Convocação de Jermain Defoe é prêmio por desempenho sólido

Um dos atacantes ingleses com maior faro de gol e destaque na década passada, Jermain Defoe retornou ao English Team na última convocação do treinador Gareth Southgate. Aos 34 anos e distante de sua seleção desde 2013, o jogador já não esperava um novo chamado. Contudo, a ótima forma individual que tem mostrado nos últimos dois anos o credencia a estar no grupo dos 23 melhores ingleses da atualidade; Southgate percebeu isso, aproveitou a ausência de Harry Kane, lesionado, chamou o veterano e não deve ter se decepcionado.


Jermain Defoe England Three Lions Inglaterra


Por onde passou, Defoe sempre marcou gols. A pior média de gols por clubes de toda a sua trajetória é registrada no West Ham, ainda no início de sua carreira, 0,3 gol/jogo. Nada mal. Entretanto, é curioso notar que a falta de convocações à Seleção Inglesa pode ter sido provocada, em parte, pelo próprio atleta. Às vésperas da Copa do Mundo de 2014, decidiu trocar o Tottenham por uma aventura na MLS, vestindo a camisa do Toronto FC.

Jermain Defoe Toronto FCAtuando em liga com menos competitividade e prestígio, perdeu espaço com o então técnico dos Three Lions, Roy Hodgson, que preferiu levar o questionável Rickie Lambert ao Brasil. Apesar disso, com a camisa canadense, o baixinho seguiu fazendo o que sempre fez melhor: gols. Em 21 jogos, anotou 12 tentos. Todavia, lesões e a sede por competitividade o levaram de volta à Premier League.

Contratado pelo Sunderland, o baixinho (1,71m) desembarcou no Stadium of Light com uma missão clara: ajudar o clube a se livrar do fantasma do rebaixamento. E a missão dada foi cumprida. Em sua primeira temporada com a camisa dos Black Cats, marcou apenas quatro gols em 17 jogos, pouco, mas suficiente. Seus tentos foram importantes para assegurar resultados cruciais para a permanência do clube alvirrubro, como a magra vitória contra o rival Newcastle, 1x0, e o empate fora de casa contra o Swansea City, 1x1.

Readaptado à intensidade da Premier League, Defoe trouxe impacto muito maior na temporada 2015/16, novamente marcada pela luta de seu clube contra o descenso. Em 33 encontros, o veterano foi às redes 15 vezes e se confirmou a referência de que o Sunderland precisava. Se o clube do nordeste inglês tem feito muitas contratações e apostas erradas nos últimos anos, flertando constantemente com o rebaixamento à Championship, não resta qualquer dúvida de que a chegada de Defoe foi um acerto. Mesmo sendo pouco municiado, viu apenas Harry Kane e Jamier Vardy – dentre jogadores ingleses – marcar mais gols na aludida campanha.

Como era difícil de se imaginar um quadro diferente, a temporada atual segue o mesmo panorama da passada, mas dessa vez já se afigura situação em que a permanência do Sunderland na Premier League só ocorrerá por milagre. Sete pontos separam os Black Cats do Swansea City, primeiro clube fora da zona de rebaixamento. A despeito disso, se há alguém que não pode carregar o peso dessa tragédia esse é Jermain Defoe.

Defoe Sunderland


Em 2016/17, seu clube anotou apenas 24 gols, em 28 jogos, confirmando-se o segundo pior ataque do Campeonato Inglês, à frente apenas do Middlesbrough. Desses 24 tentos, 14 podem ser colocados na conta de Defoe. Embora não venha conseguindo ajudar o Sunderland a permanecer na primeira divisão, o experiente atacante tem brilhado sozinho, tendo marcado gols contra equipes importantes, como Manchester City, Arsenal e Liverpool nessa campanha.

Em um momento em que Kane, goleador do Tottenham, encontra-se lesionado, Vardy vive fase ruim no Leicester City e Daniel Sturridge não consegue se firmar no Liverpool, poucos chamados fariam mais justiça ao momento atual do futebol inglês do que o de Jermain Defoe. Não importa que tenha 34 anos, com os 35 batendo à porta; e não importa que atue no lanterna da competição: seu desempenho vem sendo excepcional e seu faro de artilheiro parece não ter se alterado em nada com o passar dos anos.

“Se eu for totalmente honesto, pensei que teria tido uma oportunidade na última temporada, tendo terminado como o terceiro maior artilheiro inglês, atrás de Kane e Vardy. Mas não era para ser e depois comecei a pensar: ‘sabe de uma coisa? Talvez, não vá acontecer’. Porém, eu não reclamei (...) Eu sempre busquei jogar pela Inglaterra. É o auge. Você não alcança nada mais alto do que isso”, disse o atacante em entrevista coletiva com a Seleção Inglesa.

A prova do acerto do treinador Gareth Southgate veio logo no retorno do atacante ao palco sagrado de Wembley. Vestindo novamente a camisa 9 de seu país, foi titular contra a Seleção da Lituânia, em partida válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018 e marcou um dos dois gols ingleses que garantiram mais uma vitória bretã. Como o autêntico matador que é, Defoe recebeu boa bola de Raheem Sterling e balançou as redes.

Defoe Raheem Sterling England


Se a disputa por uma vaga no ataque inglês ainda parece polarizada entre Kane e Vardy, Defoe certamente colocou uma pulga atrás da orelha de Southgate. Sempre motivado, o veterano segue dando seu máximo para evitar o provável rebaixamento do Sunderland e brilhou em seu retorno ao English Team. Tendo ficado de fora da Copa do Mundo de 2014, a persistir seu ótimo momento, que já dura duas temporadas e meia, não é absurdo pensar no jogador como alternativa para 2018.

“Se quisermos ser bem sucedidos, temos que ter competição por lugares. A realidade é que vamos sempre perder jogadores para lesões – nós nunca conseguimos escolher um grupo completo – por isso é importante que chamemos jogadores como Jermain e ele pode ter impacto, como teve hoje. Se ele marcar como está marcando na Premier League, não há razão pela qual não possa estar envolvido em 2018”, disse Southgate na coletiva após a vitória contra a Lituânia.


O treinador inglês deu as cartas: caso Defoe siga mostrando o excepcional desempenho dos últimos tempos, seja com a camisa do Sunderland ou de outra agremiação, não há idade que se coloque como empecilho para sua presença na Rússia, no próximo ano. A classificação inglesa está encaminhada e o jogador aproveitou os breves, porém fundamentais, 60 minutos de jogo que recebeu, após quase quatro anos.

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