Van Gaal traz impacto imediato ao United

Quem acompanhou com afinco a Copa do Mundo percebeu. Dentre todas as Seleções, uma se destacou intensamente pelas variações e opções táticas: a Holanda. Treinada por quem? Louis van Gaal (foto), recém-contratado para desempenhar a inglória tarefa de reestruturar o Manchester United, que, após 27 anos sob a gestão de Sir. Alex Ferguson, viveu, na última temporada,  fortes turbulências sob o comando de David Moyes e, ao final, Ryan Giggs, que acumulou as funções de jogador e treinador.


Logo no início da pré-temporada, sem sequer escalar todos os seus melhores jogadores, os Red Devils já mostraram uma cara completamente diferente daquela do último ano. Mais seguro na defesa, com melhor gestão da bola e permitindo que seus principais destaques tenham mais liberdade, o United conquistou a Guinness Cup, competição amistosa que colocou frente a frente Manchester United, Real Madrid, Manchester City, Liverpool, Milan, Internazionale, Roma e Olympiacos.

Assim como na Seleção Holandesa, van Gaal entendeu que era de extrema, e urgente, necessidade a busca pelo aumento do controle de jogo da equipe. Como na Oranje, preteriu o consagrado esquema tático 4-2-3-1, tão aclamado por permitir um maior domínio do meio-campo, possibilitando, consequentemente, a maior possibilidade de gestão do jogo. A opção escolhida foi o 3-5-2, que também pode ser enxergado sob as formas de um 5-3-2, 3-4-1-2 ou 3-4-2-1.

A troca de um jogador de frente por um zagueiro poderia parecer um total contrassenso para a ideia pretendida, mas tem se revelado a chave para o sucesso do time. Com a saída de Rio Ferdinand e Nemanja Vidic, grandes referências, que, entretanto, já não viviam boa forma, o elenco ficou carente de opções confiáveis para o setor, algo que o treinador neerlandês também viveu na Seleção.  Adicionando um defensor a mais à retaguarda, van Gaal aumentou a consistência do setor, permitiu uma maior participação dos alas e, assim, aumentou o número de jogadores que povoam o campo adversário.

Além disso, agora o United tem um jogador que melhor dialoga com o craque Juan Mata. Ander Herrera (foto), ex-Athletic Bilbao, tem se mostrado peça fundamental na reconstrução da equipe inglesa. Bom passador, é vital para o bom gerenciamento da bola, administrando-a  com muito critério, sempre distinguindo a hora de ter mais calma na construção das jogadas e também a hora de ser mais direto.

Com mais opções de jogo, os jogadores jogam mais próximos uns dos outros, o que facilita a manutenção da pelota. Além disso, Wayne Rooney, possivelmente a principal referência técnica da equipe, tem demonstrado muito empenho, circulando por toda a faixa do ataque e fazendo boas tramas com alas e meias.

No que tange às peças, o treinador deu oportunidades à muitos jogadores jovens mas, mais importante do que isso, tem sido seu trabalho na reinvenção de seus jogadores. Bons exemplos são Ashley Young (foto), jogador que parecia estar sem espaço no clube, e que renasceu como um insinuante ala esquerda e Antonio Valencia, que vai se firmando como ala pela faixa destra. Além disso, com van Gaal, alguns jogadores tendem a desenvolver a facilidade de desempenhar diferentes funções durante as partidas. Na Seleção, o atacante Dirk Kuyt foi o principal exemplo dessa prática, atuando tanto na lateral direita quanto na esquerda.

Será que a proposta do treinador holandês se tornará tendência? Será este o próximo passo tático na constante evolução do futebol? Ainda é cedo para tirar esse tipo de conclusão. O que pode ser dito é que o “princípio ativo”, a ideia central, é louvável e muito sensata. Depois de uma temporada atípica (considerando o retrospecto recente), o Manchester United parece estar se reconstruindo. Ponto para van Gaal, que, inovando, trouxe impacto imediato a seu novo clube.

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