O Quinquenio de los Chicos uruguaios entre 1987 e 91

Em 1987, o futebol profissional uruguaio já superara os cinquenta anos. Exceto por uma conquista do Defensor, em 1976, e outra do Central Español, oito anos mais tarde, o desfecho dos campeonatos charrua não fugia do óbvio. Com mãos de ferro, os grandes rivais montevideanos, Nacional e Peñarol, dominavam a disputa. Seria um desatino imaginar o Bolso e os Carboneros cinco anos afastados do pódio do principal torneio do país. Seria. Não mais.

Quinquenio De Los Chicos
Arte: O Futebólogo


A América podia ser carbonera, mas o Uruguai era violeta


Era o 11º ano desde que o Defensor quebrara a hegemonia de Peñarol e Nacional, sagrando-se campeão uruguaio e performando a icônica vuelta olímpica al revés. A vinda da temporada 1987 não animava os homens de violeta. No último campeonato nacional, o representante do bairro montevideano de Parque Rodó lutara contra o descenso, observando à distância a disputa do título.

Porém, nos bastidores as coisas mudavam. Não era certo se para melhor ou pior, mas a eleição do presidente Eduardo Arsuaga carregava esperança. O futuro evidenciaria a renovação dos ares do clube, já que ao novo mandatário atribuir-se-ia o título de “pai do Defensor moderno”. Seu primeiro ato de redenção seria a escolha do treinador da equipe. E o nome de Raúl Möller seria escrutinado. Em votação, a diretoria violeta refutou seu nome. Entretanto, Arsuaga foi astuto para materializar seu desejo.

“Eu disse a eles: todos os votos valem um, mas se der errado quem vai ser responsabilizado é o presidente. Então, vou pedir que vocês me deixem nomear o treinador”, pontuou ao Montevideo Portal. Segundo Gerardo Miranda, meia ofensivo e maior destaque do time naquele ano, a mudança na direção foi um ponto de virada: “[Arsuaga] foi um fenômeno na direção e foi aí que veio Raúl Möller, com [Edgardo] Martirena e o professor [Juan Antonio] Tchadkijian. Alguns de nós ficaram e naquele ano começamos a jogar jogo a jogo”, contou à revista Túnel, em 2016.

Entre os remanescentes do ano anterior, um conhecia a delícia de ser um azarão. Héctor Tuja, goleiro dos Tuertos, fora protagonista em um segundo momento de choque no campeonato nacional. Defendera a meta do Central Español que foi da segunda divisão diretamente para o topo do pódio na elite charrua. Além disso, ali o time lançava um jovem com muito potencial. Anos antes de brilhar com as camisas de Peñarol, Boca Juniors e Nacional, além da seleção uruguaia, Sergio Manteca Martínez foi alçado ao posto de referência ofensiva e correspondeu. Com apenas 18 anos.

Defensor 1987
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo

Jogadores como os zagueiros Óscar Aguirregaray, que passaria por Internacional, Palmeiras e Figueirense, e Juan Ahuntchaín, rapidamente atleta do Vasco da Gama, solidificavam a equipe. 

O time começaria o Campeonato Uruguaio em boa forma, superando River Plate e Progreso; e oscilaria, perdendo para Danubio e Nacional, nas rodadas três e seis. Porém, se estabilizaria. O Estádio Luis Franzini seria uma fortaleza, onde o clube não perderia um jogo sequer. A defesa se revelaria intransponível, concedendo apenas 18 gols, em 24 partidas. 

O Defensor faria o essencial. 

De suas 14 vitórias, sete se consumariam pela margem mínima do 1 a 0. “Desde que agarramos a ponta, na terceira ou quarta rodadas, não a soltamos mais”, acrescentou Miranda. Quando ainda faltavam dois jogos para disputar, os Violetas receberam o Nacional. A partida foi válida pela 20ª rodada, e havia sido remanejada. 

Era 16 de dezembro, quando Miranda, artilheiro do torneio com 13 gols, marcou o único e suficiente gol do jogo. O Defensor era campeão, o primeiro clube chico a alcançar o bi. O tento de Gerardo, de fora da área, dar-se-ia a conhecer como Mirandazo.


Aliás, registra-se que 1987 foi um ano glorioso para o futebol uruguaio. Um mês e meio antes de o Defensor herdar a coroa nacional, agonicamente, o Peñarol, treinado por Óscar Tabárez, viajou a Santiago. A capital chilena sediou o jogo de desempate da final da Copa Libertadores. As disputas dos Carboneros com o América de Cali vinham sendo duras. Porém, no apagar das luzes da prorrogação, Diego Aguirre confirmou o pentacampeonato continental dos Manyas.

