Em junho, o treinador do Atlético Mineiro, Levir Culpi, lançou sua autobiografia. “Um burro com sorte?”, cujo título é obviamente irônico, pode ser interpretado a contrario sensu – mas aqui sem escárnio – com relação ao comandante do Everton, Roberto Martínez, que, apesar de mostrar um trabalho indubitavelmente consistente (cujo resultado tem sido visto em campo), não teve sorte nas três primeiras jornadas do Campeonato Inglês. O sorteio da tabela, responsável por colocar os Toffees, logo de início, frente a frente com Arsenal e Chelsea, já foi um prenúncio agourento.
Na estreia, contra o Leicester City,
demonstrando um futebol de boa qualidade, mantendo a linha da temporada
passada, o clube de Liverpool liderou o placar por duas vezes (gols de Aiden
McGeady e Steven Naismith) mas, ao final, aos 41 do segundo tempo, sucumbiu e deixou
dois pontos lhe escaparem.

Mais uma vez, ficou provado que, no futebol, nunca se deve comemorar antecipadamente. Com a entrada do francês Olivier Giroud na vaga do apagadíssimo Alexis Sánchez, o clube londrino ganhou presença de área e, nos últimos 15 minutos, empatou um jogo perdido (tentos marcados por Aaron Ramsey, aos 38 do segundo tempo, e Giroud, aos 45). Mais dois pontos escaparam, no final, ao clube de Liverpool.
Já o ultimo encontro do time, contra o Chelsea,
talvez tenha representado a melhor performance do time e o pior resultado. O
placar final registrou um sonoro 6x3 para o clube de Londres, mas as
circunstâncias do jogo mostram que o largo placar não foi condizente com o futebol demonstrado
pelo Everton. Como se começasse o jogo com uma desvantagem de dois gols no
placar, o time viu Diego Costa e Branislav Ivanovic balançarem as redes de Tim Howard
duas vezes em menos de três minutos. O mais impressionante é que o gol do
hispano-brasileiro saiu antes de o Everton sequer tocar na bola.
Apesar disso, os Toffees rapidamente se encontraram no jogo. Com muita desenvoltura
pelos flancos e, contando com a inspiração de Naismith e do belga Kevin
Mirallas, diminuiu o prejuízo. Todavia, uma série de falhas de atenção impediram
uma virada do clube, que, por duas vezes, sofreu gols imediatamente após
balançar as redes do goleiro Thibaut Courtois.
É evidente que não é só o azar o responsável
pelo momento conturbado do time. Todavia, a ótima qualidade do jogo do time dá esperanças. As inovações táticas de Martínez, como por exemplo o uso de Romelu
Lukaku aberto pelo flanco direito e de Naismith na condição de “falso 9”, tem
dado resultados interessantes. Apesar disso, é vital a observação e a correção
de desconcentrações nos finais das partidas, bem como de um cansaço excessivo.
Outro ponto que tem que ser observado são as alterações.

Com isso em mente, não é sempre que a troca de
jogadores de funções semelhantes deve ser feita. Algumas alterações mais
conservadoras poderiam ter evitado os fracos placares, que, neste momento,
rendem a perigosa 17ª posição ao clube. Parece claro que o clube não brigará
pelas posições de baixo, muito pelo contrário. Com o ótimo trabalho do
treinador espanhol, o azar tende a se dissipar, mas, para obter alguns
resultados cruciais, o clube terá que gerir melhor seu elenco e as situações de
jogo, podendo ser importantes algumas mudanças menos ambiciosas.
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