O grande momento do Celta

Nos últimos anos, o tradicional Celta de Vigo passou muito tempo na segunda divisão espanhola, retornando à La Liga para a disputa da campanha 2012-2013. No entanto, seu primeiro ano após o retorno foi muito ruim e o time quase foi rebaixado. Não obstante, nas duas últimas temporadas, os Celestes fizeram campanhas seguras, figurando na parte de cima da tabela, e na primeira parte da temporada 2014-2015 o time chegou a lutar por vaga em competições europeias, mas perdeu fôlego e ficou na oitava colocação. Nesta, até o momento, o time voltou a brilhar, figurando nas primeiras posições.



Posse de bola e passe são as chaves do sucesso

Quando se pensa em posse de bola e Campeonato Espanhol, automaticamente nos remetemos ao Barcelona, que desde os tempos de Pep Guardiola privilegia a manutenção da posse da bola e o passe. A despeito disso, na atual edição do torneio, o Brça tem a companhia do Celta de Vigo na liderança do quesito “posse de bola”, ambos com média de 58%.

Nos passes, o Celta ocupa a terceira posição dentre os clubes que mais trocaram a bola, atrás de Real Madrid e Barcelona, clubes que ocupam a primeira e a segunda posições, respectivamente, e, igualmente, ocupa a terceira posição no percentual de acerto de passes, com 84% de eficiência, atrás dos 88% do clube madrileno e dos 85% da equipe catalã.

Armado com um 4-2-3-1 habitual, o time tem mostrado incrível capacidade de rodar o jogo, sempre procurando evitar entregar a bola ao adversário e mostrando grande paciência no jogo. Nesse sentido, o Celta conta com a eficiência do argentino Augusto Fernández (foto), que acertou 91% de seus passes, e do dinamarquês Daniel Wass, com 84%, jogadores extremamente importantes e os principais responsáveis pelo início da construção do jogo ofensivo do Celta.

Individualidades têm sua parcela de contribuição

Além da importância do coletivo nos quesitos supramencionados – posse de bola e eficiência nos passes – a individualidade dos três jogadores de frente, Nolito (foto), Fabián Orellana e Iago Aspas, tem feito a diferença. O primeiro, grande destaque do time, é quem mais tem sido importante em sua terceira temporada pela equipe.

Terceiro jogador que mais chutes arriscou na temporada espanhola, atrás de Cristiano Ronaldo e Neymar, com 35 tentativas, Nolito é também o vice-artilheiro do Campeonato Espanhol, com seis tentos, junto com Cristiano Ronaldo e Karim Benzema e atrás apenas de Neymar, que já anotou oito gols. Atuando pela faixa canhota, o jogador destro também se destaca como assistente, sendo o segundo que mais proveu assistências, com três, e o que mais criou ocasiões de gol, com 22.

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Além de Nolito, Orellana é outro jogador que se destaca com sua movimentação ofensiva. Já tendo provido duas assistências e oferecido 15 passes para gols, o chileno que atua pelo flanco oposto ao do espanhol já tem três gols e é o décimo que mais chutes arriscou no Espanhol, com 60% de aproveitamento, número superior às marcas de Cristiano Ronaldo e de Neymar.

Por fim, centralizado no ataque galego, Aspas vem recuperando a boa forma de sua primeira passagem pelo Celta. Após passagens ruins por Liverpool e Sevilla, o espanhol voltou a brilhar, já tendo marcado quatro tentos.

Outros dois jogadores que tem se destacado com bons assistentes são os laterais, Hugo Mallo pela direita e Jonny pela esquerda.

Goleada no Barça: o momento mais grandioso




Inesperadamente, o bom time do Celta recebeu o Barcelona na 5ª rodada do Espanhol e goleou-o, por 4x1, deixando evidenciado o excelente momento vivido pela esquadra de Eduardo Berrizo, uma das duas – junto com o Real Madrid – que seguem invictas na competição.

Curiosamente, na ocasião, o que chamou atenção foi a força do contragolpe galego e não só a posse de bola e o passe, que têm caracterizado o jogo do time. Com muita velocidade na reação aos ataques catalães, o Celta surpreendeu em jogo brilhante de Nolito, que marcou um tento e ofereceu duas assistências.

Vale lembrar que na ocasião o Barça ainda não tinha os desfalques de Lionel Messi e Andrés Iniesta, tendo alinhado o famigerado trio MSN.



Até onde vai o clube?

Embora o time titular do Celta seja muito bom e esteja encaixado, faltam peças qualificadas no banco de reservas, o que poderá ser sentido durante a competição. Com a venda do promissor Santi Mina para o Valencia, restaram como opções ofensivas o jovem belga Theo Bongonda e o centroavante John Guidetti (foto), que há tempos promete, tendo feito boas campanhas com Feyenoord e Celtic, mas sem ter conseguido espaço no Manchester City. No decorrer da campanha o desgaste dos destaques, as eventuais lesões e suspensões podem cobrar um preço caro.

Além disso, aos poucos a forma de jogar do clube deverá ser melhor estudada pelos adversários, que procurarão uma forma de neutralizar o jogo do Celta. A falta de jogadores com características variadas também deverá ser onerosa, vindo a cobrança a ser feita durante a competição.

Todavia, com a forte concorrência de outras equipes, teoricamente mais preparadas para a briga pelas primeiras posições, embora esteja na segunda posição, o Celta não tem como expectativa a luta pelo título, devendo ficar satisfeito com uma vaga na Europa League, o que lhe permite jogar sem demasiada pressão, podendo prolongar o bom momento do time.

Tendo gasto menos de £6 milhões, o clube vai fazendo milagres com o material de que dispõe e vem jogando um jogo bonito e agradável de assistir. Consciente de suas qualidades, o Celta tem sabido controlar o jogo e ser mais incisivo nos momentos corretos. Assim, o time que é notória paixão da cidade de Vigo, vai sonhando. Até onde ele irá não se pode prever, o certo é que até o momento a trajetória vem sendo brilhante, digna de nota e estudo.

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