Os quatro “quase” austríacos em competições europeias

Houve um tempo em que o futebol austríaco, assim como o tcheco e o húngaro, representava a vanguarda do futebol europeu. Influenciado pelas figuras de Jimmy Hogan e Hugo Meisl, o esporte se desenvolveu rapidamente, popularizando-se e chamando a atenção pela forma como era praticado: com combinações de passes e estilo. Na Áustria, essa revolução teve início nos anos 1910 e persistiu até a ascensão do Nazismo. Dali em diante, o futebol do país não voltaria a dar muitas alegrias, mas, com seus clubes, chegaria próximo disso em ao menos quatro momentos.

Austria Wien Rapid Casino UEFA Cup Winners Cup Winners
Montagem: O Futebólogo


Escola Danubiana ou Futebol dos Cafés, a tradição adormecida


Em 1881, num território que modernamente pertence à República Tcheca, nasceu Hugo Meisl. Até afirmar o futebol como seu ganha pão, o judeu, que passaria a maior parte da infância em Viena, exerceria diversas funções. Contudo, desde seu primeiro contato com o esporte, já tinha consciência de que seu futuro ideal estaria ligado ao desenvolvimento da modalidade. Após concluir o serviço militar, passou a dividir funções, trabalhando em um banco e junto à Federação Austríaca de Futebol.

Depois de viver os bastidores do esporte, Meisl teria sua primeira oportunidade de colocar a mão na massa entre 1912 e 14, quando assumiu, pela primeira vez, o comando da seleção austríaca. A saída após dois anos, apenas temporária, não aconteceria por outro motivo senão a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Porém, naquela altura, ele já conhecera um importante inglês. Depois de um empate entre Áustria e Hungria, ainda em 1912, Hugo se propôs a conversar com o árbitro da partida, James Howcroft, afinal ele era inglês, e era na Inglaterra que o futebol estava em estágio mais avançado. O juiz lhe fez uma recomendação: contratar um treinador que fosse um especialista — e que poderia muito bem ser seu amigo Jimmy Hogan.

A primeira passagem de Hogan pela Áustria seria rápida, na preparação para os Jogos Olímpicos de 1912, mas deixaria boa impressão. O britânico estimulou o time a jogar à moda do Glasgow Rangers de 1905, com mais combinações de passes, e menos correria com a bola, mas ainda no rudimentar esquema 2-3-5. A aparição olímpica com chegada às quartas de finais, suplantando a Alemanha na fase inicial, foi considerada boa. Meisl prolongou o vínculo de Hogan, mas, naquela altura, ainda não se esperava pelo assassinato de Francisco Ferdinando, em 28 de junho de 1914.

Hugo Meisl Austria
Foto: PA/Arte: O Futebólogo

Durante a guerra, em razão de acordos diplomáticos, o inglês conseguiria se manter em atividade, treinando o MTK Budapeste. Quando pôde, voltou à Inglaterra, onde teria dificuldades para encontrar emprego e viveria dias difíceis. Por sua vez, na retomada do futebol, a partir de 1919, Hugo Meisl, profundamente influenciado por Hogan, continuaria a amadurecer suas ideias de futebol na seleção austríaca, vindo a viajar muitas vezes, sobretudo à Inglaterra. Passariam-se alguns anos até que os amigos se reencontrassem.

No princípio dos anos 1920, começaria a ser forjado o Wunderteam, um dos grandes times que nunca foram. Naquela década, enquanto Das Team se desenvolvia, toda uma revolução acontecia em paralelo na região do Rio Danúbio. Seus conhecidos cafés, que abrigavam debates das mais profundas questões já discutidas pelo ser humano, também passaram a falar abertamente da nova paixão nacional, o futebol. Além disso, o Campeonato Austríaco se formalizaria em 1924, ganhando status de competição profissional.

Ademais, a partir da influência das ideias de Meisl, a região passaria a ter mais duas competições para disputar. No campo dos clubes, a Copa Mitropa; no das seleções, a Copa Internacional da Europa Central. Para o visionário, era fundamental que houvesse intercâmbio de ideias no esporte. Só assim, ele continuaria a progredir.

