Porto 2013-2014: acabou a mágica?

Papão de títulos em Portugal nos últimos 30 anos, o Porto caiu de rendimento nesta temporada e pode terminar a temporada sem um único título, algo que não acontece desde a longínqua temporada 1988-1989. O terceiro lugar no Campeonato Português – nove pontos atrás do líder – e a eliminação precoce na UEFA Champions League demonstram um período instável na equipe, a qual pode salvar a temporada na Europa League, na Taça de Portugal e na Taça da Liga. O que aconteceu nesta temporada que desviou a rota vitoriosa Portista? Trago alguns fatores.









Vendas de jogadores vitais e falta de reposição

No início da temporada, os cofres da equipe enriqueceram de forma assustadora. As vendas dos craques João Moutinho e James Rodríguez adicionaram cerca de € 70 milhões à conta bancária dos Dragões. Apesar da evidente perda técnica que se seguiria, a experiência de bons negócios do clube e os vultuosos valores levaram o torcedor a crer que a reposição viria e que a temporada que se avizinhava seria, novamente, boa.

Os nomes que desembarcaram na cidade homônima, a princípio, foram elogiados e tidos como boas apostas. Para o lugar de João Moutinho o clube contratou o mexicano Héctor Herrera (foto), presença assídua na seleção de seu país, e o desconhecido brasileiro Carlos Eduardo, que fora destaque no Estoril. O primeiro, mostrou de cara que não conseguiria desempenhar a função do português, pelo menos não imediatamente. Já o brasileiro tem tido desempenho bem melhor, mas muito aquém em relação à Moutinho. Quem também ganhou chances nesta lacuna foi Josué. Criado no Porto, retornou de empréstimo e, muito pressionado, não conseguiu desempenhar um bom papel em momento algum, tendo sido usado nas mais diversas posições do meio-campo e até pela ponta.

Já para o lugar de James o clube sonhou com o brasileiro Bernard, mas apostou em outro colombiano: Juan Quintero. Apesar de ter muita habilidade, o jogador ainda está muito cru e, como seu antecessor em seu início,  tem alternado bons e maus momentos. Outro jogador contratado que poderia desempenhar a função foi Licá, ex-Estoril. Apesar de ser muito participativo, não é muito eficiente e não tem a técnica necessária para assumir o protagonismo no clube.

Para agravar a situação, em janeiro o clube se desfez de outras duas referências Lucho González e Nicolás Otamendi. A única contratação feita foi o retorno do “Mago das Trivelas” Ricardo Quaresma (foto), reconhecidamente técnico e que tem agregado alguma imprevisibilidade à equipe.

O clube trocou realidades por apostas muito cruas.

Investimentos e retornos que não deram certo

Além dos investimentos feitos para a reposição dos jogadores que deixaram a equipe, o clube fez outras apostas que ainda não funcionaram. Para a zaga, chegou o jovem mexicano Diego Reyes, outro que comumente representa sua seleção. Com poucas chances e um futebol relutante, ainda não se adaptou ao clube. Ainda neste setor, retornou de empréstimo o senegalês Abdoulaye Ba, que, desengonçado (possui 1,97m), não passa muita confiança ao torcedor.

Outras apostas ofensivas foram os atacantes Nabil Ghilas, argelino, e Ricardo Pereira. Até o momento se mostraram absolutamente ineficazes. O primeiro, em 25 jogos (contando inclusive jogos pela equipe B) marcou apenas dois gols. Já Ricardo, que tem apenas 20 anos, marcou cinco gols em 30 jogos na temporada. Além deles, o brasileiro Kelvin, autor do gol mais importante do título da temporada passada, também foi testado e não correspondeu.

Má fase do artilheiro Jackson Martínez

Não bastasse a perda de várias referências, o Porto tem sofrido também com a má fase de um de seus destaques, o artilheiro Jackson Martínez (foto). A média de gols do colombiano caiu em relação à última temporada, assim como a qualidade de seu futebol. Na temporada, em 41 jogos marcou 23 gols, enquanto na última, em 43 jogos, anotou 33 tentos.

A boa fase de seus rivais

Conquanto não viva um bom momento, os Dragões ainda têm contra si a boa fase de seus rivais. O Benfica, líder soberano conseguiu renovar seu elenco e apresentou novas soluções. Guilherme Siqueira (foto) solucionou o problema crônico da lateral esquerda. Os meias-atacantes sérvios Lazar Markovic, Filip Djuricic e Miralen Sulejmani trouxeram novas opções e juventude à equipe. Já no centro do ataque, Rodrigo tem vivido bom momento.


Já o Sporting CP mudou sua política de contratações. Voltou a apostar em sua base e em reforços baratos e volveu a viver ótimo momento. Eric Dier, Cedric, Adrien Silva, André Martins (foto) e Carlos Mané são exemplos do aproveitamento da base, enquanto o zagueiro Maurício (aquele, ex-Palmeiras, que se estapeou com o atacante Obina), o meio-campo William Carvalho e o atacante Fredy Montero representam as boas e baratas contratações.



Perspectiva para o futuro

O retorno de Ricardo Quaresma e a demissão do treinador Paulo Fonseca renovaram os ânimos da equipe, que tem, ainda, três chances de conquistas na temporada. Jogando um futebol menos pragmático e previsível, a equipe tem possibilidades reais de salvar a época. Com oito rodadas restando no Campeonato Português o título nacional é praticamente impossível.

Para a próxima temporada, esperam-se melhores contratações e algum caixa deverá entrar, uma vez que o argentino Juan Iturbe (foto), atualmente no Hellas Verona, deve ser vendido. Chelsea, Juventus, Liverpool e Roma são apontados como possíveis destinos do jovem talentoso.  Outra possível saída é a do volante Fernando, recém-naturalizado português. Fato é que com a equipe atual o clube não almejará grandes coisas na próxima temporada.

Jorge Pinto da Costa, presidente do clube acostumado a  comprar barato e vender caro (até por isso se negou a concorrer com o Shakhtar Donetsk pelo brasileiro Bernard), tem duas opções: ou reaprende a contratar apostas realmente válidas ou terá de gastar dinheiro de verdade.

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