O recomeço de El Shaarawy na Roma

A temporada 2011-2012 do futebol italiano revelou ao futebol mundial o talento de um jogador que muito prometia e que na campanha seguinte brilharia intensamente: Stephan El Shaarawy, atacante do Milan. Cria do Genoa, clube pelo qual atuou pouquíssimas vezes em anos anteriores, o Faraó, como ficou conhecido, encantou em seus primeiros momentos com a camisa Rossoneri, renovando as esperanças do clube e da Seleção Italiana. No entanto, perdeu boa parte das últimas duas temporadas, lesionado, e sumiu do mapa. No início da atual, seguiu para o Monaco, onde foi mal, e agora, na Roma, vem voltando a mostrar excelente nível, sendo decisivo.



Misto de emoções em Milão

Formado no Genoa, El Shaarawy chegou ao Milan para a disputa da temporada 2011-2012, após fazer ótima temporada na Serie B italiana, com a camisa do Padova. O jogador de origens egípcias, então com 18 para 19 anos, havia marcado nove vezes em 30 jogos, o que levou o Milan a pagar quase £ 12 milhões ao clube de Gênova. Logo, o jovem já vestiria a camisa milanista com regularidade, atuando muitas vezes ao lado de Zlatan Ibrahimovic.

Não obstante, foi na primeira metade da campanha de 2012-2013 que o Faraó mais brilhou. Nas primeiras 17 rodadas do Calcio, foi às redes 14 vezes. Todavia, seu desempenho caiu demais na segunda metade. Da 18ª rodada até o final, só voltou a marcar novamente duas vezes, contra Atalanta e Inter. Apesar de tudo isso, a juventude do jogador poderia justificar tal oscilação. O que não se podia prever naquele instante é que as duas temporadas que se seguiriam a esta seriam péssimas para o desenvolvimento do rápido ponta esquerda.



2013-2014 trouxe consigo o fantasma das lesões, que muito prejudicaram o jogador. Primeiro, um problema muscular; na sequência uma fratura no pé. A temporada que poderia ser de afirmação foi um fracasso. El Shaarawy só entrou em campo nove vezes e marcou um gol, apenas. Em 2014-2015, sua sorte não foi melhor. O jogador voltou a sofrer uma fratura no pé e seguiu atuando pouco. Além disso, a confiança do garoto já não era a mesma de seu início. Ainda que tenha brilhado na penúltima rodada da Serie A, marcando duas vezes contra o Torino, daquele jogador insinuante que despontou em 2011, restava pouco e o remédio foi sua saída.

O contraste entre a péssima estada no Monaco e o bom início na Roma

Com o fim da temporada 2014-2015, El Shaarawy teve uma boa oportunidade. Acostumando-se a trabalhar com jogadores jovens e evoluí-los, o Monaco, treinado pelo português Leonardo Jardim, apostou no futebol do italiano, por empréstimo.

Apesar disso, seu tempo no Principado não foi produtivo. Sempre muito encostado no flanco esquerdo, o jogador não foi efetivo, não deu assistências e não marcou um gol sequer na Ligue 1. A promessa de bom futebol e imprevisibilidade ficou apenas no plano das ideias. Não se pode dizer que não tenha tentado - ainda hoje, já tendo deixado o clube, é o terceiro atleta do time que mais chutou a gol na Ligue 1. O jovem simplesmente não aconteceu e para o melhor interesse de todos os envolvidos, El Shaarawy foi repassado à Roma, que vivia momento complicado e desde seu ingresso não perdeu no Campeonato Italiano.

Atuando na faixa esquerda do ataque Giallorossi, deixada por Gervinho, que partiu para o futebol chinês, El Shaarawy vem mostrando o ótimo futebol daquela já distante primeira metade da temporada 2012-2013. Efetivo e, mais que isso, decisivo, o Faraó é uma das razões para a recuperação da Roma na temporada.

Sua estreia, contra o Frosinone, já entregou seu cartão de visitas, com um tento. Na sequência, balançou as redes contra o Sassuolo, deu assistência contra a Sampdoria e marcou duas vezes contra o Empoli - um deles, uma pintura. Sua única derrota aconteceu contra o Real Madrid, pela UEFA Champions League. Aos 23 anos, o jogador volta a dar sinais de que pode se tornar um jogador de excelente nível.  Longe das lesões e de volta à terra em que mostrou seu melhor futebol, El Shaarawy vai recomeçando e agradando. A ousadia de outrora voltou e a eficácia também.



A notícia obviamente é boa para a Roma, que pode exercer direito de compra ao final da temporada, mas também o é para o Milan, que ainda detém os direitos do jogador, e para a Seleção Italiana, que no momento não tem certezas no ataque.

"Eu vim para a Roma para dar tudo o que eu tenho e dar uma reviravolta em minha carreira, mas também com o objetivo de ir à Euro. Preciso continuar jogando bem pela Roma e, se possível, marcando também, então veremos. Penso que eu (provei um ponto), porque vim para cá após seis meses no Monaco, definindo que eu daria meu máximo por esse time. Antes de assinar, senti que o clube realmente acreditava em mim. Eu sabia que não podia estragar tudo. Fiz um bom início, mas tenho que me manter focado", disse em coletiva após a vitória contra o Empoli.

Muito jovem para ser descartado, mas, para alguns, suficientemente rodado para ser pensado como uma "eterna promessa", El Shaarawy vai renascendo na Roma e mostrando consciência de seu atual momento e do que ele representa. Talento é certo que El Shaarawy possui, mas, como a história registra, pode não ser suficiente. Ter a cabeça no lugar também é fundamental, assim como confiança. Esses são os principais pontos que parecem ter melhorado no retorno do Faraó à Itália. Seu recomeço vem prometendo novos e bons capítulos em sua carreira.

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