Alvo de clamor do público, a efetivação de Rogério Micale, responsável por boa parte do projeto olímpico, como treinador da Seleção Olímpica revitalizou a esperança de êxitos para o futebol masculino nas Olimpíadas do Rio 2016. Após o retumbante, porém previsível, fracasso de Dunga com a Seleção Principal, Tite foi contratado e deixou a responsabilidade pelo comando da equipe olímpica com Micale. A primeira impressão disso, vinda da convocação para o certame, foi boa. Novamente, o Brasil entra como candidato à láurea olímpica.
De antemão, é preciso ressaltar que algumas escolhas foram condicionadas pela liberação, ou não, dos atletas por seus clubes. Estes não são obrigados a fazê-la para os Jogos Olímpicos, uma vez que os mesmos não são competições de futebol profissional, não entram no calendário da FIFA e, portanto, não constituem Data FIFA.

As laterais, diferentemente do ocorrido nos Jogos Olímpicos
de 2012, quando Marcelo foi chamado, irão sem um jogador de maior experiência,
mas as escolhas foram bem pensadas. Pela direita, Willian vem muito bem no
Internacional e pela esquerda o mesmo pode ser dito de Douglas Santos, no Galo.
Seguros e talentosos, não devem trazer problemas. Fabinho, o mais cotado pela
direita e um dos pilares do grupo, não foi liberado pelo Monaco e por isso não
foi chamado. Por sua vez, Zeca, o terceiro chamado e que também tem muita qualidade, era opção óbvia
e a razão é simples: é polivalente, atuando pelos dois flancos. Para um chamado
com apenas 18 nomes, ter alguém com tal perfil é fundamental.
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Na zaga, era esperado que algum jogador experiente fosse
chamado. Miranda e Thiago Silva não foram liberados por Inter de Milão e PSG, todavia. Assim sendo, o inevitável
aconteceu: só jogadores jovens foram chamados. A despeito disso, todos os
convocados têm rodagem em suas carreiras. A maior esperança para o setor é
Marquinhos, indiscutivelmente. Consistente, rápido e técnico, o beque do Paris
Saint-Germain é um dos defensores mais valorizados do mundo, não por acaso. A
seu lado, o tranquilo e técnico Rodrigo Caio deve ser titular, pois o foi
durante todo o ciclo preparatório. Fica a questão se a zaga não ficará muito
leve e frágil fisicamente. Caso verifique isso, Micale terá em Luan opção menos
talentosa, mas com maior força.
Na contenção reside importante questionamento: por que Walace não foi chamado? O volante do Grêmio mostrou rápida e impressionante ascensão
desde que se firmou como jogador profissional e chegou a disputar a Copa
América Centenário com a Canarinho. Outro nome que poderia ter aparecido e sobre
o qual não há certeza quanto à liberação, ou não, é Danilo, volante do Valencia
e ex-capitão do time brasileiro sub-20.

Na criação, o chamado de apenas dois nomes deixa claro que o
time jogará em função de um tridente ofensivo. Nesse sentido, não surpreende o
fato de terem sido chamados apenas Rafinha (foto), do Barcelona, e Felipe Anderson, da Lazio. Ambos atuam em equipes de alto nível, foram chamados durante o ciclo
olímpico e têm talento de sobra. Rafinha recuperou-se de lesão grave a tempo e deve
ser o principal regente da orquestra canarinha, abusando de sua ótima técnica.
Outras opções como Andreas Pereira ficaram de fora, mas, como dito, a opção se
explica pela escolha do sistema de jogo.
"Eu me sinto preparado para realizar o trabalho. Há situações nas quais não podemos ter controle absoluto no futebol, mas vou colocar o que aprendi até aqui. Não quero calar nenhum crítico, eu tenho que focar no meu trabalho e seguir minha linha com convicção", disse em entrevista coletiva o treinador Rogério Micale.

É claro que a ausência de vários jogadores que não foram
liberados não pode ser ignorada. A despeito disso, não pode ser usada como
desculpa para eventual fracasso. A convocação de Rogério Micale é equilibrada,
mostra o que ele espera de seu time e possui muita qualidade. Não há um jogador
sequer que já não tenha alguma bagagem em sua equipe e não há ninguém dentre os
selecionáveis vivendo mau momento em sua trajetória. Escolher 18 em um universo
tão vasto quanto o brasileiro será sempre tarefa difícil, porém o treinador da
Seleção Olímpica apostou em suas convicções e no trabalho que desenvolveu
durante os últimos tempos.
Se o Ouro Olímpico tão sonhado virá, não é possível afirmar,
mas é claro que ele é possível. Há talento por parte dos jogadores e seriedade
no trabalho feito. Será o Rio o palco de uma glória há tanto tempo perseguida?
Os convocados:
Goleiros: Fernando Prass (Palmeiras) e Uilson (Atlético
Mineiro);
Defensores: Willian (Internacional), Douglas Santos
(Atlético Mineiro), Zeca (Santos), Marquinhos (PSG), Rodrigo Caio (São Paulo) e
Luan (Vasco);
Meio-campistas: Thiago Maia (Santos), Rodrigo Dourado
(Internacional), Fred (Shakhtar Donetsk), Rafinha (Barcelona) e Felipe Anderson
(Lazio);
Atacantes: Neymar (Barcelona), Douglas Costa (Bayern de
Munique), Gabriel Jesus (Palmeiras), Gabriel Barbosa (Santos) e Luan (Grêmio).
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