Sete jogadores que defenderam Barcelona e Juventus

Tradicionais como poucos clubes do mundo, Barcelona e Juventus contaram com poucos jogadores em comum em suas histórias. Alguns deles foram bem nos dois times, outros em apenas um deles, e há quem não tenha se feito notar. No entanto, não se pode negar que estamos tratando de um seleto e honrado grupo, afinal vestir camisas com o peso e a importância dos Bianconeri, maiores campeões italianos, e dos Blaugranas, segundos maiores campeões na Espanha, é uma glória para poucos. Selecionamos sete membros das belas histórias dos finalistas da UEFA Champions League 2014-2015.



1 – Michael Laudrup

Um dos maiores craques da história do futebol dinamarquês, provavelmente o maior, Michael Laudrup, excepcional passador, chegou à Juventus em 1985, após destacar-se no modesto KB, da cidade de Copenhagen, no Brondby – onde conquistou o prêmio de melhor jogador dinamarquês do ano, em 1982 –, e na Lazio, onde atuou entre 1983 e 1985, emprestado pela Vecchia Signora, que o havia contratado em 1983, mas desejava que seu novo prodígio (à época com 19 anos) se integrasse ao futebol itálico em outra equipe e encarava uma restrição ao número de estrangeiros – só dois eram permitidos e os Bianconeri já contavam com o polonês Zbigniew Boniek e com o francês Michel Platini.

A transferência, avaliada em $1 Milhão, para a Bota representou, à época, a transferência mais cara de um jogador dinamarquês em toda história.

Mais experiente e contando com a saída de Boniek, Laudrup retornou em 1985, logo após a conquista da primeira UEFA Champions League da Juventus, compartindo o meio-campo com Platini. Na primeira temporada ao lado do craque gaulês, Laudrup brilhou, conquistando a Copa Intercontinental e o Campeonato Italiano. Não obstante, com muitas lesões, não foi bem em 1986-1987, viu Platini se aposentar e, nas duas temporadas seguintes não conseguiu assumir sozinho o protagonismo dele esperado. Era chegada a hora da partida. 151 jogos e 35 gols depois de sua chegada. Próximo destino? Barcelona!

Comandado por Johan Cruyff, Laudrup viveu os melhores anos de sua carreira. Com títulos e atuando ao lado de jogadores da estirpe de Romário, Hristo Stoichkov, Ronald Koeman, Pep Guardiola, José Bakero e Txiki Begiristain. Como possuía grande visão de jogo e fantástica qualidade de passe, o dinamarquês representava tudo o que seu treinador mais prezava, assumindo, por fim, uma condição de protagonismo que não conseguiu em Turim.

Pela equipe catalã atuou 216 vezes e marcou 55 gols, conquistando uma Copa del Rey, quatro Campeonatos Espanhóis, duas Supercopas da Espanha, uma UEFA Champions League e uma Supercopa da UEFA. Não obstante seu sucesso, Laudrup se desentendeu com Cruyff e, em 1994, mudou-se para Madrid, onde defendeu o rival maior do Barça.



2 – Thierry Henry

Cria do Monaco, Henry atuou por Barcelona e Juventus em momentos absolutamente distintos e que refletem os diferentes desempenhos alcançados.

Destaque do time monegasco, o francês desembarcou em Turim aos 21 anos, por aproximadamente £10,5 Milhões e permaneceu apenas seis meses na Bota. Ainda em formação, não jogava como centroavante, mas como um atacante de lado de campo e não se destacou. No total, disputou 19 jogos pela Juve e marcou três gols, sendo logo vendido ao Arsenal, onde teve desempenho de tal forma bom que não é preciso comentar.

Consagrado, após oito temporadas no clube londrino, o centroavante franco se readaptou à sua primeira função no Barcelona e foi muito bem. Contratado por €24 Milhões, demorou um pouco a se adaptar ao novo clube e à nova-velha função.

Na Espanha, em função da presença de Samuel Eto’o, Henry atuou pelo flanco canhoto do ataque e, após uma temporada de adaptação (que, não impediu o jogador de ser o maior artilheiro do time na temporada, com 19 gols), voou em 2008-2009, ajudando o Barça a conquistar a UEFA Champions League e o Campeonato Espanhol.