Mais, no meio do ano, a Argentina sediara a Copa América. Como campeão vigente, o Uruguai entrou na competição já nas semifinais. Despachou a anfitriã e, na decisão, bastou um gol de Pablo Bengoechea, para confirmar mais um título da Celeste. O Uruguai era a América e, nacionalmente, mandava o Defensor. Infelizmente para ele, vencer o Campeonato Uruguaio não assegurava vaga na Copa Libertadores. Na Liguilla, classificaram-se Montevideo Wanderers e Nacional.

O batismo danubiano


Quando 1988 se anunciou, o trabalho colocado em marcha no Estádio Jardines del Hipódromo, cerca de 10 km distante do Luis Franzini, vinha sendo notado no Uruguai. Ídolo nacional, Luis Cubilla treinara o Danubio e profetizara: caso a diretoria dos Franjeados lograsse manter seu jovem elenco unido por mais tempo, a recompensa viria. Um grupo de atletas formados pelo próprio clube maturava. Seria Ildo Maneiro, outrora companheiro de Cubilla no Nacional e na Celeste Olímpica, o responsável por extrair o melhor da equipe.

Os jovens eram aposta do presidente da Franja, Héctor del Campo, depois de o time sofrer para se segurar na primeira divisão em 1986. O desempenho positivo no primeiro ano evidenciava o potencial de crescimento do time, individual e coletivamente. Os sinais de que o Danubio estava no caminho certo chegaram rápido. O clube ganhou o Torneo Competencia, que servia de antessala para o Campeonato Uruguaio. Com sobras, venceu nove das doze partidas disputadas.

“Depois de vencermos o Competencia, o grupo estava forte e pensamos que poderíamos vencer o Uruguaio. Passamos a acreditar em nós mesmos”, disse o atacante Rubén Polillita da Silva, à revista Túnel.

Danubio 1988
Foto: Danubio/Arte: O Futebólogo

Aquele time tinha um frescor. O mais velho do onze inicial habitual tinha 27 anos — o zagueiro Daniel Pecho Sánchez. Ao lado de seu companheiro de retaguarda, Fernando Kanapkis, de breve passagem pelo Atlético Mineiro, eram os únicos atleta vindos de outras equipes. Para o goleiro Javier Zeoli, um dos mais experientes aos 26 anos, não foi necessário muito tempo para evidenciar que a equipe ambicionava grandes realizações.

“Percebi que poderíamos ser campeões no primeiro jogo do Uruguaio, contra o Central Español. Os mais velhos, Gustavo [Dalto], El Pecho e eu, tinham algumas dúvidas sobre como uma equipe tão jovem poderia começar o campeonato depois de um título. Era duro começar. Todos falavam que esta equipe ia cair, mas fomos para aquele primeiro jogo e vencemos por 3 a 0. Foi quando percebemos que tínhamos uma força impressionante”, contou ao El Observador.

O Danubio não deixou pedra sobre pedra. Considerando torneios de 24 rodadas, fez a melhor campanha da década: somou 40 pontos de 48 possíveis, com 18 vitórias, quatro empates e somente duas derrotas. Teve o melhor ataque, 52 gols, e a defesa mais forte, 18 tentos sofridos. “O Ildo nos dava liberdade para jogar. Os espaços eram cobertos, se um lateral saísse, Eber [Moas] ou do [Ruben] Pereira cobriam suas costas. Tínhamos Polillita na frente, que mais cedo ou mais tarde, marcaria um gol”, pontuou o lateral Nelson Cabrera.

A conquista inédita foi selada faltando três rodadas para o término da competição. Em 27 de novembro, o Jardines del Hipódromo recebeu o maior público de sua história e a Franja venceu o Progreso, 1 a 0, tornando-se o terceiro chico a vencer o Campeonato Uruguaio. Naquele ano, Rúben da Silva foi o artilheiro máximo da competição, com 23 gols. 


Entre outros fatos que deram notoriedade ao Danubio — classificado à Copa Libertadores da América de 1989, da qual seria semifinalista, perdendo eventualmente para o campeão Atlético Nacional —, ele chegou a emplacar oito jogadores no time titular da Celeste Olímpica. Era a estreia de Óscar Tabárez no comando do selecionado, um dia 27 de outubro, quando Zeoli, Sánchez, Nelson Cabrera, Ruben Pereira, Eber Moas, Da Silva, Edison Suárez e Gustavo Dalto subiram ao gramado para uma partida diante do Equador.

