria
entre várias mãos no período, sem qualquer dominância. Após o hiato entre 1915
e 19, em que o torneio permaneceu suspenso em decorrência da Primeira Guerra
Mundial, o VfB perdeu força. O primeiro clube a alcançá-lo em conquistas, e
ultrapassá-lo, seria o Nürnberg, já nos anos 1920. Contudo, em 1936, o Leipzig
retornaria aos grandes palcos, batendo o Schalke 04 na final da Copa da
Alemanha, num apinhado Estádio Olímpico de Berlim.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Segunda Guerra eclodiria e o Leipzig voltaria a adormecer. Pior, com o fim
do conflito, acabaria dissolvido a partir dos caminhos desenhados pelos
Aliados, como a totalidade das agremiações locais submetidas à influência
soviética.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como se sabe, na repartição da Alemanha entre as zonas de influência
britânica, estadunidense, francesa e soviética, Leipzig se submeteria aos
russos; mais tarde, tornar-se-ia parte da República Democrática Alemã, com
regime “comunista e de economia planificada, dando prosseguimento à
socialização da indústria e ao confisco de terras e de propriedades privadas”,
como registra a
<a
href="https://www.dw.com/pt-br/a-divis%C3%A3o-da-alemanha-de-1945-a-1989/a-958753"
><i><span style="color: #990000;">DW</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os membros do clube o refundariam, ele passaria por mudanças de nome e fusões,
até, em 1965, tornar-se o Lokomotive Leipzig. Trocando em miúdos, Leipzig
integrava a Alemanha Oriental e, assim, disputava os campeonatos a leste do
território germânico.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
O título da Alemanha Oriental teimava em escapar
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não era fácil conquistar a Oberliga, instituída no final dos anos 1940. O
futebol era influenciado por muitos padrinhos. Os Dínamos, de Berlim e
Dresden, maiores vencedores, tinham
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2018/01/obscura-violenta-morte-lutz-eigendorf.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>ligação estreita com a polícia secreta</span
></a
>, a Stasi, respondendo diretamente ao seu dirigente máximo, Erich Mielke.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mielke acreditava piamente na importância do futebol para o fortalecimento da
imagem do Estado. “O sucesso no futebol destacará ainda mais claramente a
superioridade de nossa ordem socialista na área do esporte”, teria dito, como
registrou o
<a
href="https://www.theguardian.com/football/blog/2009/oct/22/ddr-oberliga-football-east-germany"
><i><span style="color: #990000;">Guardian</span></i></a
>. De diversas formas, inclusive forçando atletas a trocar de clube, o regime
alteraria os caminhos do futebol da RDA.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por sua parte, o Vorwärts, outro que se banhava em glórias, ficava próximo ao
Ministério da Defesa. Rumores ainda sugerem que a cidade de Karl-Marx-Stadt
(desde 1990 Chemnitz) recebia aportes estatais para manter um time forte, o
Wismut. Clubes sem conexões diretas com o poder precisavam nadar mais ainda
contra a maré: Magdeburg e FC Carl Zeiss Jena respondem pelos casos de maior
sucesso.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Lokomotive Leipzig se posicionava em uma espécie de meio termo. Quando a
Oberliga foi reestruturada, a partir de 1965, a alguns clubes foi designada a
missão de formar talentos. Entre eles estava o quadro saxão. O Lokomotive
passou a receber aporte da <i>Deutsche Reichsbahn</i>, a estatal responsável
pelas ferrovias do país. Até ali, o clube havia conquistado apenas uma Copa, e
não demoraria a dar novas demonstrações de força.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Leipzig Intertoto 1966"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Reprodução Lokomotive Leipzig/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em 1965-66, conquistou a Copa Intertoto — que não era organizada pela UEFA.
Venceu os suecos do Norrköping, na decisão. No ano seguinte, ficaria com o
vice-campeonato nacional. O que se repetiria em 1985-86 e 1987-88.
Definitivamente, a Oberliga representava um desafio de outro nível, pelas
dificuldades impostas pelo campo e pela política: após a renovação, 17 das 26
conquistas acabariam nas mãos dos Dínamos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Sempre estivemos lá em cima, terminando em segundo e terceiro. Não quero nem
falar mais sobre o que passou [...] O BFC era um time de classe. Mas nesses
dez anos [a década de 1980] houve duas equipes que deveriam ter conquistado o
título”, diria o goleiro René Müller, à revista
<a href="https://11freunde.de/artikel/bis-7-uhr-durchgemacht/412747"
><i><span style="color: #990000;">11Freunde</span></i></a
>. As copas eram ligeiramente mais democráticas e nelas o Lok se afirmaria.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Um time copeiro</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1975-76, o Leipzig venceu o Vorwärts e ficou com o título da Copa da
Alemanha Oriental e a classificação para a Recopa Europeia. No ano seguinte,
fracassou na competição continental, caindo na primeira fase diante dos
escoceses do Hearts. Em 1980-81, a história se repetiu com novo triunfo ante o
Vorwärts. Na Recopa subsequente, o time faria uma campanha melhor, batendo os
romenos do Politehnica Timișoara, na fase preliminar, os galeses do Swansea na
primeira, e os iugoslavos do Velez Mostar, adiante. Tudo isso para perder para
o Barcelona, do craque Allan Simonsen, nas quartas de finais.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cinco anos mais tarde, a vítima nacional do Lokomotive seria o Union Berlin,
massacrado: 5 a 1. Ainda não se sabia, mas, depois de duas aparições de
aquecimento, o time de Leipzig estava pronto para viver emoções mais intensas
sob os olhares da Europa.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sua estrela era um atacante de 20 anos, Olaf Marschall. Entre os garotos,
havia o lateral Heiko Scholz e o zagueiro Matthias Lindner. Eles se uniam a
uma série de jogadores mais experientes, com rodagem na seleção nacional,
casos do meia Matthias Liebers e do zagueiro Frank Baum, medalhistas de prata
nos Jogos Olímpicos de Moscou, de Uwe Zötzsche, Ronald Kreer, e do goleiro
René Müller, todos com mais de 35 internacionalizações.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"
><b
>“Não éramos um super time, mas um grupo muito coeso. Faltava o ápice
com o campeonato, mas havia outros motivos para isso [...] Nossa força
era nosso caráter, nossa unidade, e é por isso que jogamos com tanto
sucesso ao longo dos anos. A equipe não foi formada por estrelas, mas
por bons indivíduos que trabalharam muito bem em equipe”</b
></span
>, prosseguiria Müller.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Embora muitos andassem no clube há anos, o trabalho do treinador Hans-Ulrich
Thomale, de apenas 42 anos, era recente, iniciado em 1985. Não tinha muito
lastro, sem conquistas profissionais e com somente um trabalho no currículo,
liderando o Wismut. Apesar disso, comandara por quase 10 anos as categorias de
base do Carl Zeiss Jena, o que não era pouco e se sugeria fundamental para um
clube como o Lokomotive, com vários jovens para lapidar.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">A chance continental</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Alemanha Oriental tinha um historial na Recopa que não podia ser
desconsiderado. Em 1973-74, depois de superar NAC Breda, Baník Ostrava, Beroe
Stara Zagora e os portugueses do Sporting,
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/09/magdeburg-recopa-alemanha-oriental.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>o Magdeburg venceu o Milan na decisão</span
></a
>. Em Roterdã, o time de Gianni Rivera e Karl-Heinz Schnellinger, treinado por
Giovanni Trapattoni, sucumbiu: 2 a 0.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sete anos depois, seria a vez de o Carl Zeiss acessar a decisão de forma ainda
mais impressionante, tombando Roma, Valencia,
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/06/newport-county-1980-81-uefa.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">o surpreendente Newport County</span></a
>
e o tradicional Benfica. Porém, na decisão, seria
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/12/dinamo-tbilisi-winners-cup-1981.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>superado pelos soviéticos do Dínamo Tbilisi, em Dusseldorf</span
></a
>. Em comum, as decisões históricas tinham o fato nada prestigioso de terem
sido acompanhados por pouquíssimos espectadores.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não eram muitas as boas histórias dos alemães orientais na competição, mas não
eram tão poucas.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A corrida do Lokomotive, em 1986-87, começaria em Belfast. Sem vida fácil. Num
estádio The Oval às moscas, o Glentoran forçou a mão dos alemães, garantindo
um empate por 1 a 1. Mesmo a volta não seria fácil, com um triunfo por 2 a 0
sendo consumado no final da partida. A história seria similar na rodada
seguinte. Foi em Viena que começou a batalha ante o Rapid. Na ida, 1 a 1. A
volta também seria decidida nos finalmentes, mas da prorrogação: 2 a 1.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A única eliminatória mais tranquila seria diante do Sion, nas quartas de
finais. Dessa vez, a disputa começou em Leipzig. A tranquilidade, a bem da
verdade, só se viu no placar, já que no campo a única coisa que se enxergava
nitidamente era o branco da neve de um dos invernos mais rigorosos da Alemanha
Oriental. Contando com um desvio que encobriu o arqueiro do quadro suíço,
Marschall abriu o placar. Três minutos depois, Hans Richter anotaria de
cabeça. Isso tudo nos cinco minutos finais. Na volta, o zero não saiu do
marcador.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nas semifinais, o Leipzig era aguardado pelo Bordeaux, que deixara pelo
caminho Benfica e Torpedo Moscou, alinhava jogadores como René Girard, Jean
Tigana e José Touré, era treinado por Aimé Jacquet, e
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/04/bordeaux-1980s.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">já vencera duas vezes a Ligue 1</span></a
>, naquela década. Seria uma eliminatória arrepiante. Na Nova-Aquitânia, um
gol de Uwe Bredow foi o que separou as equipes. O Lok vencia, pela primeira
vez, fora de casa. Era um momento duro na temporada, com o encontro
antecipando confrontos contra os Dínamos de Berlim e Dresden.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em casa, diante de mais de 70 mil pagantes, o Leipzig viu sua vantagem
desvanecer em apenas três minutos. Zlatko Vujović marcou logo. “É claro que
