Cerro Porteño x Olimpia: o Superclássico do futebol Paraguaio

Após contar as histórias do Grande Clássico Búlgaro, disputado entre CSKA Sofia e Levski Sofia, trago hoje uma rivalidade sul-americana: a partida entre Cerro Porteño e Olimpia, o Superclássico do Futebol Paraguaio.


Antes de tudo, tenho que contar ao leitor a história do holandês William Paats (foto). Você deve estar se perguntando: “mas o que um holandês tem a ver com o grande clássico do futebol paraguaio?”. Respondo: tudo. Nascido em Roterdã, em 1876, Paats mudou-se para Assunção e, percebendo a ausência da prática de esportes no país, optou por incentivá-los. O holandês se formou em Educação Física e passou a trabalhar como professor. Em uma de suas viagens a Buenos Aires, Paats retornou com algo diferente, uma bola de futebol

A partir desse evento, o futebol passou a ser conhecido no país. Contudo, a importância desse europeu não para por aí. Seus planos eram ambiciosos. Em 1902, sob o comando de Paats, dez paraguaios se uniram e fundaram aquele que viria a ser o mais antigo e vitorioso clube oficial de futebol do país: o Club Olimpia, cujo nome é homenagem à cidade grega de Olímpia, onde nasceram os Jogos Olímpicos.

Ainda que tenha sido fundada em 1902, a equipe só começou a disputar jogos oficiais em 1906, ano da instituição do Campeonato Nacional Paraguaio. Seu primeiro título nacional foi conquistado em 1912, ano da fundação de seu grande rival, o Cerro Porteño.

O Cerro, como dito, foi fundado em 1912, por um grupo de amigos que jogavam futebol nas ruas de Assunção. Inicialmente criado para ser um clube de bairro, a equipe se tornou a segunda maior do futebol paraguaio. O nascimento do clube se deu na casa de quatro desses amigos e foi “celebrada” pela mãe deles, Susana Núñez. Curiosamente as cores vermelha e azul do uniforme da equipe foram escolhidas para evitar problemas políticos. Na época, havia no Paraguai forte disputa pelo poder entre os Partidos Liberal (azul) e Colorado (vermelho).

A rivalidade paraguaia se tornou grande em função da competitividade imediata que foi criada no Campeonato Nacional. Já em 1913, quando disputava seu primeiro Campeonato, o Cerro Porteño conquistou-o de forma invicta (foto acima). Desde então, os clubes vêm disputando fortemente para saber quem é o maior e mais vencedor de Assunção e do Paraguai. Atualmente, a vantagem do Olimpia é enorme.

Os rivais se enfrentaram pela primeira vez em 1913 e o resultado foi um empate por 2x2. Somados todos os encontros, temos um total de 401 partidas e a quase total igualdade entre as equipes. O Olimpia tem a vantagem, por um jogo apenas. São 143 vitórias do Rey de Copas (como é conhecido o Olimpia) contra 142 da equipe Azulgrana (alcunha do Cerro). O clássico é tão importante que rompeu as barreiras nacionais por 32 vezes, ocasiões em que os clubes se enfrentaram pela Copa Libertadores da América.

Imagem de um dos últimos clássicos
Nos títulos há também enorme vantagem do Olimpia: são 39 campeonatos Paraguaios, três Copas Libertadores,  uma Supercopa, duas Recopas Sul-americanas e um Mundial Interclubes. O clube teve inclusive a oportunidade de conquistar o tetracampeonato da América este ano, mas foi derrotado nos pênaltis pelo Atlético Mineiro. Por sua vez, o Cerro Porteño conquistou o campeonato nacional por 29 vezes. Apesar de ter disputado a Copa Libertadores por 34 turnos, nunca conseguiu levar o título.

Equipe do Olimpia campeã da Libertadores de 2002


Um ponto triste, e comum às duas torcidas, são os constantes atos de vandalismo. Isso foi flagrante na Copa Libertadores deste ano. Exemplo claro foi determinado momento, na final da competição, em que Ronaldinho Gaúcho foi cobrar um escanteio e a torcida começou a arremessar coisas em sua direção (foto à direita). Outra lembrança brasileira triste, dessa vez com a torcida do Cerro Porteño, aconteceu em 2008, com o rival do Atlético, o Cruzeiro. Os clubes disputavam a pré-libertadores e o Cruzeiro eliminou o dono da casa com vitória por 3x2. Quando o Cruzeiro marcou o 3º gol, a torcida do Cerro passou a arremessar todo tipo de objetos no campo. Resultado: o jogo acabou com 24 minutos do segundo tempo (foto à esquerda).


O maior artilheiro dos clássicos é o paraguaio Saturnino Arrua (foto), ex-Cerro com 11 gols. O maior artilheiro do Olimpia é Mauro Caballero com 10 tentos. Curiosamente, Caballero é pai da última grande revelação da base do Olimpia, seu homônimo Mauro Caballero, atualmente jogador do Porto.

Na história dos clubes, não foram muitos os brasileiros que defenderam as cores dos rivais. No Olimpia foram seis, com destaque para o lateral Thiago Carleto (foto), e para o ex-centroavante de Flamengo, Internacional, dentre outros, Leandro Machado. Já o Cerro Porteño contou com sete brasileiros, destaque para Éder Aleixo, que defendeu o clube no ano de 1989. Além desses jogadores, o Cerro também teve alguns treinadores brasileiros, dentre eles Antônio Lopes, Paulo César Carpegiani e Valdir Espinosa.

Atualmente, a Seleção Paraguaia conta com quatro jogadores do Cerro Porteño (Roberto Fernández, Óscar Romero, Ángel Romero e Junior Alonso) e dois do Olimpia (Candía e Wilson Pittoni). Além desses, o Olimpia ainda conta com os selecionáveis uruguaios Alejandro Silva e Martín Silva (foto).

No momento, o Cerro Porteño lidera o torneio clausura com sete pontos de vantagem para o segundo colocado General Díaz. Já o Olimpia ocupa a 9ª colocação. Este, sofre com dificuldades para pagar seus jogadores, e a campanha da Libertadores já foi considerada um verdadeiro milagre.

Abaixo as atuais escalações das duas equipes:







Comentários

  1. Patrocínios iguais na imagem recente do jogo entre os clubes.

    Kappa, Vision e Personal.

    Parabéns pelo texto e abraço :)

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