Confirmando que o futebol charrua seguia em alta, o Nacional venceu seu terceiro título da Copa Libertadores na temporada, superando, ainda, o PSV Eindhoven e ficando com o Mundial de Clubes, ao final do ano.

Caminhando sempre em frente, o Progreso


Faltava pouco para o esquerdista Tabaré Vázquez, figura importante da Frente Amplia, assumir como chefe do Poder Executivo de Montevidéu. Isso aconteceria em 5 de maio de 1990. Meses antes, entretanto, outro triunfo marcaria sua história. Filho do bairro de La Teja, não apenas torcia como, desde 1979, presidia o time local. Sob a sua direção, o Progreso renovara o Estádio Abraham Paladino, disputado, ainda, sua primeira Copa Libertadores.

Apesar do clima de contínua evolução, os Gauchos del Pantanoso haviam protagonizado uma temporada digna de rebaixamento em 1988, quadro que pouco se alterou durante o seguinte Torneo Competencia. Diante disso, não é difícil imaginar que a falta de organização do Campeonato Uruguaio tenha beneficiado o time. Dificuldades de calendário — provocadas pela disputa da Copa América e de partidas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1990 — levaram o certame a ser celebrado nos dois meses finais do ano; em turno único e sem rebaixamento.

O torneio em tiro curtíssimo favoreceu o grupo, que, segundo o meio-campista Luis Berger, se fechou: “O que mais me lembro dessa campanha são os encontros que fazíamos com todo o elenco principal e até o terceiro time após os treinos. Isso criou um grupo muito unido”, contou aos uruguaios do El País. O time treinado por Saúl Rivero, e que contava com o conhecido preparador físico Gonzalo Barreiro, tinha em Johnny Miqueiro sua principal arma ofensiva.

Progreso 1989
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo

Desde o princípio, os Gauchos mostraram que não estavam no campeonato para brincadeiras. Na primeira rodada, venceram o River Plate. A esse triunfo, rapidamente, somaram-se mais três, contra os fortes Defensor, Nacional e Danubio. A única derrota dos aurirrubros viria na partida seguinte, ante o Montevideo Wanderers. Nada grave. Logo, mais cinco vitórias, entre as quais uma diante do Peñarol, se materializaram. A ficha começou a cair. “Depois de sete ou oito rodadas, percebemos que poderíamos alcançar algo grande, e aconteceu”, contou o meia Pedro Pedrucci, à revista Túnel.

Na penúltima rodada, o Progreso foi ao Parque Palermo, casa do Central Español, decidir sua sorte. “Naquela tarde, saímos da concentração do Paso de la Arena e já se formava uma caravana rumo ao campo do Central, que estava lotado”, recordou Berger. Era 14 de dezembro e 7,5 mil pessoas acompanharam um empate suficiente, 1 a 1. “Tive que cobrar o pênalti que nos deu o título. Estávamos perdendo, já era o segundo tempo e tínhamos que fazer”, relatou Pedrucci. Festa em La Teja.


No protocolar encontro final, os Gauchos empataram outra vez. Ao lado de Diego Aguirre e Oscar Quagliata, do Huracán Buceo, Miqueiro foi o artilheiro do Campeonato Uruguaio, com sete gols.

Adiante, o Progreso seguiu fazendo jus ao seu nome. Em janeiro de 1990, junto ao Defensor, classificou-se para a disputa da Libertadores, a partir do que foi a Liguilla mais disputada da história. Não fez feio no torneio continental. Dividindo o Grupo 4 com seu compatriota e os venezuelanos do Pepeganga e do Mineros de Guayana, avançou aos mata-matas com a liderança. Para seu azar, enfrentou o Barcelona de Guayaquil nas oitavas de finais e, com um agregado de 4 a 2, foi eliminado. Os equatorianos seriam finalistas vencidos.

Herói em seu bairro, Tabaré Vázquez deixaria o clube após a conquista e cresceria na política uruguaia, alçado à presidência em 2015. Porém, sucessos à parte, ele acompanhou seu time triunfar à distância. Por conta de compromissos políticos, ausentou-se dos primeiros jogos. Quando pôde voltar, escolheu não o fazer. As coisas estavam caminhando bem na sua falta e não fazia sentido mexer no time que estava ganhando.