você sofre o baque por um momento, mas imediatamente reage. O jogo estava
aberto, ia e voltava”, pontuou Muller. O encontro foi e voltou, mas as redes
não voltariam a balançar no tempo normal. Nem na prorrogação. O Lokomotive
treinara pênaltis antes da partida e estava preparado.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apenas Liebers desperdiçou sua chance pelo lado alemão. Seria igualado por
Philippe Vercruysse, do lado gaulês. As cobranças alternadas seriam
convocadas. Depois de Tigana e Wolfgang Altmann converterem, Muller parou
Vujović. E quem foi para a cobrança na sequência? Ele mesmo, o goleiro. Bola
na rede e fim de papo. O Lokomotive se tornava o terceiro clube da Alemanha
Oriental a alcançar a final da Recopa Europeia.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">No meio do caminho tinha um gigante</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No dia 13 de maio de 1987, um dos palcos esportivos mais especiais aguardava o
Lokomotiv Leipzig. O Estádio Olímpico de Atenas sediaria a decisão, mas com
cerca de 35 mil presentes, de um total possível de 80 mil. Havia confiança na
vitória, mas era preciso reconhecer que o adversário tinha muito mais
tradição, para além de alguns jogadores jovens muito especiais e um treinador
que prometia se tornar referência.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Ajax, comandado por Johan Cruyff, com Frank Rijkaard na retaguarda, Aron
Winter no meio, Marco van Basten no ataque e Dennis Bergkamp no banco, trazia
de volta a expectativa das glórias que notabilizaram os <i>ajacied</i>, na
década anterior. Fazia quase 15 anos desde
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2017/01/times-de-que-gostamos-ajax-1970-1973.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>o último título europeu dos amsterdameses</span
></a
>, que não facilitariam a vida do Lok. Aliás, facilidades eram tudo o que o
clube não teria.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"
><b
>“O Ajax era uma equipe jovem e promissora, mas podíamos ganhar. No
entanto, já estávamos um pouco além do ápice. Tínhamos muitos
lesionados, como Hans Richter, Dieter Kühn e Hans-Jörg Leitzke, e não
conseguimos deixar os jogadores realmente em forma. Por isso tivemos que
improvisar na final”</b
></span
>, recordaria Muller.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgueDsMloB7-b1iCGCORr5EI2lCu1vSwQzqwd1NcoAHXXnmT8z9YuGHCfur-J85NsuwihQB7oZzYTwD1w3bS9WOJD0VFUqY9S0tVZFYe8EgPaDLUrZdNqMSEWdciZZ8uxlj00xu7I-dXXJhJDLuQXdnjHbtj5JugiuvKLHHyfzIxHRi6X130YuwEP6DsQ/s1218-rw/Leipzig_Ajax_1987.jpg"
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alt="Lok Leipzig Ajax 1987"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Reprodução Lokomotive Leipzig/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br />O sonho durou 20 minutos. Rijkaard já tinha chutado perigosamente de
média distância, embora o goleiro Stanley Menzo também tivesse sido exigido
pelos alemães. Então, Sonny Silooy foi à linha de fundo e deixou Van Basten
completamente à vontade. De cabeça, o goleador marcou o gol da final. Os
holandeses seguiriam tendo mais iniciativa e oportunidades de gol, mas o
marcador não voltaria a ser modificado. Como o Carl Zeiss Jena, o Lokomotive
Leipzig era vice-campeão continental.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar disso, o ano ainda teria festejos, com o clube renovando a conquista da
Copa nacional. Contudo, na volta à Recopa, o clube teria um adversário muito
forte já no início. Com um placar agregado mínimo, 1 a 0, o Marseille
avançaria, com gol de um alemão ocidental, Klaus Allofs.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Oberliga seria disputada até 1990-91. Com a reunificação das Alemanhas, os
times do leste seriam incorporados ao sistema da Bundesliga. O Lok teria de se
acostumar a uma nova realidade, começando na segunda divisão, contra
adversários muito mais ricos. A única aparição na elite aconteceria em
1993-94, outra vez sob o nome VfB Leipzig. 10 anos depois, faliria e
recomeçaria, muito distante dos resultados do início da sua história e do
período em que fez parte da Alemanha Oriental, mas outra vez como Lokomotive.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-6970793920634279202023-02-01T06:00:00.066-03:002023-03-08T11:50:17.960-03:00Copa do Mundo de 1970: o apogeu futebolístico de Israel<div style="text-align: justify;">
<b
><span style="font-size: x-large;">A</span>ssim como o próprio Estado de
Israel, o futebol da nação que concentra a única maioria judia no mundo
viveu uma realidade conflituosa, ao longo do século XX. Em parte, isso
explica o porquê de, apesar da insuspeita paixão do israelense pelo futebol,
a seleção nacional não ter se tornado referente no Oriente Médio. Não
obstante, a única participação do país em Mundiais se tornaria motivo de
orgulho, pela qualidade de alguns jogadores e os resultados obtidos. Ela era
resultado de muito estudo, disciplina e dedicação.</b
>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b
><br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Israel World Cup 1970"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Popperfoto via Getty Images/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br
/></b>
</div>
<span><a name='more'></a></span>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Nasce o Estado de Israel</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No dia 14 de maio de 1948, a vida de todo o Oriente Médio começou a mudar. “A
Terra de Israel foi o lugar de nascimento do povo judeu, onde se formou a sua
identidade espiritual, religiosa e nacional. Aqui, os judeus realizaram sua
independência e criaram uma cultura nacional de significação universal”,
introduzia o texto da proclamação da República de Israel. Trechos da carta
foram reproduzidos na <i>Folha da Manhã</i>, que dedicava a manchete ao
acontecimento internacional.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"
><b
>“Exilados da Palestina, os judeus permaneceram fiéis a ela, em todos os
países para onde se dispersaram [...] O massacre nazista, que vitimou
milhões de judeus na Europa, provou, de novo, a necessidade urgente de
restabelecer o Estado judaico e resolver-se o problema dos sem pátria
semitas”</b
></span
>, continuava a composição.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já no dia seguinte, o mundo começava a reconhecer o estado que ali surgia. Os
Estados Unidos seriam os primeiros a fazê-lo, seguidos pela Guatemala.
Rapidamente, nações como Rússia, Suécia e Brasil os acompanhariam. No entanto,
o acontecimento começou a gerar sangrentas consequências de imediato.
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoadrqsChBmg1f8F3zoScuviL-tmhdDFbSN2gebHcnIQqPzWDK4gysX4m3oKWe90M7nlC_KusaF1Y1sHaZIiguoecXfJvwX07Q7rVHgcxrkaVU_DPPJ2BkmsuZJnLOsmA-s4Qm_L1CzBVs9sVzky3ewqX3LFIHhOM4P5n1in9zzdMCg6EvmPTfzb95Dw/s4828-rw/209712.png"
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><img
alt="Formação Estado de Israel Folha da Manhã"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Arquivo: Folha de São Paulo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No próprio dia 15, a <i>Folha da Noite</i> trazia a notícia de que Tel-Aviv
fora bombardeada, segundo a <i>American Broadcasting Company</i>, por “aviões
inimigos”. Eventos como esse se tornariam comuns, em toda a região.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“A principal força de perturbação [no Oriente Médio] era Israel, onde os
colonos judeus construíram um Estado judeu maior do que o que fora previsto
sob a partilha britânica [...] Israel também se transformou na mais formidável
potência militar da região e adquiriu armas nucleares, mas não conseguiu
estabelecer uma base estável de relações com os Estados vizinhos”, narra Eric
Hobsbawm, em
<i
><a
href="https://www.amazon.com.br/Era-dos-extremos-breve-s%C3%A9culo-ebook/dp/B00LEWRIVC"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Era dos Extremos</span></a
></i
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tal contexto influenciaria os caminhos percorridos pela seleção israelense de
futebol.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
Problemas geopolíticos com repercussões esportivas
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O território onde se estabeleceu o Estado de Israel integrava os quadros da
FIFA desde 1929, sob o Mandato Britânico da Palestina. Disputara, pois, as
eliminatórias para os Mundiais de 1934 e 38, primeiro entre asiáticos e
africanos; depois, contra os europeus Hungria e Grécia. Tal indefinição acerca
da confederação continental a que pertenceria persistiria com a
independência.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A partir de 1954, integraria a Confederação Asiática de Futebol. Como se
esperava, as nações árabes e islâmicas boicotaram a presença israelense;
algumas consequências seriam insólitas. Em 1958, por exemplo, diante da recusa
dos demais países a enfrentar Israel, a seleção se classificaria diretamente
para o Mundial, sem jogar uma partida sequer. Primeiro Turquia, depois Egito e
Indonésia, e, por último, o Sudão deixariam as eliminatórias. O caminho estava
aberto para os israelenses.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Contudo, a FIFA não admitiria a classificação de uma equipe que, efetivamente,
não disputara um lugar na Copa do Mundo. Portanto, instituiu um
<i>playoff </i>contra o País de Gales, segundo colocado de seu grupo nas
eliminatórias europeias e escolhido em sorteio. Os galeses venceriam as duas
partidas e Israel teria de aguardar mais alguns anos por uma chance de
alcançar o mais elevado palco do futebol internacional.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nas duas eliminatórias seguintes, para evitar a repetição do que ocorrera em
1958, Israel lutaria pela classificação na zona europeia. Os resultados
esclareceriam que, esportivamente, o quadro azul e branco não poderia
permanecer ali. Em 1962, os israelenses perderam a vaga para a Itália,
sofrendo com a imposição de um implacável placar agregado de 10 a 2. Quatro
anos depois, num grupo com Bélgica e Bulgária, perderiam todos os jogos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outros fatos importantes marcaram as qualificatórias de 1966. Indignado por
não possuir sequer uma vaga direta ao Mundial, o continente africano boicotou
o certame sediado na Inglaterra — a consequência tardia seria a atribuição de
um lugar específico para a África na Copa do Mundo de 1970. Com isso, Israel
foi alocado nas eliminatórias de Ásia e Oceania. No Grupo 2, enfrentaria Nova
Zelândia e Coreia do Norte.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os norte-coreanos vinham de uma participação brilhante no Mundial inglês.
