Não faz muito tempo. Tanto no Brasil quanto no exterior, era comum que as equipes tivessem uma dupla de jogadores no comando do ataque. Torcedores brasileiros se lembrarão de Paulo Nunes e Jardel, Edmundo e Evair e Marques e Guilherme, por exemplo. No exterior, é fácil trazer à memória Rivaldo e Patrick Kluivert, Andriy Shevchenko e Filippo Inzaghi ou Michael Owen e Robbie Fowler. No entanto, mudanças táticas quase generalizadas, com a ascensão do esquema 4-2-3-1, diminuíram essa ocorrência de maneira drástica. Contra a corrente, um surpreendente Watford tem seu futebol feito por, e para, sua dupla, formada pelo inglês Troy Deeney e o nigeriano Odion Ighalo.
Na Premier League, os Hornets têm 27 gols marcados no total.
Destes, 14 foram de responsabilidade de Ighalo e seis de Deeney. Juntos, inglês
e nigeriano são responsáveis por 74% dos gols de um Watford que chegou à
Premier League apenas pela terceira vez em sua história, o nono turno em que
disputa a divisão de elite da Inglaterra.
O mais interessante é que este
desempenho não pode ser creditado a uma mera boa fase, uma vez que na temporada
2014-2015 a dupla já havia feito barulho na disputa da Championship. Na
campanha do acesso, Ighalo foi às redes 20 vezes, enquanto Deeney (foto) anotou 21
tentos, demonstrando que a grande sintonia da dupla não é novidade. Aliás, na
referida temporada, o Watford marcou representativos 91 gols na competição.

Deeney é um atacante com
características extremamente úteis ao futebol atual. Embora sua aparência
física denuncie a presença de um centroavante de área, cujo único ofício é
balançar as redes, seu desempenho na presente temporada mostra um jogador
totalmente diferente. O inglês tem mobilidade e vem mostrando grande capacidade
para ajudar seus companheiros. Sua qualidade para reter a bola no ataque –
atuando como pivô e criando ocasiões para os outros jogadores – é fundamental
para as pretensões do Watford e também uma das chaves para o bom desempenho de
Ighalo.

“A confiança desses jogadores é excelente. Eles estão completamente confiantes em si mesmos”, disse o treinador Quique Flores em entrevista ao Guardian, em janeiro último.
A dupla é, ao lado de Gomes, a
chave do sucesso do time. Via de regra, os Hornets
vêm jogando com uma linha de quatro na defesa, com um lateral-direito ofensivo,
ou Juan Carlos Paredes ou Allan Nyon, e um lateral-esquerdo defensivo – Nathan Aké,
defensor polivalente emprestado pelo Chelsea. Em seu meio-campo há uma
estrutura muito firme. Dos quatro jogadores que ocupam a faixa central, três
têm tarefas diretamente ligadas à marcação e apenas um tem mais liberdade para
criar, em geral Jurado.

Na retaguarda, Gomes (foto, à esquerda) segura as pontas e no meio a preocupação maior é neutralizar os ataques adversários. Assim, os parceiros de frente podem preocupar-se exclusivamente com a necessidade de marcar gols, o que não exclui seu importante papel tático, revelado na pressão à saída de bola dos adversários.
Como era usual em um passado não
tão distante, o Watford opera com dois atacantes, dois grandes símbolos de uma
campanha que começou cercada de palpites negativos, com especulações ligadas ao
rebaixamento, e que até o momento vem sendo muito boa, tanto com a colocação na
tabela quanto com o bom futebol jogado.
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