Sindelar Austria
Foto: Getty Images/Arte: O Futebólogo

Porém, havia dúvidas quanto às habilidades de Meisl para treinar a seleção austríaca, embora ele viesse apenas mantendo os padrões de Hogan. Todos sabiam que a Áustria jogava ótimo futebol, possuindo um dos melhores jogadores do mundo, o Homem de Papel, Matthias Sindelar. Entretanto, a cada derrota, seu estilo de jogo era questionado. O reencontro com Jimmy, em meados dos anos 1930, seria excelente para ambos. Hogan teve a tranquilidade que faltou nos anos anteriores e Meisl alguém para validar seu pensamento.

Todavia, quando o Wunderteam seria testado definitivamente, a Áustria foi incorporada pela Alemanha. A Copa do Mundo de 1938 foi atravancada pelo avanço do Nazismo. Meisl, falecido no ano anterior, não viveria para ver tão traumático fim do trabalho de sua vida. Já a Áustria, exceto pelo terceiro lugar na Copa do Mundo de 1954, nunca mais repetiria aquele desempenho, perdendo relevância, mas não sua tradição, que alguns de seus times tentaram manter viva.

Em Paris, o Austria Viena cai para o Anderlecht


Honrando a história do futebol austríaco, em 1977-78, o Austria Viena chegou à decisão da Recopa Europeia. O time jogava no 4-3-3 e, na meia cancha, era liderado por ninguém menos do que Herbert Prohaska. Aos 22 anos, o jogador, que seria lembrado por ter sido o primeiro a migrar para a Itália quando da abertura do mercado aos estrangeiros, era a cabeça pensante do time treinado por Hermann Stessl — que nos anos que se seguiriam comandaria equipes como AEK Atenas, Porto e Racing Santander. Aos 37 anos, o chefe carregava o cartaz de campeão da segunda divisão austríaca em 1974-75.

Os Violetas tinham também talento uruguaio em seus quadros. Campeão da Copa Libertadores da América de 1971, pelo Nacional de Montevidéu, o atacante Julio Morales era uma das referências ofensivas do time. E o Cascarilla, como era conhecido, não estava sozinho. O meio-campista Alberto Martínez Píriz, formado no rival Peñarol, também representava os vienenses. Vale destacar, ainda, que seis titulares da equipe disputariam a Copa do Mundo de 1978 pela Áustria, incluindo o capitão do selecionado, o zagueiro Robert Sara (que também é o recordista de jogos pelo clube, com 561 jogos).

Prohaska Austria Wien
Foto: Getty Images/Arte: O Futebólogo

Aquela saga europeia foi precedida do título da Copa da Áustria de 1976-77, começando contra os galeses do Cardiff City. Depois de empatarem sem gols em Ninian Park, os Violetas consumaram o avanço à segunda fase com um magro triunfo por 1 a 0, em casa. O gol foi anotado pelo jovem volante Ernst Baumeister, de apenas 20 anos. Embora tensa, aquela eliminatória seria, paradoxalmente, a mais tranquila da campanha dos austríacos.

Na sequência, o Áustria Viena empatou duas vezes com os tchecos do Lokomotíva Košice. O avanço foi possível apenas no critério do gol marcado fora de casa. Então, mais dificuldades surgiram. Contra os croatas do Hajduk Split, dois placares iguais, 1 a 1, obrigaram as equipes a cobrarem penalidades máximas. O time do Leste Europeu conseguiu a proeza de perder todas as suas cobranças. Já o veterano Thomas Parits, de passagens por Eintracht Frankfurt e Colônia, Prohaska e Fritz Drazan acertaram seus chutes, proporcionando o acesso dos Violetas às semifinais.

Enfim, os vienenses perderam. Numa eliminatória igual, o Áustria Viena bateu o Dinamo de Moscou por 2 a 1, mas também foi derrotado por este placar. Outra vez, as penalidades máximas se prestaram à função de fiel da balança. E os soviéticos foram bem mais competentes do que os croatas de Split. Apertada, a disputa terminou 5 a 4 para os alpinos. Pela primeira vez, a Áustria colocava um time na final de uma competição europeia. O problema foi que, do lado de lá da disputa, estava, provavelmente, a melhor geração da história do Anderlecht.