Todavia, os <i>Chollima </i>se recusariam a atuar em solo israelense. Os
países nunca possuíram relações diplomáticas, com os peninsulares não
reconhecendo a independência de Israel. Este estado, por sua parte, reconhecia
na Coreia do Sul o único governo legítimo de toda a Coreia. Ao longo dos anos,
diversos focos de animosidade entre os dois países surgiriam.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A consequência da divergência seria a exclusão da Coreia do Norte. Com duas
vitórias diante dos neozelandeses, Israel ficava próximo de se classificar
para o Mundial.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Sucesso pelas mãos de Emmanuel Scheffer</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Judeu nascido na Alemanha, era filho de pais poloneses, concebidos em
território que, mais tarde, pertenceria à Ucrânia. Viveria, ainda, na França
e, com a Segunda Guerra Mundial, na Polônia, a Ucrânia, o Azerbaijão e o
Cazaquistão — até retornar ao território polaco, com o fim do conflito, pouco
mais de 20 anos nas costas e já tendo perdido todo o contato com a família. Na
Breslávia, iniciaria uma trajetória longa no futebol. Seu nome era Emmanuel
Scheffer.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A estadia no território de origem de seus pais duraria pouco. Convocado a
prestar o serviço militar, Scheffer passaria por outro périplo, transitando
por Tchecoslováquia, Áustria e Itália, até se tornar mais um filho da diáspora
judaica a retornar ao Oriente Médio. Era o início da década de 1950, quando
chegou a Israel, concluindo a <i>Aliá</i>. Enquanto tentava se reestruturar
ganhando um dinheiro como mecânico, voltou-se para o futebol. Primeiro,
representou o Hapoel Haifa; adiante, o Hapoel Kfar Saba, chegando a defender o
país.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div>
Era 1957, quando sua carreira foi abreviada por uma lesão e ele optou pela
trajetória de treinador.
</div>
<div><br /></div>
</div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Emmanuel Scheffer Israel"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: IMAGO/Horstmüller/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em constante ascensão, assumiria o comando da seleção israelense pouco mais de
uma década depois, em 1968. O sobrevivente do holocausto, forçadamente cidadão
do mundo, chegava ao ápice.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não tinha sido um período fácil, contudo. Para avançar, Scheffer retornaria ao
território germânico. Em Colônia, a Deutsche Sporthochschule (Escola Superior
de Desportos da Alemanha) abria espaço para jovens judeus. Lá, estudaria e
conheceria um grande amigo e mentor, Hennes Weisweiler, mais tarde icônico
treinador de
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2015/06/times-de-que-gostamos-borussia.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Borussia Mönchengladbach</span></a
>,
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/04/weisweiler-treinador-cruyff-barcelona.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Barcelona</span></a
>
e
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2019/10/colonia-destronou-gladbach-lutou-europa.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Colônia</span></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A simpatia de Weisweiler, conta-se, surgiria do desejo de, como alemão,
oferecer algum tipo de reparação ao povo judeu, por menor que fosse. Na
escola, era o sucessor de Sepp Herberger, campeão mundial com a Alemanha em
1954. Mas aquele movimento, além dos motivos óbvios, estava longe de ser fácil
para Emmanuel. A Alemanha Ocidental apenas estabeleceria relações diplomáticas
com Israel em 1965. Scheffer já saíra de lá.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na volta para o Oriente Médio, o treinador empreendeu algo inesperado. Para
aplicar seus conhecimentos teóricos, assumiu a seleção israelense sub-19.
Durante quatro anos, entre 1964 e 67, venceu a Copa da Ásia da categoria. Uma
nova geração de atletas surgia, entre os quais Mordechai Spiegler e Giora
Spiegel. “A maioria dos jogadores era como eu: saíam do exército e eram
estudantes, ou tinham um emprego além do futebol. Basicamente, trabalhávamos
de manhã e jogávamos futebol à tarde”, contou o último à revista
<a
href="https://k-larevue.com/en/how-emmanuel-shaffer-led-israels-football-team-to-the-world-cup-in-1970/"
><i><span style="color: #990000;">K.</span></i></a
>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVqHtZ7pG5JWBtXVsESDT6YgYocYt-piUvX3mVvtxdNbUnXLU-f4dLE9Cx6wJzO-d9UvMC_tbcIgSc5JIhXOBtNNHziVUhhB0At2PQBGw5zJTDYkXeFUiGCkAdyg-VEPoaHqTMnwI0K2brh5SwkMTlRzJYxwTDwuC9N-Y2GF_ZQieC1H4z7ZkWVWzVkw/s1298-rw/Scheffer_Israel_Players.jpg"
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><img
alt="Scheffer Israeli Players"
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height="364"
src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVqHtZ7pG5JWBtXVsESDT6YgYocYt-piUvX3mVvtxdNbUnXLU-f4dLE9Cx6wJzO-d9UvMC_tbcIgSc5JIhXOBtNNHziVUhhB0At2PQBGw5zJTDYkXeFUiGCkAdyg-VEPoaHqTMnwI0K2brh5SwkMTlRzJYxwTDwuC9N-Y2GF_ZQieC1H4z7ZkWVWzVkw/w640-rw-h364-rw/Scheffer_Israel_Players.jpg"
width="640"
/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: IMAGO/Horstmüller/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<b
><span style="font-size: large;"
>“Muitas vezes, discordei dele [Scheffer], mas ele estava simplesmente
aplicando o <i>know-how</i> tático e gerencial que aprendera na
Alemanha. Quando não estava fazendo os novatos correrem como loucos, era
o nutricionista de plantão, analisando o estilo de vida e a alimentação
de seus jogadores. Ele era hipertenso, sempre desconfiado”</span
></b
>, continuaria Spiegel.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era impossível fugir da conclusão de que o treinador mudara os caminhos do
futebol israelense. O profissionalismo chegara ao país. “Foi um inovador e
insistiu em fazer três treinos por dia, uma exigência que duvido que os
jogadores atuais aceitassem. Foi uma honra ter sido treinado por ele”, relatou
o meio-campista Itzhak Shum, ao
<a
href="https://pt.uefa.com/insideuefa/news/0204-0f882dd00c15-ed3c8ba05a46-1000--israel-de-luto-pelo-inovador-scheffer/"
><span style="color: #990000;">site da UEFA</span></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Das Olimpíadas à Copa do Mundo</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Após os sucessos no escalão sub-20, Israel começaria a mostrar nível
internacional nos Jogos Olímpicos de 1968. O elenco escolhido para a viagem à
Cidade do México era basicamente o mesmo que disputaria as Eliminatórias para
a Copa do Mundo de 1970.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alocados no Grupo C, com Hungria, Gana e El Salvador, os Azuis e Brancos
passaram bem por seus desafios. A derrota esperada diante dos Magiares,
efetivamente, aconteceu, mas os israelenses venceram os outros desafios e
avançaram de fase. Nas quartas de finais, pararem na Bulgária, mas apenas no
cara ou coroa, após empate por 1 a 1. Curiosamente, húngaros e búlgaros fariam
a final do certame.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De volta às partidas qualificatórias para o Mundial de 1970, Israel teve uma
vantagem na partida decisiva contra a
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/02/australia-1974-copa-mundo.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Austrália</span></a
>. Fazia mais de dois meses desde os jogos contra a Nova Zelândia. Por outro
lado, os <i>aussies </i>precisaram de um encontro extra ante a Rodésia para
chegarem à decisão. E tudo isso aconteceu em Moçambique, já no fim de novembro
de 1969. Quatro dias depois, tendo passado por Lisboa, Roma e Atenas até
chegar a Tel-Aviv, cansados, os oceânicos perdiam a partida de ida, 1 a 0. Na
volta, um empate por 1 a 1, classificaria Israel. Era a última equipe
qualificada.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3Xu5K30BtqjU-oGlfK0S5jRrRVNHFkG1VVC4leEa5h6vX2cS6uQjyWE3TurkzY640akNpqnR9EQx9y4Y1f3RpFpvRd8kIeLgYMail2XM7GKcpxxKGC4sLB5OnWE9L-J3dPQmoq3acoJd9fS1XByQFwdBUSx5lfwgy4wEwVfEasCAYksTKv-uagaI0kA/s610-rw/5417191.jpg"
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><img
alt="Israel vai à Copa do Mundo de 1970 Folha"
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src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3Xu5K30BtqjU-oGlfK0S5jRrRVNHFkG1VVC4leEa5h6vX2cS6uQjyWE3TurkzY640akNpqnR9EQx9y4Y1f3RpFpvRd8kIeLgYMail2XM7GKcpxxKGC4sLB5OnWE9L-J3dPQmoq3acoJd9fS1XByQFwdBUSx5lfwgy4wEwVfEasCAYksTKv-uagaI0kA/w552-rw-h640-rw/5417191.jpg"
width="552"
/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Arquivo: Folha de São Paulo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
“Ninguém acreditava nas possibilidades da Coreia do Norte na Inglaterra, mas
ela se classificou para as quartas de final, e também nós poderemos causar
surpresas. Mas o importante é que estaremos no México e muitas equipes famosas
terão de ficar em casa”, disse Scheffer após a classificação, como registrou a
<i>Folha</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar da alegria esperada com a classificação, é improvável que algum
israelense tenha ficado animado ao saber quem seriam os primeiros adversários
de seu selecionado. Para evitar problemas políticos, Israel e Marrocos não
ocupariam o mesmo espaço. No Grupo 2, ao lado dos Azuis e Brancos, estariam
Itália, Suécia e Uruguai. Dois campeões e uma finalista. Não havia como
duvidar do fato de que Israel estava, sim, em uma Copa do Mundo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div></div>
<blockquote>
<div>
<span style="font-size: large;"
><b
>“Fomos ao México e nosso coração estremeceu. Éramos jogadores
anônimos que viam as estrelas da Copa do Mundo, comandadas pelo grande
Pelé, em ação apenas nos cinemas, em diários ou em 8mm filme preto e
branco”</b
></span
>, disse o lateral-esquerdo Shmuel Rosenthal, como registrou o
<b
><a
href="https://www.fifa.com/tournaments/mens/worldcup/1970mexico/news/israel-celebrate-mexico-70-milestone"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">site oficial da FIFA</span></a
></b
>.
