Promessa hoje, realidade amanhã? — Versão 2020

O ano de 2020 foi o mais estranho que poderia ser. É claro, dificilmente seria diferente, tendo em vista a pandemia que assola o mundo. O futebol não permaneceu imune a isso, tendo passado por um período de paralisação e, dentre outras questões, presenciando a diminuição da margem para investimentos, quando comparada a dos últimos tempos. Para alguns garotos, tal acabou significando maiores oportunidades em suas equipes. E isso é uma questão que não muda, independentemente do que aconteça: o futebol sempre apresenta promessas. Com todas as suas peculiaridades, 2020 não foi diferente. Aqui, você conhece alguns dos garotos que despontaram, ou se afirmaram no futebol, mundo afora, no último ano.

Promessas 2020 Veron Kulusevski Saka Bellingham Doku
Arte: O Futebólogo

* Dados atualizados até 31/12/2020

1 — Dejan Kulusevski (Parma-ITA/Juventus-ITA)
Dejan Kulusevski
20 anos. Sueco e filho de macedônios, Kulusevski viu sua vida mudar aos 16 anos, mais especificamente quando a Atalanta o contratou, junto ao Brommapojkarna. O ponta canhoto, alternativa pela direita e pela esquerda, apareceu com destaque quando do título do Campionato Primavera de 2018-19, o italiano sub-19. Assim, depois de fazer míseras três aparições pela Dea, foi emprestado ao Parma. E explodiu. Sua contribuição para os Ducali foi imensurável, mas os dez gols e oito assistências sugerem a grandeza do desempenho do jovem, que estreou por sua seleção ao final de 2019. No Parma, sua melhor sequência goleadora aconteceu entre as rodadas 35 e 37, em que marcou consecutivamente contra Napoli, Brescia e a sua Atalanta. Ao final da temporada, seguiu um conhecido caminho no Bel Paese: firmou com a Juventus, que, ainda na janela de inverno europeu, desembolsou 35 milhões de euros por seus préstimos. Alto, rápido, e com bom poder de decisão, para passe e assistência, Kulusevski, que também foi eleito a revelação da Serie A 2019-20, tem recebido oportunidades com a camisa da Vecchia Signora.

Bukayo Saka2 — Bukayo Saka (Arsenal-ING)
19 anos. De ascendência nigeriana, Saka ganhou suas primeiras, e escassas, oportunidades no time principal do Arsenal ainda em 2018. Aos 17 anos, deixou logo evidente que tinha o talento necessário para se tornar peça regular no time dos Gunners. A virada para o polivalente canhoto, que já atuou em todas as funções do lado esquerdo e, inclusive, como ponta pela direita, aconteceu quando o clube londrino teve de lidar com as lesões concomitantes de Sead Kolasinac e Kieran Tierney, as principais alternativas para a lateral esquerda. Na transição de 2019 para 2020, Saka conquistou a titularidade pelo setor e não mais deixou o time. Com qualidade para o drible e muita velocidade, o anglo-nigeriano tem demonstrado solidez no exercício das diversas funções que lhe são exigidas, revelando, também, boa capacidade associativa. Um dos favoritos do treinador Mikel Arteta, recebeu um esperado prêmio em outubro: foi chamado à seleção inglesa, fazendo sua estreia sob a tutela de Gareth Southgate. 

3 — Jonathan David (Gent-BEL/Lille-FRA)
Jonathan David
20 anos. Nos últimos anos, o Lille tem se notabilizado por fazer bons negócios, desenvolvendo talentos, vendendo-os por altas cifras e reinvestindo em outros jovens. Jonathan David é o último expoente dessa prática. Com a milionária venda de Victor Osimhen para o Napoli, os franceses viajaram à Bélgica, onde encontraram um goleador poderoso. Jonathan David, estadunidense de nascimento e que representa o Canadá, anotou impressionantes 23 gols, em 40 partidas pelo Gent, em 2019-20 — sua temporada de afirmação. Também por sua seleção, os números chamam a atenção: são 12 jogos e 11 gols. Agora, David sobe mais um degrau em sua carreira. Por mais que não tenha despontado em 2020, foi nele que se afirmou e recebeu a chance de mostrar seu valor em um nível mais alto. O começo tem sido difícil, mas há confiança em seu sucesso. De outro modo, o Lille não teria investido 27 milhões de euros no atacante, que chama atenção também pela explosão em progressão com a bola e, ademais, pela versatilidade, sendo um camisa 9 que se movimenta constantemente e que pode atuar mais recuado ou pelas beiradas. Falta-lhe melhor domínio do jogo aéreo, entretanto.

4 — Edmond Tapsoba (Vitória de Guimarães-POR/Bayer Leverkusen-ALE)
Edmond Tapsoba
21 anos. A vida de Tapsoba mudou de ponta a cabeça em questão de poucos meses. O zagueiro burquinense começou a se dar a conhecer no Leixões, vindo, a seguir, a integrar a equipe B do Vitória de Guimarães. No início da temporada 2019-20, acabou recebendo chances na equipe principal dos Vimaranenses e correspondeu, de modo imediato. Na metade da campanha, acabaria sendo vendido ao Bayer Leverkusen, que não titubeou na hora de pagar 18 milhões de euros pelo defensor. E o encaixe do africano junto aos Aspirinas foi imediato. Contratado no dia 31 de janeiro de 2020, em 08 de fevereiro já era titular, para não mais deixar de ser. A adaptação foi velocíssima. Logo, os alemães passaram a desfrutar de um defensor calmo, rápido, seguro no jogo com os pés — especialmente passando a bola — e que raramente comete erros.  Para um time como o Leverkusen, que tem na defesa da posse um de seus predicados mais fortes, Tapsoba se mostrou o reforço perfeito.

