Um Casemiro cada vez mais maduro

Desde que surgiu no São Paulo, o volante Casemiro, hoje no Real Madrid, foi tido como um jogador de indiscutivelmente grande potencial. Sua qualidade técnica e capacidade de leitura de jogo sempre se mostraram diferenciadas. No entanto, o jogador foi duramente criticado durante um bom período em terreno brasileiro, uma vez que era notada displicência e, por vezes, falta de empenho em seu jogo. Após alguns anos no Velho Continente, todavia, é irrefutável o fato de que Casemiro vem se tornando um grande jogador.

Inicialmente contratado para servir o Real Madrid Castilla, a revelação são-paulina chamou logo a atenção. Em sua primeira temporada com a camisa Merengue foi chamado por José Mourinho em duas ocasiões a integrar o time principal da capital espanhola – atuando uma vez. Seu talento estava sendo notado, e, embora tenha ganhado um pouco de espaço com Carlo Ancelotti na temporada seguinte, um estágio em outra praça foi avaliado como necessário e, de fato, confirmou-se muito útil. Casemiro atuou no Porto na temporada 2014-2015 e brilhou. Como resultado, retornou ao Santiago Bernabéu, já sob o comando de Rafa Benítez.

Embora coletivamente tenha sido muito fraca a gestão do espanhol, para Casemiro foi fundamental. Com novo status na equipe, o volante passou a ganhar muito espaço no time titular do Real. Com a equipe se amoldando muitas vezes no esquema tático 4-1-4-1 (ou mesmo no 4-3-3), o brasileiro se firmou tanto como um cão de guarda quanto como um organizador de jogo interior.

Casemiro pode não ter a capacidade de conduzir o time e a acurácia dos passes que Luka Modric e Toni Kroos possuem, mas na completude do jogo tem mostrado nível para figurar no onze inicial madrilenho. Nesta temporada, em partidas de La Liga, o jogador de 24 anos tem 87% de aproveitamento de passes; na Champions League o percentual sob para 90,2%. Outro dado que impressiona é o número de desarmes por jogo, 3,2 de média em solo nacional e 4,1 na competição continental – a maior média do elenco, segundo o site Whoscored.

Na última partida do Real, o primeiro El Clasico da vida do brasileiro como titular, o jogador brilhou intensamente, sendo fulcral na neutralização de Neymar, Luis Suárez e Lionel Messi. Casemiro foi um gigante, concluindo oito desarmes, fazendo três interceptações e bloqueando duas finalizações do Barcelona. Testado naquele que hoje é o jogo entre clubes mais especial do planeta, o brasileiro mostrou que chegou a um nível elevadíssimo.

No flagrante, Casemiro desarma Lionel Messi

Essa atuação, em específico, ganhou inclusive o aplauso do treinador Zinedine Zidane que ressaltou seu “papel fundamental” no triunfo. Antes, no início de março, o ex-craque francês já havia evidenciado sua satisfação com seu volante:

“Já sabemos o que pode oferecer. É um jogador de posição, tecnicamente bom e forte fisicamente, que tem muita personalidade. Quando você tem tudo isso pode jogar no Real Madrid”, disse em coletiva.

A razão de estar sendo preterido pelo técnico Dunga na Seleção Brasileira não é clara e precisa ser revelada. Não é que a presença do jogador automaticamente conserte todos os problemas da Canarinho, mas, seguramente, o jogador vive melhor momento que Luiz Gustavo e Fernandinho, atuais titulares brasileiros.

Apesar da expectativa de muitos, Casemiro não chegaria para ser o redentor brasileiro, mas é difícil não imaginá-lo melhorando o trabalho da contenção brasileira, até mesmo pela capacidade inata que demonstra para organizar o meio-campo das camisas que representa. Hoje, a promessa do São Paulo é realidade no Real Madrid e as dúvidas quanto a seu potencial já não existem. Manter um grande nível depende basicamente do jogador, já que chances já conseguiu.

O brasileiro certamente é lembrado pela “sorte” de ter sido levado ao Real quando vivia má fase no São Paulo, mas sua capacidade para aproveitar essa mesma “sorte” chama atenção. Na Europa, um Casemiro amadurecido vem mostrando que os problemas e polêmicas de dentro e fora do campo por que passou no Brasil são parte de seu passado.