</div>
</blockquote>
<p> </p>
<style>
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</div>
<div><br /></div>
</div>
<h3 style="text-align: justify;">Afinal, as favas não estavam contadas</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se o calor não era tão intenso quanto aquele registrado nas partidas que
aconteciam ao meio-dia, o encontro do fim da tarde do dia 2 de junho de 1970,
em Puebla, teve na chuva intensa um obstáculo. O Uruguai de Ladislao
Mazurkiewicz, Pedro Rocha (que se lesionaria) e Luis Cubilla venceria Israel,
com um gol em cada tempo. Na etapa inicial, Ildo Maneiro iria às redes; no
segundo, Juan Mujica.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não seria, porém, um triunfo convincente. <i>O Globo</i> ressaltaria “a
facilidade que não houve”, ainda que registrasse que os israelenses tinham
pouco mais do que garra: “Inexperientes em todos os setores, até na
distribuição em campo, devem agora estar carregando o seu goleiro [Itzhak]
Vissoker nos ombros, pois ele foi o salvador da pátria [...] não há dúvida de
que o treinador Scheffer tem afirmado sempre que veio para aprender e
esperamos que consiga mesmo”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O segundo confronto seria diante dos suecos, cinco dias mais tarde. Agora, em
Toluca; dessa vez, no temido meio-dia. “Sempre que vejo as imagens do gol na
televisão, fico com medo de que o goleiro pegue a bola. Felizmente ele não fez
isso até hoje”, comentou Spiegler, em entrevista ao
<a
href="https://www.dfb.de/maenner-nationalmannschaft/news-detail/israels-fussball-legende-spiegler-diesmal-schaffen-wir-es-33942/full/1/"
><span style="color: #990000;"
>site oficial da Federação Alemã de Futebol</span
></a
>. Israel marcaria um gol. Mais do que isso, somaria um ponto, o primeiro de
sua história. Ao garantir um empate por 1 a 1, tornava-se a primeira grande
surpresa do Mundial de 1970.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na altura, Scheffer já acreditava que, se não fosse a chuva da estreia, podia
até mesmo ter conseguido um resultado melhor ante a <i>Celeste</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Faltava mais um jogo, contra a Itália. “Os italianos têm que defender uma
posição; nós temos apenas que recolher ensinamentos. Entretanto, uma coisa não
precisamos aprender: vontade de vencer. Isso não é surpresa para ninguém, pois
está em todos os amadores”, falaria o treinador no pós-jogo ante os suecos.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Novamente em Toluca, mas agora às 16h, o time de Spiegel, Spiegler, Rosenthal
e Vissoker subia ao gramado para encontrar uma potência. Comandada por
Ferruccio Valcareggi, a <i>Nazionale</i> escalava gente como Giacinto
Facchetti, Sandro Mazzola, Roberto Boninsegna e
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/12/1969-1970-cagliari-scudetto.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Gigi Riva</span></a
>. A vitória estava certa? Parecia provável, mas o empate italiano contra o
Uruguai suscitara dúvidas quanto ao potencial da <i>Azzurra</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O jogo seria lembrado pela qualidade demonstrada pelas equipes. Apesar disso,
o zero não deixaria o marcador. A tristeza do treinador Emmanuel Scheffer
seria apenas uma: “Se voltar a jogar contra o Uruguai, não perderei de maneira
alguma. A chuva e o gramado escorregadio derrotaram mais a minha equipe do que
os uruguaios e contra eles não seria empate como foi contra Suécia e Itália,
seria vitória”.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com confiança, a seleção israelense deixava o México. Scheffer logo deixaria o
comando, com sua missão cumprida. Para alguns jogadores, a competição abriria
portas. Giora Spiegel faria carreira na França, militando em Strasbourg e
Lyon; Mordechai Spiegler também, por Paris FC e PSG — antes de partir para o
NY Cosmos, onde se juntou a David Primo. Já Rosenthal passaria, sem sucesso,
pelo Borussia Mönchengladbach, que poderia ter sido o destino de Spiegler.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<b
><span style="font-size: large;"
>“Quase assinei um contrato. Com Allan Simonsen, Henning Jensen e meu
compatriota Shmuel Rosenthal, o Gladbach já tinha três estrangeiros no
elenco — mais não eram permitidos na época — acabei me mudando para
Paris”</span
></b
>, recordaria ao
<a
href="https://www.dfb.de/maenner-nationalmannschaft/news-detail/israels-fussball-legende-spiegler-diesmal-schaffen-wir-es-33942/full/1/"
><span style="color: #990000;"
>site oficial da Federação Alemã de Futebol</span
></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A participação no Mundial de 1970 não acarretaria nada de positivo para a
seleção. Israel não voltaria aos grandes palcos. Deixaria a filiação à
Confederação Asiática, passaria pela da Oceania e, nos anos 1990, chegaria à
UEFA. Se diplomaticamente a solução foi boa, não se pode dizer o mesmo pelo
panorama esportivo. Bons jogadores até surgiriam, como Ronny Rosenthal, Yossi
Benayoun e Eran Zahavi. Ainda insuficientes. A viagem ao México segue sendo o
grande feito, e inspiração, do futebol israelense.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-72346147468490129702023-01-25T06:00:00.115-03:002023-03-08T11:51:29.941-03:00Entre 1985 e 87, a Libertadores escapou do América de Cali<div style="text-align: justify;">
<b
><span style="font-size: large;">“O</span> novo capo dos capos, o que manda
em tudo, é o dom Gilberto”, ouviu Juan Pablo Escobar, filho de Pablo.
<i>El Patrón</i> estava morto e o Cartel de Cali dominaria o narcotráfico
colombiano. É o que se lê em
<i
><a
href="https://www.amazon.com.br/Pablo-Escobar-meu-pai-Juan-ebook/dp/B01DUP7DIS/ref=sr_1_2?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=3TW15ID1KBJ7K&keywords=Pablo+Escobar%3A+Meu+Pai%3A&qid=1674556302&s=books&sprefix=%2Cstripbooks%2C188&sr=1-2"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Pablo Escobar: meu pai</span></a
></i
>. Gilberto, um dos irmãos Rodríguez Orejuela, envolvera-se diretamente na
eliminação do chefe do Cartel de Medellín. A disputa existia há tempos; ia
além da cocaína. Em comum, viviam o futebol. Não só pela paixão própria do
esporte, mas também pelas possibilidades de lavagem de dinheiro. A pujança
do cartel calenho ficaria estampada no desempenho, sem precedentes,
alcançado pelo América.</b
>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b
><br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnlWsiVAjdsMfgllb_8UGU0dlM7-LtnaVRFwCw7lqNyH9wNwQPsIBw9qD84iNOuDW97EmbG0a0PVSf3XVJdO9B8pxXORCU1Un5nvJW5WGF2CRWLqB1bNoArfubUKwIR6mlkLH6f5nBqXasD3-tUQZNREfdBi1gDflGDAJ5bLxwpsvr0RpHzlzJKHVTRw/s1518-rw/Am%C3%A9rica-1987.jpg"
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><img
alt="América de Cali 1987"
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data-original-width="1518"
height="364"
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width="640"
/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Revista del América/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br /></b
><span><a name='more'></a></span>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">O América de Cali começa a vencer</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eram os anos 1970 e a América sangrava. “A dívida externa latino-americana
era, em 1975, quase três vezes maior do que em 1966”, relatou Eduardo Galeano,
n’<i
><a
href="https://www.amazon.com.br/veias-abertas-Am%C3%A9rica-Latina-comemorativa/dp/6556661864/ref=sr_1_2?keywords=as+veias+abertas+da+am%C3%A9rica+latina&qid=1674556416&s=books&sprefix=As+Veias+%2Cstripbooks%2C254&sr=1-2&ufe=app_do%3Aamzn1.fos.6d798eae-cadf-45de-946a-f477d47705b9"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>As veias abertas da América Latina</span
></a
></i
>. O continente de profundas contradições e idiossincrasias tinha na Colômbia
um exemplo óbvio. Tratava-se de um país que “a maioria das pessoas educadas no
mundo” reconhecia pela <i>magnum opus</i> de Gabriel García Márquez,
<i
><a
href="https://www.amazon.com.br/anos-solid%C3%A3o-Gabriel-Garcia-M%C3%A1rquez/dp/8501012076/ref=sr_1_1?keywords=cem+anos+de+solid%C3%A3o&qid=1674556479&s=books&sprefix=Cem+Anos+%2Cstripbooks%2C203&sr=1-1"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Cem anos de solidão</span></a
></i
>. Mas que, no entanto, estava em vias de ser “identificado com a cocaína”,
segundo Eric Hobsbawn, n’<i
><a
href="https://www.amazon.com.br/Era-dos-extremos-Eric-Hobsbawm/dp/8571644683/ref=sr_1_1_sspa?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=2Z24C1UNYDOWT&keywords=a+era+dos+extremos&qid=1674556499&s=books&sprefix=a+era+dos+extremo%2Cstripbooks%2C203&sr=1-1-spons&psc=1&spLa=ZW5jcnlwdGVkUXVhbGlmaWVyPUEyN0tIRjY2QVJHVEc1JmVuY3J5cHRlZElkPUEwMjY0MTA1MUtZMUI3WEZNOFZESiZlbmNyeXB0ZWRBZElkPUEwMjE5ODgzMlhSQUtUWjE4RElEVyZ3aWRnZXROYW1lPXNwX2F0ZiZhY3Rpb249Y2xpY2tSZWRpcmVjdCZkb05vdExvZ0NsaWNrPXRydWU="
target="_blank"
><span style="color: #990000;">A era dos extremos</span></a
></i
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1979, fazia mais de 20 anos desde que o futebol nacional vivera seus
momentos de maior brilho. Curiosa mas não surpreendentemente, a partir da
instituição de uma liga pirata, movida pelo dinheiro de vários empresários,
sem limite de estrangeiros e que não indenizava os clubes originários dos
craques que aportavam volumosamente — à margem dos regulamentos da FIFA. O
período ficaria conhecido como <i>El Dorado</i>, notabilizado pelas
performances do
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2022/03/millonarios-ballet-azul-.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>Millonarios, de Adolfo Pedernera e Alfredo Di Stéfano.</span
></a
>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, uma nova aurora surgia para o futebol colombiano. Dessa vez, fomentada
pelos milhões do narcotráfico. Em Cali, o time de maior sucesso era o
Deportivo. O <i>Azucarero </i>conquistara o Campeonato Colombiano cinco vezes.