5 — Pedri (Las Palmas-ESP/Barcelona-ESP)
Pedri
18 anos. Em um dia, você está em casa, sonhando em ser jogador de futebol. No outro, realiza o desejo e, com 16 para 17 anos, torna-se titular do Las Palmas. Em menos de um ano, a realidade é a titularidade do Barcelona. Contada dessa forma, a história de Pedri parece um conto de fadas e, a bem da verdade, não foge muito disso. O meio-campista, comparado desde o início da carreira a Andrés Iniesta, chegou ao Camp Nou, recebeu a camisa 16, que por anos andou às costas de Sergio Busquets, e passou a ser um dos jogadores mais assíduos do onze inicial de Ronald Koeman. A facilidade para conduzir e distribuir a bola é o que mais chama atenção do observador. E, a despeito do corpo franzino, também tem sido ressaltada a capacidade do meia nos trabalhos de pressão aos adversários. “Pedri veio de Las Palmas muito jovem e já joga contra equipes como o Real Madrid e a Juventus, de uma forma fantástica”, disse o treinador holandês.

Marash Kumbulla6 — Marash Kumbulla (Hellas Verona-ITA/Roma-ITA)
20 anos. Nascido na Itália, mas com origem albanesa, Kumbulla começou sua carreira no Hellas Verona, clube que o recebeu aos oito anos. As irrelevantes duas aparições na temporada 2018-19 acabaram em titularidade, na campanha seguinte. Com a confiança do treinador Ivan Juric, o zagueiro só não fez mais partidas pelos Gialloblu por conta de problemas físicos. Logo, ficou claro que o jogador permaneceria por pouco tempo em Verona. A rapidez, evidenciada na prontidão para o combate e nas antecipações, combinada à força no jogo aéreo e à compostura no jogo com os pés (ainda que participe pouco da construção ofensiva), fez de Kumbulla um dos nomes mais cobiçados da janela de verão europeu. Enfim, o ítalo-albanês, que escolheu representar o país balcânico, firmou com a Roma, em um empréstimo com obrigação de compra. Na capital italiana, tem sido titular. 

7 — Dominik Szoboszlai (Red Bull Salzburg-AUT)
Dominik Szoboszlai
20 anos. Szoboszlai não é o que se poderia chamar de uma “novidade quente”. Nem por isso, deixa de merecer um lugar na lista. O húngaro atua, com habitualidade, pelo Red Bull Salzburg desde a temporada 2018-19. No entanto, foi em 2020 que sua influência no jogo da equipe austríaca realmente cresceu. Seus números na campanha 2019-20 são superlativos — foram marcados 12 gols e criadas 18 assistências, em 40 partidas. Cabe a ressalva de que esse nível só foi alcançado após o retorno da paralisação levada à cabo em razão da pandemia que afeta o mundo. Nos 10 jogos finais da liga austríaca, anotou sete tentos (com um hat-trick), e criou 11 assistências. Também no nível de seleções, o meia foi decisivo. Foi dele, aos 47 minutos do segundo tempo do play off contra a Islândia, o gol que classificou a Hungria à disputa da Euro 2021. Já na temporada 2020-21, o jogador tem mantido alto nível, tendo, inclusive, marcado duas vezes na disputa da Liga dos Campeões. Não há dúvidas de que 2020 foi o ano que, de modo definitivo, colocou Szoboszlai no mapa da bola. Especulado no Arsenal, acabou acertando com o “irmão” RB Leipzig, apresentando-se ao clube alemão em janeiro de 2021. A exacerbada veia criativa, evidenciada pela privilegiada visão de jogo e qualidade no passe, e a capacidade de finalização, com bola rolando e em cobranças de falta, são predicados do meia que chamam a atenção. O húngaro tem mostrado, ademais, aptidão para atuar como meia pela esquerda, ou como autêntico 10.

8 — Trincão (Braga-POR/Barcelona-ESP)
Francisco Trincão Braga
21 anos. A fama de Francisco Trincão precede suas aparições regulares com a camisa do Braga, clube que o revelou. Figurinha carimbada nas equipes de base de Portugal, o jogador tem sido recomendado há algum tempo. E foi em 2020 que o ponta direita, canhoto, passou a ser visto com frequência. Titular no time bracarense na fase final da temporada 2019-20, viveu bons momentos, anotando oito tentos e criando seis assistências, em 27 partidas. Foi ainda na metade da campanha que Trincão acertou sua saída para o Barcelona, consumada seis meses mais tarde. Os catalães pagaram 31 milhões de euros ao Braga. No Camp Nou, a integração ao time tem sido gradual, quase sempre com ingressos a partir do banco de reservas. O impacto, para já, é pequeno, mas o jogador é tratado como joia e há grande expectativa. Os dribles em progressão, da faixa direita para o centro, explorando os espaços às costas do meio-campo rival são uma das marcas do habilidoso português, que recebeu, em setembro, suas primeiras oportunidades junto à seleção portuguesa.

9 — Gabriel Verón (Palmeiras-BRA)
Gabriel Verón
18 anos. Uma participação destacada em competições de base de alto nível costuma alçar um atleta ao patamar de promessa de quem muito se espera. No contexto do futebol brasileiro, Gabriel Verón, ponta do Palmeiras, é quem se encontra nessa situação. Eleito o melhor jogador do Mundial Sub-17 de 2019, o potiguar tem sido tratado como um dos jogadores mais promissores a surgir no país nos últimos anos. Velocíssimo, muito forte em jogadas de um contra um, e bom à frente do gol, Verón parece ter tudo o que um jogador de sua posição precisa. Percebido por sites especializados como o atleta mais valioso do futebol sul-americano, o palmeirense fez sua estreia como profissional no apagar das luzes do Brasileirão de 2019, e ganhou espaço no elenco do Verdão em 2020. Há que se destacar, também, que apesar de não ser influente em momento defensivo, Gabriel mostra certa disciplina tática. É um diamante bruto, com muitas valências, mas que precisa ser trabalhado. No Brasileirão 2020, tem sido majoritariamente reserva, marcando três gols em 16 partidas — ou um tento a cada 238 minutos.

