Primeira fase e quartas-de-final da Eurocopa, por ela mesma
Terminadas as
duas primeiras fases da Eurocopa, sinto ter o que refletir e imprevisível é o
adjetivo que me vem à cabeça para notificar os acontecimentos.
O despertar latino
Cristiano um
nome comum que mascara um dos nomes mais representativos da história do
futebol, Ronaldo. Cristiano Ronaldo. Esse indivíduo se auto-intitulou “foda” ao
comemorar o gol da classificação lusa contra a República Tcheca. Excessos à
parte, auxiliado por figuras ímpares como Nani, João Moutinho ou Fábio Coentrão,
o natural de Funchal marcou os três gols mais importantes de seu país na
competição. Alguém duvida do talento desse atleta? Até agora sua seleção foi
inclusive a maior das pedras nos sapatos que enfrentou a poderosa e impiedosa
Alemanha. Vejo uma seleção madura e
conhecedora de seu potencial. Sua chegada às semifinais não foi acidental,
poderá passar? Volto-me a introdução onde uso o adjetivo “imprevisível”.
A fúria ! Não se
mostrou furiosa ainda. Depois de uma classificação, no mínimo discutível contra
a Croácia (Não houve marcação de pênalti ao fim da partida para a Croácia, e há
dúvidas quanto à legalidade do gol espanhol), e uma passagem frente a uma
França cujos melhores atletas estiveram ou no banco (Nasri) ou em má partida
(Benzema e Ribery). Ela ainda não convenceu. Passou inclusive maus bocados
contra a Itália na partida inaugural. Mas alguém se arrisca a depor o império
espanhol após os títulos mundial e da última Eurocopa? No mínimo temerário
dizer isso. Falta a Espanha o golpe de misericórdia, muito toque e pouca
objetividade. Faz confronto Ibérico, e não há em hipótese alguma antevisão do
resultado. De certo é uma comemoração na península Ibérica.
Azurra ! A
Itália sofreu com a tensão dos penais, mas foi muito superior à Inglaterra
durante o jogo. Agrediu com veemência a Espanha, sofreu frente à Croácia e
classificou-se como manda o figurino Italiano. Sofrido. Mas provou ser uma
potência ao se superiorizar frente ao English Team. Tem um gênio no meio campo, Pirlo. Alguns
pulmões que o suportam, Marchisio, De Rossi (outro craque) e Thiago Motta.
Força na defesa com Buffon e Chiellini e loucura no ataque com Cassano e
Balotelli. É candidata fortíssima. Se estiver em uma boa noite assistiremos a
um grandessíssimo espetáculo do futebol contra a Alemanha.
Holanda
e Rússia. Vexames improváveis.
Com uma defesa
fraquíssima, a Holanda distanciou-se do futebol da Copa do Mundo. Envelhecido
estava Van Bommel, o cão de guarda esteve muito mal fisicamente e não conseguiu
atingir um bom nível de atuações. De Jong sobrecarregado não agüentou os
ataques adversários. Dois laterais de vocação ofensiva e dois zagueiros lentos
completaram o desastre defensivo holandês. Além disso, aqueles de quem se
esperava brilhantismo se apagaram. Sneijder, Van Persie e Robben, estiveram
muito (mas muito) longe dos bons dias. Diante do futebol não apresentado não
soaram absurdos os zero pontos conquistados.
Auto-suficiência
traidora. O futebol apresentado até foi de qualidade, mas os russos, jogaram
supondo que a vitória viria quando quisessem, pecaram. A pragmática Grécia em
poucas ameaças eliminou a Rússia, a poderosa. Toda a pressão russa após o gol
do revés não transpôs a forte defesa grega. O grupo mais fraco passou sem sua
equipe mais forte.
Germanismo à brasileira
A Alemanha é a
única equipe que segue a risca as expectativas. 100% de aproveitamento. Um dos
artilheiros e o melhor futebol praticado. Pegará a forte Itália. Mas seu jogo é
inesperado. Qual equipe troca o ataque inteiro e mantém (ou melhora) seu nível
exibicional? Os germânicos o fizeram. Reus e Schurrle não deixaram nada a
desejar a Muller e Podolski. Futebol de toques muita habilidade e técnica. Do
meio pra frente todos sabem bem praticar um bom futebol. A renovação alemã é
impressionante. Quem sabe não nos vem de lá a inspiração para resgatar o
futebol brasileiro? Fato é muito se espera dessa seleção, hoje é referência.
Mas, como já disse (mais de uma vez), o fim disso tudo é imprevisível, e até os
mais fortes poderão cair. Mas independentemente do resultado, o caminho das
pedras foi traçado, e os frutos alguma hora serão colhidos, esperamos
sinceramente que não seja em 2014.
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