Estrela Vermelha e Partizan: o Dérbi Eterno
Prossigo na empreitada sobre os Clássicos do Mundo trazendo histórias sobre o mais quente encontro da Sérvia e da antiga Iugoslávia: o dérbi eterno, Estrela Vermelha e Partizan.
Formados após a Segunda Guerra Mundial, os rivais em questão são equipes não tão antigas. O Estrela Vermelha, clube cuja torcida é conhecida como Delije, ou “Heróis”, foi
fundado em 4 de março de 1945. Seu rival, o Partizan, lembrado pela alcunha de Grobari, “Coveiros”, estabeleceu-se sete meses depois, em 4 de outubro. A origem da rivalidade entre
as equipes parte dos grupos responsáveis por sua fundação.
O Estrela Vermelha tem sua origem ligada a um grupo chamado Aliança Unida da Juventude Anti-Fascista (United Alliance of Anti-Fascist Youth).
Por outro lado, o Partizan foi fundado pelo Exército Comunista. Durante grande
parte de suas histórias, os clubes foram mantidos pelo Estado. O Estrela
Vermelha promovido pela Polícia e o Partizan pelo Exército. Aliás, vem desta ligação a
alcunha de “Coveiros” atribuída ao clube, além da cor predominante preta do uniforme.
Por outro lado, a torcida do Estrela Vermelha
ainda é reconhecida internacionalmente por, supostamente, ter maiores valores morais e ser mais politizada que a do
Partizan. Exemplo disso é o fato de que durante muitos anos não usaram palavrões,
presentes desde sempre entre os torcedores de seu maior rival.
Antes do fim da Iugoslávia, o clássico já era o maior do território, mas havia ainda fortes laços de
rivalidade com os clubes croatas, Dinamo Zagreb e Hajduk Split, considerados,
respectivamente, terceira e quarta forças do futebol iugoslavo. Se havia uma ocasião em
que o ódio entre os rivais sérvios se abrandava era quando algum deles ia jogar
contra alguma equipe croata.
Nessas ocasiões, formava-se um verdadeiro confronto entre os nacionalistas sérvios e os separatistas croatas. Esta disputa era ainda estimulada por setores do governo sérvio, que tentava assim afirmar a superioridade de sérvios ante os vizinhos croatas. Com o desmembramento da Iugoslávia nos anos 1990, a competição entre as ditas equipes diminuiu, aumentando a pujança do dérbi de Belgrado.
Nessas ocasiões, formava-se um verdadeiro confronto entre os nacionalistas sérvios e os separatistas croatas. Esta disputa era ainda estimulada por setores do governo sérvio, que tentava assim afirmar a superioridade de sérvios ante os vizinhos croatas. Com o desmembramento da Iugoslávia nos anos 1990, a competição entre as ditas equipes diminuiu, aumentando a pujança do dérbi de Belgrado.
A rivalidade sérvia acontece
também em outros campos que não o futebol. As equipes são também tradicionais
em basquete e handball.
Nos títulos, a superioridade também assenta no lado vermelho e branco da rivalidade. Ambos os clubes possuem 25 campeonatos
nacionais, contando todos os tipos de campeonatos nacionais que disputaram (Sérvio e Iugoslavo). O Estrela Vermelha também conquistou 24 copas nacionais, contra 12
do Partizan. Entretanto, o ponto alto da história alvirrubra superou as barreiras da nação. Em 1991, o clube conquistou uma Copa dos Campeões da Europa, além do Intercontinental, ao final do ano.
Nos últimos tempos, porém, a
superioridade tem sido do Partizan, vencedor dos últimos seis campeonatos.
Com tantas diferenças entre “Heróis” e “Coveiros”, não se pode deixar de comentar o fato de a rivalidade ter se tornado muito violenta, uma das mais
sangrentas do mundo. As torcidas organizadas, pelas origens dos clubes, acabaram
sendo reduto de agentes e ex-agentes da polícia, do exército e de forças
paramilitares.
O último clássico entre as equipes, em 18 de
maio de 2013, teve como saldo final, além de uma vitória do Partizan por 1 a 0,
a prisão de 104 ultras de ambas as
equipes, por confrontos antes e depois da partida, e pelo arremesso de
fogos no gramado. Deve-se ressaltar, ademais, que as torcidas organizadas dos clubes ainda exercem grande influência na Sérvia, inclusive na cena política.
Alguns jogadores já se atreveram
a sair de um rival para o outro — poucos é verdade. Dentre eles, um caso recente
envolveu um brasileiro. O atacante Cléo, que atuou por Atlético Paranaense e
Figueirense, deixou o Estrela Vermelha e assinou com o Partizan. Após inúmeras
ameaças, o jogador, que deixou sua marca em ambos os clubes (anotou 22
gols, em 41 jogos, pelo Estrela Vermelha; e 34, em 47 encontros, pelo Partizan), decidiu
deixar a Sérvia e foi para o futebol chinês. Depois, mudou-se para o Kashima Reysol, do Japão. Ao todo, 19 jogadores fizeram a troca direta de um rival para o outro.
Apesar da selvageria, e mesmo diante de tantas
restrições impostas ao longo do mundo ao espetáculo que é o futebol, este jogo
conserva ainda muito do que é o espetáculo das arquibancadas. Um sem número de
bandeiras, cânticos, e sinalizadores costumam marcar presença. A Sérvia pode até não ter o melhor futebol do continente europeu, mas seu maior clássico é sempre uma ocasião a ser apreciada.
realmente o derby da sérvia e uns dos mais emocionantes e violento
ResponderExcluirKashima Reysol é do Japão... apenas para servir de nota.
ResponderExcluirPaulo, agradeço sua participação, mas não foi falado que o Kashima era da China. O Cléo atuou no Guangzhou Evergrande - esse, sim, chinês - antes de ir para o Kashima Reysol.
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