10 — Gabriel Sara (São Paulo-BRA)
Gabriel Sara
21 anos. Nos últimos anos, tem sido impressionante o número de talentos revelados nas categorias de base do São Paulo. O último deles é Gabriel Sara. Ainda que não tenha tido a projeção inicial e gerado a expectativa de jogadores como David Neres, Brenner ou Anthony, conquistou seu espaço no time do treinador Fernando Diniz e faz um Campeonato Brasileiro de 2020 primoroso. Sara não tem no drible seu ponto mais forte, mas dribla. O bom passe, a facilidade para “bater na bola” o distinguem, sendo, pois, um jogador muito técnico. Aliada a isso está sua polivalência, com o garoto tendo sido utilizado aberto pelos dois flancos e também em posições interiores. Sua qualidade nos apoios tem favorecido a circulação da bola, sobretudo na construção das jogadas são-paulinas. Não por acaso, o Tricolor acaba de renovar seu contrato até 2024. O curioso é que Sara estreou no time profissional em 2017, fazendo apenas um jogo. Não apareceu em 2018, e praticamente não atuou em 2019.

11 — Jude Bellingham (Birmingham-ING/Dortmund-ALE)
Jude Bellingham
17 anos. Um dos jogadores mais disputados da última janela de transferências foi o inglês Jude Bellingham. Revelação do Birmingham City, o meio-campista foi titular absoluto dos Blues durante a temporada 2019-20. Com passagem pelas equipes de base da Inglaterra, chamou a atenção de alguns dos maiores clubes do planeta. A opção pelo Dortmund acabou se mostrando um movimento calculado, seguindo os passos de Jadon Sancho, seu compatriota que se mudou para o Vale do Ruhr, teve espaço, e triunfou. Com 1,86m, é fácil perceber Bellingham na meia-cancha. A postura elegante e as passadas largas chamam a atenção, assim como a compostura e a calma. Ainda que não seja o que se convencionou chamar de volante, o garoto oferece muita contribuição defensiva. Seus percentuais de aproveitamento de passes são também altos e a capacidade para dar dinâmica, e levar o jogo de uma área à outra, mostra-se uma virtude. Alternativa regular dos aurinegros, Jude recebeu seu primeiro chamado à seleção principal em novembro de 2020.

Florian Wirtz12 — Florian Wirtz (Bayer Leverkusen-ALE)
17 anos. Figurinha carimbada nas seleções alemãs de base, Wirtz é um produto das camadas inferiores do Colônia. Apesar disso, deixou as Cabras sem fazer sua estreia como jogador profissional. Como no caso de Bellingham, o meia foi disputado por várias equipes, mas acabou sendo seduzido pelo projeto apresentado pelo diretor dos Aspirinas, Simon Rolfes, mencionando o fato de que o time tem apostado em jovens, como nos casos de Kai Havertz e Julian Brandt. O impacto do garoto foi rápido. Contratado em janeiro de 2020, fez sua estreia em maio do mesmo ano, tornando-se o jogador mais jovem a defender o Leverkusen na Bundesliga. Menos de um mês depois, contra o Bayern de Munique, marcou seu primeiro gol, tornando-se, também, o mais jovem a balançar as redes no Campeonato Alemão — recorde que duraria pouco. Em 2020-21, em parte por conta da venda de Havertz, Wirtz se tornou titular indiscutível dos Aspirinas. Seus números são fortes: em 18 partidas, o meia marcou cinco tentos e criou cinco assistências. Considerando toda a Bundesliga, o garoto é também um dos atletas que mais constroi oportunidades de gol por partida. Isso tudo aos 17 anos. Não por acaso, teve seu contrato estendido até 2023. “No terço final, posso fazer o passe final ou driblar. Sei que ainda tenho muito o que melhorar. Mesmo que eu tenha um bom chute, não chuto muito durante os jogos. Preciso trabalhar nisso”, palavras da promessa.

13 — Wesley Fofana (Saint-Étienne-FRA/Leicester-ING)
Wesley Fofana
20 anos. Em 2019, Fofana fez sua estreia nas rodadas finais da Ligue 1 de 2018-19. Entretanto, o zagueiro teria azar no início da campanha seguinte, perdendo sua primeira parte, lesionado. No final do ano, retornou e se firmou como titular do Saint-Étienne. Só não fez mais partidas porque a Ligue 1 2019-20 foi paralisada em março e dada por encerrada na 28ª rodada. Tudo parecia caminhar para mais uma temporada como titular dos Verts, mas, no princípio de outubro, o jovem acertou sua transferência para o Leicester City. Com a camisa dos Foxes, o impacto foi rápido. Fofana já fez 17 partidas por seu novo clube, 15 como titular. Com 1,90m, tem se destacado no jogo aéreo, com muita impulsão. Porém, são outras as suas virtudes mais destacadas: sua aptidão para o passe tem tido grande utilidade na construção das jogadas do time treinado por Brendan Rodgers e, ademais, sua rapidez tem se materializado em um grande número de interceptações. Os 35 milhões de euros gastos pelo Leicester parecem muito altos, mas, pelo que Fofana mostra em seu início de trajetória, o mais provável é que não demore a valer muito mais. 