No duelo arroxeado, no Parc des Princes, em Paris, os belgas puniram pesadamente o time de Stessl. O esquadrão comandado pelo polêmico Raymond Goethals, mesclava ótimos jogadores nacionais com holandeses de primeira linha. Diante de um ataque que tinha, François Van der Elst, Franky Vercauteren e o capitão Rob Rensenbrink, os vienenses perderam para o futebol irresistível dos Mauves et Blancs. Eles eram mais rápidos, habilidosos e criativos. Rensenbrink marcou duas vezes, uma delas cobrando falta. Por sua vez, coube ao lateral direito Gilbert Van Binst ser o elemento surpresa do time e consumar a goleada, com mais dois tentos, 4 a 0 para o time de Bruxelas.

A coroa europeia não veio para o Austria Viena, mas aquela não foi uma temporada perdida. Depois de um ano, os Violetas reconquistaram o Campeonato Austríaco, somando impressionantes 14 pontos a mais do que o rival Rapid Viena.

Os ingleses do Everton superam o Rapid


O segundo ato dos austríacos em território continental seria protagonizado pelo Rapid. Comandados pelo croata Otto Barić desde 1982, os alviverdes haviam conquistado a Copa da Áustria do ano anterior, trazendo ao menos três estrelas internacionais. Craque eterno do clube, o goleador Hans Krankl havia retornado do Barcelona em 1981 — era quem capitaneava a esquadra. Na criação, o croata Zlatko Kranjcar, ídolo do Dinamo Zagreb, e o tcheco Antonín Panenka, a quem é atribuída a invenção da cobrança de pênalti de cavadinha, eram peças fundamentais.

Rapid 1985 Wien
Foto: Alamy/Arte: O Futebólogo

A campanha na Recopa 1984-85 começou contra os turcos do Besiktas. Com uma atuação memorável de Panenka, autor de um triplete em cobranças de pênalti e falta, os austríacos arrancaram muito bem, goleando em casa, 4 a 1. Na volta, precisaram apenas segurar o ímpeto do rival, controlando um empate tranquilo, 1 a 1. A segunda eliminatória teria a mesma tônica. Em seus domínios, os vienenses se impuseram diante dos escoceses do Celtic, do atacante Brian McClair (que mais tarde se tornaria ídolo do Manchester United), 3 a 1. Na segunda partida, outra vitória, agora por 1 a 0, assegurou a passagem austríaca à fase seguinte.

O grande teste de maturidade para os Alviverdes veio a seguir, nas quartas de finais. Atuando em Dresden, na Alemanha Oriental, o time sucumbiu diante do Dynamo, do atacante Ulf Kirsten e treinado por Klaus Sammer, o pai de Matthias: 3 a 0. Na volta, a sensação inicial foi a de que a remontada seria impossível. Logo aos quatro minutos da etapa inicial, Panenka perdeu um pênalti. Porém, no ressalto da trave, Peter Pacult tocou para o fundo das redes. A este tento se seguiram mais quatro. Com ares épicos, o Rapid conquistou a passagem às semifinais: 5 a 3 na soma dos placares.


Curiosamente, a história do Austria Viena bateu à porta do rival Rapid. Como em 1978, o adversário austríaco nas semifinais foi o Dinamo de Moscou. A questão é que os Alviverdes foram mais eficazes que seus rivais Violetas. Como anfitrião, o time de Otto Barić superou uma desvantagem inicial para virar o jogo e consolidar um importante 3 a 1. Outra vez, teve que superar o desperdício de uma penalidade cobrada por Panenka, quando o placar ainda era vantajoso para os moscovitas. Contudo, na capital soviética, o tcheco, que seria um dos artilheiros do certame, com cinco gols, se redimiu, marcando logo aos quatro minutos o gol austríaco, no suficiente empate por 1 a 1.

No dia 15 de maio de 1985, a cidade de Roterdã recebeu a final da Recopa. A campanha do Rapid havia sido excelente até ali, com constantes demonstrações de força e de capacidade para se reerguer. Porém, do outro lado da disputa, estava o time que acabara de se consagrar campeão inglês.

