Maldição em Swansea?

Há quatro temporadas, o Swansea City chegava à Premier League pela primeira vez em sua história. Comandada por Brendan Rodgers, atual treinador do Liverpool, a equipe galesa terminou a Championship 2010-2011 na terceira colocação e, nos playoffs, bateu Nottingham Forest e Reading, conseguindo o acesso. Na ocasião, seu grande destaque era o winger Scott Sinclair, autor de três gols no jogo do acesso e o “primogênito” em uma sucessão de transferências malfadadas.


Ano após ano, os Jacks têm perdido seus destaques, os quais, no entanto, não conseguem dar continuidade às suas carreiras. Assim, selecionamos alguns casos emblemáticos:

Scott Sinclair - Manchester City

Cria do Bristol Rovers, Sinclair apareceu no Chelsea, ainda muito jovem. Aos 17 anos ganhou suas primeiras oportunidades nos Blues. Não obstante, sua evolução não se deu da forma esperada e uma série de empréstimos se seguiram.

Assim, após passagens pelos modestos Plymouth Angle, Queens Park Rangers, Charlton Athletic, Crystal Palace, Birmingham e Wigan, Sinclair chegou ao Liberty Stadium. Na equipe galesa reencontrou Fábio Borini, italiano que havia sido seu companheiro nas divisões inferiores do Chelsea. Disputando a Championship, ganhou espaço e muito destaque, que prosseguiu na Premier League 2011-2012. No total, foram 91 jogos, com 36 gols marcados, pelo Swansea

Com o excelente desempenho veio a grande oportunidade. Por £5,6 milhões, o jovem trocou o Swansea pelo Manchester City e, a partir daí, sua carreira voltou ao ostracismo.

Sem chances nos Citizens, pelos quais disputou apenas 19 partidas, em três temporadas, foi sucessivamente emprestado ao West Bromwich Albion e ao Aston Villa, sem, contudo, ter melhor fortuna em seus novos destinos. Hoje, a carreira de Sinclair encontra-se estagnada e o jogador já não tem idade para ser considerado uma jovem promessa. Nos Villans em definitivo a partir da próxima temporada, terá a chance de recomeçar.

Gylfi Sigurdsson - Tottenham

Diferentemente de Sinclair, Sigurdsson não chegou a Swansea em definitivo. Destaque do modesto Hoffenheim, da Alemanha, o islandês foi uma excelente contratação de Brendan Rodgers, na metade da temporada 2011-2012. Então com 22 anos, cumpriu as expectativas e fez uma temporada muito sólida, sendo o principal construtor de jogo da Swansea. Em 19 jogos, marcou sete vezes.

Com apenas seis meses no clube galês, retornou de empréstimo ao Hoffenheim e logo foi vendido ao Tottenham, onde nunca conseguiu desempenhar seu futebol pleno. Atuando muitas vezes recuado – e até mesmo aberto pelos flancos –, até foi um jogador útil, mas não conseguiu desenvolver seu futebol. Em 85 jogos, marcou 13 gols.

No início da temporada 2014-2015, foi envolvido em uma negociação que levou Ben Davies ao Tottenham e retornou ao Swansea, onde voltou a brilhar. Na temporada recém-finda, disputou 35 jogos, marcou nove gols e proveu 10 assistências.

Joe Allen – Liverpool

Cria do Swansea, Joe Allen é uma figura que viu de tudo no clube.

Desde sua estreia, aos 16 anos, na temporada 2006-2007, quando o clube encontrava-se na terceira divisão inglesa, até o final da temporada 2011-2012, já na primeira divisão, Allen foi um dos destaques do time. Sua capacidade de controle de jogo e perícia nos passes, o transformaram em peça interessante e não demorou para o Liverpool, por indicação de Brendan Rodgers – que deixara o Swansea e assumira os Reds –, contratá-lo por £15 Milhões. Ao todo, jogou 150 jogos e marcou sete gols pelos Jacks.

Contratado por altas cifras, o galês chegou a Liverpool cercado de expectativas. Em um time que passaria por uma profunda reformulação, sobretudo em sua filosofia de jogo, sua contratação fazia muito sentido e era possível ver no galês um jogador para muitos anos, uma vez que, à época, tinha apenas 22.

95 jogos e quatro gols depois, o que se vê é um jogador inseguro e de estilo pragmático, que passa grande parte do tempo no banco de reservas e pode ser negociado em breve.