Era, portanto, natural que fosse o preferido do cartel que surgia na cidade.
Os irmãos Rodríguez Orejuela, Miguel e Gilberto, tentaram se tornar influentes
na equipe; esbarraram em Alex Gorayeb.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O colombo-filipino, de ascendência russo-libanesa, vivia uma segunda passagem
como presidente do Deportivo. Era um dos responsáveis por uma impressionante
recuperação econômica vivida pelo <i>Decano </i>nos anos 1960. O time daria
exemplo de estabilidade na década seguinte. Por isso, Gorayeb interferiria
diretamente quando, em 1977, Gilberto tentou se tornar acionista majoritário
do clube. A bem da verdade, o próprio estatuto do clube dificultava as
hipóteses dos irmãos. Com portas fechadas no <i>Azucarero</i>, buscaram o
popular, mas menos bem-sucedido, América.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYX0AJV3R_sy8K2RGXRaSqND8Xoo_td-O_W7aWGo2YargKGlHgeGsY84nnZE-xHpKaMgVhkCv62-pngM9oYe6GLKRis4MUIuLZ_rYXeU4wNf6ZVVvLoFdgGE6d5wmOC_nFcYYqVbNpOVTTujS2iD2VLGcyaGNg77pABOa_lMs8566bBPDAxnn5a2uxAw/s1518-rw/Gabriel-Ochoa-Uribe-Am%C3%A9rica.jpg"
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><img
alt="Gabriel Ochoa Uribe América Cali"
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src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYX0AJV3R_sy8K2RGXRaSqND8Xoo_td-O_W7aWGo2YargKGlHgeGsY84nnZE-xHpKaMgVhkCv62-pngM9oYe6GLKRis4MUIuLZ_rYXeU4wNf6ZVVvLoFdgGE6d5wmOC_nFcYYqVbNpOVTTujS2iD2VLGcyaGNg77pABOa_lMs8566bBPDAxnn5a2uxAw/w640-rw-h538-rw/Gabriel-Ochoa-Uribe-Am%C3%A9rica.jpg"
width="640"
/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Archivo El Tiempo/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Giuseppe Sangiovanni se mostraria mais inclinado a dialogar com os Rodríguez
Orejuela. Não apenas os <i>Escarlatas </i>não tinham uma condição financeira
tão favorável quanto a do rival, também viviam à míngua de títulos. Nunca
haviam conquistado o Campeonato Colombiano.Vinculando os dois períodos dorados
do futebol colombiano, Gabriel Ochoa Uribe seria contratado para comandar o
América.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ele surgira no próprio clube e se notabilizara no Millonarios como atleta, nos
anos 1950, e, logo depois, treinador — vencendo um tetracampeonato nacional,
entre 1961 e 64, maior sequência histórica ininterrupta no país, até então.
Vencedor também no Santa Fé, era um ícone nacional. Só uma pessoa com essa
estatura poderia exigir que o clube deixasse de exibir o tradicional diabo no
escudo; ele entendia que atraía azar. Já em 1979, o América, sem o tinhoso no
emblema, seria campeão nacional.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Começa uma saga irrepetível de vitórias</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os Orejuela injetaram muito dinheiro no América. Para se ter uma ideia, os
capos chegariam a se acertar com Diego Maradona, em tempos de Argentinos
Juniors. Porém, o <i>Dios </i>seria aconselhado, mais tarde, a desistir do
negócio. Não haveria rusgas com os acionistas do América, que continuariam
tendo uma boa relação com Dieguito, marcada por trocas eventuais de presentes.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os narcotraficantes fariam parte de uma diretiva composta por, além do
presidente Sangiovanni, o notável advogado Manuel Francisco Becerra, um rosto
idôneo perante o público, e a gerente de futebol Beatriz Uribe de Borrero, a
<i>Dama del Fútbol </i>— primeira mulher a desempenhar funções diretivas no
futebol colombiano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhts6qv83kvvcLk_RAXgSaRG4WHPBZZC6jmDw7REpTOVY1_fz6rB-5OpcrYnn0SVn0u0lDEInHi_e0up3wbG1aRJlaemhblIx6VzlaBLsl1RU0XpyI_qYi4z-U568PE405KajET7xrpEW2mfQqqFIQWdzeRUpw9bPwLN3OzAAn5GwnWQr89tDPxw2r9sw/s1010-rw/Maradona-Am%C3%A9rica.jpg"
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><img
alt="Maradona América Cali"
border="0"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"
><b
>“Depois de uma longa carreira diplomática, voltei a Cali e descobri que
a presidência do clube estava nas mãos daquele grande homem que é
Ricardo León Ocampo, com a vice-presidência de um não menos exemplar:
<i>Pepino </i>Sangiovanni. Ambos viram em mim a pessoa certa para
assumir a direção geral da instituição, então vaga por circunstâncias
especiais”</b
></span
>, diria a própria Beatriz, ao
<a
href="http://historico.elpais.com.co/paisonline/deportes2003/notas/Marzo032009/depor5.html"
><i><span style="color: #990000;">El País</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A partir daquele momento, viveu-se um período peculiar para os envolvidos na
causa vermelha. A origem dos recursos do clube incomodava parte dos
torcedores, embora fosse maquiada por movimentações envolvendo empreendimentos
das mais diversas áreas, como laboratórios, drogarias, bancos e empresas de
comunicação. Contudo, a ausência de conquistas machucava. Um sentimento de
gratidão aos Rodríguez Orejuela surgiria. Era um cenário difícil, pela
primeira vez o América vencia e, mais do que isso, convencia. Inclusive, bons
jogadores do cenário sul-americano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os primeiros seriam os paraguaios Juan Manuel Battaglia e Gerardo González
Aquino, ambos provenientes do Cerro Porteño. Brevemente, o veterano Ladislao
Mazurkiewicz defenderia a meta dos <i>Diablos Rojos</i>. Já no início dos anos
1980, o mítico goleiro uruguaio seria substituído por outro nome importante: o
argentino Julio César Falcioni, contratado ao Vélez Sarsfield. Na mesma época,
o atacante Roque Alfaro, cria do Newell’s Old Boys, chegaria.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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><img
alt="Julio Cesar Falcioni América Cali"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de um hiato de dois anos, em que Junior de Barranquilla e Atlético
Nacional se sagraram campeões, o América iniciou a mais impressionante
carreira vista na Colômbia. Em 1982, os <i>Escarlatas </i>já haviam revelado
os talentosos Anthony de Ávila, conhecido como <i>Pitufo </i>(“Smurf”), e
Humberto Sierra. Este marcaria 22 gols, no segundo título do América.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
Hegemonia em casa e crescimento no cenário internacional
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No ano seguinte, a conquista seria renovada. Curiosamente, os vermelhos não se
destacariam no Apertura e no Finalización. Fariam, porém, o suficiente para
avançar ao octogonal final que, de fato, era a única coisa importante. Na Hora
H, despertariam. Venceram sete jogos, empataram cinco e perderam dois. Foi o
suficiente para somarem mais pontos do que o Junior.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nada disso teria sido possível sem os 22 gols anotados pelo grande contratado
do ano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Willington Ortiz, considerado o maior jogador colombiano de sua geração,
chegara desde o rival Deportivo. Trazia a experiência de dois títulos
nacionais com o Millonarios. Em Bogotá, fora treinado por Gabriel Ochoa Uribe;
ademais, representara a Colômbia em mais de uma Copa América. Aos 31 anos,
estava no auge, o que ficara evidente com a vice-artilharia do Campeonato
Colombiano de 1983. Sua chegada era também motivada pelo sonho continental.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O América de Cali esperava desempenhar bem na Copa Libertadores. Dividiu o
