Haverá casamento entre estilo de Jesus e ideias de Guardiola?
Não é mistério para ninguém que acompanha o
futebol internacional o fato de que o treinador Pep Guardiola, como poucos,
preza pela colaboração de todos os seus jogadores para o bom funcionamento do
coletivo. Nem Lionel Messi ficou livre de tal incumbência no período em que foi
treinado pelo catalão. Esse fato nos ajuda a entender a razão pela qual o comandante não
nutre grande apreço por centroavantes mais afeitos apenas à marcação de gols. Casos
como os do sueco Zlatan Ibrahimovic e do croata Mario Mandzukic evidenciam a
realidade citada.
Devido à grande eficiência, o treinador se rendeu a Robert Lewandowski, no Bayern de Munique, e vem passando por algo semelhante com Sergio Agüero, no Manchester City. Tudo bem: polonês e argentino têm poucas semelhanças de estilo, além do faro artilheiro, contudo, assemelham-se em um ponto essencial: precisam ficar perto do gol e, em grande parte do tempo, não oferecem seus préstimos ao restante da equipe como um “falso 9” o faz. É óbvio que compará-los com Messi é injusto e estúpido, mas o fato é que, embora sejam jogadores excelentes, suas funções táticas não fazem parte da predileção de Pep.
Outro indicativo da realidade que
imputamos como ideal para o treinador do Manchester City foi a tentativa
fracassada de transformar o francês Franck Ribery em “falso 9”, logo em sua
chegada ao Bayern. Esse é o treinador que pediu a contratação de Gabriel Jesus
e conversou pessoalmente com o promissor atacante brasileiro antes da conclusão do negócio.
“Já no primeiro treino falou com o atleta francês sobre jogar por dentro ocupando o espaço de falso 9, pois está convencido de que Ribery pode ser ainda mais perigoso se fizer no meio o que costuma fazer na ponta. No meio ele não tem a uma linha de cal limitando-o (...) Pep acredita piamente que o jogador pode fazer grande diferença atuando por dentro”, revela o jornalista Martí Perarnau, em Guardiola Confidencial.
Sobre o brasileiro, no entanto,
em um primeiro momento Guardiola afirmou que projeta a presença de Gabriel
Jesus pelas pontas, sem concorrer com Agüero e sem ser um autêntico ponta,
aquela figura que frequentemente vai à linha de fundo e que é capaz de fazer,
eficazmente, a recomposição defensiva, auxiliando laterais e meio-campistas.
“Ele pode jogar como ponta, fazendo o movimento de fora para dentro, mas é claro que tem que atuar próximo ao gol. Ele não é o ponta típico”, disse Guardiola em entrevista coletiva concedida no início desse mês.
A partir dessa fala do treinador
espanhol, é possível, sem forçar a barra, imaginar que o atacante brasileiro é pensado
como uma espécie de “falso 9” ou segundo atacante. No Barcelona, Messi apareceu como atleta como
ponta direita, tendo qual característica central? “Fazendo o movimento de fora para dentro”. O que o Guardiola
esperava ter sido capaz de fazer com Ribery? Dar mais espaço para o francês
fazer “no meio o que costuma fazer na
ponta”.
É óbvio que não existe meio e
muito menos objetivo em fazer qualquer tipo de comparação entre argentino,
francês e brasileiro, porém, é extremamente plausível imaginar, no longo prazo,
Gabriel Jesus sendo adaptado a uma função mais adiantada, com muito diálogo com
pontas e meias.
Tal empreitada não só daria ao
técnico um jogador com as características que deseja, como permitiria o
aperfeiçoamento de suas ideias no Manchester City. Para jogadores como David
Silva, Kevin De Bruyne ou Leroy Sané, quanto maior for o diálogo e a
proximidade com o atacante de referência, mais seu jogo de passes e constante
movimentação pode se diferenciar.
A presença de alguém com capacidade para ser “falso 9” permite alternativas táticas interessantíssimas, pois cria a possibilidade de tipos de movimentações que não se tem com a presença de um matador de ofício. Em momento em que sai para jogar, o “falso 9” permite, por exemplo, que um ponta ou meia preencha o setor de ataque, confunda a marcação adversária e finalize.
A presença de alguém com capacidade para ser “falso 9” permite alternativas táticas interessantíssimas, pois cria a possibilidade de tipos de movimentações que não se tem com a presença de um matador de ofício. Em momento em que sai para jogar, o “falso 9” permite, por exemplo, que um ponta ou meia preencha o setor de ataque, confunda a marcação adversária e finalize.
Gabriel Jesus já mostrou, tanto
no Palmeiras quanto na Seleção Brasileira, ter aptidão técnica para exercer tal
função, entendendo-se perfeitamente com jogadores como Dudu e Róger Guedes, no Verdão, e Neymar e Philippe Coutinho,
com a Canarinho.
Será essa figura no City?
Adaptar-se-á ao clube e às exigências da Premier League? Ninguém pode
garantir. Não se pode sequer afirmar serem esses os reais planos de Guardiola
para Gabriel. No entanto, o coerente histórico do treinador, combinado com suas
recentes declarações, permite-nos imaginar esse quadro ocorrendo em breve. Tudo
isso poderá começar a ser visto em breve, com o camisa 33 vestindo, por fim, a
camisa dos Citizens.
Comentários
Postar um comentário
Agradecemos a sua contribuição! ⚽