A saída de Lucas Silva para o Real Madrid foi precipitada
O ano de 2015 começou mal para o Cruzeiro. Após dois anos brilhantes sob o comando de Marcelo Oliveira, o clube não resistiu ao assédio e aos milhões vindos de clubes estrangeiros e perdeu três peças que compunham seu excepcional meio-campo. Enquanto Everton Ribeiro e Ricardo Goulart seguiram para o oriente, escondendo-se e deixando de lado oportunidades na Seleção Brasileira, Lucas Silva partiu para o poderoso Real Madrid. A despeito disso, um ano depois, a mudança não vem refletindo o impacto desejado.
Começo e perda de espaço rápidos
Figura importantíssima no projeto
olímpico brasileiro, Lucas Silva chegou ao Real Madrid no final janeiro de 2015
e não demorou muito a estrear, o que ocorreu no dia 14 de fevereiro, contra o
Deportivo La Coruña. Na ocasião, o brasileiro substituiu Asier Illaramendi,
atleta cujo desempenho fraco foi um dos responsáveis pela contratação de Lucas.
Quatro dias depois, o volante ganhou sua primeira oportunidade como titular, em
partida válida pela UEFA Champions League, contra o Schalke 04.
Apesar disso, o jogador não
mostrou a desenvoltura e a personalidade dos tempos em que brilhou nas Minas
Gerais e rapidamente foi perdendo espaço. Até o final da temporada, só voltou a
ser titular em três ocasiões, tendo sido substituído em duas delas. Ficou
evidente que o jogador não estava preparado para um movimento para um dos
maiores clubes do planeta. E não é que não tenha qualidade para tanto, mas o timing para a transferência não foi o
ideal e o jogador sucumbiu às cobranças Merengues.
Em partidas válidas pela Liga
Espanhola, Lucas teve respeitáveis 90% de aproveitamento no acerto de passes,
mas a questão que se impôs foi a pouca eficácia dos mesmos. Se no Cruzeiro o
jogador ficou conhecido pela qualidade de suas inversões de jogo e até mesmo
pela boa visão de jogo, com passes verticais, no Madrid acumularam-se toques
para o lado e sem qualquer criatividade. O jogador recebeu críticas semelhantes
às endereçadas a Illarramendi, que teve aproveitamento ainda superior ao de
Lucas, com 91%.
Com isso, após a troca de comando
na capital espanhola, com a saída de Carlo Ancelotti e a chegada de Rafa Benítez, Lucas viu Casemiro retornar de um ótimo empréstimo ao
Porto e Mateo Kovacic chegar da Internazionale, reduzindo seu espaço na equipe
e partiu, por empréstimo, para o Olympique de Marseille.
Oportunidade em Marselha? Até agora, decepção
Contratado para fortalecer um
meio-campo desmembrado – Dimitri Payet seguiu para o West Ham e Gianni Imbula
para o Porto – Lucas chegou como esperança para a equipe francesa, mas,
rapidamente virou problema. Na contenção do Olympique há apenas uma certeza: a
titularidade de Lass Diarra e essa é certamente uma das razões que justificam a
campanha irregular dos marselheses.
Lucas até começou a temporada como titular,
mas foi perdendo, gradativamente, espaço na equipe treinada pelo espanhol
Míchel, chegando até mesmo a ser usado como zagueiro. Embora tenha 26 partidas
disputadas na temporada, somente esteve presente em 1408 minutos, ou seja,
aproximadamente 54 por jogo. Está claro que o jogador não se adaptou ao novo
clube.
Nas últimas dez rodadas, o
jogador só foi titular em uma e sequer foi utilizado em duas delas. Isso,
aliado a um desempenho insatisfatório, vem gerando rumores de que o
Olympique está buscando devolvê-lo ao Real Madrid. Em novembro, seu treinador
chegou a apontar algumas razões para seu fracasso na Europa até o presente
momento. Sua imponência e personalidade ainda não foram vistas no Velho
Continente.
“Eu conversei com ele. Penso que ele perdeu um pouco de confiança nos passes e na maneira como se coloca no campo. Penso que isso irá mudar, é uma questão de tempo. Para mim, não se trata de um problema físico, mas de uma questão tática”, disse Míchel em novembro.
Primeiro, Lucas foi para uma
equipe que vive constante pressão e que não traz consigo o hábito de dar tempo
aos jovens para se desenvolverem, e depois para um clube pressionado pelas más
exibições e pela saída de jogadores vitais. Com esse panorama, o brasileiro
nada mais tem conseguido ser do que uma decepção.
Perspectivas de futuro
Se seguir no futebol francês, o
jogador de 22 anos dificilmente conseguirá um lugar na equipe titular e terá problemas
para evoluir na temporada. Seu próprio treinador já falou acerca de suas
dificuldades e a permanência em uma equipe pressionada dificilmente será
benéfica para seu futebol. Um retorno ao futebol brasileiro parece improvável
neste momento, mas poderia ser uma boa saída para a recuperação de sua confiança
e a preparação para os Jogos Olímpicos.
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Com contrato até 2020 com o Real
Madrid, é evidente que Lucas Silva ainda tem muito tempo para retomar os bons
rumos de sua carreira e se tornar um jogador de grande nível, mas para isso
precisa atuar. Quando chegou ao Olympique de Marselha, o jogador revelou que
precisava “pensar mais rápido, ser mais dinâmico ao executar as ações”,
e, para ser bem-sucedido em grandes clubes, de fato terá que consegui-lo.
Há exemplos de jogadores que
muito prometiam, mas que demoraram a se desenvolver no próprio Real Madrid,
casos de Casemiro, Daniel Carvajal e Denis Cheryshev, que tiveram que passar
bons períodos longe do clube para retornar e passarem a ser mais utilizados.
Isso pode acontecer com Lucas, mas boas escolhas terão de ser feitas. Certo é o
fato de que a saída do jogador para o Real Madrid foi um movimento precipitado.
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