Grupo 3 com Tolima e os peruanos Universitario e Alianza Lima. Com a
liderança, foi às semifinais. Agora no Grupo 1, Grêmio e Estudiantes se
revelariam adversários mais experientes e melhores. Os calenhos venceriam
apenas um jogo, ante o Tricolor Gaúcho, em casa.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para renovar as expectativas, os Rodríguez Orejuela convenceram os peruanos
Guillermo La Rosa, atacante, e César Cueto, meia, ambos da seleção, a trocar o
Atlético Nacional pelo América. Em 1984, a história no Campeonato Colombiano
seria diferente. Os <i>Escarlatas </i>venceriam os dois turnos, além do
octogonal final. Inquestionavelmente, eram o melhor quadro do país.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É justo dizer que o América não tinha uma vantagem desproporcional por receber
aporte financeiro do Cartel de Cali. Várias equipes, como Millonarios,
Atlético Nacional e Independiente Medellín, também eram impulsionados pelo
narcotráfico. A relação dos clubes com os líderes de cartéis podia não ser tão
umbilical, mas existia e fazia com que o futebol local, efetiva e
controversamente, fortalecesse-se.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na Libertadores, o time teria azar. Cairia no Grupo 3, com os brasileiros:
Santos e Flamengo — além do Junior. A campanha não seria ruim, mas o
Rubro-negro seria forte demais para o América, avançando invicto.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Paralelamente, a NASL vivia o que seria sua última temporada. O futebol não
emplacara nos Estados Unidos. Isso significava o retorno de alguns craques à
América do Sul. Entre eles, o paraguaio Roberto Cabañas, ex-Cosmos. O atacante
se juntaria aos calenhos para 1985, ano em que o América ficaria com o
tetracampeonato colombiano, alcançando o recorde histórico do Millonarios dos
anos 1960.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cansados de esperar, os Rodríguez Orejuela quebraram a banca. Além de Cabanãs,
incorporaram os meias selecionáveis Pedro Sarmiento e Hernán Herrera, ambos
ex-Atlético Nacional, além do zagueiro Álvaro Escobar, ex-Independiente
Medellín. A situação do time era tão boa que podia se dar ao luxo de tirar o
goleiro Pedro Zape do Atlético Nacional. Era o titular da seleção colombiana e
chegava para a reserva de Falcioni.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
Argentinos impedem a Libertadores de chegar à Colômbia
</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Copa Libertadores de 1985 começaria bem para os <i>Escarlatas</i>. No Grupo
3, encontrariam Millonarios e os paraguaios Cerro Porteño e Guaraní. As coisas
entre os guaranis andavam tensas, o <i>Azulgrana </i>tomara o treinador
Cayetano Ré do <i>Cacique</i>. O Cerro até daria trabalho, mas não impediria o
avanço de fase do América. Nas semifinais, os adversários seriam o equatoriano
El Nacional e o uruguaio Peñarol. Apesar de uma derrota na altitude de Quito,
os colombianos passearam, computando vitórias impositivas como 4 a 0, ante os
<i>Carboneros</i>, e 5 a 0, contra a <i>Maquina</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com todos os méritos, chegaram à final. A decisão teria membros inéditos, com
o América enfrentando o
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2020/11/argentinos-juniors-1985-1986-maradona.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">Argentinos Juniors</span></a
>. Fazia pouco tempo que os calenhos haviam contratado mais uma estrela.
Depois da polêmica transferência do Boca Juniors para o River Plate, Ricardo
Gareca chegara para abrilhantar ainda mais o ataque dos <i>Diablos Rojos</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Gareca América Cali"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Revista del América/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os dois jogos previstos terminariam iguais. Na Argentina, o
<i>Bicho </i>venceria por 1 a 0, gol de Emilio Commisso. Na Colômbia, o
América triunfaria também pela margem mínima, tento de Ortiz. Um terceiro
encontro seria convocado. O palco seria o Defensores del Chaco, em Assunção.
Haveria polêmica. Após a disputa do segundo confronto, os times precisavam
chegar à capital paraguaia.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O América conseguira uma alternativa com menos escalas, acompanhando a seleção
colombiana, que também se deslocava para Assunção. Os argentinos seriam
incluídos no mesmo voo. Ou foi o que prometeu o presidente da Federação
Colombiana de Futebol, León Londoño. Na chegada ao aeroporto, avisaram o
quadro de La Paternal que o avião estava lotado. Foi preciso acionar o chefe
da Conmebol para, num passe de mágica, espaços surgirem no aeroplano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Commisso voltaria a marcar, mas também Gareca. A final seria decidida nos
pênaltis. Tudo ia bem para as equipes, até Anthony de Ávila parar no goleiro
argentino Enrique Vidallé. O América de Cali era vice-campeão continental. A
decepção não duraria tanto, porque, em 1986, os
<i>Escarlatas </i>conquistariam o pentacampeonato colombiano, erigindo a maior
sequência de vitórias já vista no país e superando o rival local, Deportivo. O
peso do recorde era enorme, o feito era valorizado como se fosse um título à
parte.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na Libertadores, o time ficou no Grupo 4. Além do mencionado Deportivo, lá
estavam os chilenos Cobresal e Universidad Católica. Apenas esta não
disputaria a classificação. Porém, com dois pontos de vantagem, o América
avançaria, encontrando Olimpia e Bolívar. Outra vez, a altitude seria um
obstáculo, com os colombianos perdendo em La Paz. Mas essa seria a única
derrota vermelha. O time deixaria o Paraguai com um empate e venceria os dois
jogos como anfitrião. Estava, outra vez, na final.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do outro lado, andava o River Plate. Os <i>Millonarios </i>sofriam. Dos
tradicionais cinco grandes da Argentina, Boca Juniors, Independiente e Racing
haviam vencido a competição. O River perdera a decisão de 1966 para o Peñarol,
e, dez anos depois, para o Cruzeiro. O confronto marcava o reencontro do
América de Cali com Roque Alfaro, que retornara ao seu país em 1984. O time de
Núnez era uma seleção, com jogadores como Nery Pumpido, Oscar Ruggeri, Héctor
Enrique e Norberto Alonso. Os três primeiros haviam vencido, meses antes, a
Copa do Mundo — todos titulares na decisão.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A final seria incontestável. Apesar de o placar agregado ter sido baixo, 3 a
1, o River foi melhor nos dois confrontos, vencendo-os. No segundo jogo,
inclusive, Gareca seria expulso. Mas nem tudo seriam flores na decisão. O
artilheiro contaria bastidores do dia anterior à final no Monumental. “Gabriel
Ochoa Uribe quis fazer o reconhecimento do campo. Fomos no dia anterior e nos
ameaçaram com revólveres [...] o paraguaio Cabañas foi chutado, me ameaçaram,
a Falcioni também, passamos mal. Não devíamos ter ido ao estádio naquele dia”,
disse Gareca à revista <i>El Gráfico</i>, como reportado pelo portal
<a
href="https://trome.pe/deportes/seleccion-peruana-ricardo-gareca-y-la-historia-de-cuando-fue-apretado-con-arma-de-fuego-por-barristas-nczd-emcc-noticia/"
><i><span style="color: #990000;">Trome</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esse tipo de acontecimento não era exatamente novidade na América do Sul.