14 — Pedro Neto (Wolverhampton-ING)
Pedro Neto
20 anos. Cria das categorias de base do Braga, e com rápida passagem pela Lazio, Pedro Neto parece ter encontrado seu momento com a camisa do Wolverhampton. Em 2019-20, foi um reserva muito utilizado, mas de pouca influência no terreno. Sobretudo a partir da venda de Diogo Jota para o Liverpool, o polivalente português ganhou muito espaço no time titular de Nuno Espírito Santo e é um dos destaques dos Wolves em 2020-21. Utilizado pelos dois lados do ataque e, ocasionalmente, por dentro, tem sido decisivo com gols e assistências. Ao menos em duas ocasiões, garantiu vitórias para seu time. Bom finalizador, competente para cruzar bolas na área adversária, inteligente em suas movimentações, e útil em jogadas de contragolpe, valorizou-se. O canhoto é mais um que recebeu seu primeiro chamado à seleção portuguesa em 2020, estreando com gol, ante a fraca equipe de Andorra. 

15 — Ander Barrenetxea (Real Sociedad-ESP)
Ander Barrenetxea
19 anos. Não há como ignorar um jogador que estreia como profissional aos 16 anos. Com Barrenetxea, foi o que aconteceu. Cinco dias antes de completar 17, o ponta basco fez seu primeiro jogo, ante o Alavés, no apagar das luzes de 2018. Ele foi o primeiro jogador nascido no século XXI a atuar em La Liga. Depois da estreia, ganharia minutos, mas de modo módico. Marcaria, ademais, seu primeiro gol, em um importante triunfo contra o Real Madrid. Já durante a campanha de 2019-20, voltaria a ter algum espaço, mas, atrapalhado por lesões, quase sempre sairia do banco de reservas. Por outro lado, em 2020-21, tem sido utilizado com maior assiduidade, quase sempre aberto pelo lado esquerdo, tratando-se de um jogador destro. A velocidade, força no arranque, e a aptidão para o drible o distinguem. No entanto, não tem se mostrado um goleador prolífico, nem, tampouco, um grande assistente. Ainda em lapidação, Barrenetxea parece carecer de melhoras em seu jogo de passes e na capacidade para se associar com seus companheiros. Há muito talento em causa, entretanto.

16 — Sergiño Dest (Ajax-HOL/Barcelona-ESP)
Sergiño Dest
20 anos. Sergiño Dest é filho de mãe holandesa e pai estadunidense, de origem surinamesa. Nasceu na Holanda, mas é internacional pelos Estados Unidos. Lateral direito, o garoto foi revelado no Ajax e disputado a tapa por Barcelona e Bayern de Munique. Mas por quê? Dest estreou pelos profissionais dos Godenzonen em julho de 2019 e não demorou a justificar a fama que o acompanhava desde a base. É sua contribuição ofensiva que mais chama a atenção. Com muito vigor físico, o jovem tem mostrado potência nas investidas ao ataque, o que, aliado à qualidade de seu passe e de seus cruzamentos, identificam um jogador muito perigoso. Deve-se destacar, também, que Sergiño tem demonstrado índices elevados de concentração, o que tem grande valia quando é exigido em termos defensivos.  Como o Barcelona, frequentemente, tem canhotos pela ponta direita, Dest tem sido utilizado como jogador de profundidade, progredindo até a linha de fundo, ao atacar. Além disso, como é natural para um atleta formado no Ajax, o estadunidense mostra facilidade para se associar com os jogadores próximos de seu setor (normalmente um meio-campista e o ponta). Há pouca dúvida de que Dest, que ganhou seu primeiro chamado à seleção principal ainda em 2019, é um dos laterais direitos de quem mais se deve esperar grandes coisas nos próximos anos.

17 — Gabriel Menino (Palmeiras-BRA)
Gabriel Menino
20 anos. Dentro da proposta do Palmeiras de aproveitar os talentos feitos em casa, talvez o grande beneficiado tenha sido Gabriel Menino. Descoberto pelo Verdão quando ainda atuava nas categorias de base do Guarani, o jogador foi promovido aos profissionais do clube paulista no final de 2019, fazendo sua estreia oficial em janeiro de 2020. E o jovem tem sido titular durante toda a temporada, muito disso em função de uma versatilidade que permite sua escalação como lateral direito, no meio-campo e até como ponta pela direita. A consistência de suas atuações tem chamado a atenção e, não por acaso, o jovem recebeu convocações para a Seleção Brasileira, já em seu primeiro ano como profissional. Com muita resistência física, Gabriel tem coberto grandes distâncias durante as partidas, sendo importante tanto ofensiva quanto defensivamente. Boa taxa de passes completados, números bastante razoáveis na recuperação da bola e apurado chute de média distância são outros prós do jogador, que também já construiu cinco assistências, em 21 jogos do Campeonato Brasileiro 2020. 

18 — Jamal Musiala (Bayern de Munique-ALE)
Jamal Musiala
17 anos. Musiala nasceu na Alemanha, mas cresceu na Inglaterra. Assim, não são surpreendentes os fatos de ter sido formado nas categorias de base do Chelsea — tendo também tido uma rápida passagem pelo Southampton —, e de representar os Three Lions, no nível de seleções. No entanto, sua profissionalização se deu no Bayern. Costumeiramente um meia ofensivo pela faixa central, o garoto é um dos prospectos que têm recebido oportunidades com o treinador Hansi Flick. Talvez seja o mais talentoso deles, dada a impressionante aptidão que possui para o drible, demonstrando qualidade técnica no controle de bola que salta aos olhos. Apesar de não se revelar um grande assistente, tem contribuído com gols — também porque costuma se posicionar mais à esquerda, favorecendo incursões pelo centro e finalizações com a perna direita. Sua estreia aconteceu na 33ª rodada da  Bundesliga 2019-20, ocasião em que se tornou o mais moço a representar o clube bávaro no Campeonato Alemão. Na temporada 2020-21, tem três tentos, em 15 partidas (um total de 516 minutos).

