Dezembro de 2012, o fim de um campeonato único nos pontos corridos
Em nenhum outro ano o Campeonato Brasileiro reuniu a série de acontecimentos desta última edição. Segundo melhor aproveitamento de um campeão nos pontos corridos (considerando a disputa com 20 equipes); melhor aproveitamento do segundo colocado, junto com a campanha do Grêmio em 2008, aproveitamento superior inclusive ao de alguns dos últimos campeões; desempenho exemplar do campeão da Copa Libertadores da América; campeonato fraco de um clube, o Santos, pela ausência de seu craque, Neymar, servindo a seleção; recorde de manutenção de técnicos; o rebaixamento de um dos grandes; a presença de grandes estrelas do futebol mundial; uma arbitragem em crise. Isto para resumir brevemente o campeonato. Trago uma análise das últimas 38 rodadas da elite do futebol brasileiro.
A disputa nas cabeças foi acirrada
Atlético Mineiro e Vasco
protagonizaram a primeira das lutas pelo título. Entre a quarta rodada e a
décima quinta, foram estas as equipes que brigaram nas cabeças, sempre
observadas por um time que foi comendo pelas beiradas, o Fluminense.
A partir da décima sexta rodada, o Galo passou a brigar com o tricolor carioca.
Uma briga que se prolongou até a 35ª rodada e que sofreu, ao final, com a
intromissão do Grêmio. O Vasco caiu
drasticamente durante a competição. Chegou a ficar sete rodadas sem saber o que
é vencer. Uma série de fatores contribuíram para isso. O desmanche do time, a
crise financeira por que passa a equipe, a crise técnica de alguns jogadores,
algumas contusões e algumas questões políticas tiraram o Vasco inclusive da disputa
pela Libertadores. O Grêmio encaixou um belo meio-campo com Fernando, Souza,
Elano e Zé Roberto e ameaçou levar o vice do Atlético. Sob a batuta de
Luxemburgo e na iminência do fechamento do Estádio Olímpico o time se uniu à
torcida e fez uma bela campanha na reta final. O São Paulo, mesmo dividido com
a disputa da Copa Sul-Americana, cresceu imensamente. Com as vindas do zagueiro
Rafael Tolói e do técnico Ney Franco e a volta do volante Wellington o clube
acordou, mas para título já era tarde. Já Atlético e Fluminense são facilmente simplificados.
Foi a disputa do futebol mais bonito do campeonato com o brilhantismo das
jogadas de R49 e Bernard contra o pragmatismo e a eficiência do time do
artilheiro e craque do campeonato Fred. Contra os grandes o Atlético mostrou
sua força, contra os pequenos tropeçou, foi essa a principal diferença entre as
equipes.
Um flerte fatal
Não foi só lá em cima que a
disputa foi boa. No rebaixamento, todas as equipes entre o 20° e o 9° lugares
na classificação final flertaram em algum momento com o rebaixamento. E a briga
foi até a rodada final. É verdade que só havia sobrado uma das vagas, mas esta
era indesejada por três equipes, Portuguesa, Bahia e Sport. O time de Recife
foi-se, abraçando os já rebaixados Palmeiras, campeão da Copa do Brasil,
Atlético-GO e Figueirense. Os três últimos foram a cara do desespero o
campeonato inteiro. Futebol fraco, falta total de organização, um amontoado de
jogadores de baixa qualidade, problemas políticos, no caso do Palmeiras e do
Figueirense, que rompeu com o principal investidor da sua equipe o empresário
Eduardo Uram. Já o Sport viveu um ano muito conturbado, muitos técnicos
trocados e uma alta rotatividade de atletas, mas na parte final do campeonato
se acertou com a chegada do técnico Sérgio Guedes e de atletas como o lateral
Cicinho e o meia Hugo. Mas o Campeonato
não perdoa, balançou sem se apoiar em nada, cai mesmo.