Michu – Napoli

Destaque em situações ruins no futebol espanhol, primeiro no Oviedo (na quarta e na terceira divisões), depois no Celta (na segunda divisão) e, por fim, no Rayo Vallecano (na primeira divisão), o atacante Michu foi, possivelmente, o melhor negócio feito por uma equipe inglesa na temporada 2012-2013. Contratado por apenas £2 Milhões, o espanhol fez excelente primeira temporada no País de Gales. Em seus primeiros 43 jogos, marcou 22 gols e proveu cinco assistências, ajudando a equipe a conquistar a Football League Cup.

Não obstante, em sua segunda temporada, seguiu tendo bom desempenho e mostrando sua versatilidade. Com a contratação de Wilfried Bony, deixou de jogar como centroavante e participou de menos gols. Em 24 jogos, marcou seis vezes e deu seis assistências. Vale ressaltar que o espanhol sofreu com lesões em 2013-2014 e ganhou, nesse período, sua primeira convocação para a Fúria.

Com tamanho destaque, Swansea ficou pequena para seu talento e seu destino foi o Napoli, por empréstimo com opção de compra. Na Itália, mal foi visto. Sofrendo com uma lesão grave no tornozelo, entrou em campo apenas seis vezes, não marcou, conferiu uma assistência em 2014-2015 e deve retornar aos Jacks para a temporada 2015-2016.

Ben Davies – Tottenham

Promissor lateral esquerdo, Ben Davies é outra prata da casa. Desde sua estreia, em 2012, aos 19 anos, o galês foi visto como um jogador de enorme potencial técnico e futuro, tanto pelo clube quanto pela seleção de seu país, que não hesitou em convocá-lo antes dos 20 anos. Em sua temporada de estreia, só não esteve presente em uma rodada da Premier League, tendo atuado em 44 jogos e marcado um gol.

Em 2013-2014, sua segunda temporada como profissional, continuou brilhando e assumiu de vez a titularidade dos Jacks. Com 41 jogos disputados e dois gols marcados, evidenciou seu potencial e virou alvo de equipes maiores, em função de sua qualidade, juventude e da escassez de bons jogadores em sua posição. Como Sigurdsson, rumou para o Tottenham, em uma negociação que envolveu a volta do islandês ao País de Gales.

Nos Spurs, viveu temporada ruim. Reserva do contestável e inconstante Danny Rose, disputou 29 jogos apenas e chegou a ser improvisado na zaga, posição que lhe é bastante estranha. Como é jovem, ainda espera-se uma evolução, mas é certo que sua carreira saiu da trajetória ascendente com a mudança de ares.

Wilfried Bony - Manchester City

Grande craque do Swansea com a saída de Michu, o marfinense chegou a disputar a primeira metade da temporada recém-finda pelo clube.

Contratado em 2013, após fazer temporada assombrosa no Vitesse, da Holanda, marcando 37 gols e provendo 10 assistências, em 36 jogos, Bony fez da grande área dos adversários do Swansea sua casa. Em seus primeiros 48 jogos pela equipe galesa, marcou 26 gols, excelente marca.

Com fantástica capacidade de posicionamento na área adversária, perícia nas finalizações e nos cabeceios, o jogador agregou grande qualidade ao elenco e se transformou na maior referência do time. Assim, com essas credenciais – adicionados os nove gols que marcou nos primeiros 22 jogos que disputou na temporada 2014-2015 – foi contratado pelo Manchester City por assustadoras £28 Milhões, para suprir uma carência da equipe, que teve em Stevan Jovetic e Edin Dzeko figuras muito pouco eficientes.

Todavia, seu início não foi nada animador. Em seus 11 primeiros jogos, marcou apenas dois gols, finalizou pouco, criou pouco e não impressionou. Evidentemente, isto é só seu início nos Citizens e ainda é perfeitamente razoável esperar mais do jogador. 2015-2016 será sua prova de fogo, a temporada para demonstrar a inexistência de uma maldição em Swansea.

É evidente que chamar o insucesso de jogadores que se destacaram no Swansea em outras equipes de “maldição” é uma brincadeira. Não obstante, é bastante curioso o fato dos grandes nomes da equipe não conseguirem demonstrar bom futebol em outras equipes. Lesões e concorrência podem ser apontados como fatores responsáveis pela queda de rendimento. Além disso, há o fator “adaptação”. Quantas vezes vimos grandes jogadores não se encaixarem em outras equipes? Todavia, não deixa de ser curiosa a trajetória de pouco sucesso traçada por destaques dos Jacks após sua saída do Liberty Stadium.

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