19 — Youssoufa Moukoko (Dortmund-ALE)

Youssoufa Moukoko16 anos. O Dortmund só esperou Moukoko completar 16 para promover sua estreia. Aqui, os fatos falam por si. Um rolo compressor nas categorias de base, o atacante camaronês, mas que representa a Alemanha, pediu passagem imediata no time de cima dos aurinegros. Para se ter uma ideia, no Campeonato Alemão Sub-19 de 2020-21, o goleador e capitão anotou 10 gols em três partidas. E foi assim que tudo aconteceu: no dia 20 de novembro de 2020, Moukoko completou 16 anos. No dia 21, viveu seu debute como atleta profissional, atuando por cinco minutos no triunfo ante o Hertha Berlim, 5 a 2. Ali, tornou-se o jogador mais jovem a disputar uma partida da Bundesliga, superando o recorde que pertencia a Nuri Sahin. Dias depois, ao entrar no confronto ante o Zenit, válido pela Liga dos Campeões, também passou a deter o recorde de atleta mais jovem a disputar a competição continental. Em seu sexto jogo, o segundo como titular, fez seu primeiro tento. Contra o Union Berlim, assegurou mais uma marca histórica, sendo o mais jovem a marcar em um jogo da Bundesliga. É isso. As coisas têm acontecido em vertiginosa velocidade na vida de Moukoko, um centroavante nato.


20 — Luis Henrique (Botafogo-BRA/Marseille-FRA)
Luis Henrique
19 anos. O 2020 do Botafogo é péssimo, e é mais difícil desde que negociou Luis Henrique com o Olympique de Marseille. O ponta, que costuma atuar pela esquerda, era um desafogo vital para a Estrela Solitária. Jogador moldado para o contragolpe, veloz e eficaz nos dribles, era uma das principais armas de um time que, quando funcionou, foi atuando de modo reativo. Elogiado por Paulo Autuori pela personalidade, é mais um que logo tomou o caminho da Europa. Em enormes dificuldades financeiras, o Botafogo não hesitou na hora de receber 8 milhões de euros pelo jovem, então com 18 anos. Luis Henrique foi a maior venda da história do clube. Entre sua estreia, na penúltima rodada do Brasileirão de 2019, e a saída para a França, disputou 21 jogos, marcando dois gols e criando cinco assistências. No Marseille, está em fase de adaptação, tendo disputado sete jogos, sendo um como titular e sem marcar gols. Ainda é um jogador em processo de aperfeiçoamento, não sendo exagerado citar que a finalização e a tomada de decisões são áreas que devem ser especialmente observadas. O curioso é notar que Luis Henrique quase teve sua passagem pelo clube carioca abreviada, quando agrediu um rival durante a disputa da Copa São Paulo de Juniores de 2019. Antes disso, chegou a passar por um período de testes no Bayern de Munique. Bem, foi mantido em General Severiano e rendeu, ainda que brevemente, frutos.

21 — Lassina Traoré (Ajax-HOL)
Lassina Traoré
19 anos. A linha de produção de jovens talentos não para de funcionar no Ajax. Uma das bolas da vez é Lassina Traoré. Primo de Bertrand Traoré, atualmente jogador do Aston Villa, o burquinense fez sua estreia no time principal dos Godenzonen em maio de 2019. No entanto, o centroavante passaria a quase totalidade do resto do ano no time B, marcando um caminhão de gols na segunda divisão holandesa. Definitivamente integrado aos profissionais em 2020, Traoré tem vivido ótimo momento na temporada 2020-21. Embora ainda não seja titular absoluto, vem entrando em quase todas as partidas. Uma delas, em especial, nunca sairá de sua memória. Na 6ª rodada, o atacante marcou cinco vezes e criou três assistências, em um massacre do Ajax ante o VVV-Venlo, 13 a 0. Não por acaso, foi eleito o jogador de outubro da Eredivisie. Rápido no ataque aos espaços por trás das defesas adversárias, Traoré também tem mostrado aptidão para o jogo aéreo.

22 — Curtis Jones (Liverpool-ING)
Curtis Jones
19 anos. Em que pese o fato de o elenco do Liverpool não ser dos mais fartos, está longe de ser fácil a afirmação de um garoto no time de cima. O meia Curtis Jones fez seu primeiro jogo como profissional em janeiro de 2019, em um encontro da Copa da Inglaterra. A entrada, de fato, nos planos de Jürgen Klopp aconteceria na metade final da campanha de 2019-20. Outra vez, em partidas de copas e, esporadicamente, desfrutando de minutos na Premier League. Na temporada 2020-21, a história tem sido outra. Jones acumula seis partidas como titular, aproveitando-se do fato de que Fabinho tem tido que atuar na defesa, e que alguns de seus concorrentes têm convivido com problemas físicos. O fato é que, com impressionante competência nos passes, Curtis vem aumentando seu estatuto no time. Sua evolução tem sido notória, inclusive em termos de adaptação à ideia de perde-pressiona proposta por Klopp. O inglês, que devota uma vida aos Reds, tendo chegado ao clube em 2010, aos nove anos, vai conquistando seu lugar.

