Nomeada por muitos como o "Novo Eldorado do Futebol", a China tem atraído o interesse e a curiosidade do público brasileiro em função da sua enorme atividade em terras tupiniquins, neste início de ano. Grandes destaques do futebol nacional, jogadores do quilate de Diego Tardelli, Ricardo Goulart e Dario Conca, foram seduzidos pelas promessas de salários milionários no oriente. Apesar disso, é de conhecimento público que o Campeonato Chinês é fraco e tem um índice baixo de qualidade. A pergunta que fica é: vale a pena jogar na China? A resposta mais sensata: depende.
Hoje, para jogadores com carreira
consolidada e já sem grandes aspirações ou projetos talvez faça muito sentido.
A trajetória dos jogadores de futebol é curta – o que não é novidade para ninguém
– e uma mudança para a terra das muralhas mais famosas do planeta pode
representar a independência financeira dos atletas para toda a vida dos mesmos
(evidentemente, se bem administrada). Esse é o grande ponto da escolha pelo
futebol chino.

Outro ponto que pode determinar o
fracasso de uma experiência pela China é o não pagamento dos vultuosos salários
prometidos, algo que ocorreu tanto com Drogba quanto com Anelka.
“O clube está profundamente chocado (com a negociação). Drogba continua
a ser um membro do Shanghai Shenhua e o contrato entre as duas partes é válido.
Estamos reunindo provas para entregar a Fifa e assim proteger os nossos
interesses,” alegou a direção
do clube há época em que Drogba assinou contrato com o Galatasaray. Dois anos
após a declaração, nada foi provado.
Sem embargo, também pode ser que
nada disso aconteça. Conca, que atuou no Guangzhou Evergrande durante três
anos, sempre recebeu devidamente seus ordenados e nessa semana até aceitou
retornar ao oriente, se transformando no nono jogador mais bem pago do futebol
mundial, segundo o jornal espanhol MARCA.
Pensando em outra esfera – a dos
jogadores jovens ou em ascensão – a opção pelo futebol chinês pode ser pior.
Apesar das cifras recebidas serem milionárias, o risco de estagnação técnica e
esquecimento é real. Pensemos o exemplo de Ricardo Goulart. Vencedor da Bola de
Ouro do prêmio Bola de Prata da revista Placar, o jogador de 25 anos chegou à Seleção
Canarinha em 2014 e foi considerado por muitos o melhor jogador do Brasileirão
do referido ano. Vale a pena ir para a China?
A não ser que se destaque muito,
de forma assombrosa, as chances de permanência no escrete verde-amarelo são ínfimas. É difícil acompanhar o que se passa no ermo futebol chinês e, mais do que isso,
não é possível considerar tudo o que se passa no Campeonato Chinês. Com adversários
sabidamente carentes tecnicamente, o sucesso no mundo chino pode não
representar absolutamente nada em termos de futebol internacional e Seleção Brasileira.
É claro que as cifras são tentadoras, mas, tomando por base um plano de
carreira, é uma escolha que pode arruinar muitos planos.
Para mais, uma não adaptação a
vida na China pode ser muito pior do que aparenta. Os clubes, duros na queda,
dificultam ao máximo uma eventual saída de seus jogadores, antes do término de seus contratos.

Além disso, há um projeto no país
que pretende adicionar o futebol ao currículo das escolas do país. O projeto –
idealizado após uma pesada derrota da Seleção Chinesa contra uma equipe sub-21
da Tailândia, 5x1 – visa a construção de campos de futebol em cerca de 20.000
escolas pelo país, com previsão de conclusão para 2017, segundo a revista The
Economist. Aliás, o plano também se estende ao ensino superior, com o esporte,
a partir de 2016, se tornando um dos focos de avaliação dos estudantes nos
processos de seleção dos mesmos.
Para além das intenções estatais,
o país também conta com incentivos da iniciativa privada, que construiu a
Evergrande International Football School (foto), o maior centro de treinamento de
jovens do mundo. A escola tem aproximadamente 167 ares, ou 16.700 m².
Definitivamente, há uma grande
intenção do país em evoluir. O que pode tomar dimensões assustadoras, uma vez
que a nação conta com um público potencial enorme e, com o tamanho de sua
população, há grande possibilidade de promoção de um trabalho de formação
frutífero e contínuo, o que certamente poderia colocar a China no mapa do
futebol.
Hoje, de forma geral, a não ser
pelo dinheiro, a China pode não ser um grande negócio – desportivamente falando
– mas é inegável o desejo de evolução do país e fazer parte desse projeto pode
ser interessante. Há enormes dificuldades e barreiras nessa mudança, mas, para
já, uma mudança para o futebol chinês apresenta-se, a cada dia, como uma opção de
carreira menos assustadora, embora não seja, ainda, uma grande escolha.
Olá, Wladimir! Nem pelo o dinheiro é inteligente deixar um país como o Brasil pra ganhar o dobro, o triplo em um lugar como a China. Tentei externar isso em nosso modesto blog, link: http://www.euvistoacamisadogalo.com.br/2015/01/a-minha-sorte-grande.html
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