Quase no Natal, a hora dos Papales


Cerca de quatro quilômetros distante de La Teja, no Parque Prado, outro chico buscava seu lugar ao sol. Em 1990, o Bella Vista não tinha um grande historial, ainda que tivesse o que contar. O Estádio José Nasazzi testemunha nesse sentido, já que foi batizado em homenagem a um nome histórico do futebol charrua, figura campeã olímpica, em 1924 e 28, e mundial em 1930 (como capitã). Embora importante, a referência estava distante demais no tempo. E não parecia ter chegado a hora de o clube mudar de patamar.

No Torneo Competencia, a campanha dos Papales — apelido derivado das cores do clube, as mesmas da bandeira do Vaticano — foi ruim. Aliás, péssima. O Bella Vista terminou o certame na última colocação. O treinador Manuel Keosseian, que também não tinha muito lastro, exibindo como grandes conquistas o acesso à elite por Fénix e Rentistas, balançava.

A resposta precisava vir rápido. Veio. 

Bella Vista 1990
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo

Nas três primeiras rodadas do Campeonato Uruguaio, o Bella Vista superou Rentistas, River Plate e Racing. Porém, logo se seguiu período de instabilidade. O único. Em sequência, os Papales perderam para Montevideo Wanderers e Nacional, empatando com o Peñarol. A questão é que o Bella Vista só voltaria a ser derrotado outra vez numa altura em que já podia. 

Até a antepenúltima rodada da competição, acumularia 12 vitórias e cinco empates. Essa campanha fez com que pouco antes do Natal, o clube pudesse reescrever sua história.

Em 23 de dezembro, recebeu o Cerro. Em um Estádio José Nasazzi abarrotado, os visitantes se arriscaram a colocar água no chopp dos Papales. Faltando 17 minutos para o fim da partida, o Bella Vista perdia. Então, o zagueiro Rúben Silva acertou um cabeceio. Era o empate. Ou melhor, o gol do título. “A única estrela no escudo do Bella Vista foi conquistada por nós, não há dinheiro que pague isso. Tem coisas que não podem ser explicadas e que vou levar comigo”, comentou o atacante Rubens Navarro ao El Observador.


A conquista foi, indiscutivelmente, merecida. Consagrou um time que, além de desempenho, mostrou princípios. Na 18ª rodada, já em boa posição na tabela, o Bella Vista enfrentou o Nacional. O Bolso desejava que a partida fosse disputada na enormidade do Estádio Centenário. Para isso, ofereceu 15 mil entradas que seriam suas aos Papales. Nada feito. No José Nasazzi, o gigante nacional foi subjugado pelo brioso chico: 1 a 0.

“O dia em que senti que isso [o título] poderia acontecer foi quando vencemos o Nacional no Nasazzi, porque faltavam poucos jogos [...] nos livramos do Nacional e também vencemos o Peñarol”, acrescentou o treinador Keosseian.

O Bella Vista somou sete pontos a mais do que o vice-campeão, Nacional, e oito em relação ao terceiro, Peñarol — treinado por Cesar Luis Menotti. O ano seria ainda melhor, porque os Auriblancos triunfaram na Liguilla, classificando-se à Copa Libertadores de 1991. Apesar disso, em um grupo com Nacional, Corinthians e Flamengo, foram freados na fase de grupos.

Toc toc. É o Defensor, outra vez


Depois do título de 1987, o Defensor experimentou a estranha sensação de ir, gradativamente, caindo. 

Em quatro anos, os Violetas foram do primeiro lugar para o terceiro, então para o sexto, e, enfim, ficaram com o oitavo posto. O treinador Raúl Möller já não era o responsável por liderar o time. Mas, seu substituto conhecia bem a casa. Juan Ahuntchain, o mesmo que fora importante pilar da última conquista do clube, começava sua carreira como técnico, acompanhado do preparador físico Carlos De León.

De cara, precisou lidar com a venda do atacante Sergio Martínez, o popular Manteca, para o Peñarol. Como se perder seu grande artífice, um selecionável, não fosse suficiente ruim, o Defensor ainda reforçou um potencial rival. Outro que deixaria o clube, mas no meio da temporada, seria o atacante Peter Mendéz, que partia para o Mallorca. Para o setor, foi contratado Raúl dos Santos. O recém-chegado teria sua importância, mas o verdadeiro remédio Violeta foi a revelação de um novo talento.