23 — Kaio Jorge (Santos-BRA)
Kaio Jorge
18 anos. Não existe falar no Santos Futebol Clube sem falar nos produtos de suas categorias de base. Não por acaso, eles recebem até um nome especial: Meninos da Vila. Kaio Jorge é mais um jogador de potencial insuspeito a surgir na cidade praiana. Lançado ainda em 2018, aos 16 anos, em 2020 começou a se firmar no Peixe. Não por acaso, a partir do retorno do treinador que o havia alçado à condição de profissional, Cuca. Outro campeão mundial sub-17, em 2019, Kaio Jorge é um atacante, mas não se trata do típico centroavante. O garoto tem tido liberdade para se movimentar, costumando circular em posicionamentos mais avançados, tanto para receber bolas em condições de marcar gols quanto para criar chances para seus companheiros — nomeadamente para Marinho, em suas entradas diagonais. Bom passador e um jogador de frente privilegiado em termos de visão de jogo, o santista mostra qualidades difíceis de se encontrar em um atacante. No entanto, um dos pontos que precisa melhorar é a capacidade para finalizar, além do jogo aéreo. Mas há tempo. E, recebendo cada vez mais minutos, Kaio Jorge deverá ter as condições necessárias para lapidar seus fundamentos.

24 — Hugo Souza (Flamengo-BRA)
Hugo Souza
21 anos. Quando se é um jovem goleiro de um time em que o titular é ninguém menos do que Diego Alves, só mesmo um azar do favorito pode te proporcionar um lugar ao sol. A questão, no caso de Hugo Souza, que chegou ao Flamengo aos 10 anos, é que ainda havia a sombra de César para superar. E foi em uma dessas raras e valiosas oportunidades que Hugo Souza provou que, no Flamengo, goleiro não deverá ser problema por alguns anos. Primeiro, Diego sofreu uma lesão. Depois, contraiu o coronavírus. Além disso, César ficou de fora do jogo contra o Palmeiras. E Hugo estreou. Com um time completamente remendado, o Fla arrancou um empate contra o Verdão e o arqueiro foi brilhante, conseguindo uma breve sequência positiva na meta do clube carioca. Do alto de seu 1,96m e com impressionante envergadura, Neneca, como é apelidado, mostrou muita agilidade e segurança debaixo dos paus. O único porém que as exibições recentes do jovem flamenguista indica é o uso dos pés. No entanto, o próprio goleiro já contou que se trata de um fundamento exaustivamente treinado. A dúvida que fica é se Hugo seguirá tendo espaço no time principal do rubro-negro, quando o Fla voltar a ter Diego Alves em plenas condições.

25 — Patrick de Paula (Palmeiras-BRA)
Patrick de Paula
21 anos. A frieza de cobrar o último pênalti na disputa de um título estadual, em sua primeira decisão, não é para muitos. Coube a Patrick de Paula garantir a conquista do Campeonato Paulista para o Palmeiras, em 2020. Descoberto pelo Verdão durante a disputa da Taça das Favelas de 2017, no Rio de Janeiro, o volante estreou como profissional em um dérbi, contra o São Paulo, em janeiro de 2020. Rapidamente, caiu nas graças da torcida. Com postura elegante, o canhoto se destaca pela força na pressão pela recuperação da bola e nas antecipações, saída de bola limpa, um primeiro passe qualificado e também pelas finalizações de média distância. Diferentemente de Gabriel Menino, Patrick demorou mais a se firmar no time, ganhando sequência, sobretudo, após a paralisação do futebol, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Ao final do ano, sofreu uma lesão, que abriu espaço para outro garoto que tem se destacado, Danilo. A tendência, entretanto, é que Patrick de Paula tenha continuidade com a camisa do Palmeiras. O futebol e a personalidade para tanto já foram testados e aprovados.

26 — Giovanni Reyna (Dortmund-ALE)
Giovanni Reyna
18 anos. Formado no New York City e filho de Claudio Reyna, Gio, cujo nome é uma homenagem a Giovanni van Bronckhorst, ex-companheiro do pai no Rangers, é um dos jogadores mais empolgantes da geração estadunidense que começa a ser projetada para o futuro. Quem logo percebeu isso foi o Borussia Dortmund, que acertou sua vinda, seguindo a receita que deu certo com Christian Pulisic. A estreia do garoto aconteceu em meados de janeiro de 2020, em partida contra o Augsburg. Um mês depois, tornou-se o jogador mais jovem a marcar um gol na Copa da Alemanha. Desde o debute, tem sido utilizado em quase todas as partidas, assumindo a titularidade a partir do início da temporada 2020-21. As comparações com Pulisic parecem inevitáveis também por conta do estilo de jogo. Reyna tem facilidade para atuar em qualquer uma das posições ofensivas do meio-campo (preferencialmente pelo centro), tem no drible e na procura de espaços para oferecer assistências suas grandes valências. Fisicamente, ainda precisa evoluir, devendo aumentar sua contribuição defensiva. Contudo, do ponto de vista técnico, já exibe um nível muito alto. Na corrente Bundesliga, tem três gols e quatro assistências, em 13 jogos. 

27 — Maxence Caqueret (Lyon-FRA)
Maxence Caqueret
20 anos. É comum reconhecer em Rayan Cherki o atleta com maior projeção nas categorias de base do Lyon. De fato, o potencial do meia de 17 anos parece imenso. Mas, para já, junto com o já afirmado Houssein Aouar, quem tem dado o que falar é Maxence Caqueret. O volante, que era capitão do time sub-19 dos Gones, fez sua estreia profissional em janeiro de 2019, em uma partida válida pela Copa da França. Sua afirmação, entretanto, começaria a acontecer apenas no final do ano. Alternando entre a titularidade e a reserva, foi deixar evidente sua qualidade em um momento sui generis. Como a Ligue 1 foi encerrada prematuramente, Caqueret acabou tendo que mostrar seu melhor nível nos palcos mais difíceis. Enfrentando Juventus, Manchester City e Bayern na Liga dos Campeões, esteve à altura das expectativas, jogando todos os minutos. Contra os Citizens, por exemplo, liderou a estatística de desarmes tentados e bem-sucedidos. Também faria participação destacada na final da Copa da Liga, ante o PSG. Tal mostra, para além de qualidades técnico-táticas, um lado mental forte. Para já, apesar de apresentar um físico franzino, Maxence se mostra um jogador pronto para o combate, com boa qualidade para o passe curto e que comete poucas faltas. Muito se diz positivamente sobre o fato de parte de sua formação ter se dado nas quadras de futsal. Nesse momento, mesmo disputando posição com jogadores como Bruno Guimarães, Aouar, Lucas Paquetá e Thiago Mendes, Caqueret é uma realidade.

