Será Sylvinho o ponto fora da curva?

Lá se vão mais de 20 anos desde que um lateral esquerdo baixinho e mirrado despontou no time do Corinthians. Durante as últimas duas décadas, o atleta evoluiu e fez seu nome ser conhecido por todo o mundo, sendo lembrado positivamente em Londres, Vigo, Barcelona e Manchester, além de, obviamente, São Paulo, seu lar. 



Sylvinho é o nome do jogador, cuja imagem remete à camisa 6 do Timão e à 16 dos clubes europeus por onde passou. Atleta de boas qualidades e poucas deficiências, o brasileiro, ganhou muitos títulos em sua carreira como atleta; glórias que vão desde o Campeonato Brasileiro de 1998, com o Corinthians, ao bicampeonato da UEFA Champions League, pelo Barcelona. Observador e dono de bom papo, com o tempo, passou a nutrir um interesse especial pelas funções extracampo. 

Ainda como jogador, em 2010, durante sua rápida passagem pelo Manchester City, o lateral recebeu um importante conselho:

“Quando eu fui para o Manchester, eles me falaram que minha função era ajudar a mudar a mentalidade do grupo. Como eu era um cara que tinha muita bagagem, eles queriam que eu passasse isso para os mais novos. Foi uma ótima experiência, que guardo com muito carinho. Fiz muitos amigos, lá,” disse ao Globoesporte.com.

Apesar de já demonstrar vocação para as tarefas de comando e treinamento, com o final de seu vínculo com o Manchester City – que chegou a formalizar uma oferta para que o brasileiro assumisse as funções de auxiliar-técnico –, Sylvinho passou quase dois anos esperando uma proposta que lhe permitisse seguir atuando, garantindo-lhe, porém, uma maior preservação de sua condição física, uma vez que já contava com 36 para 37 anos. Tal oferta não veio, no entanto outra caiu-lhe no colo.

Convidado por Vágner Mancini, aceitou a incumbência e se tornou, efetivamente, auxiliar técnico, e sua primeira oportunidade foi em Belo Horizonte, no Cruzeiro

“Está no meu sangue, eu gosto disso, de ver posicionamento, conversar com treinadores. Se eu puder contribuir e acho que posso, em alguns aspectos, detalhes e evidentemente, ao lado do Mancini, no sentindo de usar uma estrutura tática, de auxiliar, ajudar e tentar levar sempre por um caminho,” disse à época ao Lancenet!

Assim, começou a trajetória de Sylvinho fora das quatro linhas. Com Mancini, seguiu trabalhando até 2013, passando também por Sport Recife e Náutico. Durante esse período, entre os dois trabalhos nos rivais recifenses, a dupla passou cinco meses estudando e fazendo cursos para treinadores, algo visto, cada vez mais, como essencial no mundo da bola e, não obstante, extremamente ignorado.

A parceria com Mancini findou-se em julho de 2013, quando o jogador retornou para sua casa, o Corinthians. No Timão, permaneceu até o final de 2014, dando seguimento à sua função de auxiliar técnico e angariando conhecimentos e informações com Tite e Mano Menezes. Durante esse período, em entrevista ao repórter André Plihal, da ESPN, chegou a afirmar que deseja se tornar treinador no futuro, mas tudo em seu tempo, sem queimar etapas. 

“Se você me perguntar hoje eu até adianto. Se eu quero me tornar um treinador de futebol no futuro? Eu seria hipócrita em responder ‘não’. Eu estou no ramo eu gosto muito disso. (...) Se eu vou ser mesmo eu não sei, o tempo dirá, as circunstâncias vão dizer eu não sou obcecado por ser um treinador de futebol. (...) Não penso (...) Quero desempenhar meu trabalho e, pouco a pouco, ir vendo até onde vão as minhas características e as minhas condições,” disse à ESPN.

Primeiramente, o ex-lateral garantiu que buscará mais conhecimento e que não vive uma “necessidade” de se tornar treinador. E, no final de 2014, o jogador deu mais um importante passo. Antes comandado por Roberto Mancini (no Manchester City), Sylvinho foi convidado pelo italiano para integrar sua comissão técnica na Internazionale de Milão, sendo seu auxiliar. Convite feito, convite aceito.

“Bem-vindo à Inter, Sylvinho. Eu e minha equipe estamos felizes por tê-lo em nossa esquadra”, escreveu Mancini em seu Twitter.

Com experiência como atleta, como auxiliar de outros treinadores, nacional e internacionalmente, Sylvinho vai, paulatinamente, dando passos para se tornar um treinador de futebol. Sua paciência e vontade de aprender, antes de praticar, o colocam em uma posição no mínimo peculiar, considerando a atual estrutura do futebol – não só brasileiro, como internacional.

Será treinador? Provavelmente. Dará certo? Impossível prever. O certo é que, diferentemente da maioria, Sylvinho dá tempo ao tempo e vai se preparando longamente para uma função diferente. Isso já o diferencia e permite a questão: será Sylvinho o ponto fora da curva?

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