Antes de se desligar do clube, em 2009-2010 começou a vivenciar seu declínio físico, mas, ainda assim, ajudou a equipe a conquistar outro Campeonato Espanhol, a Supercopa da Espanha, a Supercopa da UEFA e o Mundial Interclubes. No todo, atuou 121 vezes pelos Blaugranas, marcando 49 gols e seu nome na história do clube.



3 – Edgar Davids

Sempre lembrado por integrar um inesquecível time do Ajax, que conquistou a Europa em 1995, Edgar Davids é ídolo na Juventus. Todavia, um detalhe curioso antecedeu sua chegada à Turim: uma passagem obscura e de pouco destaque pelo rival Milan.

Técnico, grande marcador, brigador e excelente passador, com a camisa da Vecchia Signora, o holandês, de origem surinamesa, ganhou a alcunha de Pitbull.

Contratado em 1997, por £5,3 Milhões, foi, até 2004, o motor de um meio-campo excelente. Na Juve, Davids compartiu o setor com figuras emblemáticas como Zinedine Zidane, Antonio Conte, Didier Deschamps, Angelo Di Livio e Pavel Nedved, dentre outros.

Com o alvinegro, conquistou três Campeonatos Italianos, duas Supercopas da Itália e uma UEFA Intertoto. Em 2002-2003, chegou perto, mas não conseguiu conduzir a equipe à sua terceira taça da UEFA Champions League. O meio-campista totalizou 243 jogos pela equipe italiana, marcando 13 gols. Em janeiro de 2004, deixou o clube, rumando para o Barcelona.

Chamado para ajudar na reconstrução de um novo Barça, comandado por Frank Rijkaard, Davids aceitou o desafio, dividindo o meio campo hispânico com Philip Cocu, Xavi, Luis García e Ronaldinho Gaúcho. Ao final da temporada 2003-2004, com o vice-campeonato espanhol assegurado, retornou à Itália, onde defendeu a Internazionale. Nos poucos meses em que permaneceu na Catalunha, Davids jogou 18 partidas e anotou um tento.



4 – Juan Pablo Sorín

Consagrado com a camisa da Seleção Argentina, Sorín teve uma carreira em clubes recheada de altos e baixos. Após um início fulgurante com a camisa do Argentinos Juniors, Juampi chegou à Juventus com status de grande promessa. Capitão dos Hermanos na conquista do Mundial Sub-20 de 1995, o lateral esquerdo chegou à Turim no mesmo ano, mas fracassou. Aos 20 anos, não pareceu muito simples a mudança para a Itália e logo em 1996 retornou ao futebol argentino, onde voltaria a viver grandes dias com a camisa do River Plate.

Sorín disputou apenas dois jogos pela Juve.

Após a conquista de inúmeras glórias com a camisa dos Millonários, Sorín teve excelente passagem pelo Cruzeiro e voltou a ficar bem cotado no cenário esportivo mundial. Com isso, em 2002 começou sua tríade de empréstimos. Primeiro à Lazio, onde sofreu com lesões e não se adaptou, depois ao Barcelona, onde desempenhou bom papel, e por último ao PSG, antes de mudar-se em definitivo para o Villarreal.

Na Catalunha, permaneceu a segunda metade da temporada 2002-2003, disputando 15 partidas e marcando um gol apenas. Embora não fosse um bom momento para o clube como um todo – tendo terminado La Liga na sexta posição –, o argentino manteve-se em alta.



5 – Gianluca Zambrotta

Campeão Mundial com a Itália, Zambrotta foi um dos ícones da Juventus no início da última década e um dos melhores e mais úteis laterais do mundo no período.

Contratado junto ao Bari em 1999, o italiano era opção pelas duas laterais, como meio-campista pelos flancos e, até mesmo, como volante. Enquanto conservou sua excepcional condição física, foi um grande jogador. Na Juve permaneceu sete anos, conquistando dois Campeonatos Italianos, uma UEFA Intertoto e duas Supercopas da Itália.

Não obstante, com o escândalo do Calciopoli, ao final da temporada 2005-2006, a equipe de Turim foi rebaixada para a segunda divisão e teve que conviver com uma debandada. Um dos atletas que deixaram a equipe foi Zambrotta, que partiu para Barcelona. O italiano deixou a Juve com 294 jogos disputados e 11 gols marcados.