28 — Ryan Gravenberch (Ajax-HOL)
Ryan Gravenberch
18  anos. Possivelmente o maior talento da nova safra apresentada pelo Ajax, Gravenberch é um volante dos mais refinados que surgiram nos últimos anos. Escassamente utilizado até o início da temporada 2020-21, acabou conquistando seu lugar no onze inicial Ajacied. Elegante em seus movimentos, e tranquilo com a bola nos pés, o garoto de respeitável 1,90m vem se mostrando uma garantia para o clube, tanto na recuperação da bola quanto na saída, no momento ofensivo. Muito técnico e bom passador (inclusive com passes longos), teve seu espaço no time facilitado pelas saídas de Hakim Ziyech e Donny van de Beek, e, além disso, entrosou-se, rapidamente, com Davy Klaassen, que retornou ao clube após passagens medianas por Everton e Werder Bremen. Sua estreia pela seleção holandesa ainda não aconteceu, mas a primeira convocação já veio. Parece questão de tempo vê-lo vestido de laranja, valendo destacar que Gravenberch fez parte do time que venceu o Europeu Sub-17, em 2018.

29 — Eric García (Manchester City-ING)
Eric García
19 anos. Quando uma crise de lesões afastou John Stones e Aymeric Laporte dos planos de Pep Guardiola — e a forma de Nicolás Otamendi se tornou especialmente preocupante —, foi necessária alguma criatividade. Com frequência, o veterano Fernandinho acabou sendo usado na defesa do Manchester City. O que era para ser um recurso eventual, transformou-se em habitualidade. Mas isso não bastou. Então, Pep afirmou Eric García no grupo de profissionais dos Citizens. Cria do Barcelona, o jovem zagueiro havia chegado à Inglaterra em 2017. Sua estreia aconteceu no final de 2018, em uma partida da Copa da Liga. Mas foi em 2020, sobretudo após a paralisação do futebol por conta da pandemia do novo coronavírus, que Eric se firmou. E seu brilho foi tão intenso que levou o Barça a batalhar por seu retorno. A progressão de García, um defensor adaptado ao jogo de posse de Guardiola, foi meteórica. Mesmo que tenha problemas com as facetas mais físicas do jogo, sobretudo a bola aérea, o zagueiro conquistou seu lugar no time. Logo, também vieram as primeiras chances na seleção espanhola.

30 — Jérémy Doku (Anderlecht-BEL/Rennes-FRA)
Jérémy Doku
18 anos. Formado nas categorias de base do Anderlecht, clube pelo qual fez sua estreia como profissional ao final de 2018, com somente 16 anos, Doku é um dos jogadores jovens que mais têm chamado a atenção no momento. Por vários motivos. Titular dos Mauves et Blancs na temporada 2019-20, acabou sendo o escolhido pelo Rennes para substituir o brasileiro Raphinha, negociado com o Leeds United. O detalhe é que os Rouge et Noir pagaram mais pelo jovem prodígio do que o valor arrecadado com a venda de seu talento. 26 milhões de euros podem não parecer a maior das fortunas, quando se está a falar nas cifras gastas no futebol europeu, mas para um clube como o Rennes, trata-se de um investimento sem precedentes. Doku é o jogador mais caro da história do clube. Ainda assim, assumiu a titularidade de modo imediato. O bom desempenho, inclusive, o levou a receber suas primeiras convocações à seleção belga, pela qual já fez cinco partidas. Baixinho, muito rápido e driblador, Doku tem sido utilizado pelo treinador Julien Stéphan pelas duas pontas do ataque. Seu estilo de jogo, direto e vertical, dá nas vistas. Também não deixa de ser digna de nota sua aptidão para o passe.

31 — Nuno Mendes (Sporting-POR)
Nuno Mendes
18 anos. Parte integral da renovação promovida pelo treinador Rúben Amorim no Sporting Clube de Portugal, Nuno Mendes ocupou a vaga deixada pelo argentino Marcos Acuña, e não deu margem às saudades. Com os Leões atuando, majoritariamente, em esquemas táticos com três defensores, o garoto tem podido mostrar suas qualidades com mais liberdade, pela ala esquerda. O curioso é que sua velocidade, habilidade, e capacidade ofensiva, oferecendo amplitude e profundidade, mascaram sua competência defensiva. Em média, apenas o volante João Palhinha faz mais desarmes por jogo. Além disso, ao lado do zagueiro Luís Neto, Nuno é quem mais intercepta bolas dos adversários. A capacidade para ler o jogo e tomar boas decisões, mesmo sob pressão, é outro ponto positivo. Com relações históricas com o Sporting, o Manchester United já aparece como candidato à sua contratação, tamanha é sua projeção neste início de carreira. Mendes é o terceiro jogador mais jovem a marcar um gol pelo alviverde, atrás apenas de Cristiano Ronaldo e de Ricardo Quaresma, e o quinto mais moço a fazer seu primeiro jogo como titular, atrás dos mesmos dois, de Simão Sabrosa e Carlos Fernandes.