O Everton, treinado por Howard Kendall e que tinha Andy Gray no ataque, era simplesmente superior ao Alviverde da capital austríaca. O primeiro gol dos Toffees começou em uma falha defensiva do Rapid e terminou no toque de Gray para uma meta vazia. A retaguarda verde e branca não viveu uma boa noite: falhou também no segundo gol, em cobrança de escanteio. Por fim, de nada adiantou a tentativa de resgate de Krankl, porque, um minuto depois, Kevin Sheedy deu números finais à contenda: 3 a 1.


Uma segunda chance para o treinador Otto Barić


Depois do vice-campeonato com o Rapid Viena, em 1984-85, o treinador Otto Barić rodou pela Europa. Foi ao Stuttgart, voltou ao gigante alviverde da capital austríaca, passou por Sturm Graz, Vorwärts Steyr, e, em 1991, desembarcou no Casino Salzburg (que anos mais tarde ficaria conhecido como Red Bull Salzburg). Ali, começava um trabalho de construção, que viveria seu ápice em 1993-94. Na conta do chá, o time venceu o Campeonato Austríaco. E, além disso, chegou à final da Copa da Uefa.

Além do treinador, outro veterano em finais europeias radicado em Salzburgo naquele momento, era o líbero Heribert Weber, ídolo do Rapid e capitão do Casino. No meio-campo, notava-se a presença de Adi Hütter e, no ataque, do incógnito brasileiro Marquinho e do croata Nikola Jurčević, à época selecionável dos axadrezados.

Adi Hutter Casino Salzburg
Foto: GEPA Pictures/Franz Pammer/Arte: O Futebólogo

A corrida até a final começou contra os eslovacos do Dunajská Streda, que foram superados sem muitas dificuldades, com os dois confrontos da eliminatória sendo vencidos pelos austríacos, ambos por 2 a 0. Na sequência, o adversário foi o belga Royal Antuérpia. Com um pouco mais de dificuldades, o Casino voltou a vencer os dois confrontos, também com placar igual, mas agora 1 a 0. Seria na terceira fase que o time de Barić revelaria o tamanho de sua determinação e vontade de vencer.

A disputa começou a ser jogada em Lisboa. O adversário era o Sporting, contando com jogadores da estirpe de Luís Figo, Paulo Sousa e Krasimir Balakov, e treinado pelo inglês Bobby Robson. O primeiro jogo exibiu a esperada superioridade lusitana, traduzida em vitória por 2 a 0. Porém, na volta, os homens de Salzburgo mostram fibra. O troco foi consumado apenas no minuto 90. Porém, 2 a 0 não era suficiente e a partida foi para a prorrogação. Aos 114’, o meia Martin Amerhauser, que havia entrado na segunda etapa, deu números finais à disputa: 3 a 0 — o funil se estreitava, os austríacos estavam nas quartas de finais.


Então, começou a saga contra os alemães. O primeiro deles foi o Eintracht Frankfurt. Foram dois resultados iguais, 1 a 0. O problema é que eles foram uma vitória e uma derrota. Assim, fora de casa, o time foi submetido à dureza dos pênaltis, vencendo por 5 a 4. Quem estava à espera do Casino era outro germânico, o Karlsruher, cuja meta era defendida por um jovem Oliver Kahn, e que tinha na defesa nomes como Jens Nowotny e Slaven Bilic. Os confrontos foram iguais. Na Áustria, 0 a 0; na Alemanha, 1 a 1. Foi assim que, no critério do gol marcado fora de casa, Barić renovou sua chance de conquista continental.

O problema é que, depois de eliminar Rapid Bucareste, Apollon Limassol, Norwich, Borussia Dortmund e Cagliari, a Internazionale estava esperando o Casino Salzburg. É bem verdade que os Nerazzurri não viviam um grande momento — terminariam a Serie A em 13º lugar. Mas eram um gigante, uma potência que tinha jogadores como Dennis Bergkamp e Wim Jonk. Em duas finais, os italianos salvaram o que vinha sendo um ano tenebroso, com triunfos parecidos, ambos por 1 a 0. Na primeira partida, o gol foi de Nicola Berti; na segunda, de Jonk.


