O planejado Atlético de 2015
2014 terminou da melhor forma para o Atlético Mineiro. Comandado por Levir Culpi, que retornara às Minas Gerais após sete anos, para sua quarta passagem no alvinegro, o Galo conquistou a inédita Copa do Brasil batendo o rival Cruzeiro nas finais. Com Diego Tardelli em grande forma, o time brilhou em viradas emocionantes e terminou o ano vivendo um grande momento. Todavia, logo após o clube perdeu Tardelli e teve que se reinventar, uma vez que o jogador era a grande referência do time. Não obstante, com planejamento e equilíbrio, o clube está vivendo, novamente, boa forma.
Equilíbrio entre entradas e saídas
Sabendo que perderia Diego Tardelli,
o Galo rapidamente foi atrás de um substituto. Enfrentando a concorrência de outras
equipes e, inclusive, do rival Cruzeiro, o alvinegro conseguiu fechar com Lucas
Pratto (foto), argentino que havia sido eleito o melhor jogador da última edição do
campeonato nacional de seu país. Apesar de ter características distintas das de DT9, o hermano saiu-se muito bem até o momento,
sendo peça-chave no ano alvinegro.
Além dele, chegaram apenas o
volante Danilo Pires e o meia colombiano Sherman Cárdenas, que até agora não
convenceram, e o atacante Thiago Ribeiro, contratado junto ao Santos e que vem
desempenhando bom papel. Diferentemente de outros anos, o clube contratou muito
pouco e foi bem metódico. Ribeiro, por exemplo, chegou para a vaga de Cesinha,
cujo empréstimo findou-se sem que o atleta tenha mostrado qualidades. Pouco
após a chegada de Danilo, Pierre mudou-se para o Fluminense e por maior
desagrado que essa “troca” tenha provocado na torcida, em termos de elenco, a
decisão mostrou-se equilibrada.
Buscando aumentar ainda mais a
sintonia do time, diminuir seu inchaço e aliviar a folha de salários, o Galo
vendeu o irregular e muitas vezes indisciplinado Jô ao Al-Shabab, emprestou
André ao Sport, Neto Berola ao Santos e Emerson ao Avaí. Além disso, ao invés
de investir em reforços, o clube preocupou-se primeiramente em assegurar a
permanência dos emprestados e vitais Douglas Santos e Rafael Carioca, algo em
que foi bem sucedido. Douglas teve 100% de seus direitos comprados junto a
Udinese e Rafael 50% junto ao Spartak Moscou.
Mesmo agora que o clube emprestou
Maicosuel, que vinha em uma crescente, por um valor altíssimo (especula-se que
o clube tenha recebido entre € 1,5 e 2 Milhões por um ano de empréstimo) Levir
Culpi segue afirmando que não precisa de reforços. Além de não perturbar a
coesão do elenco, isso aumenta a confiança recíproca entre jogadores e
treinador e deixa o elenco ainda mais forte. Aliás, se tem algo que se pode
afirmar hoje sobre o Galo é que há confiança entre atletas e comandante, uma
vez que não existe mais concentração prévia aos jogos do clube em Belo
Horizonte.
Outro ponto que mostra a
seriedade do trabalho atleticano foi o reaproveitamento de Patric e Giovanni
Augusto, que retornaram ao clube sem custos e, enquanto estiveram com suas
situações contratuais em ordem, foram opção. Giovanni renovou com o Galo após
imbróglio judicial e ganhou lugar no time titular, já Patric havia ganhado boas
chances, mas acertou contrato com o Osmanlispor da Turquia e, por isso, perdeu
seu espaço no time, em razão da alegada perda de foco.
Aliás, foco é uma das palavras chave de Culpi, que tem deixado Guilherme um pouco de lado em função de o treinador demonstrar algumas dúvidas acerca do quão concentrado no clube o meia-atacante
está. Nos últimos dias, o jogador chegou a seguir para o Cruz Azul, mas, sem
acerto, retornou à Cidade do Galo.
Variações e possibilidades táticas
Com boas peças e alternativas em
todas as posições, o treinador Levir Culpi tem modificado um pouco o estilo de
jogo de seu time, conforme as necessidades, utilizando, basicamente, um sistema
com quatro defensores, três meio-campistas e três atacantes. Até agora, o comandante
alternou times com um ou dois volantes e com atacantes mais agudos ou com
outros com maior capacidade de marcação, tudo variando conforme a necessidade.
No ataque, Lucas Pratto
adaptou-se plenamente e não é aquele centroavante de área que foi pensado por
muitos quando de sua contratação. Uma das razões do sucesso da marcação
atleticana é, sem dúvida, a aplicação tática do argentino, que pressiona e
atormenta a vida dos zagueiros durante toda a partida.
Embora concorram às mesmas
posições, no meio-campo, Jesús Dátolo, Giovanni Augusto, Leandro Donizete e
Guilherme têm características absolutamente distintas, o que só beneficia o
time, que tem alternativas para usar contra as mais variadas propostas de
jogo. De forma semelhante, no ataque, Luan (foto), Thiago Ribeiro, Carlos (e Maicosuel,
anteriormente), trazem distintos tipos de jogo, ainda que se possa questionar
a eficiência de alguns desses nomes.
Apesar do sucesso, Levir Culpi não
engessou o Atlético e segue buscando possibilidades específicas para os
diferentes jogos. Além de deixar o time mais imprevisível, isso mantém a
motivação e a forma da maior parte dos jogadores do elenco.
Evolução técnica de alguns jogadores
Assim, o resultado do trabalho e
do planejamento vem aparecendo na forma individual de alguns jogadores. Dentre
todos do elenco é impossível não notar a enorme evolução de jogadores como o jovem Jemerson (foto), de
Rafael Carioca ou Douglas Santos. Outro nome que vem em uma crescente é Giovanni
Augusto.
Confiantes em sua própria
técnica, os atletas vem representando ótimo futebol e chamando a atenção.
Segundo o site footstats, Carioca é
quem mais acertou passes no Brasileirão, com 716; Lucas Pratto é quem mais
acertou finalizações no torneio; Giovanni é o segundo jogador que mais assiste
seus companheiros, tendo ofertado 34 passes para gol (o que não quer dizer que
as chances tenham sido efetivadas); Patric é o líder de assistências; Thiago
Ribeiro é o vice-artilheiro do campeonato; e Jemerson é o quinto atleta que mais
bolas afastou.
O planejamento alvinegro fez do time um forte candidato aos títulos que se apresentam em 2015, criando possibilidades, aumentando a confiança no time e melhorando a forma técnica dos atletas. Dessa forma, Levir ganhou o time e a torcida e mostra que, quando pensado devidamente, um ano pode ser muito bom e até mesmo superar as expectativas.
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