32 — Kang-in Lee (Valencia-ESP)
Kang-in Lee
19 anos. É provável que, ao lado do japonês Takefusa Kubo, Kang-in Lee seja o mais promissor talento do futebol asiático a despontar nos últimos tempos. Entretanto, enquanto o nipônico luta para se afirmar no Villarreal, depois de uma temporada em que alternou entre a titularidade e a reserva no rebaixado Mallorca, o sul-coreano Lee vai conquistando seu espaço no time titular do Valencia. Que os Che vivam um momento de transição, o fato é que o garoto, que tem atuado como uma espécie de segundo atacante, vem conquistando seu espaço. Em 10 partidas da liga 2020-21, seis como titular, o canhoto criou três assistências. A habilidade para reter a bola em curtos espaços e sob pressão, além da visão de jogo para ofertar assistências, traduzem um jogador com um perfil peculiar. Contudo, há o que melhorar ainda, sobretudo em termos de finalização e de contribuição coletiva no momento defensivo. Talento individual, o coreano, que é selecionável desde o fim de 2019, tem de sobra.

33 — Fábio Silva (Porto-POR/Wolverhampton-ING)
Fábio Silva
18 anos. Imagine que seu time pagou 40 milhões de euros por um jogador que havia feito apenas uma partida como titular de seu clube anterior (em jogos de campeonato nacional). Parece loucura? Pode ser. O fato é que Fábio Silva, filho de Jorge Silva, deixou o Porto rumo ao Wolverhampton extremamente bem recomendado, especialmente por ter sido um dos destaques portistas no título da UEFA Youth League de 2018-19. É dele, também, o título de jogador mais jovem a atuar pelo Porto no Campeonato Português. No entanto, o atacante ainda vive fase de adaptação ao novo clube, tendo ganhado mais oportunidades após o afastamento do mexicano Raúl Jiménez, que sofreu fratura no crânio. Para já, tem apenas um gol na Premier League, mas vai mostrando qualidades que permitem pensar em um futuro promissor, como sua movimentação na área adversária e a capacidade para se associar. Parece bastante óbvia a constatação de que Fábio Silva estava muito à frente de seus colegas de base, mas ainda distante do nível exigido pela Premier League. Nuno Espírito Santo, seu treinador, sabe bem disso: “Temos um bom jogador nas mãos, ele é muito jovem, mas tem muito talento e vai melhorar, com certeza. Se queremos que um jogador progrida e continue a melhorar enquanto atleta, a melhor maneira é ele ter minutos de competição”, disse.

34 — Yunus Musah (Valencia-ESP)
Yunus Musah
18 anos. Outra novidade do Valencia para a temporada 2020-21 é o estadunidense Yunus Musah. Criado nas categorias de base do Arsenal, chegou ao futebol espanhol em 2019. Teve de aguardar a temporada 2020-21 para ingressar no time principal dos Che. Porém, quando entrou, foi para se consolidar na vaga deixada por Ferrán Torres, vendido ao Manchester City. Musah é o meia que integra o lado direito do 4-4-2 escolhido pelo treinador Javi Gracia. O curioso é notar que, na base, o garoto costumava ser alternativa pelo centro. Entretanto, pelo flanco tem sido possível explorar suas qualidades mais acentuadas, reduzindo a influência das questões em que ainda precisa melhorar. Forte fisicamente, dotado de muita explosão, e detentor de grande facilidade para superar adversários em progressão, tem sido uma opção eficaz pelo setor, sobretudo porque o Valencia não tem seu jogo baseado em posse de bola, precisando ser forte em contragolpes. Atuando por fora, ficam também minimizados os pontos mais fracos de Musah: dificuldades de posicionamento e de atuar de modo horizontalizado. O garoto surge como alguém de muito talento, mas que ainda precisa ser trabalhado, sobretudo em aspectos táticos. 

35 — Pote (Famalicão-POR/Sporting-POR)
Pedro Gonçalves Pote
22 anos. O alcance da maturidade de um jogador de futebol não é determinado por uma ciência exata. Para alguns, vem logo. Para outros, toma mais tempo. Especialmente quando o atleta em questão troca de time muitas vezes, ainda com pouca idade, o processo pode ser mais demorado. É aos 22 anos que Pedro Gonçalves, o Pote, começa a mostrar todo o seu talento. A carreira começa no Chaves, passa pelo Braga, o Valencia e o Wolverhampton. Quatro clubes, três países. E isso tudo nas categorias de base. Pelos Wolves, fez apenas um jogo nos profissionais, em uma partida de Copa da Liga. Então, em 2019-20, veio a redentora saída para o Famalicão. De volta a Portugal, Pote, de 1,73m, alcançou grande desempenho. Ele foi o zênite dos famalicenses, que acabaram terminando a temporada em um aplausível sexto lugar. Em 33 partidas, fez cinco gols e criou cinco assistências. Assim, conseguiu sua passagem para o Sporting, que pagou 6,5 milhões de euros por seus serviços. E a grande forma continua. Em 10 jogos pela Liga NOS, tem 10 gols e uma assistência. Atuando quase sempre como um meia pela faixa central (às vezes pela direita), Pedro tem explorado bem o espaço encontrado entre as linhas de defesa e meio dos adversários, criando ocasiões de gol e fazendo incursões na área adversária.

Comentários

  1. Ótima lista, senti falta dos garotos de xerém, como Kayky, Matheus Martins, Metinho. Apesar desses ainda não terem estreado pelo profissional, já se mostram grandes promessas. O Fluminense ainda tem o Martinelli e o Calegari, que com menos de 20 anos já apresentam um futebol maduro. Abraços!

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