A vez de Giuliano na Seleção Brasileira

Recentemente vendido ao Zenit, o meia Giuliano, que foi fundamental para o título da Copa Libertadores da América do Internacional em 2010 e era importante para o Grêmio até sua saída, vive momento especial. Marcando muitos gols, distribuindo assistências e lutando pelo título do Campeonato Russo, vem recebendo espaço na Canarinho.

Giuliano Zenit 2016

Apesar disso, muito se debateu sobre a decisão tomada por Giuliano quando retornou ao futebol do Leste Europeu. Seu passado ajuda a entender a razão.

Após brilhar intensamente com a camisa do Internacional, período em que rapidamente passou a ser considerado opção para a Seleção Brasileira, o meia passou três longas temporadas no Dnipro, da Ucrânia, sendo esquecido pelo público brasileiro e apagando suas chances de estar presente na Copa do Mundo de 2014. Passado o certame, com o título alemão, retornou ao país em um movimento ousado; Giuliano passou a representar as cores do Grêmio, grande rival do Colorado.

Não obstante, o nível futebolístico que levou o meio-campista a ser considerado o melhor jogador da Copa Libertadores de 2010, ocasião em que marcou vitais seis gols, não foi visto com o manto do Imortal. Não é que não tenha ido bem, o foi (habilitando-se, inclusive, a retornar à Europa), mas não conseguiu ser decisivo como outrora e por isso não vinha sendo considerado opção para a Seleção Brasileira.

Vestindo nova camisa azul, no entanto, Giuliano vem brilhando intensamente. Com nove partidas disputadas pelo Zenit, o jogador mostra muita maturidade; não precisou de tempo para se ambientar e já tem imenso destaque.

Até o momento, no Campeonato Russo, em sete partidas marcou seis tentos e criou duas assistências; na Europa League tem mais dois gols e cinco passes para seus companheiros marcarem, em dois encontros. Seu desempenho é fulgurante.

Giuliano GrêmioVale mencionar que o jogador brilhou em partidas duríssimas, como na vitória contra o Spartak Moscou (atual líder do Russo), e, especialmente, no massacre contra o AZ Alkmaar-HOL, na Europa League, 5x0. É também relevante mencionar que o atleta acertou uma média de 83% de passes nos jogos da Europa League e de 85,5% na Russian Premier League, deixando ainda mais evidente seu encaixe imediato nos Sine-Belo-Golubye.

É claro: seu estilo de jogo facilita muito sua adaptação. Meio-campista que não foge ao rótulo de “moderno”, consegue exercer as funções de armação e ataque e ainda é útil na recomposição. Para o modelo que Tite vem esboçando para a Seleção Brasileira pode se confirmar peça utilíssima. No esquema tático 4-1-4-1, pode tranquilamente exercer uma das duas funções centrais da segunda linha de quatro atletas, até mesmo porque a forma como Zenit atua se aproxima disso, com o volante espanhol Javi García mais recuado e o meio-campista belga Axel Witsel um pouco à frente.

Tite bem sabe disso, uma vez que treinou o atleta de 26 anos no Internacional e deve apostar em sua escalação para a partida contra a Bolívia, na vaga de Paulinho, teoricamente um atleta mais defensivo.

“Tenho característica de jogar no meio-campo em diversas funções, ora como segundo atacante, ora pelo meio. Tenho liberdade de criação, de chegar à área, essa função me proporciona estar perto do gol. Vivo uma fase importante na minha carreira, de muitos gols, justamente por essa liberdade de movimentação. Espero repetir na Seleção”, disse o meia em entrevista coletiva, ressaltando seu bom momento.

Giuliano Seleção Brasileira

Com perfil semelhante ao de Renato Augusto, outro em quem Tite deposita confiança, Giuliano vai reconstruindo sua carreira. Se o movimento para a Rússia parecia escolha ruim, com seu hipotético olvido, o efeito da mudança tem sido exatamente o contrário. É claro, em termos de Seleção Brasileira, é inegável a importância da presença de Tite, que sempre apreciou suas qualidades. Entretanto, não se pode esquecer que o jogador tem feito por merecer.

De peça importante de um time do Grêmio que chegou a lutar pelo título brasileiro a peça vital do Zenit na luta pelo título russo e com boa projeção na Europa League, Giuliano justifica sua presença no escrete verde-amarelo. Em fase excelente, resta ao meia provar em campo a confiança entregue em seu futebol, provando ao público brasileiro o que o russo já está se acostumando – gols, assistências, movimentações inteligentes, utilidade coletiva e dedicação.

Diante do momento pela qual passa a Canarinho, com remodelação, há abertura para a convocação de atletas que não vinham tendo espaço e estão em boa fase. Metaforicamente, pode-se dizer que o trem de Tite está parado na estação e há lugares vagos: é hora de juntar as economias para comprar a passagem. Giuliano já assegurou boa parte dos valores necessários, mas sabe que para garantir seu bilhete, precisa dar continuidade a seu (ótimo) momento.

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