Aos 18 anos, Marcelo Tejera, mais tarde conhecido como El Mago, levava fé às arquibancadas. Atuando como enganche, transformou-se no centro criativo daquele time. Mais tarde, atuaria em Itália e Inglaterra, chegando também à seleção. Para a retaguarda, o time de Parque Rodó assegurara a chegada do herói do Bella Vista, Ruben Silva. No gol, Claudio Arbiza vivia seu esplendor técnico; não tardaria a ser mais um a representar a Celeste Olímpica.

Defensor 1991
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo

“Em 1991, a equipe foi formada com muitos jogadores do clube e mais quatro ou cinco que vieram de fora. Foi a decolagem de uma geração que deu muito ao clube, fomos campeões em 1991 e depois vice-campeões em 1993 e em 1994 [...] Acho que a chave do campeonato foi o grande conhecimento que todos nós tínhamos”, assegurou o meia Guillermo Almada ao El Observador.

No primeiro ano sem o Torneo Competencia, o Defensor fez sua estreia contra o Liverpool; um empate insosso, 0 a 0. Então, emplacou uma carreira positiva, vencendo Rentistas, Progreso e Cerro, até empatar diante do Peñarol. Depois de se recuperar contra o Racing, os Violetas viveriam sua pior instabilidade: derrotas consecutivas para Nacional e Montevideo Wanderers. Haveria mais um ou outro deslize, mas de maneira mais espaçada.

Como em 87, o ponto forte da equipe era a solidez de sua defesa. As cinco partidas em que o Defensor perdeu terminaram apenas 1 a 0. A campanha traria também sete jogos terminando 0 a 0. Apenas um empate teria placar distinto, 1 a 1. Duro na queda, o time Viola sofreria parcos 13 gols, em 26 jogos.

“Tínhamos um roteiro bem estruturado: lançar a bola para William Gutiérrez na frente, lutar por ela, buscar algum rebote e tentar criar alguma jogada de gol. Não éramos o Barcelona, ​​mas com o decorrer do campeonato, com cinco ou seis rodadas pela frente, a equipe se encontrou, aí percebemos que podíamos ser campeões”, disse Tejera, à revista Túnel.


As 13 vitórias alcançadas seriam suficientes, mas sem margem para respiro. Na penúltima rodada, um triunfo maiúsculo diante do Huracán Buceo, 4 a 1, encaminhara a conquista. Mas, faltava um ponto. No dia 15 de dezembro, no Luis Franzini, o Defensor recebeu o Central Español. O zero não deixou o placar. Econômico e suficiente. Com um ponto a mais do que o Nacional, dois de vantagem em face do Wanderers e três para o Peñarol, Parque Rodó celebrou o tricampeonato nacional.

Esse sucesso se estenderia à Liguilla, com o Defensor disputando a Libertadores de 1992. Na competição continental, avançou às oitavas de finais, mas caiu diante do Newell’s Old Boys, então treinado por Marcelo Bielsa. No mesmo ano, o Nacional recuperaria a coroa uruguaia, encerrando a saga de cinco títulos para chicos. O feito, entretanto, avançou aos livros de História. O que Defensor, Danubio, Progreso e Bella Vista fizeram entre 1987 e 91 não poderia ter sido previsto por ninguém. Ponto.

Comentários

  1. Historias incriveis mas eu volto no tempo pra contar uma incrivel envolvendo o defensor campeao de 76.fazia tres anos que o uruguai estava sob comando ditatorial e conforme os violetas rumavam ao titulo a torcida deles nos jogos em casa aproveitava pra ofender o sistema de governo do militar bordaberry criando um centro de resistencia violeta.mas o troco viria na libertadores de 77 quando o defensor avancou as semifinais em um triangular com boca e river.seriam dois jogos seguidos em buenos aires e incrivelmente os militares nao deixaram viajar o melhor meiacancha dos violetas acusando ele de ser contra o governo militar.no final das contas o boca ganhou aquela liberta mas o mais incrivel foi o proprio governo uruguaio prejudicar um time uruguaio na maior vitrine da america surreal mas verdadeiro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, amigo.

      Já contamos a história do Defensor de 1976: https://www.ofutebologo.com.br/2020/07/defensor-1976-ditadura.html

      Obrigado pelas contribuições e o interesse em nosso material! Abraço

      Excluir

Postar um comentário

Agradecemos a sua contribuição! ⚽