Violências aconteciam e estão distribuídas em diversos relatos, como um de
Falcioni. “Eu estava no carro, alguns torcedores do Deportivo Cali me
xingaram, então eu saí [...] fui em casa peguei uma 357 que eu tinha e voltei
[...] No dia seguinte, Don Miguel me chama. ‘Ele vai me expulsar. Que merda eu
fiz’. Ele veio e disse: ‘Da próxima vez que você tiver um revólver na mão e
não atirar, você estará em apuros comigo’”, falou ao
<a
href="https://www.futbolred.com/curiosidades-de-futbol/julio-cesar-falcioni-anecdota-con-miguel-rodriguez-orejuela-durante-su-estadia-en-america-de-cali-163427"
><i><span style="color: #990000;">FutbolRed</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Diego Aguirre enterra o sonho do América</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1987, o América já não contava com os peruanos Cueto e La Rosa. Outra baixa
era Gerardo González Aquino, aposentado. Outros estrangeiros chegaram,
contudo. O melhor deles era o peruano Julio César Uribe. Do Santos, também
desembarcava o uruguaio Sergio Santín. Por muito pouco, o hexacampeonato
nacional não viria, acabando nas mãos do Millonarios.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, um triunfo na Libertadores passava a ser obrigação. No Grupo 2, os
bolivianos The Strongest e Oriente Petrolero não impuseram dificuldades,
diferentemente do Deportivo Cali. Empatados em todos os critérios, os rivais
calenhos tiveram que disputar um jogo extra, vencido pelos
<i>Escarlatas </i>apenas nos pênaltis. Na segunda fase, o equilíbrio voltou a
ser marca fundamental. Se o Barcelona de Guayaquil não somou um ponto sequer,
o Cobreloa igualou o América, melhor apenas no saldo de gols.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pela terceira vez consecutiva, o América chegava à decisão. O adversário da
vez era o Peñarol, treinado por Óscar Tabárez. O <i>Maestro </i>tinha sob sua
direção um time muito trabalhador, com a liderança do ataque cabendo a Diego
Aguirre. Os colombianos decidiram o jogo de ida, no Pascual Guerrero, já no
primeiro tempo. Battaglia e Cabañas confirmariam o triunfo: 2 a 0. No
Centenário, Cabañas voltaria a anotar, mas Aguirre e Jorge Villar confirmariam
a virada uruguaia, já no final: 2 a 1.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra vez, um jogo de desempate se fazia necessário. Dessa vez, Santiago
sediaria a finalíssima. O equilíbrio seria total. O placar permaneceria
inalterado no tempo regulamentar. Cabañas, pelo América, e José Herrera, pelo
Peñarol, seriam expulsos. Faltando segundos para o final da prorrogação,
Aguirre daria o golpe de misericórdia: “Não foi uma derrota, mas um golpe no
coração”, diria Falcioni, como reportou a edição colombiana do periódico
<a
href="https://colombia.as.com/colombia/2015/10/30/futbol/1446218195_056990.html"
><i><span style="color: #990000;">As</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Inevitavelmente, o Peñarol tinha seus méritos. “Foi aguerrido até o árbitro
dar o apito final, não deixou de correr, e a gente confiava que o tempo já
tinha acabado, quando saiu o gol do Diego Aguirre, foi esse o erro... Eu vi a
bola quando veio, mas pensei que se eu colocasse o pé poderia fazer um gol
contra, fiquei parado e vi quando a bola entrou, antes do barulho da trave”,
relatou o defensor Jairo Ampudia, também ao <i>As</i>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O América voltaria a conquistar o Campeonato Colombiano em 1990. Era a última
conquista de Gabriel Ochoa Uribe. Na década, seriam mais dois títulos
nacionais, além de uma quarta derrota na Libertadores. Em 1996, o time que
tinha o goleiro Óscar Córdoba e o zagueiro Jorge Bermúdez encontraria
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/10/times-que-gostamos-river-plate-1996-1997.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>o encantador River Plate, que unia a juventude de Juan Pablo Sorín,
Javier Saviola, Marcelo Gallardo, Ariel Ortega, Matías Almeyda e Hernán
Crespo à experiência de Enzo Francescoli.</span
></a
>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na altura, os Rodríguez Orejuela já estavam presos. O futebol colombiano
mudava, como a
<a href="https://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk02069903.htm"
><i><span style="color: #990000;">Folha</span></i></a
>
relataria em 1999. “Com a diminuição do dinheiro investido pelo narcotráfico,
os principais clubes estão recorrendo às divisões de base, pois não têm como
contratar jogadores consagrados", contou o jornalista Javier Tejada.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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<div class="embed-container">
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O América teria poucos anos de sobrevida, antes de entrar em enorme crise. O
clube chegaria a ser incluído na famosa e temida
<i
><a href="https://es.wikipedia.org/wiki/Lista_Clinton" target="_blank"
><span style="color: #990000;">Lista Clinton</span></a
></i
>, uma espécie de “lista negra” criada pelo então presidente estadunidense
Bill Clinton, na famigerada guerra estadunidense contra as drogas.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os impactos de tal inclusão seriam nefastos para o clube já nos anos 2000. Sem
dinheiro e com dificuldades para encontrar investidores dispostos a apostar em
uma instituição marcada pelos EUA, o time decairia, chegando à segunda divisão
e permanecendo por muito tempo. Apenas em 2013, o América de Cali deixaria se
livraria do fardo, após a transformação em sociedade anônima.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O clube voltaria à elite em 2016, no mesmo ano em que o Atlético Nacional
conquistou o bicampeonato da Libertadores. Durante os anos de apogeu do
narcotráfico colombiano e de seus cartéis, o América de Cali experimentaria o
maior crescimento já visto no futebol colombiano. A queda, entretanto, também
seria a maior. A conquista continental segue sendo um sonho.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2306553800909590738.post-89941613077348398252023-01-18T06:00:00.108-03:002023-03-08T11:52:30.496-03:00Em 2002, o polêmico fim de jejum do América do México<div style="text-align: justify;">
<b
><span style="font-size: x-large;">N</span>o México, a popularidade do
futebol é indiscutível. As provas são muitas e vêm de todos os cantos. A
final do Mundial de 1970, por exemplo, contou com a presença de 107.412
espectadores. 16 anos depois, o número seria superior, batendo os 114 mil.
No campo dos clubes, estima-se que o América tenha mais de 30 milhões de
torcedores,
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/05/chivas-guadalajara-x-club-america-o.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>disputando com o Chivas o lugar de time mais amado do país</span
></a
>. Tamanha paixão não permite que um jejum de 13 anos sem títulos nacionais
transcorra sem desconforto.</b
>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b
><br />
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
class="tr-caption-container"
style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Iván Zamorano América 2002"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: David Leah/Mexsport / Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br /><span><a name='more'></a></span></b
>
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">1990: A década perdida</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O América encerrou os anos 1980 em bom tom. Era a temporada 1988-89 e, com
ótimas referências ofensivas — notadamente, Carlos Hermosillo e Zague —, as
<i>Águilas </i>davam alegrias ao seu torcedor. Pela quinta vez na década, o
gigante da Cidade do México triunfava no Campeonato Mexicano. De longe, era o
mais bem-sucedido do país. Como comparativo, o maior rival <i>azulcrema</i>, o
Chivas, conquistara apenas uma edição do nacional no decênio. A disparidade
era flagrante.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nada acontecia ao acaso. A partir de 1959, o América passara a ser propriedade
da Televisa, gigantesco conglomerado de mídia do país. No Brasil, a empresa
seria recordada por telenovelas como <i>A Usurpadora</i>. Seja como for, o
clube capitalino tinha o que precisava para alcançar sucesso: a estrutura de
um estádio enorme como o Azteca, uma massa associativa capaz de preencher a
imensidão da construção, e recursos para manter um elenco competitivo. Além
disso, estar em uma urbe como a Cidade do México facilitava a contratação de
bons jogadores.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A vinda dos anos 1990 sugeria a manutenção da dominância do América, após o
que ficaria conhecido como a Década Dourada. Mas a equipe se sentou nessa
precária impressão. Destaques envelheceram, enquanto outros buscaram novos
desafios; algumas reposições não corresponderam e o extracampo, por vezes,
pesou. A força da queda seria tanta que apenas uma vez as
<i>Águilas </i>terminariam com o vice-campeonato — em 1990-91.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nacionalmente, o período seria recordado pelo equilíbrio. Puebla, Pumas, León,
Atlante, Tecos, Necaxa, Santos Laguna, Chivas, Cruz Azul, Toluca, Pachuca e
Morelia venceriam o Campeonato Mexicano. Vale ressalvar que, a partir de 1996,
passaram a ser jogados torneios de inverno e verão. Eram dois campeões por
ano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A situação do América era ainda mais esquisita tendo em vista os triunfos do
Necaxa, liderado pelo talento do equatoriano Álex Aguinaga. Isso porque, desde
1988, o clube de Aguascalientes também era propriedade da Televisa, ainda que
não fosse seu carro-chefe.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A vida americana só não era pior porque, tanto em 1990 quanto em 92, o time
conquistou a Copa dos Campeões da Concacaf, logrando, ainda, a Copa
Interamericana de 1991 — superando o Olimpia, campeão da última Copa
Libertadores.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O time tinha dinheiro, indubitavelmente. Em 1992, buscara ninguém menos do que
Hugo Sánchez, no Real Madrid. Dois anos depois, traria o treinador Leo
Beenhakker, ex- Ajax e Real. Na altura, contrataria ainda o atacante camaronês
François Omam-Biyik, uma das referências dos Leões Indomáveis na Copa do Mundo
dos EUA. Outro jogador internacional a desembarcar na Cidade do México seria o
zambiano Kalusha Bwalya, ex-PSV Eindhoven. E isso é uma pequena amostra.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Leo Beenhakker América"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: 90 min/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Paralelamente, as categorias de base do clube produziram talentos em profusão,
como o habilidosíssimo Cuauhtémoc Blanco, o volante German Villa e o atacante
Christian Patiño. Era difícil entender o que impedia o América de alcançar
sucesso esportivo. Por trás do que acontecia nos campos, não ficavam claros os
problemas.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sob as ordens de Beenhakker, por exemplo, o quadro <i>azulcrema </i>exibiria
futebol de altíssimo nível e, mesmo assim, sem justificativas convincentes,
ele seria demitido antes do fim da temporada. Supostamente, a diretoria queria
interferir nas escalações do neerlandês.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Um treinador e artilheiros veteranos</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com o peso dos sucessivos fracassos, o América entrou no novo milênio. “O
América tem cerca de 28 milhões de mexicanos entre o México e os Estados
Unidos, essa era a pressão, mais a da Televisa, o que era muito difícil. Toda
semana eles avaliavam o meu trabalho”, relataria o presidente Javier Pérez
Teuffer, ao portal
<a
href="https://www.mediotiempo.com/futbol/liga-mx/perez-teuffer-america-campeon-2002-equipo-distraido"
><i><span style="color: #990000;">Mediotiempo</span></i></a
>. Outra ameaça imposta ao clube vinha do fato de que o Chivas assumira a
liderança no número de títulos nacionais.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O mandatário eleito em 1999 encontraria um time relaxado. O início do fim do
jejum se daria pelas mãos do treinador Alfredo Tena. “Ele ajudou muito na
questão da disciplina e depois ajustamos algumas peças, com jogadores da base
para dar outra dinâmica à equipe”. A reestruturação funcionava, mas os
resultados seguiam escassos. O melhor que Tena conseguiria seria a semifinal
do Torneio de Inverno de 1999.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, com ele na casamata, os <i>Millonetas </i>fariam bons negócios. O
melhor exemplo seria a contratação do meio-campista Pavel Pardo. Aos 23 anos,
vinha do Tecos, tendo se formado no Atlas,
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2021/11/marcelo-bielsa-newells-old-boys.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;"
>onde passou pelas mãos de Marcelo Bielsa</span
></a
>. O lateral José Antonio Castro seria promovido aos profissionais.