Na Catalunha, foi regularmente titular e até conseguiu destacar-se nas duas temporadas que lá permaneceu. A despeito disso, já havia passado de seu auge e em 2008, com a contratação de Daniel Alves pelo Barça, voltou para a Itália, onde defendeu o Milan até o final de sua carreira. No total, Zambrotta defendeu os Blaugranas em 80 partidas, marcando três gols e conquistando a Supercopa da Espanha de 2006.



6 – Lilian Thuram

Um dos melhores defensores de seu tempo e da história do futebol francês, o zagueiro Lilian Thuram, guadalupense de nascimento, chegou à Turim com um currículo respeitável. Com muitos títulos pelo Parma (de onde foi contratado em 2001, por 80.000 milhões de Liras), uma Copa da França pelo Monaco e a gloriosa Copa do Mundo de 1998, da qual foi, indubitavelmente, um dos protagonistas, foi contratado em 2001 e formou um dos setores defensivos mais fortes da história do futebol.

Ladeado pelo goleiro Gianluigi Buffon, o craque Fabio Cannavaro, Ciro Ferrara, Paolo Montero, Gianluca Pessotto, Mark Iuliano, o tratado Zambrotta, e outros jogadores de menor, porém boa, qualidade, Thuram marcou época e ajudou a fazer da equipe alvinegra um adversário respeitadíssimo e, provavelmente, formando o melhor setor defensivo de seu tempo, rivalizando com o do rival Milan.

Pela Juve, disputou 204 jogos, marcou um gol e conquistou dois Campeonatos Italianos e duas Supercopas Italianas.

Como Zambrotta, em 2006 deixou a Itália e rumou para o Barcelona. Aos 34 anos, nunca conseguiu se firmar como titular absoluto, mas foi peça importante em função de sua experiência e versatilidade, que o permitia atuar pela lateral direita também. Com o fim de seu contrato, descobriu um problema cardíaca e encerrou sua carreira.

Pela equipe catalã entrou em campo 58 vezes, sem marcar e, tal como Zambrotta, conquistou a Supercopa da Espanha de 2006.



7 – Zlatan Ibrahimovic

Controverso na mesma medida em que é goleador, o falastrão sueco chegou à Juventus em 2004, após trajetórias bem sucedidas no Malmo, de seu país, e no Ajax. Alto, forte, habilidoso e excepcional finalizador, Ibrahimovic mal chegou à Turim (por €16 Milhões) e já ganhou lugar no time titular, ganhando a vaga do goleador David Trezeguet, que sofreu muitas lesões em 2004-2005 e, claro, marcando gols. Em sua primeira temporada foram 16.

Em sua segunda temporada, manteve a titularidade mas, dessa vez, diminuindo o espaço do astro Alessandro Del Piero. Não obstante, sua marca não foi tão boa quanto a anterior, com o sueco marcando 10 gols.

Como Zambrotta e Thuram, deixou o clube com o Calciopoli, mas diferentemente não foi para o Barcelona. Por €24 Milhões, desembarcou em Milão, onde defendeu por três temporadas a Inter. Pela Juventus, desconsiderando os títulos que foram retirados da equipe, não conquistou taças, tendo representado a equipe 92 vezes e marcado 26 gols.

Mais adaptado ao futebol italiano, fez excelentes três temporadas pela Inter, conquistando o tricampeonato italiano. Assim, por incríveis €46 Milhões, mais os serviços de Samuel Eto’o, foi contratado pelo Barcelona, onde nunca foi o mesmo. Comandado por Pep Guardiola, que sempre prezou por um estilo de jogo móvel, o sueco sofreu e não se adaptou.

Constantemente substituído e insatisfeito, deixou o clube após uma única temporada, todavia, com conquistas. Um Campeonato Espanhol, duas Supercopas da Espanha, uma Supercopa da UEFA e um Mundial de clubes foram o saldo da temporada 2009-2010, na qual o artilheiro disputou 45 jogos e marcou 22 gols.



Atualmente, a Juventus conta em seu elenco com o uruguaio Martin Cáceres, que teve passagem apagadíssima pelo Barcelona na temporada 2008-2009, sendo, nos anos seguintes, emprestado à Juve e ao Sevilla, clube para o qual vendeu-o e de onde a equipe italiana o contratou em definitivo, em 2012.


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