Ascensão e queda na base brasileira


No fim de 2010, a CBF deu largada a um grande projeto de base. Desembarcavam na entidade, Ney Franco, vindo de um belo trabalho no Coritiba e que desempenharia  as funções de coordenador das seleções de base do Brasil e treinador da seleção sub-20, Emerson Ávila, indicado por Ney com quem trabalhou na base do Cruzeiro, para o cargo de técnico da seleção sub-17 e Maquinhos Santos, que veio da base do Coritiba também indicado por Ney Franco e que assumiu a seleção sub-15. Dois anos depois, Ney Franco largou o cargo optando por treinar o São Paulo e Marquinhos assumiu o comando dos profissionais do Coritiba. Sem comando algum, Emerson Ávila foi colocado numa fogueira, treinando todas as seleções de base, não atoa, o selecionado sub-20 fracassou no Sul-Americano e não jogará o mundial deste ano. Aqui, alguns fatos do hiato 2010-2012.



O início do projeto

No dia 23 de setembro de 2010, indicado por Mano Menezes, Ney Franco passava a integrar a CBF. Em 5 de novembro do mesmo ano, indicados por Ney, chegavam Emerson Ávila e Marquinhos Santos. O plano era criar uma integração entre as diferentes categorias da Seleção Brasileira. Os treinadores do sub-15 e 17 dariam freqüentes relatórios de seu trabalho ao coordenador e técnico do sub-20 Ney Franco, que por sua vez, teria frequentes conversas com Mano Menezes. A proposta prioritária era criar um padrão na base que se refletisse na seleção principal, “futebol ofensivo e com controle das ações, 'como é característica do futebol brasileiro’” como saiu nos meios de comunicação à época.

O prosseguimento do projeto

Em 2011, o ano começou muito bem para a base brasileira. Logo em janeiro, uma brilhante geração trouxe o título Sul-Americano sub-20 e desfilou um grande futebol. Neymar, Oscar e Lucas foram as estrelas de um time que ainda contava com outros bons valores como o volante Casemiro e os laterais Danilo e Alex Sandro. Ainda falando do selecionado sub-20, no meio do ano ele conquistou o título Mundial sub-20, sem Neymar e Lucas, integrados à seleção principal, quem brilhou intensamente foi a estrela de Oscar, autor de três gols na final contra Portugal. Tudo estava bem nesta categoria.

Ney Franco, Emerson Ávila e Marquinhos Santos
O time sub-17 de Emerson Ávila, não ficou tão atrás. Trouxe para o Brasil o título Sul-Americano sub-17. Adryan, Lucas Piazon e Léo Bonatini foram os destaques. No mundial da categoria ocupamos a quarta colocação.

Marquinhos Santos, a exemplo de Ney Franco e Emerson Ávila, conquistou o Sul-Americano, pela categoria sub-15. Seu grande destaque foi o atacante Mosquito, autor de 12 gols e  personagem de um embrolho entre Vasco e Atlético-PR.

Enfim, a seleção canarinha não estava nada mal em termos de resultados nas principais competições.

O fim do projeto e as primeiras conseqüências

Em Julho de 2012, seduzido pelo que seria a maior oportunidade de sua carreira, Ney Franco deixou seus cargos na Seleção e assumiu o São Paulo. A CBF vivia tempos tensos desde a saída de Ricardo Teixeira do comando. José Maria Marin, o novo presidente da confederação, sempre deixou clara sua antipatia com o técnico Mano Menezes. Nesse clima, o Brasil ainda perdeu a chance de conquistar o tão sonhado ouro olímpico.

No olho do furacão, outro que debandou da CBF foi Marquinhos Santos que topou dirigir o Coritiba após a saída de Marcelo Oliveira. Insatisfeito com Mano, Marin demitiu-o e após um período de especulações confirmou as voltas de Felipão e Parreira, treinador e coordenador técnico respectivamente.

Excessivamente preocupado com a seleção principal, Marin deixou ao relento a base. Ao final do ano, era necessária a convocação de uma seleção brasileira sub-20 para disputar o Sul-Americano da categoria. Improvisando, Emerson Ávila, treinador do sub-17 foi colocado no posto às pressas. E não deu resultado. Com o projeto desfeito, sem tempo para estudos e avaliações, Ávila fez uma convocação com base em atletas que já estão no profissional de seus clubes e ex-comandados de outras seleções. E fracassou com um elenco em boa parte desinteressado e uma falta de planejamento, frutos da quebra da continuidade do bom trabalho na base do Brasil. Já estamos contabilizando os prejuízos.

Vendo o fracasso, Marin deu ao tetracampeão mundial Bebeto o antigo cargo de Ney Franco e contratou o técnico Alexandre Gallo para treinar a seleção sub-20. Com fracos trabalhos numa carreira inexpressiva, será que Gallo devolverá o brilho para a base? Sem nem uma parcela da experiência de Ney, será que Bebeto conseguirá  voltar a base para o eixo? Isso me parece uma jogada política, principalmente no caso Bebeto. Torço para que eu esteja errado. Torço para que eu esteja errado...



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