Econômico, o PSG entrou no caminho do Rapid


Se Otto Barić teve uma segunda chance em 1993-94, o Rapid recebeu a sua em 1995-96. Campeão da Copa da Áustria, o Alviverde voltou a disputar a Recopa Europeia. Alinhando gente como Trifon Ivanov, na retaguarda, Peter Stöger, na meia cancha, e Carsten Jancker, na linha de frente, o time fez uma campanha que, na maior parte, foi tranquila. O adversário inicial foi o romeno Petrolul Ploiești, que nada pôde fazer para evitar a consumação de um placar agregado de 4 a 1, em seu desfavor.

A supracitada tranquilidade do Rapid Viena só não foi maior por conta do que se viveu na segunda fase da competição. Outra vez, os lisboetas do Sporting entraram nos caminhos austríacos. Na partida de ida, no estádio José Alvalade, os Leões, que já não tinham a genialidade de outrora, conseguiram um triunfo por 2 a 0, cortesia de Ricardo Sá Pinto e de Paulo Alves.

Trifon Ivanov Rapid Wien
Foto: GEPA Pictures /Arte: O Futebólogo

O jogo de volta foi o autêntico teste para cardíacos. O Rapid não tardou a abrir o placar, com Dietmar Kühbauer. Contudo, o segundo gol só veio aos 90’. O jogo foi para a prorrogação, mas não houve disputa de pênaltis. Christian Stumpf e Jancker colocaram mais duas bolas no fundo das balizas defendidas por Costinha. Até a final, os vienenses não voltariam a viver outra situação tão limítrofe entre sucesso e fracasso.

Adiante, como que numa espécie de tradição estranha, os austríacos voltaram a ser obrigados a enfrentar os moscovitas do Dinamo. Já na primeira partida, na capital russa, o Rapid triunfou: 1 a 0. Em seus domínios, só precisou confirmar sua vantagem, o que fez com propriedade: 3 a 0, com Jancker em grande destaque, fazendo dois gols e sofrendo um pênalti.


Nas semis, o Alviverde enfrentou outra equipe tradicional. O Feyenoord não vivia um bom momento, mas se tratava de um campeão europeu. O treinador Arie Haan vinha tendo problemas de relacionamento com o atacante sueco Henrik Larsson, o que deixava um clima tenso no ar respirado pelo elenco do Stadionclub. Ainda assim, aquele era um time perigoso. Além do escandinavo, Ronald Koeman alinhava na defesa, e Giovanni van Bronckhorst crescia em sua carreira, então como meio-campista.

Em Roterdã, Koeman e Jancker marcaram e o placar ficou igualado, 1 a 1. Na volta, não teve para ninguém. Com dois minutos de jogo, Jancker marcou o primeiro dos austríacos, após cobrança de escanteio. Aos 32’, um chutão da defesa alcançou o atacante, que só fez uma casquinha. A bola avançou até Stumpf, que chapelou o goleiro Ed de Goy. Três minutos depois, de voleio, o homem daquela Recopa, Jancker, deu números finais à partida: 3 a 0 — o Rapid Viena estava em mais uma final.

Disputada em Bruxelas, a decisão colocou o Rapid diante do Paris Saint-Germain. Os parisienses haviam eliminado Molde, Celtic, Parma e Deportivo La Coruña. Treinado por Luis Fernández, o time tinha em Raí seu grande expoente, mas contava com outras figuras de destaque, como o goleiro Bernard Lama e o atacante Youri Djorkaeff. Contudo, a estrela que brilhou na hora da decisão foi a do zagueiro Bruno N’Gotty. Seus pés desferiram um petardo em cobrança de falta quase da intermediária, no que seria o único gol da disputa. Mais uma vez, os austríacos caíram em uma decisão. Ao menos, conquistaram o título nacional de 1995-96.


Quando Hugo Meisl começou a modelar o futebol austríaco, a Primeira Guerra Mundial atrapalhou seus planos. Quando o Wunderteam, uma construção do mesmo Meisl, apoiado por Jimmy Hogan, era visto como uma potência capaz de conquistar a Copa do Mundo, a Áustria foi anexada à Alemanha. A ideia de um futebol estiloso praticado pelos austríacos foi, gradativamente, cessando. Ainda assim, houve times que desafiaram os prognósticos e flertaram com protagonismo continental. O problema é que eles — Austria Viena, Rapid Viena e Casino Salzburg — sucumbiram na hora H. Claramente, ainda há muito a ser discutido nos cafés austríacos.

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