Estrangeiros, como o zagueiro chileno Ricardo Rojas, e veteranos seguros, como
o goleiro Adolfo Ríos, também chegariam.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
cellspacing="0"
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>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Pavel Pardo América"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em meados de 2000, Tena cairia. Destacadamente, o mexicano ainda conduziria os
capitalinos às semifinais da Copa Libertadores de 2000. O confronto com
<a
href="https://www.ofutebologo.com.br/2013/09/times-que-gostamos-boca-juniors-2000.html"
target="_blank"
><span style="color: #990000;">o Boca Juniors, de Carlos Bianchi</span></a
>, terminaria com um placar agregado de 5 a 4 para os <i>Bosteros</i>. Um gol
poderia ter mudado bastante os rumos do clube.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As <i>Águilas </i>voltariam a apostar em um estrangeiro. A bola da vez era
Alfio Basile. O fim do jejum se aproximava, mas o argentino teria que se
contentar com a conquista da Copa de Gigantes da Concacaf. Era pouco para as
pretensões do presidente e as ambições da Televisa.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No início de 2002, Manuel Lapuente se tornaria o terceiro treinador da gestão
de Teuffer. Era a primeira vez que assumia a <i>crema</i>, mas no currículo
trazia quatro conquistas nacionais, distribuídas entre Puebla e Necaxa. Além
dele, o torcedor do América passaria a apostar muitas fichas no atacante
argentino Hugo Castillo e no retorno do veterano Luis Hernández. Claro, não se
pode olvidar: fazia seis meses que outro estrangeiro abrilhantava o ataque do
América, o chileno Iván Zamorano.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Curiosamente, o Torneio de Inverno de 2001 consagraria o Pachuca. Treinado por
quem? Alfredo Tena.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Campanha fraca</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os primeiros meses da gestão de Lapuente não seriam animadores. Em 6 de
janeiro de 2002, o América estreou no Torneio de Verão, justamente contra o
último campeão, Pachuca. A derrota seria doída, 3 a 2 e de virada. As
<i>Águilas </i>haviam saído na frente, com José Mendoza e Castillo.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A resposta viria rapidamente, com vitórias ante o Tigres e o Tiburones Rojos,
mas o time viveria instabilidade, um verdadeiro perde e ganha. Revés ante o
Atlas, triunfo frente ao La Piedad; derrota para o Cruz Azul, empate com o
Pumas e vitória perante o León. O campeonato inteiro seria levado assim.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O torneio era disputado em turno único, em que todos se enfrentavam. Os
melhores avançavam aos <i>playoffs</i>. O América chegaria à última rodada
precisando vencer o Puebla, fora de casa. Perder significava ficar fora dos
mata-matas e o clube não podia sequer cogitar essa hipótese. A classificação
viria, mas com muito mais emoção do que a desejada. Aos 44 minutos do segundo
tempo, o placar sinalizava empate por 1 a 1. Nos finalmentes, Patiño marcaria
o tento definidor: 2 a 1.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Estávamos a ponto de não nos classificarmos, entramos na Liguilla em oitavo e
tínhamos o La Piedad, que era um time que jogava bem”, diria Teuffer, ao
<a
href="https://www.mediotiempo.com/futbol/liga-mx/america-campeon-verano-2002-vencer-necaxa-gol-oro"
><i><span style="color: #990000;">Mediotiempo</span></i></a
>. O América, enfim, acordou. Venceu as duas partidas da eliminatória, ambas
por 3 a 1. “Isso motivou muito os torcedores e atletas”, acrescentaria o
presidente.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na altura, o <i>azulcrema </i>tinha que gerir outra questão complexa. O
planeta se via às vésperas da Copa do Mundo, a ser jogada em Japão e Coreia do
Sul. Villa e Hernández tinham sido convocados pelo treinador Javier Aguirre e
representariam o México. Portanto, estavam concentrados com <i>El Tri</i>, na
hora das decisões mais agudas. Mesmo assim, o time superou o Pumas, nas semis.
Em casa, prevaleceria a igualdade sem gols. Fora, mais uma vez, Patiño
decidiria, em uma vitória por 2 a 1.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do outro lado da chave, depois de passar por Toluca e Santos Laguna, o Necaxa
despontava como o outro finalista. A ocasião não era estranha apenas por opor
duas equipes que possuíam o mesmo proprietário. Mas também porque, no comando
do ataque, os <i>Rayos </i>tinham um eterno ídolo capitalino. O maior
artilheiro da história das <i>Águilas</i>, com 190 gols, Zague tinha 34 anos e
agora era rival.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<table
align="center"
cellpadding="0"
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>
<tbody>
<tr>
<td style="text-align: center;">
<a
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alt="Zague Necaxa"
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/></a>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="tr-caption" style="text-align: center;">
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">Polêmica</h3>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Estávamos em um espaço que abriram para nós lá na Coreia”, diria Hernández,
que sofria à distância, ao
<a
href="https://www.record.com.mx/futbol-liga-mx-america/luis-hernandez-fue-un-sacrificio-no-jugar-la-final-de-america-vs-necaxa-en"
><span style="color: #990000;"><i>Record</i></span></a
>. Os dois jogos da decisão seriam disputados em Coapa, no Azteca. O Necaxa
ainda não inaugurara o Estádio Victoria. Evidentemente, isso gerava uma
vantagem para o América, alimentando, desde o princípio, teorias
conspiratórias, no sentido de que a Televisa interferia para que o título
ficasse na Cidade do México.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar disso, o primeiro jogo colocou interrogações nessas teses. “Ficávamos
fora dessas situações, era algo que tinha a ver com a mídia [...] aquela final
maravilhosa nos deu a oportunidade de devolver o América ao lugar que o
América merece”, relatou Zamorano à
<a
href="https://www.infobae.com/br/2022/04/02/america-vs-necaxa-este-foi-o-titulo-que-os-rays-deram-aos-eagles-no-verao-de-2002/"
><span style="color: #990000;"><i>infoBae</i></span></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com 12 minutos da etapa inicial, Víctor Ruiz cobrou, magistralmente, uma
falta. O goleiro Adolfo Ríos nem se mexeu. Ainda no primeiro tempo, depois de
receber um passe por elevação, Zague daria o golpe de misericórdia, com um
chute cruzado, de perna canhota: 2 a 0. Se o Necaxa ia entregar a decisão,
escolhera uma forma bem estranha de demonstrar suas intenções. Ainda naquele
primeiro jogo, os dois times teriam chances de movimentar o marcador, mas não
aconteceria.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<style>
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<div class="embed-container">
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Três dias depois, num domingo, o América teria uma missão dura para quebrar
seu jejum. Era um jogo aberto e nervoso. O primeiro tempo acabaria sem gols.
Ríos ia salvando as <i>Águilas </i>repetidas vezes. Em mais de uma
oportunidade, os jogadores do grupo de Aguascalientes pediriam pênalti. Nada a
marcar, diria o árbitro Armando Archundia Téllez.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, decorridos 14 minutos da etapa final, Patiño completaria um cruzamento
da direita. Era o 1 a 0. Três minutos depois, Zamorano, que vinha do banco e
envergava a braçadeira de capitão, fuzilaria Nicolás Navarro, de canhota: 2 a
0.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com a prorrogação assegurada, os times se arriscaram menos. Do lado alvirrubro
fazia todo o sentido, especialmente após a justa expulsão de Luís Ernesto
Pérez, que entrou duríssimo em Rojas. A questão é que não era uma prorrogação
convencional, mas gol de ouro. Marcar significava vencer e o Necaxa colocou as
manguinhas de fora. No entanto, seria Zamorano quem balançaria as redes após
um corner. Anulado. Era um ensaio.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"
><b
>“Aquele gol de ouro e aquele campeonato me marcaram de forma importante
porque foi quebrada uma seca de 13 anos. É uma boa memória. O momento
foi espetacular e indescritível pelo que significava, pela quantidade de
gente que estava ali e porque era agonizante e a adrenalina
transbordava”</b
></span
>, afirmaria Castillo ao
<a
href="https://www.mediotiempo.com/futbol/liga-mx/america-campeon-verano-2002-vencer-necaxa-gol-oro"
><i><span style="color: #990000;">Mediotiempo.</span></i></a
>
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
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</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O atacante argentino completaria um segundo escanteio, para o fundo das redes.
3 a 0 e fim de papo. Jejum bom é jejum morto, certamente pensou algum torcedor
aliviado. “Assistimos ao jogo com confiança naquele dia e gostamos. Apesar de
começarmos em desvantagem, depois veio a reviravolta, os gols, o do Iván e
depois o do <i>Misionero</i>, e as grandes defesas do Adolfo”, acrescentaria
Hernández. Mesmo de longe, ele também era campeão, afinal.
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A espera acabara. Os murmurinhos, não. Os anos passariam e a polêmica não
cessaria. Teria o Necaxa entregado? Haveria um acordo entre clubes
irmãos?
</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"
><b
>“Vocês não se lembram como [o treinador] Raúl Arias e os jogadores do
Necaxa saíram quando os vencemos naquela final no Estádio Azteca?</b
></span
><b style="font-size: x-large;">”</b>, diria, seco, o treinador Manuel
Lapuente, ao
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href="https://www.eluniversal.com.mx/articulo/deportes/futbol/2016/10/11/polemica-final-contra-necaxa"
><i><span style="color: #990000;">El Universal</span></i></a
>.
</div>
<div style="text-align: justify;"></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assistindo ao encontro, é muito difícil dar razão às teorias de combinado
prévio. A emoção foi intensa, com os times se expondo e os goleiros
participando decisivamente. Se houve armação, os envolvidos merecem algum
reconhecimento. Controlar todas as variáveis de um jogo como esse não era
missão para amadores. Dali em diante, o América não se tornaria hegemônico,
mas não voltaria a viver tamanha sangria.
</div>
Wladimir Diashttp://www.blogger.com/profile/05594193334900686314noreply@blogger.com0