Sem Juan Cazares, modelo de jogo do Atlético deve ser analisado

Foi veiculada na última terça-feira a informação de que o equatoriano Juan Cazares, até o momento o grande destaque do Atlético-MG, teve constatada lesão muscular que deve tirá-lo de ação pelos próximos três meses, ou seja, de praticamente todo o restante do Campeonato Brasileiro de 2016. Atuando de forma inconsistente durante a competição e tendo em seu camisa 11 o principal diferencial, o Galo terá que repensar sua estratégia se quiser alçar altos vôos em 2016.

Juan Cazares Marcelo OIiveira Atlético Mineiro



Sem Cazares e Jesús Dátolo, cuja saída do clube vem sendo fortemente especulada, o Atlético poderá passar o restante de 2016 carente de um armador, figura crucial para a forma de jogo que Marcelo Oliveira tem tentado aplicar ao clube alvinegro. Com dois jogadores de lado de campo e um centroavante no setor ofensivo, o Galo tem ficado extremamente carente de criatividade quando não dispõe de uma das figuras supracitadas. Por mais que Robinho, Maicosuel e até mesmo Carlos Eduardo tenham talento, sua característica não é sequer semelhante à dos meias estrangeiros do time.

Lucas Pratto Atlético Mineiro
Patric pelo setor de criação é um improviso e um improviso altamente ineficaz. O lateral direito não tem visão de jogo, nem técnica para tanto. O que lhe sobra, que são os atributos físicos, não cumpre as exigências e demandas da função. Quem mais teria aptidão para atuar por ali é Lucas Pratto, que como é notório nunca foi um centroavante de ofício afeito ao trabalho na pequena área adversária, já tendo por muitas vezes atuado por trás da figura do matador em outras equipes. Diante disso, chega-se ao ponto do debate: sem Cazares e Dátolo o melhor talvez seja repensar a estratégia.

Pratto e Luan parecem estar próximos de retornar de lesão, o que certamente será fundamental para a sequência do Galo. Com a dupla, o time se torna automaticamente mais equilibrado, tanto pelo já famoso trabalho de marcação incansável de Luan, reforçando a cobertura pela lateral direita, quanto pela garra e técnica de Pratto no ataque. O argentino, aliás, não é criativo, mas tem movimentação inteligente, podendo ser o elo entre os jogadores do setor ofensivo. Embora não seja o homem dos passes açucarados, pode ser a peça capaz de integrar todo o setor, uma vez que gosta e tem como característica marcante a circulação pela faixa do campo em análise.

Fisicamente, Robinho não atende às demandas que Pratto pode e também já vê a sombra de Maicosuel, ainda longe de sua melhor forma, crescer; tecnicamente, Clayton ainda não justifica o investimento feito pelo clube em sua contratação; e com a referência de Fred, que se mostra até o momento muito positiva, talvez o melhor seja tentar alinhar um time no tradicional 4-4-2, que com o recuo de Pratto na marcação atuaria no 4-5-1 na fase defensiva. 

No setor defensivo não há o que mexer. A dupla de volantes titular ideal é formada por Rafael Carioca e Leandro Donizete, assim como a primeira linha de quatro defensores por Marcos Rocha, Leonardo Silva, Erazo e Douglas Santos. Qualquer coisa que fugir disso se funda em uma necessidade decorrente de lesão, suspensão ou, eventualmente, de negociação. O cerne de toda a dúvida é o setor ofensivo.

Fred Atlético MineiroQuando teve Cazares, a equipe viu Clayton, Robinho e Fred serem bem assessorados, e o time como coletivo conseguiu definir posições e funções. Além do próprio talento do equatoriano, com sua figura o Atlético teve organização, e esta é outra razão pela qual não adianta insistir no modelo atual sem seu núcleo, sem a figura que pode ser chamada de armador ou mesmo de organizador. É claro, não há ninguém mais apto a definir isso do que o próprio treinador do clube, presente no dia a dia, mas o fato é que o time não teve ordem sem Cazares e Dátolo. As estatísticas não nos deixam mentir. 

Dos 20 pontos que somou no Brasileirão, apenas três vieram sem a presença do equatoriano, que é o artilheiro do time na competição, com seis tentos, o jogador que mais finaliza, com 25 tentativas e o que mais arrisca passes-chave, com 23, dentre os quais três efetivamente se confirmaram assistências para gols.

Se Dátolo permanecer e conseguir ter sequência de jogo, a necessidade de mudança se atenua. Caso contrário, é difícil imaginar outra forma de manutenção do modelo atual que não resulte em improviso. Chegar à metade e à reta final de um torneio longo como o Campeonato Brasileiro sempre apostando no improviso não é algo sábio.

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