As curiosas carreiras de Ronald Koeman

Hoje lembrado como treinador do Southampton, Ronald Koeman tem um passado muito interessante e curioso como jogador. Quantos jogadores no mundo podem dizer que atuaram longos períodos pelas três maiores equipes de seus países? Três clubes que detêm a maior glória do futebol europeu? Koeman o fez na Holanda e, como se já não fosse suficiente, treinou-as ao termo de sua carreira dentro das quatro linhas.


De forma igualmente curiosa, o comandante seguiu a mesma ordem em suas passagens como jogador e como treinador. Primeiro porto? Amsterdã. Primeiro clube? Ajax.

Koeman no Ajax

Revelado no Groningen, equipe que, recentemente, trouxe ao mundo do futebol o talento de Arjen Robben, Ronald Koeman começou sua trajetória como meio-campista, o que fazia sentido uma vez que, a despeito de sua grande força na marcação, tinha grande qualidade técnica para sair para o jogo. Titular da equipe com apenas 17 anos, não demorou para alçar voo mais alto – sobretudo após a sétima colocação na Eredivisie 1981-1982 e o quinto na temporada seguinte.

Durante seu estágio nos alviverdes confirmou também algo que o marcaria na história do futebol: sua predileção pelo gol. Ao todo, em 98 jogos pelo clube que o criou, marcou 35 gols, desempenhando funções defensivas, mas mostrando desde sempre uma importante e impressionante capacidade de finalização, sobretudo nas bolas paradas.

Assim, a cidade de Groningen ficou pequena e o jogador se mandou para a capital do país, onde defenderia por três temporadas o gigante Ajax. Com a camisa dos Godenzonen, Koeman se afirmou na linha de defesa, como zagueiro ou líbero, e entrou em campo 114 vezes, marcando 30 gols, ganhando suas primeiras oportunidades na Seleção Holandesa e conquistando o título da Eredivisie em 1984-1985, bem como o da KNVB Cup 1985-1986. Todavia, o defensor ansiava a conquista de mais títulos e optou por uma controversa mudança. Ao final da temporada 1985-1986 partiu para Eindhoven, onde defenderia o rival PSV.

Já na condição de treinador, Koeman retornou à Amsterdã 15 anos após sua “traição”. Em seu retorno, foi bem, conquistando dois títulos da Eredivisie, uma KNVB Cup e uma Johan Cruyff Shield. Foi também o grande responsável pelo surgimento de Rafael van der Vaart, Zlatan Ibrahimovic, Mido, Johnny Heitinga, Maarten Stekelemburg, Wesley Sneijder, Nigel de Jong, Thomas Vermaelen, Steven Pienaar, Hedwiges Maduro e Ryan Babel.

Koeman no PSV

Vivendo época de vacas gordas, o PSV queria montar uma equipe de respeito na metade final da década de 80. Para isso, precisava de outro pilar para dividir e equilibrar o time comandado pelo talento de Ruud Gullit. Assim sendo, buscou Koeman, firmando uma parceria de enorme sucesso. Com a camisa dos Boeren, comandado pelo vitorioso Guus Hiddink, conquistou em três temporadas grandes glórias, rompendo as barreiras nacionais. Além de todos os títulos da Eredivisie, entre 1986 e 1989, o time levou duas KNVB Cup e o único título da Champions League do PSV, que vivia a dura realidade de conviver com rivais detentores da glória.

Nesse período, atuou em grandíssimo nível: em 130 jogos, marcou 63 tentos. 

Além do sucesso em seu clube, Koeman curtiu a boa fase também na Laranja Mecânica, pela qual, ao lado de figuras de grande quilate como Gullit, Frank Rijkaard e Marco van Basten, conquistou a Eurocopa de 1988, batendo a União Soviética, de Rinat Dasaev, na finalíssima. Ao final da temporada 1988-1989, o futebol holandês perdeu um de seus grandes astros. Koeman partia para o Barcelona, onde viveria grandes dias. 

17 anos após sua partida para Barcelona, Koeman retornou à Eindhoven na condição de treinador e substituindo seu grande mentor: Guus Hiddink. O ex-zagueiro permaneceu por apenas uma temporada, mas foi o suficiente para a conquista da Eredivisie 2006-2007.

Koeman no Feyenoord

Após seis temporadas no futebol espanhol, o já experiente defensor retornou à Holanda para completar sua peregrinação pelos gigantes do país, aportando em Roterdã, onde, entre 1995 e 1997, vestiu a camisa do Feyenoord. 

Apesar de não mais possuir a vitalidade de outrora, Koeman continuou demonstrando as grandes capacidades que o tornaram um dos maiores jogadores da história da Holanda e do futebol mundial, como um todo. Em duas temporadas pelo Club aan de Maas, o zagueiro entrou em campo 79 vezes, marcando 23 gols. Sem títulos, encerrou sua carreira aos 34 anos e logo iniciou sua trajetória como treinador, auxiliando seu ex-comandante, Hiddink, no comando da Oranje, na Copa do Mundo de 1998.

Ao final e sua trajetória, confirmou-se o zagueiro com maior número de gols da história do futebol, com 253 gols em 763 partidas, média de um tento a cada três jogos.

Se, como jogador, Koeman não conquistou títulos pelo Feyenoord, a situação não se alterou com seu retorno ao clube, em 2011. Na condição de treinador, trabalhou para evitar o aumento do distanciamento crescente entre Ajax e PSV (e até mesmo de outsiders como AZ Alkmaar e Twente) e a equipe de Roterdã. E saiu-se bem

Em sua primeira temporada foi vice-campeão holandês; na segunda foi terceiro colocado com o mesmo número de pontos do PSV, vice; e na terceira voltou a ser vice. Nesse período, também foi importante para o futebol nacional, revelando uma nova safra de jogadores importantes para o futuro holandês. De suas mãos saíram Stefan De Vrij, Bruno Martins Indi, Jordy Clasie, Leroy Fer, Tonny Vilhena, Terence Kongolo e Jean-Paul Boëtius.

O restante das carreiras do holandês

Como jogador, fora da Holanda, Koeman destacou-se imensamente no Barcelona, onde, sob o comando de Johan Cruyff, conquistou novamente a UEFA Champions League, batendo a Sampdoria na final, na temporada 1991-1992, e marcando o gol do título. Além da glória continental, o holandês levantou quatro troféus do Campeonato Espanhol, uma Copa del Rey, três Supercopas da Espanha e uma Supercopa da UEFA.

Sua primazia na cobrança de faltas e solidez defensiva o confirmaram um dos grandes expoentes do futebol holandês da época e o levaram a capitanear a equipe da Laranja Mecânica que foi batida pelo potente arremate do lateral esquerdo Branco, nas quartas de finais da Copa do Mundo de 1994 (foto).

Ao todo, Koeman representou a Laranja Mecânica em 78 ocasiões, anotando 14 gols. 

Como treinador, após trabalhar como auxiliar de Hiddink na Seleção Holandesa e de Louis van Gaal no Barcelona (foto), iniciou sua trajetória no modesto Vitesse, em seu país natal. Uma temporada depois, partiu para o Ajax, de onde partiu para o Benfica, onde não foi bem-sucedido.

Logo depois, comandou o PSV e, na sequência, o Valencia, onde conquistou a Copa del Rey. De volta à Holanda, treinou o AZ Alkmaar, conquistando a Johan Cruyff Shield e logo marchou para o Feyenoord. Atualmente, mostra grande capacidade na Premier League. Durante boa parte da temporada 2014-2015, conduziu o Southampton aos postos mais altos da Premier League, flertando com uma vaga na UEFA Champions League.

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