Surpresas e decepções
Corinthians e Botafogo x
Internacional e Santos. O Timão surpreendeu a todos no campeonato. Não se
esperava que o campeão da Libertadores fizesse algo no campeonato. Deu
prioridade à disputa continental, mas ao seu término, fez grandes jogos no
brasileiro, jogou algumas vezes um futebol muito bonito, e se preparou de forma
exemplar para a disputa do Mundial no Japão. Provou que é possível jogar bem
sem ter grandes ambições no campeonato. O Botafogo não chega a ser uma surpresa
pelo bom arsenal de frente que possui (Seedorf, Fellype Gabriel, Andrezinho,
Lodeiro, Vítor Junior, Elkeson, Bruno Mendes, etc.). Mas uma equipe com uma
defesa tão fraca como a alvinegra pode sofrer muito. Exceção feita ao goleiro
Jefferson, a defesa é muito ruim. Laterais fracos, Lucas (uma heresia ter
chegado à seleção) e Márcio Azevedo e zagueiros nada confiáveis, Antônio
Carlos, Fábio Ferreira, Brinner. Apesar disso Oswaldo de Oliveira, revelou bons
valores da base alvinegra e conseguiu levar a equipe, numa campanha irregular a
uma boa colocação ao fim do campeonato. Por sua vez Inter e Santos deprimiram
seus torcedores. O Santos contratou muitos jogadores jovens e apostas, mas
sucumbiu à falta de Neymar. E o Inter, detentor da maior folha salarial do
país, com astros como D’alessandro, Forlan e Juan, entre brigas internas, fez
um campeonato horrível. Elenco rachado e apostas erradas levaram a equipe
colorada a ter como maior feito nesta época
(como os portugueses se referem às temporadas) a briga na despedida do Estádio
Olímpico do rival Grêmio.
Interferências externas
Farei breve menção à fúnebre
qualidade da arbitragem brasileira. O site placarreal.com.br tentou definir
como seria o campeonato sem tantos erros de arbitragem. Mas essa não é a melhor
solução. Erros eventuais sempre acontecerão, mas nessa temporada ocorreram
erros graves em todas as rodadas. Se não há uma “máfia do apito” baseada em
teorias da conspiração, é necessário ao menos que um treinamento sério seja
dado aos árbitros. O lugar deles, com todo respeito à classe, é serem
coadjuvantes, e bons coadjuvantes.
Seleção do Campeonato
Trago em minha mui humilde
opinião a seleção do campeonato e sua justificativa.
Goleiro: Diego Cavalieri (Fluminense). Foi o “Fred
de luvas”. O que o artilheiro fazia na frente dos goleiros o goleiro fez na
frente dos atacantes.
Zagueiro: Réver (Atlético Mineiro). Junto com
Leonardo Silva a dupla foi muito segura e ainda marcou muitos gols importantes
para o Atlético.
Zagueiro: Leonardo Silva (Atlético Mineiro).
Lateral Direito: Marcos Rocha (Atlético Mineiro). Dentre a falta de opções, o lateral do Galo foi o melhor, tem boa técnica, mas ainda peca na defesa.
Lateral Esquerdo: Carlinhos (Fluminense).
Regular como poucos jogadores de todas as posições campeonato.
Volante: Jean (Fluminense). Retomou o grande
futebol de temporadas atrás no São Paulo. Foi a consistência do meio tricolor
carioca.
Meia: Zé Roberto (Grêmio). Um garoto de 38
anos.
Meia: Ronaldinho Gaúcho (Atlético Mineiro). Craque
das artes plásticas, muitos gols e o recorde de assistências do campeonato.
Meia: Bernard (Atlético Mineiro). A revelação do
Galo fez de tudo. 11 gols e 11 assistências o credenciam ao lugar nessa
seleção.
Atacante: Neymar (Santos). Gênio. 14 gols
em 17 jogos. Aplausos dos adversários. Nada mais a declarar.
Atacante: Fred (Fluminense). Artilheiro do
Campeonato, líder do campeão, temor dos adversários e craque do campeonato.
Interessante!Minha seleção também ficaria muito parecida com esta!
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