Um Urubu com cara de Fênix

A demissão de Mano Menezes em setembro decretava: os planos flamenguistas para 2013 foram todos por água abaixo. A realidade naquele momento passara a ser a de luta contra o rebaixamento e trabalho por um 2014 melhor. Assim pensou a grande maioria dos analistas do futebol. Acontece que no meio de um caminho de pedras, surgiu uma esperança simples e dedicada, Jayme de Almeida, antigo auxiliar técnico de Vanderlei Luxemburgo e dono de uma história ligada ao Flamengo. Sem ideias mirabolantes, mas com o suor de um duro trabalho, o Flamengo se reinventou e venceu a Copa do Brasil. Trago alguns passos para essa renovação rubro-negra.


A volta do “Brocador”

Preterido por Mano Menezes por não ser um jogador de futebol técnico e vistoso, Hernane (foto), o “Brocador” (que já era o artilheiro do Flamengo no ano), ganhou nova vida no clube com a assunção do posto de treinador por Jayme de Almeida. Guerreiro e implacável em frente as redes adversárias, o goleador jogou o experiente e badalado Marcelo Moreno para a reserva. E mais do que isso, quando o time mais precisou, Hernane foi às redes. Marcou gols na semifinal contra o Goiás e na final contra o Atlético Paranaense. No ano, até o momento, o “Brocador” marcou 34 gols pelo Fla, desde 1999, quando o Baixinho Romário defendia as cores rubro-negras, nenhum jogador do clube alcançara a marca de 30 gols num só ano.



A devolução da confiança de alguns jogadores

Verdade seja dita: Jayme de Almeida pegou um time desprezado. Literalmente jogado às traças. O único que se salvava, perante a opinião pública e o torcedor, era o meio-campo Elias. 

Claramente alguns jogadores estavam com o psicológico abalado, jogadores que já fizeram grande sucesso mundo a fora. Dentro dessa realidade destaco principalmente o meia Carlos Eduardo (foto). Embora não tenha mudado da água para o vinho, o jogador que contabiliza numerosas passagens pela Seleção Brasileira melhorou, e muito. Mais participativo e jogando centralizado passou a ser o cérebro da equipe. Se ainda não alcançou o brilhantismo de outrora, ao menos já faz jus aos aplausos recebidos no jogo final contra o Atlético Paranaense quando substituído.

Outros jogadores que cresceram de produção foram o zagueiro Wallace, o volante Amaral, que ganhou a titularidade com a lesão do paraguaio Cáceres e o lateral-esquerdo André Santos. Até mesmo Elias, que havia feito um excelente primeiro semestre, mas caíra um pouco retomou seu grande futebol, sendo o principal jogador rubro-negro na vitoriosa campanha.

O acerto tático da equipe

Como disse, o novo treinador do Flamengo não trouxe inovações de outro mundo, mas acertou a equipe. Primeiro definiu o esquema tático do clube. A opção foi o já manjado 4-2-3-1, com a possibilidade de variar para o 4-1-4-1, com a aproximação de Elias à linha dos meias.

Considerando que os dois laterais da equipe, Léo Moura e André Santos, tem características muito ofensivas, Jayme montou um esquema que proporcionou a cobertura ideal para eles. Assim, fixou o antes quebra-galho Paulinho (foto) na meia-esquerda e o volante Luiz Antônio na meia-direita. Com impressionante pulmão os dois meias foram os principais responsáveis pela mudança rubro-negra, pois além de atacarem bem, deram muita consistência defensiva à equipe. Outra característica que os dois agregaram à equipe foi o chute de longa distância, antes só arriscado por Elias.

Com a marcação mais organizada Carlos Eduardo ficou mais livre para criar, Elias pôde aparecer como elemento surpresa na área adversária mais vezes e Hernane passou a receber mais bolas. A solução emergencial dada por Jayme levou o Flamengo ao tricampeonato da Copa do Brasil, mas, será suficiente para 2014, ano em que o rubro-negro volta à Libertadores? Não é possível precisar, mas que o simples trabalho do treinador está recheado de méritos isso está, indubitavelmente. Tal como uma Fênix, o Urubu ressurgiu das cinzas.

Abaixo os campeões:

Em pé: González, César, Welinton, Frauches, Val, Paulo Victor, Elias, Diego Silva, André Santos, Wallace, Chicão, Gabriel e Felipe;
Agachados: Amaral, Nixon, Bruninho, Marcelo Moreno, Hernane, Samir, Digão, Paulinho, Rafinha, João Paulo, Luiz Antônio, Léo Moura, Carlos Eduardo e Adryan

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