Willian Arão, o ponto de equilíbrio do Flamengo

Com passagens por São Paulo, Corinthians e até um breve estágio no Espanyol, de Barcelona, Willian Arão sempre foi um jogador conhecido por seu potencial. Apesar disso, os anos começaram a passar em sua carreira e o jovem não deslanchava. Isso finalmente ocorreu em 2015, quando, aos 23 anos e representando o Botafogo na Série B, o volante teve grande projeção e ganhou destaque nacional. Assim, chegou ao Flamengo em 2016, protagonizando polêmica transferência. Passados seis meses apenas, já é possível dizer que o jogador valeu a luta por sua contratação.

Willian Arão Flamengo 2016


Outrora improvisado em várias posições – como zagueiro e lateral-direito – Arão se encontrou no Botafogo na sua posição, como volante, e foi assim que chegou ao Urubu. O que talvez não fosse esperado é que o jogador se encaixaria com tanta rapidez no esquema de Muricy Ramalho, comandante escolhido para 2016.

Com a expectativa de que jogadores contratados em 2015 rendessem mais – casos de Paolo Guerrero e Ederson – e diante das chegadas do colombiano Gustavo Cuéllar e do argentino Federico Mancuello, Arão não trouxe tantas perspectivas ao torcedor. No entanto, à época, Muricy já pensava com carinho em seu reforço.

“O Arão fez uma grande temporada, chamou atenção de todos os técnicos do Brasil, sem dúvida. É um segundo volante moderno, jovem, que infiltra, faz gol”, disse o ex-técnico do Fla ao Globoesporte.com.

Willian Arão BotafogoA despeito disso, dentre todos estes nomes, o que mais vem fazendo diferença no campo é Arão, figura que tem sido inclusive capitã do Rubro-Negro nas últimas partidas. Volante capaz de fazer um grande número de funções em seu setor – saída de bola, desarmes e aproximação do ataque –, Willian se firmou como o principal destaque da temporada do clube carioca. 

Seu desempenho numérico tem sido excepcional no atual Campeonato Brasileiro. Dos 37 desarmes que tentou, conseguiu êxito em 32, ou 86,5% de aproveitamento (é o segundo que mais desarmou no torneio). Além disso, tem 90,3% de acurácia no acerto de seus passes. Para mais, embora seja volante, acertou mais de 55% de seus lançamentos, já tem duas assistências e marcou um gol. Todo o jogo do Flamengo passa pelos pés de seu camisa cinco.

Alto, técnico e sério, Arão demonstra sempre uma postura muito ativa nas partidas, procurando auxiliar o setor de seu time que se encontre em dificuldade. Não me agradam certos rótulos, como “volante moderno”, mas no caso de Willian limitar sua descrição taxando-o como volante não tem sido a forma mais adequada de definir o jogador flamenguista. É preciso destacar também que o atleta se sente mais confortável pelo lado direito do meio-campo, como confirma seu mapa de calor.

Willian Arão Heatmap
Foto: Reprodução/Footstats
Muricy Ramalho preferiu deixar o cargo de treinador do Flamengo após voltar a ter problemas de saúde e mesmo que ainda não haja definição quanto a seu sucessor – no momento Zé Ricardo, ex-comandante do time sub-20 do Flamengo, é quem dá as cartas –, Arão segue sendo destaque. Recentemente, a boa forma do jogador também foi aclamada por Adílio, um dos grandes ídolos do clube carioca na década de 80.

Quando o Flamengo requisitou a vinda do Willian Arão, eu já fiquei feliz. Eu o vi jogar no Botafogo. Um meio de campo que joga bem solto. Ele me faz lembrar até o Carlos Alberto Pintinho. São jogadores que saem muito para o jogo. É um jogador inteligente (...) Ele pode atingir o nível do Elias. É um jogador que também tem esse perfil. Cheguei a conversar com ele aqui na Gávea. Jogador de penetração, que chega. O Arão, apesar de muito novo, apenas 24 anos, é um jogador maduro”, disse Adílio ao Esporte Interativo.

Se o Flamengo de 2016 ainda é uma incógnita, Arão tem se mostrado uma certeza, um jogador confiável, cuja entrega em toda partida é garantida. O paulistano se encaixou como uma luva em um time que ainda luta para determinar sua verdadeira cara; é um raro jogador do Rubro-Negro que não tem a titularidade ameaçada e com quem o torcedor do clube se identifica.

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